1. Você procura, Deus procura
Você: um ser humano que procura a Deus
Desde a época em que você aprendeu a falar, você faz perguntas que revelam algo absolutamente fundamental a seu respeito: o fato de você possuir um intelecto que indaga.
Por toda a sua vida você sempre quer alguma coisa, e percebe que você está constantemente tomando decisões, dizendo SIM a isto, NÃO aquilo. Essas experiências revelam outra coisa básica a seu respeito: o fato de você possuir uma vontade livre, o poder de querer e de escolher.
Com o passar do tempo, você muda quanto à aparência corporal, e sua maneira de considerar a vida se transforma e se aprofunda. Mas o essencial em você, e "eu" por detrás de seu olhar, permanece a mesma pessoa. No seu íntimo, você está constantemente se esforçando, procurando aquilo para que foi criado. Este anseio, cerne espiritual do seu ser, tem sido chamado com muitos nomes. Os mais comuns são alma ou espírito.
A realidade última que você procura, que está presente em toda coisa que você almeja, também tem sido chamada com muitos nomes. O nome mais comum para esta última "Realidade real" é Deus. Você está tão ligado a Deus, que sem Ele você não viveria, nem se moveria, nem teria seu ser. Você está tão ligado a Deus, que se você não sentisse sua presença de alguma forma, você consideraria a vida como sem sentido e deixaria de procurar.
Ao mesmo tempo em que você procura Deus, Deus o procura. A Constituição Dei Verbum do Vaticano II sobre a Revelação Divina exprime-o nestes termos: "O Deus invisível, levado por seu grande amor, fala aos homens como amigos, e com eles se entretém para os convidar à comunhão consigo, e nela os receber"(nº 2).
Como católico, você é chamado a procurar Cristo e encontrá-lo. Mas não é você, por sua própria iniciativa, que dá início a esta procura. A iniciativa é toda de Deus. Todos os que seguem a Cristo estavam outrora perdidos, mas foram procurados e encontrados. Primeiro foi Deus quem procurou você e no Batismo o fez visivelmente seu. O que Ele agora quer é que você o procure. Dum modo misterioso, toda a sua vida com Deus é uma contínua procura, em que dois amantes - você e Deus - se buscam mutuamente, embora cada um já possua o outro.
2. Revelação, Fé, Doutrina e Dúvida
Deus o procura - e é por isso que Ele quis "manifestar-se e comunicar-se a si mesmo e os decretos eternos de Sua vontade acerca da salvação dos homens" (Dei Verbum, nº 6). Na revelação, Deus não apenas comunicou informações; comunicou-se a si mesmo e você.
Sua resposta pessoal à comunicação que Deus faz de si mesmo e de sua vontade, chama-se fé. "Pela fé o homem livremente se entrega todo a Deus, prestando 'ao Deus revelador o obséquio pleno do seu intelecto e da sua vontade', e dando voluntário assentimento à revelação feita por Ele"(Dei Verbum, nº 5).
As doutrinas básicas (os dogmas) da Igreja são a expressão verbal daquilo que Deus nos revelou a respeito da nossa relação com Ele. A característica principal dos dogmas da Igreja é que eles estão em sintonia com a Sagrada Escritura. Estes ensinamentos exprimem o imutável conteúdo da revelação, traduzindo-o para mutáveis formas de pensar e de falar, usadas pelo povo de cada nova época e cultura. Dogma é a afirmação de uma verdade, a formulação de algum aspecto da fé. Finalidade de cada dogma é apresentar à nossa mente a pessoa de Jesus Cristo sob determinado ponto de vista. Sendo um conjunto coerente de doutrinas, o dogma da Igreja é uma interpretação fiel da comunicação que Deus fez de si mesmo à humanidade.
No entanto, as fórmulas dogmáticas da Igreja não são o mesmo que a revelação que Deus fez de si; são os meios pelos quais os católicos situam sua fé em Deus. Deus manifesta e comunica o mistério oculto de si mesmo através do ensino da Igreja. Este ensino é semelhante aos sacramentos, pelos quais você recebe a Deus. Mediante as fórmulas doutrinais você alcança o próprio Deus no ato pessoal de fé.
A vida de fé é extremamente pessoal e delicada, e essencialmente misteriosa. A fé é um dom de Deus e somente Deus sabe quem a possui. Podemos, porém, supor que Deus seja generoso em conceder tal dom, e não devemos pressupor que alguém dele esteja privado.
Alguém pode não ter a genuína fé por sua própria culpa; somos livres, mesmo para rejeitar a Deus. mas quando alguém "duvida", não tiremos conclusões apressadas. Por exemplo, há pessoas que só se lembram de seu pai como um homem que as fez sofrer. Em consequência, tais pessoas não conseguem chagar a crer em Deus como o seu "bom Pai". Não se trata de falta de fé. O que falta são imagens da memória, pelas quais elas poderiam sentir Deus como Pai. Imagens mentais negativas podem impedir alguém de acolher a revelação pessoal de Deus numa determinada forma. mas tais imagens não conseguem bloquear todas as formas pelas quais a gente percebe e exprime o mistério de Deus. Deus, que nos procura constantemente, procura-nos até que o encontremos.
Pode suceder que alguém, que esteja à procura de uma visão mais profunda da realidade, tenha dúvidas algumas vezes, mesmo a respeito do próprio Deus. Tais dúvidas não indicam necessariamente uma falta de fé. Podem até mesmo significar o contrário: prova de uma fé em crescimento. A fé é algo vivo e dinâmico. Ela procura, pela graça, penetrar no próprio mistério de Deus. Se uma determinada doutrina de fé "já não tem sentido" para alguém, esta pessoa deve continuar a pesquisar. Saber o que uma doutrina afirma, é uma coisa; conseguir uma compreensão mediante o dom do entendimento é outra coisa. Quando estiver em dúvida, "procure e você encontrará". Quem procura lendo, debatendo, pensando, rezando chegará um dia a ver a luz. Quem fala com Deus mesmo quando Deus "lá não está" está em dia com sua fé.
3. Um só Deus, Três Pessoas Divinas
3. Um só Deus, Três Pessoas Divinas
A Igreja Católica ensina que o insondável mistério que chamamos Deus, revelou-se à humanidade como uma Trindade de Pessoas: Pai. Filho e Espírito Santo.
O mistério da Trindade é a doutrina central da fé católica. Sobre ele estão baseados todos os outros ensinamentos da Igreja. No Novo Testamento há freqüente menção do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Uma leitura atenta destas passagens escriturísticas leva-nos a uma inconfundível conclusão: cada uma destas Pessoas é apresentada como tendo qualidades que só a Deus podem pertencer. Mas se há apenas um só Deus, como pode ser isso?
A Igreja estudou este mistério com grande solicitude e, depois de quatro séculos de investigações, decidiu expressar a doutrina deste modo: Na unidade da divindade há três Pessoas - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - realmente distintas uma da outra. Assim, nas palavras do Credo de Atanásio: "O Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus, e no entanto não são três deuses, mas um só Deus".
Todos os efeitos da ação de Deus sobre suas criaturas são produzidos pelas três Pessoas divinas em comum. Mas porque certos efeitos da ação divina na criação nos fazem recordar mais de uma Pessoa divina do que de outra, a Igreja atribui efeitos do Pai como Criador de tudo quanto existe; do Filho, a palavra de Deus, como nosso Salvador ou Redentor; e do Espírito Santo - o amor de Deus" derramado em nossos corações" - como nosso Santificador.
Crer que Deus é Pai significa crer que você é filho, ou filha; que Deus, seu Pai, o acolhe e o ama; que Deus, seu Pai, criou você como um ser humano digno de amor.
Crer que Deus é Palavra salvadora significa crer que você é um ouvinte; que a sua resposta à Palavra de Deus é abrir-se ao Seu Evangelho libertador que o liberta para optar pela união com Deus e pela fraternidade com o próximo.
Crer que Deus é Espírito significa crer que neste mundo você está destinado a viver uma vida santificada, sobrenatural, que é uma participação limitada na própria natureza divina - uma vida que é o início da vida eterna.
O livro do Êxodo traz uma das revelações mais profundas da história humana. Esta revelação é narrada na história do chamado que Deus dirigiu a Moisés para ele ser o líder de seu povo. Falando de uma sarça ardente que, "apesar de estar se queimando não se consumia", Deus bradou: "Moisés, Moisés!" A seguir ordenou-lhe que reunisse os israelitas e persuadisse o Faraó a deixá-lo conduzir aquele povo escravizado para fora do Egito. Ao ouvir o plano divino, Moisés ficou apreensivo. E o diálogo continua: "Mas, - disse Moisés a Deus - quando eu for ter com os israelitas, e lhes disser: 'O Deus de seus pais mandou-me a vocês', se eles me perguntarem: 'Qual o seu nome?' que lhes responderei?" Deus replicou: "Eu sou quem sou". E acrescentou: "Isto dirás aos israelitas": "Aquele que É mandou-me a vocês". E Deus disse a Moisés: "Então dirás aos israelitas: 'O Senhor, o Deus dos seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó, mandou-me a vocês...' " (Êx 3, 13-15).
Nesse diálogo (e em outros semelhantes, veja Jz 13, 18 e Gn 32, 30) Deus de fato não deu a si mesmo um "nome". Recusa-se a dar uma "chave" que poderia fazer o povo pensar que tinha poder sobre Deus. Deus diz, com efeito, que Ele não é como um dos muitos deuses que o povo adorava. Ele se oculta, mostrando assim a distância infinita entre Ele e tudo quanto nós, seres humanos, tentamos conhecer e controlar.
Mas mandando a Moisés que dissesse "Aquele que É mandou-me a vocês", Deus também revela algo muito pessoal. Esse Deus que "é", que supera todas as realidades que passam, não está desligado de nós e do nosso mundo. Ao contrário, esse Deus que "é" revela que Ele está com vocês. Ele não diz o que Ele é em si mesmo. Ele revela, porém, quem Ele é para você. Nesse momento capital narrado no Êxodo (e explanado mais adiante no Livro de Isaías, cap. 40, 45), Deus revelou que Ele é o seu Deus, o "Deus de seus pais" - o insondável mistério que está com você para sempre, com você para além de todos os poderes da morte do mal.
O Deus que se revela no Antigo Testamento tem duas características principais. A primeira e mais importante, é que Ele está pessoalmente perto de você, que Ele é o seu Deus. A segunda é o fato de que este Deus que livremente procura um relacionamento pessoal com você está para além de todo tempo e espaço. EU SOU não está ligado a nada, mas liga todas as coisas a si mesmo. Com suas própias palavras, "Eu sou o primeiro e o último; fora de Mim não há nenhum Deus" (Is 44, 6)
Séculos após a revelação referida no Êxodo e em Isaías, o Deus misterioso da sarça ardente revelou seu nome - em Pessoa. Superando toda suposição e expectativa humana, a Palavra de Deus "se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1, 14). Numa revelação que ofusca a mente com sua luz, Jesus dirigiu-se a EU SOU e disse: "Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti... Eu dei-lhes a conhecer o Teu nome, e dar-lhes-ei a conhecer ainda, para que o amor com que me amaste esteja neles e eu esteja neles" (Jo 17, 21.26)
EU SOU revelou Seu nome no Seu filho. A sarça ardente atrai você para a sua luz. O Deus de Moisés, revelado em Jesus, é amor, é Pai, está em você.
5. Jesus Cristo
5. Jesus Cristo
A segunda Pessoa da Santíssima Trindade tornou-se um homem. Jesus Cristo. Sua mãe foi Maria de Nazaré, filha de Joaquim e Ana. José, esposo de Maria, era como um pai para Jesus. O verdadeiro e único Pai de Jesus é Deus; Ele não teve pai humano.
Concebido no seio de Maria pelo poder do Espírito Santo, Jesus nasceu em Belém da Judéia entre os anos 6 e 4 A.C.. Ele morreu no Calvário (fora da antiga Jerusalém), quando ainda era relativamente moço, provavelmente aos trinta e poucos anos.
Ele é uma só Pessoa, mas tem ambas as naturezas, a divina e a humana, É verdadeiramente Deus e é também verdadeiramente um ser humano. Como Deus, tem todas as qualidades e atributos de Deus. Como ser humano, tem corpo humano, alma humana, inteligência e vontade humanas, imaginação humana e sentimentos humanos. Sua divindade não suplanta sua humanidade, nem interfere nela e vice-versa.
No Calvário morreu realmente; experimentou a mesma espécie de morte que todos os seres humanos experimentam. Mas ao morrer, tanto na morte como depois dela, Ele permaneceu Deus.
Após a morte, Jesus "desceu aos infernos". A palavra infernos nesta frase do Credo não significa o inferno eterno dos condenados. Significa a Hades, "o mundo inferior": a região dos mortos, a condição daqueles que partiram desta vida. (Isto transparece das referências do Novo Testamento, tais como 1Pdr 3,19s; 4,6; Ef 4,9; Rom 10,9; Mt 12,40; At 2,27.31). Fundamentalmente, pois "desceu aos infernos" significa que Jesus realmente morreu e se associou aos mortos como seu Salvador. Na Liturgia, o Sábado Santo exprime esse aspecto do mistério da salvação: a "morte" ou ausência de Deus.
A oração de Jesus moribundo - "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste" (Mc 15,34) - encontra seu eco na vida de muitos cristãos. "Desceu aos infernos" exprime o brado de Jesus no desamparo da agonia, a Sua experiência de se apegar ao Pai neste momento de extrema aflição. Exprime também o que muitos católicos experimentam quando Deus aprofunda o seu amor por Ele fazendo-os sentir como é um inferno a vida sem o sentimento da sua presença.
Jesus ressuscitou dos mortos na manhã de Páscoa. Hoje Ele está vivo com o Pai e o Espírito Santo - e também no meio de nós. Ele ainda é Deus e homem, e sempre o será.
Ele vive. E Sua passagem da morte para a vida é o mistério de salvação a que todos nós somos destinados a partilhar.
Pela sua pregação e pela sua morte e Ressureição, Jesus é não só o revelador, mas também a revelação de Deus. Em seu Filho. Jesus é-nos mostrado quem é o Pai. Como revelação de Deus, Jesus é não só o acesso de Deus à humanidade, mas também nosso caminho para Deus.
Jesus é o maior sinal da salvação de Deus no mundo - o centro e o instrumento do encontro de Deus com você. Por isso, nós o chamamos de sacramento original. A graça que Ele comunica a você é Ele prórpio. E através desta comunicação dele, você recebe a autocomunicação total de Deus. Jesus é a presença salvífica de Deus no mundo.
Hoje Jesus vem a você, influenciando positivamente sua vida de várias maneiras. Ele vem a você na sua Palavra: quando lhe é de pregada a Palavra de Deus, ou quando você lê a Bíblia com respeitosa atenção. Ele também está ativamente presente a você nos sete sacramentos, especialmente na Eucaristia. Um outro modo de você encontrar Jesus é nas outras pessoas. É o que lemos na cena do juízo final no Evangelho de São Mateus: "Então os justos lhe responderão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, ou com sede e te demos de beber?'... Ao que lhes responderá o rei: 'Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmão mais pequeninos, a mim o fizestes' " (Mt 25, 37-40)
A igreja católica acredita que Jesus de Nazaré é o centro de nossas vidas e do nosso destino. No seu documento Gaudium et Spes sobre a Igreja no Mundo Moderno, o Concílio Vaticano II afirma que Jesus é "a chave, o centro e o fim de toda a história humana" (nº 10). Com São Paulo, a Igreja crê que "todas as promessas de Deus encontram nele o seu SIM" (2Cor 1, 20)
De uma maneira rudimentar Deus está presente em todo ser criado. São Paulo aludiu a esta presença de Deus que tudo envolve, quando citou um poeta que dizia: "Nele vivemos, nos movemos e somos" (At 17, 28).
Há, porém, uma outra presença de Deus, inteiramente pessoal, no íntimo daqueles que o amam. O próprio Jesus fala dela no Evangelho de São João, ao dizer: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos a ele e nele faremos nossa morada" (Jo 14, 23).
Essa presença especial da Trindade é com razão atribuída ao Espírito Santo, pois como São Paulo proclama, "o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rom 5,5). Essa presença do Espírito, o Dom divino do amor dentro de você, chama-se a inabitação divina.
O Espírito Santo não só está intimamente presente dentro de você, mas está também trabalhando ativamente, embora em silêncio, para o trasformar. Se você acolhe suas silenciosas inspirações, então os dons do Espírito Santo se tornam realidades sensíveis na sua vida.
Há duas espécies de dons do Espírito. Os dons da primeira espécie são destinados à santificação da pessoa que os recebe. São qualidades sobrenaturais permanentes que fazem a pessoa entrar em especial sintonia com as inspirações do Espírito Santo. São estes: sabedoria (que ajuda a pessoa a apreciar as coisas do céu), inteligência (que permite à pessoa compreender as verdades da religião), conselho (que auxilia a gente a ver e a escolher corretamente na prática o melhor modo de servir a Deus), fortaleza (que dá força à deliberação da pessoa para superar os obstáculos a fim de viver a fé), conhecimento (que ajuda a pessoa a ver o caminho a seguir, e os perigos para sua fé), piedade (que comunica à pessoa muita confiança em Deus e vontade de servi-lo), e temor de Deus (que dá à pessoa uma profunda consciência da soberania de Deus e do respeito devido a Ele e às suas leis).
Uma segunda espécie de dons do Espírito Santo são os chamados carismas. São favores extraordinários concedidos principalmente para o bem dos outros. Em 1Cor 12,6-11 mencionam-se nove carismas, a saber, os dos de falar com sabedoria, de falar com conhecimento, fé, dom das curas, milagres, profecia, discernimento dos espíritos, línguas e interpretações dos discursos.
Outras passagens de São Paulo (como 1Cor 12,28-31 e Rom 12, 6-8) mencionam outros carismas.
Com certeza você conhece a distinção entre graça habitual (o estado de graça santificante) e graça atual (auxílio divino concedido para realizar determinados atos). Estes são dois aspectos da vida que você vive, quando possui a própria graça: o Espírito de Deus que é "derramado em nossos corações". (Rom 5, 5).
A graça, em última análise, é a presença em você do Espírito vivo e dinâmico de Deus. Em razão desta presença, você vive uma nova e abundante vida interior, que o faz "participante da natureza divina" (2Pdr 1,4), filho de Deus, irmão e co-herdeiro de Jesus, "o primogênito entre muitos irmãos" (leia a carta de Paulo aos Romanos, cap. 8).
Como conseqüência da presença do Espírito, você vive e dialoga com Deus dum modo totalmente novo. Você vive uma vida "abençoada" que é santa e realmente agrada a Deus. Sob o influxo do Espírito você vive uma vida de amor que edifica o Corpo de Cristo, a Igreja. Estando "no Espírito" junto com o resto da Igreja, você vive em união com os outros de tal modo que cria um Espírito de amor e de comunhão onde você estiver.
A graça - a vida divina dentro de você - transforma todo o sentido e a orientação da sua vida. Vivendo na graça, São Paulo declarou: "para mim o viver é Cristo, e morrer é lucro" (Fl 1,21). Finalmente a graça - o dom espontâneo que Deus faz de si mesmo a você - é a vida eterna, vida que já começou. Já agora, enquanto você ainda é um peregrino nesta terra, a graça é "Cristo em você, a esperança da glória" (Col 1,27).
Fé, Esperança e Caridade
Fé, Esperança e Caridade
Como ser humano, você é capaz de crer, confiar e amar os outros. A graça transforma esses modos de você se relacionar com outras pessoas nas virtudes teologais (orientadas para Deus) da fé, esperança e caridade - capacidade para se relacionar com Deus e com os outros como um de seus filhos ternamente amados.
No estado da graça, você tem fé: você crê em Deus, entregando todo o seu ser a Ele como a fonte pessoal de toda verdade, realidade e do seu próprio ser. Você tem esperança: você deposita todo o seu sentido e seu futuro em Deus, cuja promessa feita a você de vida eterna com Ele, está sendo cumprida dum modo velado já agora através da sua existência na graça. E você tem caridade: ama a Deus como Aquele que é pessoalmente Tudo na sua vida, e todos os homens como participantes do destino que Deus quer para todos: a eterna comunhão com Ele.
(Se alguém se afasta de Deus pelo pecado grave, perde a graça habitual e a virtude da caridade. Mas essa perda não lhe retira a fé nem a esperança, a não ser que ele peque direta e gravemente contra essas virtudes.)
Amor a Deus, a si mesmo e aos outros
Amor a Deus, a si mesmo e aos outros
Nesta vida, seu amor a Deus está ligado a seu amor aos outros - e esses amores estão também ligados com seu amor para consigo mesmo. Você não ama a Deus, a quem você não pode ver, a não ser que ame seu irmão a quem você pode ver (1Jo 4,20). E, por preceito do próprio Deus, você deve amar ao próximo como a si mesmo (Mt 19,19; 22,39). Falando em termos práticos, da vida real, o cumprimento do preceito divino de amar começa com um autêntico amor a si mesmo. A fim de amar a Deus como Ele quer, você precisa respeitar, estimar e reverenciar a si mesmo.
Você aumenta seu amor por si mesmo, fazendo com que você possa perceber, cada vez e mais profundamente à medida que os anos passam, que Deus realmente o ama com um amor que não tem fim. Você é amado e é digno de amor. Sempre que você tenta adquirir ou aprofundar esta atitude a seu respeito, você está cooperando com a graça de Deus.
Você também aumenta seu amor para consigo procurando intensificar seu conhecimento dos outros que o rodeiam: ouvindo e confiando: amando e (o que é difícil) deixando-se amar; perdoando de coração e (o que é mais difícil) buscando um verdadeiro perdão pessoal; ampliando seu círculo de bondade até abranger todas as criaturas vivas e toda a natureza na sua beleza.
No Novo Testamento, nos escritos de São João, há um princípio básico que diz: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros; pois o amor é de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conheceu a Deus; pois Deus é amor" (1Jo 4, 7-8). É amando que você aprende o que é o amor; amando você chega a conhecer a Deus.
Todo o período da vida de Jesus, Verbo feito carne, foi para a Igreja o tempo da sua fundação.
Jesus reuniu ao seu redor seguidores que se entregaram completamente a Ele. Antes de escolher seu grupo íntimo - os Doze - Jesus rezou. Aos Doze revelou o conhecimento pessoal dele próprio, falou da sua futura Paixão e morte, e deu profunda instrução sobre o que acarretava seguir tal caminho. Só os Doze tiveram permissão de celebrar a sua Última Ceia com Ele.
Os Doze eram chamados apóstolos, isto é, emissários, cuja missão era serem os representantes pessoais de Jesus. Deu a esses apóstolos o pleno poder de autoridade que Ele tinha do Pai. A plenitude dessa autoridade vem indicada nas palavras do Evangelho: "Em verdade, Eu vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu" (Mt 18,18).
O clímax da formação da Igreja por Jesus foi a Última Ceia. Nesta refeição Ele tomou pão e vinho e disse: "Tomai e comei, isto é meu corpo; tomai e bebei, isto é meu sangue". Com essas palavras Ele realmente se deu a eles. Recebendo-o desta forma, os Doze entraram numa intimidade tão completa com Ele e com os outros, que jamais havia sucedido algo semelhante. Nessa refeição tornaram-se um só corpo em Jesus. A Igreja primitiva estendeu a profundidade desta comunhão: é o que nos mostra a mais antiga narração da Eucaristia, onde São Paulo diz: "Porque há um pão, nós que somos muitos, formamos um só corpo, porque todos nós participamos de um só pão" (1Cor 10,17).
Na Ceia, Jesus também falou do "novo testamento". Deus estava estabelecendo um novo pacto com a humanidade, uma aliança selada com o sangue sacrificial por uma nova lei: o mandamento do amor.
A mais antiga narração Eucarística, contida na primeira Carta aos Coríntios, revela o que a Última Ceia significou para o futuro da Igreja. Lá se recorda que Jesus disse: "Fazei isto em memória de mim" (1Cor 11,24). Jesus previu um longo período no qual sua presença não seria visível para seus seguidores. Seu desejo foi que a Igreja repetisse esta Ceia sempre de novo durante este período. Nestas celebrações, Ele estaria intimamente presente, como Senhor da história, Ressuscitado, conduzindo Seu povo para aquele dia vindouro, no qual Ele fará "novas todas as coisas", no qual haverá "um novo céu e uma nova terra" (Apoc 21, 1-5).
A Última Ceia foi a etapa final de Jesus, antes de sua morte, na preparação dos Doze. Esta celebração revelou como eles e seus sucessores, através dos tempos, deveriam exercer sua missão de ensinar, santificar e governar.
Segundo os Evangelhos (Mt 16, 13-19; Lc 22,31ss; Jo 21, 15-17), a responsabilidade conferida aos apóstolos, foi conferida de modo especial a São Pedro. No Evangelho de Mateus encontram-se estas palavras de Jesus: "E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela". Pedro deve ser a rocha, o representante visível de Jesus que é o alicerce da Igreja. Pedro fornecerá à igreja a liderança inabalável contra "os poderes da morte", contra quaisquer forças que queiram destruir o que Jesus trouxe ao seu povo.
A fundação da Igreja por Jesus foi completada pelo envio do Espírito Santo. O nascimento efetivo da Igreja teve lugar no dia de pentecostes. Este envio do Espírito realizou-se publicamente como também se tinha realizado à vista de todos a crucifixão de Jesus. Desde aquele dia, a Igreja se tem mostrado como uma realidade humano-divina, como a soma da obra do Espírito e do esforço dos homens, à maneira humana, para cooperar com o dom da sua presença e do Evangelho de Cristo.
A Igreja como o Corpo de Cristo
A Igreja como o Corpo de Cristo
A imagem da Igreja como o Corpo de Cristo encontra-se no Novo Testamento, nos escritos de São Paulo. No cap. 10 da primeira Carta aos Coríntios, Paulo diz que a nossa comunhão com Cristo provém do "cálice de bênção" que nos une em seu sangue, e do "pão que partimos" que nos une em seu corpo. Já que o pão é um só, todos nós, embora sendo muitos, somos um só corpo. O corpo Eucarístico de Cristo e a Igreja são, juntos, o Corpo (místico) de Cristo.
No capítulo 12 da primeira Carta aos Coríntios (e no capítulo 12 de Romanos), Paulo sublinha a dependência e a relação mútuas que temos como membros uns dos outros. Nas Cartas aos Efésios e aos Colossenses o que se destaca é Cristo como nossa cabeça. Deus deu Cristo à Igreja como sua cabeça. Através de Cristo, Deus está revelando seu plano, "o mistério oculto através dos séculos", de unir todas as coisas e reconciliar-nos com Ele. Porque esse mistério está sendo manifestado na Igreja, a Carta aos Efésios chama a Igreja de "o mistério de Cristo".
Nos nossos dias, o Papa Paulo VI expressou a mesma verdade com estas palavras: "A Igreja é um mistério. É uma realidade impregnada da presença oculta de Deus".
Quando São Paulo e Paulo VI chamam a Igreja de "mistério", a palavra tem o mesmo significado que a palavra "sacramento", Designa um sinal visível da invisível presença de Deus.
Assim como Cristo é o sacramento de Deus, assim a Igreja é para você o sacramento, o sinal visível de Cristo. Mas a Igreja não é um sacramento "só para seus membros". Na Constituição Lumen Gentium, sobre a Igreja, o Concílio Vaticano II afirma claramente: "Pela sua relação com Cristo, a Igreja é um sacramento ou sinal da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano. Ela é também um instrumento para a realização desta união e desta unidade" (Lumen Gentium, nº 1).
No plano que Deus tem para a raça humana, a Igreja é o sacramento, o primeiro instrumento visível pelo qual o Espírito Santo vem realizando a unidade total que para todos nós está reservada.
Entretanto, este processo de salvação é uma aventura divino-humana. Nós todos participamos dele. Nossa cooperação com o Espírito Santo consiste em nos tornarmos uma Igreja que de tal modo vê Cristo nos outros, que os outros vejam Cristo em nós.
Falando da igreja, o Concílio Vaticano II destaca a imagem do Povo de Deus mais que qualquer outra.
Estritamente falando, todos os povos são de Deus; nos cap. 8 e 9 dos Gêneses, a Bíblia afirma que Deus tem um relacionamento de aliança com toda a humanidade. Mas a imagem do Povo de Deus aplica-se de modo especial aos seguidores de Cristo no Novo Testamento e esclarece importantes traços da comunidade católica.
Um fato importante com relação aos católicos é este: nós temos o senso de sermos um povo. Muito embora sejamos constituídos de grupos nacionais e étnicos os mais variados, temos a consciência de pertencer à mesma família espalhada por todo o universo.
Outra característica dos católicos é nosso senso de história. Nossa ascendência familiar remonta até à cristandade primitiva. Poucos de nós conhecem o panorama completo de nossa história como Igreja. Mas muitos de nós conhecem histórias de mártires e de santos. Sabemos de grupos, antigos e modernos, que sofreram perseguição por causa da fé. E no fundo nos identificamos com essa gente e sua história. Todas aquelas gerações que existiram antes de nós são gente sua e minha.
Nossa consciência de sermos um povo tem raízes profundas. Pode haver católicos que falham e católicos não-praticantes. Mas bons ou maus, eles são católicos. Quando retornarem, sabem onde é sua casa. E quando, de fato, retornam, são bem-vindos. A Igreja tem suas imperfeições; mas no seu coração acha-se a inesgotável torrente da misericórdia e do perdão de Deus.
A comunidade católica não é todo o povo de Deus. mas é aquele grupo central, forte e identificável, que sabe perfeitamente para onde todos estamos indo. Como o povo do Antigo Testamento em marcha para a Terra Prometida, estamos profundamente para onde todos estamos indo. Como o povo do Antigo Testamento em marcha para a Terra Prometida, estamos profundamente conscientes de que "não temos aqui morada permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir" (Hb 13,14). Nosso instinto de fé nos diz que Deus está no nosso futuro, e que necessitamos uns dos outros para alcançá-lo. Isto faz parte de nossa força, é uma faceta do nosso mistério.
No século XVI escreveu o Cardeal Roberto Belarmino: "A única e verdadeira Igreja é a comunidade de homens reunidos pela profissão da mesma fé cristã e pela comunhão dos mesmos sacramentos, sob o governo dos legítimos pastores e especialmente do vigário de Cristo na terra, o Romano Pontífice".
Como definição da Igreja, a frase de Berlarmino é incompleta: fala da Igreja apenas como instituição visível. Uma definição mais completa afirmaria, como o fez Paulo VI, que "a Igreja é um mistério... impregnado da presença oculta de Deus". Mas a definição de Belarmino acentua um ponto importante: a Igreja é um realidade social visível: possui um aspecto institucional que a compõe. Desde os primeiros anos da sua história, a cristandade sempre teve uma estrutura visível: nomeou chefes, prescreveu formas de culto e aprovou fórmulas de fé. Vista a partir desses elementos, a Igreja católica é uma sociedade visível. Mas porque é também um mistério, a Igreja é diferente de qualquer outro grupo organizado.
Como sociedade visível, a Igreja católica é única. Outras Igrejas cristãs possuem em comum com ela alguns "elementos" bem fundamentais, tais como "um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus e Pai de todos nós" (Ef 4,5). Mas, como afirma o Vaticano II, "esses elementos, como dons próprios à Igreja de Cristo, impelem à unidade católica" (Lumen Gentium, nº 8). Esta afirmação fundamental ensina que a plenitude básica da Igreja, a fonte vital da completa unidade cristão no futuro, encontra-se unicamente na Igreja católica visível.
Cristo deu à Igreja a tarefa de proclamar sua Boa-Nova (Mt 28, 19-20). Prometeu-nos também seu Espírito, que nos guia "para a verdade" (Jo 16,13). Este mandato e esta promessa garantem que nós, a Igreja, jamais apostaremos do ensinamento de Cristo. Esta incapacidade da Igreja em seu conjunto de extraviar-se no erro com relação aos temas básicos da doutrina de Cristo chama-se infalibilidade.
É responsabilidade do Papa preservar e nutrir a Igreja. Isto significa esforçar-se por realizar o pedido de Cristo a seu Pai na Última Ceia: "que todos sejam um; como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21).
O magistério da Igreja tem um aspecto sacramental: está destinado a ser um sinal e sacramento de unidade. Já que também é responsabilidade do Papa ser uma fonte sacramental de união, tem ele uma função especial com relação à infalibilidade da igreja.
A infalibilidade sacramental da Igreja é preservada pelo seu principal instrumento de infalibilidade, o Papa. A infalibilidade que toda a Igreja possui, pertence ao Papa dum modo especial. O Espírito de verdade garante que quando o Papa declara que ele está ensinando infalivelmente como representante de Cristo e cabeça visível da Igreja sobre assuntos fundamentais de fé ou de moral, ele não pode induzir a Igreja a erro. Esse dom do Espírito se chama infalibilidade papal.
Falando da infalibilidade da igreja, do Papa e dos Bispos, o Concílio Vaticano II diz: "Esta infalibilidade, da qual quis o Divino Redentor estivesse sua Igreja dotada... é a infalibilidade de que goza o Romano Pontífice, o Chefe do Colégio dos Bispos, em virtude de seu cargo... A infalibilidade prometida à Igreja reside também no Corpo Episcopal, quando, como o Sucessor de Pedro, exerce o supremo magistério" (Lumen Gentium, nº 25).
No seu livro Maria em Sua Vida Diária, o teólogo Bernardo Häring observa: "O Concílio Vaticano II coroou a Constituição Dogmática sobre a Igreja com um belo capítulo sobre Maria, como protótipo e modelo da Igreja. A Igreja não pode chegar a entender plenamente a união com Cristo e o serviço a seu Evangelho, sem um amor e um conhecimento profundos de Maria, Mãe de Nosso Senhor e nossa Mãe". Com uma visão penetrante na natureza profundamente pessoal da salvação, o Vaticano II abordou o influxo de Maria em nossas vidas.
Por ser mãe de Jesus, Maria é a Mãe de Deus. É o que afirma o Vaticano II: "Na Anunciação do Anjo, a Virgem Maria recebeu o Verbo de Deus no coração e no corpo, e trouxe ao mundo a Vida. Por isso, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor"(Lumen Gentium, nº 53).
Como Mãe do Senhor, Maria é uma pessoa inteiramente singular. Como seu Filho, ela foi concebida como ser humano (e viveu toda a sua vida) isenta de qualquer vestígio do pecado original, isto se chama sua Imaculada Conceição.
Antes, durante e após o nascimento de seu filho Jesus, Maria permaneceu fisicamente virgem.
No final da sua vida Maria foi assunta - isto é, elevada - ao céu, de corpo e alma; a isso chamamos sua Assunção.
Na qualidade de Mãe de Cristo, cuja vida vivemos, Maria é também a mãe de toda a Igreja. Ela é membro da Igreja, mas um membro totalmente singular. O Vaticano II exprime sua relação conosco como a de um membro supereminente e de todo singular da Igreja, como seu modelo... na fé e na caridade. "E a Igreja católica, instruída pelo Espírito Santo, honra-a com afeto de piedade filial como mãe amantíssima"(Lumen Gentium, nº 53).
Como uma mãe que aguarda a volta dos seus filhos adultos para casa, Maria nunca cessa de influenciar o curso de nossas vidas. Diz o Vaticano II: "Ela concebeu, gerou, nutriu a Cristo, apresentou-o ao Pai no templo, compadeceu com seu Filho que morria na cruz... Por tal motivo ela se tornou para nós Mãe, na ordem da graça"(Lumen Gentium, nº 61). "por sua maternal caridade cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam na terra rodeados de perigos e dificuldades, até que sejam conduzidos à feliz pátria"(Lumen Gentium, nº 62).
Essa Mãe, que viu seu próprio Filho feito homem morrer pelo resto de seus filhos, está esperando e preparando seu lugar para você. Ela é, nas palavras do Vaticano II, seu "sinal da esperança segura e do conforto" (Lumen Gentium, nº 68).
A igreja venera também os outros santos que já estão com o Senhor no céu. São pessoas que serviram a Deus e ao próximo dum modo tão notável, que foram canonizados, isto é, a Igreja declarou oficialmente heróicos, e nos exorta a rezarmos a eles, pedindo sua intercessão por todos nós junto a Deus.
Concílio Vaticano II descreve a Sagrada Tradição e as Sagradas Escrituras como sendo "semelhante a um espelho em que a Igreja peregrinante na terra contempla a Deus" (Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação Divina, nº 7).
A palavra revelada de Deus chega até você mediante palavras faladas e escritas por seres humanos. A Escritura Sagrada é a Palavra de Deus "enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo"(Dei Verbum, nº 9). A sagrada Tradição é a transmissão da Palavra de Deus pelos sucessores dos apóstolos. Juntas, a Tradição e a Escritura constituem um só sagrado depósito da palavra de Deus, confiado à Igreja"(Dei Verbum, nº 10).
A Sagrada Escritura, a Bíblia, é uma coleção de livros. Conforme o cânon da Escritura (a lista dos livros que a Igreja católica aceita como autênticos), a Bíblia contém 73 livros. Os 46 livros do Antigo Testamento foram escritos aproximadamente entre os anos 900 a.C. e 160 a.C. - isto é, antes da vinda de Cristo. Os 27 livros do Novo Testamento foram escritos aproximadamente entre os anos 50 D.C. e 140 D.C.
A coleção do Antigo Testamento é constituída de livros históricos, didáticos (que ensinam) e proféticos (que contém as palavras inspiradas dos profetas, pessoas que experimentavam a Deus de maneiras especiais e eram seus autênticos porta-vozes). Esses livros, com poucas exceções, foram escritos originalmente em hebraico.
Em síntese, os livros do Antigo Testamento são um testemunho da experiência que o povo israelita teve de Javé, "o Deus de seus pais" (veja Êx 3, 13-15). No seu conjunto, esses livros revelam a reflexão de Israel sobre a realidade pessoal do Deus único, Javé, que age na história humana, guiando-a com um plano e um objetivo. Javé, o Deus do Antigo Testamento, é o mesmo Deus que Jesus, um judeu, chamava de Pai.
Os livros do Novo Testamento, escritos originalmente em grego, são constituídos de Evangelhos (proclamações da Boa-Nova) e Epístolas (cartas). Primeiro, na ordem em que aparecem na Bíblia, estão os Evangelhos chamados sinóticos (do grego synoptikos, ver o conjunto ao mesmo tempo), porque em boa parte eles contam a mesma história da mesma maneira. O livro intitulado Atos dos Apóstolos, que vem após o Evangelho de São João (também denominado Quarto Evangelho) completa a imagem de Jesus encontrada nos três Evangelhos sinóticos.
A seguir vem as Epístolas de São Paulo - os documentos mais antigos do Novo Testamento - que foram escritas em cada caso para responder a necessidades particulares das várias comunidades cristãs locais.
Depois das Epístolas de Paulo vêm as Epístolas Católicas. Essas cartas são chamadas católicas, ou universais, porque não foram escritas em vista de determinadas necessidades das igrejas locais, mas com temas importantes para todas as comunidades cristãs.
O último livro do Novo Testamento é o Apocalipse, mensagem de esperança para os cristãos perseguidos, prometendo o triunfo final de Cristo na história.
tema fundamental do Novo Testamento é Jesus Cristo. Cada livro revela um aspecto diferente do seu mistério. Os quatro Evangelhos referem as palavras e atos de Jesus como eram recordados e transmitidos nas primeiras gerações da Igreja. Narram a história da sua Paixão e Morte, e o que esta morte significa à luz da sua Ressurreição. Em certo sentido, os Evangelhos começaram com a Ressurreição; a doutrina de Jesus e os fatos de sua vida adquiriram sentido para os primeiros cristãos só depois da Ressurreição. Os Evangelhos refletem a fé comum dos primeiros cristãos no Senhor que ressuscitou e agora habita no meio de nós.
Os escritos do Novo Testamento não relatam quem Jesus era, mas quem Ele é. Mais que meros documentos históricos, esses escritos têm o poder de mudar a sua vida. No "espelho" do Novo Testamento você pode encontrar Jesus Cristo. Se você aceita o que vê neste espelho, o sentido que Jesus tem para você, na sua situação concreta, você pode também encontrar-se consigo mesmo.
A Sagrada Tradição é a transmissão da Palavra de Deus. Esta transmissão é feita oficialmente pelos sucessores dos apóstolos, e não oficialmente por todos os que cultuam, ensinam e vivem a fé, tal como a Igreja a entende.
Certas idéias e costumes originam-se do processo da Tradição e se tornam meios para ela, alguns até mesmo por vários séculos. Mas um produto da Tradição constitui um elemento básico seu, apenas quando tal produto serviu para transmitir a fé numa forma invariável desde os primeiros séculos da Igreja. Exemplos de elementos básicos são a Bíblia (como um instrumento tangível usado na transmissão da fé), o Símbolo dos Apóstolos ou Credo, e as formas básicas da liturgia da Igreja.
Numa determinada época, um produto da Tradição pode exercer um papel especial na transmissão da fé. Os documentos dos concílios ecumênicos são disso os principais exemplos. Concílio Ecumênico é uma assembléia oficial de todos os bispos do mundo que estão em comunhão com o Papa, com a finalidade de tomar decisões. Os ensinamentos de um Concílio Ecumênico - produtos da Tradição no sentido estrito - desempenham uma função decisiva no processo da Tradição. Os documentos do Concílio de Trento, realizado no séc. XVI, desempenharam tal função. Assim também sucedeu com os documentos do Concílio Vaticano I, celebrado no séc. XIX.
Nos nossos dias, os documentos do Concílio Vaticano II estão exercendo o mesmo papel no processo da tradição. Conforme declarou o Papa Paulo VI numa alocução de 1966. "Devemos dar graças a Deus e ter confiança no futuro da Igreja, quando pensamos no Concílio: ele será o grande catecismo dos nossos tempos".
O Vaticano II fez o que a Igreja docente sempre tem feito: expressou o conteúdo imutável da revelação, traduzindo-o para formas de pensamento do povo de acordo com a cultura de hoje. Mas esta "tradução do conteúdo imutável" não é como que vestir notícias velhas com linguagem nova. Como afirmou o Vaticano II: "Esta Tradição, oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Cresce, com efeito, a compreensão tanto das coisas como das palavras transmitidas... no decorrer dos séculos, a Igreja tende continuamente para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus". (Dei Verbum, nº 8).
Pelo Vaticano II a Igreja deu ouvidos ao Espírito, empenhou-se na sua "tarefa de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho" (Constituição Pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no Mundo Moderno, nº 4). Nem sempre é claro aonde o Espírito está nos conduzindo. Mas o terreno no qual nós, a Igreja, caminhamos adiante da nossa peregrinação é firme: o Evangelho de Cristo. Nesta etapa da nossa história, um de nossos instrumentos básicos de Tradição - de transmissão da fé - são os documentos do Vaticano II.
A Tradição é um processo inteiramente pessoal. A fé é transmitida de pessoa para pessoa. Papas e Bispos, sacerdotes e religiosos, teólogos e mestres transmitem a fé. Mas as pessoas mais envolvidas nesse processo são os pais e seus filhos. Filhos de pais chineses dificilmente aprendem um dialeto irlandês. E filhos de pais não-praticantes dificilmente aprendem uma fé profunda e vivencial. Assim, com relação à Tradição, guarde bem na memória as palavras do célebre sacerdote e educador inglês, Cônego Drinkwater: "Você educa até certo ponto... pelo que você diz, mais pelo que você faz e ainda mais pelo que você é; mas acima de tudo, pelas coisas que você ama".
Em sua Constituição sobre a Igreja no Mundo Moderno ensina o Vaticano II: "Constituído por Deus em estado de justiça, o homem contudo, instigado pelo Maligno, desde o início da história abusou da própria liberdade. Levantou-se contra a Deus desejando atingir seu fim fora dele"(Gaudium et Spes, nº 13)
Em forma narrativa, os capítulos 1 até 11 do Livro do Gênesis, descrevem este fato sombrio para a humanidade. Os capítulos 1 e 2 do Gênesis contam a história da criação por Deus. Deus criou todas as coisas, inclusive o homem e a mulher, e viu que tudo era bom.
Mas neste mundo perfeito entrou o pecado. No capítulo 3 do Gênesis vemos que o homem Adão rejeita a Deus e tenta tornar-se igual a Ele. Como conseqüência deste pecado original, o homem se sente afastado de Deus. Esconde-se. Quando Deus o interpela, Adão culpa sua mulher, Eva, pelo seu pecado, e ela, por sua vez, culpa a serpente. A lição é simples e trágica: o pecado do homem corrompeu a vida num pesado fardo.
Os capítulos 4 a 11 do Gênesis mostram o avanço do pecado no mundo, a partir do pecado original de Adão. Caim assassina seu irmão Abel. O pecado atinge tamanhas proporções que Deus manda um grande dilúvio que cobre a terra - símbolo do caos e loucura da humanidade chega ao auge: o homem tenta de novo tornar-se igual a Deus construindo uma torre que atinja os céus. Esta rejeição de Deus se manifesta na rejeição do próximo por parte do homem. Doravante existe divisão e completa falta de comunicação entre as nações.
Conforme o Gênesis, um mundo de belezas foi deformado pelo pecado. O resultado que se seguiu foi divisão, dor, derramamento de sangue, solidão e morte. Esta trágica narrativa exprime algo que sentimos na própria carne. A realidade que ela aponta faz parte fundamentalmente da experiência humana. Não nos surpreende que esta realidade - o fato do pecado original e seus efeitos em todos nós - seja um ensinamento da Igreja.
Com exceção de Jesus Cristo e de sua Mãe Maria, todo ser humano nascido neste mundo está contaminado pelo pecado original. Como São Paulo declara em Rom, 5, 12: "Por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e pelo pecado a morte, e assim a morte passou a todos os homens porque todos pecaram".
Embora continue a mostrar que há o mal neste mundo, a Igreja não está sugerindo que a natureza humana esteja corrompida. Ao contrário, a humanidade é capaz de fazer muito bem. Não obstante sintamos uma "tendência para baixo", ainda mantemos o controle essencial sobre nossas decisões. Permanece a vontade livre. E - o que é mais importante - Cristo, nosso Redentor, venceu o pecado e a morte pela sua morte e Ressurreição. Essa vitória cancelou não apenas nossos pecados pessoais, mas também o pecado original e seus propalados efeitos. A doutrina do pecado original, portanto, entende-se melhor como um escuro pano de fundo contra o qual pode ser aplicada, fazendo contraste, a brilhante redenção adquirida para nós por Cristo, nosso Senhor.
Pecado Pessoal
Pecado Pessoal
Aos efeitos do pecado original deve-se acrescentar o pecado pessoal, o pecado cometido por um indivíduo. Pecamos pessoalmente toda vez que consciente e deliberadamente violamos a lei moral. Pelo pecado deixamos de amor a Deus. Desviamo-nos - ou até mesmo retrocedemos - da meta da nossa vida que é fazer a vontade de Deus.
Pecado mortal é a rejeição fundamental do amor de Deus. Por ele a presença da graça divina é retirada do pecado. Mortal, que dizer “que causa a morte” . Este pecado mata a vida e o amor divinos na pessoa que peca. Para que o pecado seja mortal, deve haver (1) matéria grave, (2) reflexão suficiente, e (3) pleno consentimento da vontade.
Pecado venial é uma rejeição menos séria do amor de Deus. Venial significa “que se perdoa facilmente”. O pecado é venial quando a falta não é grave, ou - se a matéria é grave - a pessoa não está suficientemente cônscia do mal existente, ou não consente plenamente o pecado.
O pecado venial é como uma doença espiritual que magoa mas não mata a presença da graça divina dentro da pessoa. Pode haver graus de gravidade no pecado, como as diferentes doenças podem ser mais graves ou menos graves. mesmo os pecados menos graves não devem ser considerados levianamente. Pessoas que se amam não querem ofender uma à outra de maneira alguma, nem sequer do modo mais insignificante.
Para haver pecado, de qualquer gravidade, não é preciso que haja ações. Pode-se pecar por pensamento ou desejo ou por omissão de fazer algo que devia ser feito.
Deus perdoa qualquer pecado - mesmo os mais graves - um sem número de vezes, se a pessoa está realmente arrependida.
Quem se considera em pecado mortal deve confessar tal pecado e reconciliar-se com Cristo e com a Igreja, antes de receber a Santa Comunhão (1 Cor 11, 27-28)
Os padrões do mal podem ser institucionalizados. Por exemplo, a injustiça pode vir a ser parte do modo de viver de um grupo, sendo incluída nas leis e nos costumes sociais. Esses (padrões), numa reação em cadeia, contaminam as atitudes e ações das pessoas naquele ambiente. A influência desses padrões pode ser tão sutil que as pessoas neles comprometidas podem efetivamente não ter consciência do mal que provocam.
O mistério do pecado original tem uma dimensão social, e a cooperação em padrões de pecado intensificam presença do mal no mundo. Contribui para o sofrimento humano. Por isso, o Vaticano li faz questão de enfatizar - especialmente durante o tempo penitencial da quaresma - "as conseqüências sociais do pecado" (Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, nº 109).
Quem se associa ao mal institucional torna-se "parte do problema" - um descendente atuante do Velho Homem, Adão. Quem resiste ou se opõe ao mal social torna-se "parte da solução" - alguém que vive da vida conquistada para nós pelo Homem Novo, Jesus Cristo.
Falando da dignidade dos seres humanos, diz o Vaticano li: "Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei que ele não impõe a si mesmo, mas o impele à obediência. Chamando-o sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei lhe soa nos ouvidos do coração: "faça isto", "evite aquilo. De fato, o homem tem uma lei escrita por Deus em seu coração. Obedecer a ela é a própria dignidade do homem, que será julgado de acordo com esta lei. A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz". (Gaudium et Spes, nº' 16).
Todos somos moralmente obrigados a seguir nossa consciência. Mas isto não significa que esteja infalivelmente certo tudo quanto nossa consciência nos diz... Como diz o Vaticano li: "Não raro a consciência erra, por ignorância invencível" (id., nº 16) - isto é, por uma ignorância pela qual a pessoa não é moralmente responsável. Procurar formar uma consciência reta faz parte de nossa dignidade e responsabilidade.
Falando da consciência reta, afirma o Vaticano li: "Quanto mais prevalecer a consciência reta, tanto mais as pessoas e os grupos se afastam de um arbítrio cego e se esforçam por se conformar às normas objetivas da moralidade" (id., nº 16).
Sobre o árduo tema de como formar uma consciência reta, o Vaticano II diz: "Na formação de sua consciência, os cristãos hão de ater-se à doutrina santa e certa da Igreja. Pois, por vontade de Cristo, a Igreja católica é mestra da verdade e assume a tarefa de enunciar e de ensinar autenticamente a Verdade que é Cristo. Ao mesmo tempo, ela declara e confirma, por sua autoridade, os princípios de ordem moral, que provém da própria natureza humana" (Declaração Dignitatis Humanae, sobre a Liberdade Religiosa, nº 14).
Nos assuntos pessoais de consciência, "atenha-se à doutrina santa e certa da Igreja". Além disso, no núcleo secretíssimo e no sacrário" do seu coração onde você está "sozinho com Deus", busque sua vontade. Procure e você encontrara.
Pela simbólica imersão nas águas do Batismo, você é "inserido no mistério pascal de Cristo". Dum modo misterioso, você “morre com Ele, é com Ele sepultado e ressuscita com Ele" (Constituição Sacrosanctum Concílíum, nº 6).
Como cristão batizado, você é um irmão adotivo de Cristo, escondido com Cristo em Deus" (Col 3,3), mas é um membro visível do seu corpo.
Tendo morrido para o pecado (tanto o pecado original como os pecados pessoais são eliminados pelas águas do Batismo), você entrou para a comunidade da Igreja "como por uma porta". O seu indelével batismo em Cristo foi o começo de uma vocação única e perene.
Muitas pessoas exercem sua vocação batismal de maneiras bem concretas por meio das atividades paroquiais. Colaborando com seus párocos, ajudam como ministros da Eucaristia, leitores, comentadores, maestros, recepcionistas, acólitos, membros do conselho paroquial, da Legião de Maria, da Sociedade São Vicente de Paulo, do Apostolado da Oração e de muitos outros grupos paroquiais.
Alguns cooperam para a vida espiritual e comunitária de suas paróquias ensinando religião, tomando parte em programas de alfabetização de adultos, círculos bíblicos, grupos de oração, grupos de orientação familiar como o MFC (Movimento Familiar Cristão). Muitos revitalizam sua fé batismal louvando a Deus em grupos como os dos carismáticos. Essas são apenas algumas das maneiras pelas quais os membros banzados do corpo de Cristo vivem o mistério de sua vocação batismal.
Um modo superior de viver a vida do Batismo é a chamada Vida Religiosa. Atendendo a uma graça especial de Deus, certas pessoas ingressam nas ordens e congregações religiosas e se tornam irmãos ou irmãs, também chamadas freiras. (Alguns religiosos também abraçam o sacerdócio, unindo sua vida religiosa com o ministério sacerdotal específico).
Como religiosos consagrados, tais pessoas consagram-se a Deus prometendo viver os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Como explica o Vaticano 11. suas vidas estão devotadas ao serviço de Deus "num ato de consagração especial que está intimamente radicada na sua consagração batismal e que a exprime mais plenamente" (Decreto Perfectae Caritatis sobre a Vida Religiosa, n.º 5).
Pelo Batismo, você participa com os outros de "um vínculo sacramental de unidade que liga todos os que foram regenerados por ele" (Decreto Unitatis Redintegratio sobre o Ecumenismo, n.º 22). O seu Batismo nunca pode ser repetido, porque ele une você com Deus para sempre. Trata-se de um vínculo indissolúvel. Pode acontecer que você perca a graça ou até mesmo a fé, mas não pode perder seu Batismo. Você está marcado como um dos que pertencem a Deus. O mesmo vínculo liga você duma maneira sacramental a todas as outras pessoas batizadas. Você é um de nós e todos nós somos "pessoas sacramentos". Juntos somos chamados a viver até à morte o mistério batismal no qual fomos mergulhados.
A Confirmação ou Crisma é o sacramento pelo qual aqueles que nasceram de novo pelo Batismo recebem o seio do Espírito Santo, Dom do Pai. Junto com o Batismo e a eucaristia, a confirmação é um sacramento de iniciação - neste caso, iniciação à vida de uma testemunha cristã adulta. A presença mais intensa do Espírito que vem a nós neste sacramento está destinada a nos sustentar por toda a vida na qualidade de testemunhas de Cristo e no serviço aos outros.
Ao conferir a confirmação, o celebrante umedece seu polegar com o crisma, que é uma mistura solenemente consagrada de óleo de oliveira e bálsamo, e traça o sinal da cruz na fronte do crismando. Este gesto é a imposição das mãos que é parte essencial do sacramento e remonta ao tempo dos apóstolos.
Enquanto unge, o celebrante se dirige ao crismando, chamando-o pelo nome (*) e dizendo: "Recebe por este sinal, o Dom do Espírito Santo!" Estas palavras estão intimamente relacionadas com o cristianismo primitivo. Como São Paulo escreveu aos cristãos de Éfeso: "Nele também vós... fostes selados pelo Espírito Santo prometido, que é o penhor da nossa herança..." (Ef 1,13-14).
A palavra Dom, neste ' contexto de Confirmação, é escrita com letra maiúscula, porque o Dom que recebemos neste sacramento é o próprio Espírito Santo.
Penitência é o sacramento pelo qual recebemos o perdão medicinal de Deus pelos pecados cometidos depois do Batismo.
Este sacramento é também chamado Sacramento da Reconciliação, porque nos reconcilia não só com Deus mas também com a comunidade eclesial. Os dois aspectos da reconciliação são importantes.
(*) Em alguns países, a pessoa recebe na Crisma um segundo nome, acrescentado ao nome de Batismo (N. do T.).
Como membros do corpo de Cristo, tudo quanto fazemos influencia todo o corpo. O pecado fere e enfraquece o Corpo de Cristo; a cura que alcançamos na Penitência restaura a saúde e a energia tanto da Igreja como de nós mesmos.
Quando alguém se desvia do amor de Deus ou o abandona, o dano recai sobre o pecador. O pecado venial enfraquece nosso relacionamento com Deus. O pecado mortal rompe esse relacionamento.
No caso de pecado mortal explícito, o meio ordinário para o católico voltar para Deus é a recepção da absolvição no sacramento da Penitência. (Quem está em pecado mortal pode retornar à graça divina antes da confissão fazendo um ato de contrição ou arrependimento perfeito mas esta contrição perfeita deve ser acompanhada da intenção de confessara pecado e recebera absolvição sacramental).
O pecado é uma realidade trágica. Mas o sacramento da Reconciliação é uma assembléia festiva. O capítulo 15 do Evangelho de São Lucas exprime esta alegria de modo comovente. Em Lc 15, os fariseus acusam Jesus de ser misericordioso demais. Em resposta, Jesus conta três parábolas. Na primeira, Deus é semelhante a um pastor que deixa noventa e nove ovelhas para procurar uma que está transviada. Ao achá-la, ele se enche de alegria.
Na segunda parábola, uma mulher encontra uma preciosa moeda que tinha perdido e promove uma grande festa. Jesus comenta: "Assim também, eu vos digo, há alegria diante dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende".
A terceira parábola é a história do filho pródigo, Quando ele volta para casa, seu pai o acolhe com um terno abraço.
Quando você confessa seus pecados sinceramente, com verdadeiro arrependimento e resolução de não pecar mais, Deus se alegra. Os fariseus descritos no Evangelho de Lucas eram homens severos, rígidos, juizes mais exigentes que Deus. Ao contrário, o Pai revelado por Jesus é quase bom demais para ser verdadeiro. Assim é o próprio Jesus, que você encontra neste sacramento. Tal Pai, tal Filho. No sacramento da Penitência, Jesus o abraça e o cura.
Numa doença grave, você faz a experiência de ser mortal. Conscientiza-se de que algum dia, você vai morrer. Se você não está gravemente doente, mas enfraquecido ou idoso, sente esta mesma experiência.
Porque tais circunstâncias o levam a encontrar Deus à luz da sua própria morte, há algo especialmente sacramental nesta condição em que você se acha. E assim há um sacramento específico para esta situação sacramental: a Unção dos Enfermos.
A Unção dos Enfermos não apressa a hora da morte. Neste sacramento, contudo, Deus o convida a entrar em comunhão com Ele à luz do seu encontro final. Por este sacramento a Igreja inteira suplica a Deus que alivie seus sofrimentos, perdoe seus pecados e o conduza à salvação eterna.
Você não precisa estar na última hora para receber este sacramento. Isto é evidente pelo fato de que a unção e as preces que a acompanham têm como um dos seus objetivos a restauração da saúde. Por conseguinte, se você não está em imediato perigo de morte, mas está enfermo ou idoso, você pode e deve pedir para ser sacramentado. Se, de fato, corre perigo de vida, quer por doença, quer pela idade avançada, você não deve demorar a receber o sacramento.
A Unção dos Enfermos, ajuda você a participar mais plenamente da Cruz de Cristo. Por esta participação, você contribui para o bem espiritual de toda a Igreja.
Pelo fato de você participar mais plenamente da Cruz de Cristo pela Unção, você está sendo preparado para uma participação mais plena na Ressurreição de Cristo.
Em todas as civilizações se sentiu uma misteriosa sacralidade na união do homem e da mulher. Sempre tem havido uma vaga percepção de que a profunda aspiração pela união com "o outro" é vivificante - e que é uma aspiração pela união com a fonte de toda a vida. É por isso que os rituais religiosos e os códigos de comportamento Sempre têm sido relacionados como casamento.
Jesus tomou o casamento e fez dele o sacramento do Matrimônio. Em conseqüência, o Matrimônio dá nova dimensão à vocação cristã que começa no Batismo.
No Matrimônio, marido e mulher são chamados a amar um ao outro dum modo muito prático: atendendo um ao outro nas suas necessidades mais pessoais; esforçando-se seriamente por comunicar um ao outro seus pensamentos e sentimentos pessoais, de tal forma que sua união continue sempre viva e em crescimento. Este amor é sexual de modo explícito e belo. Como afirma o Vaticano li: "Este amor se exprime e se realiza de maneira singular pelo ato próprio do matrimônios (Gaudium et Spes, n.º 49).
Pelo Matrimônio, o casal é também chamado a viver seu sacramento para outros. Pela sua óbvia intimidade, um casal que se ama influencia as vidas de outras pessoas com "algo especial" - o amor de Cristo em nosso meio. Eles revelam o amor de Deus e tornam-no difuso - para seus filho se para todos os que entram em contato com eles. Objetivo importante e resultado natural do Matrimônio é a procriação de novas vidas - os filhos. Mas o amor de um casal também transmite a vida - a vida de Cristo - a outras pessoas.
O casal não vive uma vida de amor porque por sorte eles se entendem: fazem-no consciente e deliberadamente, porque é esta a sua vocação e porque o Matrimônio é, na expressão de São Paulo, "um grande mistério... em referência a Cristo e à Igreja" (Ef 5, 32).
O Matrimônio é muito mais que um acordo particular entre duas pessoas. É uma vocação sacramental dentro da Igreja e para ela. É um meio pelo qual Cristo revela e aprofunda o mistério de sua união conosco, seu corpo. Portanto, marido e mulher vivem uma verdadeira vida sacramental quando seguem as palavras de São Paulo: "Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo" (Ef 5,21).
Na Igreja católica, a união sacramental de um casal é exclusiva (um só homem com uma só mulher)e indissolúvel (até que a morte os separe). São essas as maneiras concretas pelas quais se torna realidade a misteriosa união entre marido e mulher, entre Cristo e a Igreja.
A melhor coisa que um pai pode fazer por seus filhos é amar a mãe deles. Da mesma forma, uma das melhores coisas que um casal pode fazer pela Igreja e pelo mundo é esforçar-se em busca de maior união.
As Sagradas Ordens: o Sacerdócio Ministerial
As Sagradas Ordens: o Sacerdócio Ministerial
A Igreja é o Corpo de Cristo. Como tal, a Igreja toda participa da natureza e das funções de Cristo, sua cabeça. Isto inclui participar do seu sacerdócio.
Mas além desse "sacerdócio comum dos fiéis" há o sacerdócio especial ou "ministerial" de Cristo, que certos membros da Igreja recebem mediante o sacramento das Sagradas Ordens.
Cada tipo de sacerdócio - comum ou ministerial - é uma participação do sacerdócio de Cristo. E ambos os tipos estão relacionados um com o outro. Mas há uma diferença fundamental entre eles: no Sacrifício Eucarístico, por exemplo, o sacerdote ordenado age "na pessoa de Cristo" e oferece o Sacrifício a Deus em nome de todos; e o povo se une ao sacerdote neste oferecimento. As duas funções, a do padre e a do povo, vão juntas.
Os sacerdotes recebem seu sacerdócio dos bispos, que possuem a plenitude do sacramento da Ordem. Quando um bispo ordena sacerdotes, ele lhes dá uma participação no seu sacerdócio e na sua missão.
Os sacerdotes participam do ministério de Cristo pregando o Evangelho, fazendo tudo o que podem para levar seu povo à maturidade cristã. Eles batizam, curam e perdoam pecados no sacramento da Penitência; agem como testemunhas da Igreja nos sacramentos do Matrimônio e da Unção dos Enfermos. Mais importante ainda: celebram a Eucaristia, que é "o centro da comunidade de fiéis que o sacerdote preside" (Decreto Presbyterorum Ordinis, sobre o Ministério e a Vida dos Presbíteros, nº, 5). Todos os sacerdotes estão unidos pelo único objetivo de edificar o corpo de Cristo.
Na ordenação, os sacerdotes são "assinalados com um caráter especial", uma capacidade interior que os habilita a "agir na pessoa de Cristo, cabeça" (Presbyterorum Ordinis, nº 2). Esse "caráter" especial e interno une os sacerdotes entre si com um vínculo sacramental - fato esse que, em certo sentido, os separa das outras pessoas. Esta "separação" é destinada a ajudar os sacerdotes a executarem a obra de Deus com total dedicação.
Como ensina o Vaticano ll: os sacerdotes "vivem com os demais homens como com irmãos" exatamente como Jesus fez (Presbyterorum Ordinis, nº 3). Isto significa que os sacerdotes precisam das outras pessoas, como também as outras pessoas precisam deles. Os leigos que trabalham ao lado dos sacerdotes ajudam-nos a liderar a comunidade do povo de Deus.
Além dos bispos e dos padres, também os diáconos tem uma participação especial no sacramento da Ordem. O diaconato, conferido pelo bispo, é recebido como etapa preparatória para a ordenação por aqueles que se destinam ao sacerdócio. No entanto, desde o Concílio Vaticano li, a antiga ordem do diaconato foi restaurada na Igreja Católica Romana como um ofício de pleno direito. Agora muitas dioceses possuem diáconos que não vão se tornar sacerdotes. São por isso conhecidos como diáconos "permanentes". Trabalhando sob a autoridade do bispo local, os diáconos permanentes servem o Povo de Deus ao lado dos sacerdotes nas paróquias.
Na sua Constituição sobre a Liturgia, o Vaticano II começa o capítulo intitulado "O sacrossanto Mistério da Eucaristia" com estas belas palavras:
"Na última Ceia, na noite em que foi entregue, nosso Salvador instituiu o Sacrifício Eucarístico de seu Corpo e Sangue. Por ele, perpetua pelos séculos, até que volte, o Sacrifício da Cruz, confiando dessarte à Igreja, sua dileta Esposa, o memorial de sua morte e Ressurreição: o sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal, em que Cristo nos é comunicado em alimento, o espírito é repleto de graça e nos é dado o penhor da futura glória". (Sacrosanctum Concilium, n. O 4 7).
Esse mistério é o próprio centro e ápice da vida cristã. É "fonte e ápice de toda evangelização... o próprio centro" da comunidade de fé (Presbyterorum Ordinis, nº 5).
Em cada missa, Cristo está presente, não só na pessoa de seu sacerdote, mas também e sobretudo sob a forma de pão e vinho. Em cada Missa sua morte se torna uma realidade presente, oferecida como nosso sacrifício a Deus dum modo incruento e sacramental. Toda vez que o Sacrifício da Cruz é celebrado sobre o altar, a obra da nossa redenção se renova.
Na Missa oferecemos Cristo, nosso sacrifício pascal, a Deus, e oferecemo-nos também com Ele. Depois recebemos o Senhor ressuscitado, nosso pão da vida, na Santa Comunhão. Fazendo isso, entramos no próprio centro do mistério pascal de nossa salvação - a morte e a Ressurreição de Cristo.
Participando da ceia do Senhor, nós transpomos o tempo e ,,proclamamos a morte do Senhor até que Ele venha" (l Cor 11,26). Tomando parte neste banquete de amor, nos tornamos mais intimamente unidos a Ele num só corpo. Naquele momento nosso futuro com Deus torna-se uma realidade presente. A união a que estamos destinados é não só simbolizada mas também tornada real na refeição de que participamos. Na Missa, passado e futuro tornam-se realmente presentes em mistério.
Se você se prepara para ela cuidadosamente e dela se aproxima com fé viva, a Eucaristia o introduz no amor de Cristo que nos impele e o abrasa de amor. E ao despedir-se do mistério sagrado, você percebe que foi introduzido nele, se você "demonstra pelas ações o que aceita pela fé". E se você retornar ao lugar onde é guardado o Santíssimo Sacramento, Cristo presente no tabernáculo, você pode renovar sua experiência do insondável amor que sua presença, lá, silenciosamente, exprime.
13. O Destino Humano
A Igreja acredita em dois destinos finais- um para os indivíduos e outro para a humanidade como um todo.
O que você pode esperar na morte está expresso no Novo Testamento, na Carta aos Hebreus: "Está determinado que os homens morram uma só vez, depois do que vem o julgamento..." (Hb 9,27).
Sua vida como peregrino na terra atinge o ponto de chegada no momento da morte. Tendo transposto o limite deste mundo de tempo e mudança, você não pode mais escolher uma realidade diferente como o máximo amor de sua vida. Se sua opção fundamental de amor no momento da morte foi o Bem absoluto que chamamos Deus, Deus permanece sua posse eterna. Esta posse eterna de Deus chama-se céu.
Se sua definitiva opção de amor no momento da morte foi algo inferior a Deus, você experimenta o vazio radical de não possuir o Bem absoluto. Esta ruína eterna chama-se inferno.
O julgamento no instante da morte consiste numa revelação límpida da sua condição imutável e livremente escolhida: a eterna união com Deus ou a eterna alienação.
Se você morre no amor de Deus mas está com "manchas de pecado", estas manchas são eliminadas num processo de purificação chamado purgatório. Tais manchas de pecado são principalmente as penas temporais devidas aos pecados veniais ou mortais já perdoados, mas para os quais não foi feita expiação suficiente durante sua vida. Esta doutrina do purgatório, contida na Escritura e explanada na tradição, foi claramente expressa no li Concílio de Lião (l274 d.C.).
Tendo passado pelo purgatório, você estará plenamente livre do egoísmo e será capaz do amor perfeito. Seu eu egoísta, aquela parte de você que sem cessar procurava auto-satisfação, terá morrido para sempre. O seu "novo eu" será sua - mesma pessoa íntima, transformada e purificado pela intensidade do amor de Deus por você.
Além de ensinar a realidade do Purgatório, o 11 Concílio de Lião afirmou também que "os fiéis na terra podem ser de grande ajuda" para os que sofrem o purgatório, oferecendo por eles "o Sacrifício da Missa, orações, esmolas e outros atos religiosos".
Está incluído nesta doutrina o laço de unidade - chamado Comunhão dos Santos - que existe entre o Povo de Deus na terra, e os que partiram à nossa frente. O Vaticano li, refere-se a este vínculo de união dizendo que "recebe com grande respeito aquela venerável fé de nossos antepassados sobre o consórcio vital com os irmãos que estão na glória celeste ou ainda se purificam após a morte" (Lumen Gentium, nº 51).
A Comunhão dos santos é uma rua de mão dupla: no trecho acima citado, o Vaticano II afirma que, assim como você na terra pode ajudar aqueles que sofrem o purgatório, assim os que estão no céu podem ajudá-lo na sua peregrinação, intercedendo por você junto de Deus.
O Inferno
O Inferno
Deus, que é infinito amor e misericórdia, é também justiça infinita. Por causa da justiça de Deus e também por causa do seu total respeito pela liberdade humana, o inferno é uma possibilidade real como destino eterno de uma pessoa. É difícil para nós entender este aspecto do mistério de Deus. Mas o próprio Cristo o ensinou e também a Igreja o ensina.
A doutrina do inferno está claramente na Escritura. No Evangelho de Mateus Cristo diz aos justos: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo". Mas aos ímpios Ele dirá: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos" (Mt25,34.41). Em outro lugar se recorda que Jesus disse: "É melhor entrares mutilado para a Vida do que, tendo as duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível" (Mc 9,43).
Um ponto que se destaca claramente desta doutrina é a realidade da liberdade humana. Você é livre para buscar a Deus e servi-lo. E é livre para fazer o contrário. Em ambos os casos, você é responsável pelas conseqüências. A vida é um assunto sério. O modo como você a vive faz uma grave diferença. Você é livre, radicalmente livre, para buscar a Deus. E é livre, radicalmente livre, para escolher a dor inexprimível de sua ausência.
A graça, presença de Deus dentro de você, é como uma semente, uma semente vital, que cresce, e está destinada, um dia, a desabrochar na sua plenitude.
Deus se deu a você, mas dum modo escondido. No tempo presente, você o procura mesmo se já o possui. Mas chegará o tempo em que sua procura vai terminar. Você então verá e possuirá a Deus completamente. Isto é o que foi revelado.
Na sua primeira carta, São João nos diz: "Caríssimos, desde já somos filhos de Deus; mas o que nós seremos ainda não se. manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é" (l Jo 3,2).
E, na sua primeira carta aos Coríntios, São Paulo escreve: "Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei totalmente, como sou conhecido" (I Cor 13,12).
Isto é o céu: a direta visão de Deus face a face como Ele é Pai, Filho e Espírito Santo; união perfeita e total com Deus, um êxtase de contentamento que vai além de toda imaginação humana; o "agora" da eternidade no qual tudo é sempre novo, aprazível e presente para você; a torrente calorosa de alegria na companhia de Jesus, de sua Mãe e de todos os que você amou e conheceu; a ausência total de dor, de pesar, de más recordações; o gozo perfeito de todos os poderes da mente e (após a ressurreição no Dia do Juízo) do corpo.
O céu é isto. Quer dizer, isto é uma descrição pálida e humana daquilo que Deus prometeu aos que o amam, daquilo que Cristo conquistou para nós com sua morte e Ressurreição.
A fé no juízo final no último dia está claramente expressa nos credos da Igreja. Naquele dia, todos os mortos ressuscitarão. Pelo poder divino, todos estaremos presentes diante de Deus como seres humanos corpóreos. Então Deus, Senhor absoluto da história, presidirás um panorâmico julgamento de tudo o que a humanidade fez e suportou através dos longos séculos nos quais o Espírito atuou para nos gerar como um povo.
Quando chegará este dia? Numa passagem notável, repleta da esperança em todas as coisas humanas, o Vaticano II, faz essa pergunta e expressa a visão da Igreja: "Nós ignoramos o tempo da consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira da transformação do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada pelo pecado, mas aprendemos que Deus prepara morada nova e terra nova. Nela habita a justiça e sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos da paz que sobem nos corações dos homens".
Enquanto isso, durante o tempo que nos resta, "cresce aqui o corpo de uma nova família humana, que já pode apresentar algum esboço do novo século".
Depois que "propagarmos na terra os valores da dignidade humana, da comunidade fraterna e da liberdade, todos estes bons frutos da natureza e do nosso trabalho, nós os encontraremos novamente, limpos contudo de toda impureza, iluminados e transfigurados... O Reino já está presente em mistério aqui na terra. Chegando o Senhor, ele se consumará" (Gaudium et Spes, nº 39).
Este reino já está presente em mistério. Já raiou o dia em que Deus "enxugará toda lágrima dos seus olhos, e nunca mais haverá morte". Já raiou o dia em que Ele diz a todos os seres vivos: "Eis que eu faço novas todas as coisas... Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim" (Apoc 21,4.5.6).
Entrementes, trabalhamos e rezamos para o pleno florescimento deste reino vindouro. Com os primeiros cristãos, exclamamos: Marana tha! Vem, Senhor Jesus! Nós te buscamos.
© 1978 da tradução portuguesa:
EDITORA SANTUÁRIO, Todos os Direitos Reservados
Tradução do Pe. José Raimundo Vidigal, C.SS.R
A reprodução de todos os textos, neste site, foi autorizada pela Editora.
Título do original inglês:
"Handbook for Today's Catholic".
Copyright © 1978, Liguori Publications
Sugerimos a seguinte literatura complementar:
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (Editora Vozes e Ave-Maria, Edições Paulinas e Loyola
NOVO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA em perguntas e respostas, Editora Loyola
BÍBLIA SAGRADA (Para acompanhar as citações aqui expostas)
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (Editora Vozes e Ave-Maria, Edições Paulinas e Loyola
NOVO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA em perguntas e respostas, Editora Loyola
BÍBLIA SAGRADA (Para acompanhar as citações aqui expostas)
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