Eis um breve trecho do livro "Poder Global e Religião
Universal", escrito pelo Monsenhor Juan Claudio Sanahuja,
publicado pela Editora Ecclesiae.
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"A pressão social, o medo de sermos qualificados de
fundamentalistas e um sincero, ainda que equivocado, espírito de salvar o que
pode ser salvo frente à avalanche de projetos, leis e costumes iníquos, podem
fazer-nos cair na tentação de negociar o que é inegociável e, portanto, ceder
quanto ao que não nos pertence — a ordem natural e a doutrina de Jesus Cristo.
Essa atitude nos fará cair na opção do mal menor, num malminorismo moralmente
inadmissível.
Que sirva para ilustrar o exemplo do Servo de Deus Jérôme Lejeune. Aos
33 anos, em 1959, Lejeune publicou sua descoberta sobre a causa da síndrome de
Down, a 'trissomia do 21', e isto o transformou em um dos pais da genética
moderna. Em 1962 foi designado como especialista em genética humana na
Organização Mundial da Saúde (OMS) e, em 1964, foi nomeado Diretor do Centro
Nacional de Investigações Científicas da França; no mesmo ano, é criada para
ele, na Faculdade de Medicina da Sorbonne, a primeira cátedra de Genética
Fundamental. Transforma-se assim em candidato número um ao Prêmio Nobel de
Medicina.
Aplaudido e lisonjeado pelos grandes do mundo, deixa de sê-lo em 1970,
quando se opõe ferozmente ao projeto de lei do aborto eugênico. Lejeune
combateu o malminorismo que infectou os católicos da França;
estes supunham que cedendo ao aborto eugênico freavam as pretensões abortistas
e evitavam uma legislação mais permissiva. Os argumentos de Lejeune eram muito
claros: não podemos ser cúmplices, o aborto é sempre um assassinato, quem está
doente não merece a morte por isto e, mais ainda, longe de frear males maiores,
o aborto eugênico abre as portas para a liberalização total deste crime. Sua
postura lhe rendeu uma real perseguição eclesial que se juntou
à perseguição civil, acentuada por sua defesa do nascituro nas Nações Unidas.
Também em 1970, participou de uma reunião da OMS, na qual se tentava
justificar a legalização do aborto para evitar abortos clandestinos. Foi nesse
momento, quando se referindo à Organização Mundial de Saúde, que disse: 'eis
aqui uma instituição de saúde que se tornou uma instituição para a morte'.
Nessa mesma tarde, ele escreveu para sua esposa e filha dizendo:: 'Hoje
eu joguei fora o Prêmio Nobel'. Em nenhum momento deu ouvidos aos
prudentes, que o aconselhavam calar-se para chegar mais alto e assim mais poder
influir.
João Paulo II, em sua carta ao Cardeal Jean-Marie Lustinger, então
arcebispo de Paris, por ocasião da morte de Lejeune, disse:
'Como cientista e biólogo era um apaixonado pela vida. Ele se tornou o
maior defensor da vida, especialmente a vida dos nascituros, tão ameaçada na
sociedade contemporânea, de modo que se pode pensar que seja uma ameaça
programada. Lejeune assumiu plenamente a particular responsabilidade do
cientista, disposto a ser um sinal de contradição, ignorando a pressão da
sociedade permissiva e do ostracismo do qual era vítima'."
***
Dr. Lejeune, cientista de raro talento, sofreu na pele por sua defesa da
vida humana nascente. Em um momento chave de sua carreira, ele teve a plena
consciência de que estava deixando de lado a maior glória mundana que existe para um
cientista, o Prêmio Nobel. Nem por isto ele deixou de lado suas convicções,
seus princípios. Ele escolheu jamais perder o seu sabor, escolheu ser o Sal da
Terra.
Que as atitudes de Dr. Lejeune frente ao mal nos sirvam de lição para o
tempo presente em que tantos pedem aos cristãos que aceitem mudanças que são
totalmente contrárias não apenas às nossas convicções, mas à própria Lei
Natural, a lei que está inscrita no coração de cada um de nós. Que a tentação
do malminorismo não
encontre espaço em nossos corações, pois a defesa da vida humana necessita de
pessoas conscientes de que não se negocia com a vida dos frágeis e inocentes.
BAIXADACATOLICA EM DEFESA DA VIDA!
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