Santos Padres
Tradição Apostólica
(Santo Hipólito de Roma foi o mais importante teólogo do século III d.C. na Igreja antiga em Roma, onde ele provavelmente nasceu)
O ESCRITO DE SANTO HIPÓLITO DEIXA QUALQUER PROTESTANTE DESNORTEADO E PERDIDO EM SUAS HERESIAS ANTICATÓLICAS.
O PRESENTE ESCRITO
CATEGORICAMENTE AFIRMA AS VERDADES DA SANTA
IGREJA CATÓLICA.
SENHORES LEITORES ESSE ESCRITO É DO TERCEIRO SÉCULO!
SENHORES LEITORES ESSE ESCRITO É DO TERCEIRO SÉCULO!
LEIAM ABAIXO:
Tradição Apostólica
1. MINISTÉRIOS ORDENADOS E NÃO-ORDENADOS
Introdução
Já tratamos de forma conveniente sobre os carismas, esses dons que
Deus pôs à disposição dos homens desde o princípio, conforme Sua vontade,
atraindo para Si a imagem que Dele se afastara. Agora, movidos pelo amor que
devemos a todos os santos, atingimos o ponto máximo da tradição: o que diz
respeito às igrejas. Todos, assim, bem instruídos, devem conservar a tradição
que perdura até hoje e, conhecendo-a através de nossas palavras, devem
permanecer absolutamente firmes, já que o ocorrido recentemente (heresia ou
erro) foi motivado pela ignorância e também pelos ignorantes. Que o Espírito
Santo conceda a graça perfeita àqueles que crêem na verdade ortodoxa, para que
aqueles que lideram a Igreja possam saber como ensinar e preservar tudo de
forma conveniente.
Escolha e consagração dos bispos
Deve ser ordenado bispo aquele que tenha sido eleito
incontestavelmente por todo o povo. Quando for chamado por seu nome e aceito
por todos, reunir-se-ão, no domingo, todo o povo, o presbitério e os bispos.
Então, após o consentimento de todos, os bispos imporão as mãos sobre ele e o
presbitério permanecerá imóvel. Todos permanecerão em silêncio, orando no
coração pela vinda do Espírito Santo. A seguir, um dos bispos, por consenso
geral, imporá as mãos sobre o que está sendo ordenado e rezará, dizendo:
"Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da misericórdia e Deus de
todo consolo, que habitas nas alturas e baixas o olhar para o humilde; tu, que
sabes de todas as coisas antes de nascerem; tu, que deste as leis da tua Igreja
pela palavra da graça, elegendo a raça dos justos de Abraão, desde o princípio,
constituindo-os chefes e sacerdotes; tu, que não deixaste teu santuário sem
administração; tu, que desde o princípio dos séculos, te agradas em ser
glorificado por estes que elegeste, derrama neste momento a força que sai de
ti, o Espírito de liderança que deste ao teu querido Filho, Jesus Cristo, e que
Ele concedeu aos santos apóstolos, de forma que constituíram a tua Igreja por
toda a parte, o teu Templo, para louvor e glória eterna do teu nome. Pai, que
conheces os corações, permita a este teu servo que escolheste para o
episcopado, apascentar o teu rebanho santo, desempenhando o primado do
sacerdócio de forma irrepreensível perante ti, servindo-te noite e dia.
Concede-lhe tornar propícia a tua imagem, incenssantemente, oferencendo os
sacrifícios da tua Santa Igreja e, com um espírito de superior sacerdócio,
possuir o dom de perdoar os pecados conforme a tua ordem, distribuir os cargos
[eclesiásticos] segundo o teu preceito, desatar quaisquer laços conforme o
poder que deste aos apóstolos e ser do teu agrado, pela mansidão e pureza de
coração, para que te ofereça um perfume agradável, por teu Filho, Jesus Cristo,
pelo qual te damos glória, poder e honra, ao Pai, ao Filho e com o Espírito
Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém".
Oração Eucarística
Assim que se tenha tornado bispo, todos ofereçam-lhe o ósculo da
paz, saudando-o por tornar-se digno. Os diáconos, então, oferecer-lhe-ão o
sacrifício e ele, após impor suas mãos [sobre o sacrifício] dará graças, juntamente
com todo o presbitério, dizendo: "O Senhor esteja convosco". Todos
responderão: "E com o teu espírito". [Dirá:] "Corações ao
alto". [Responderão:] "Já os oferecemos ao Senhor". [Dirá:]
"Demos graças ao Senhor". [Responderão:] "Pois é digno e justo".
Em seguida, prosseguirá: "Nós te damos graças, ó Deus, por teu Filho
querido, Jesus Cristo, que nos enviaste nos últimos tempos, [Ele que é nosso]
Salvador e Redentor, porta-voz da tua vontade, teu Verbo inseparável, por meio
de quem fizeste todas as coisas e, por ser do teu agrado, enviaste do céu ao
seio de uma Virgem; aí presente, cresceu e revelou-se teu Filho, nascido do
Espírito Santo e da Virgem. Cumprindo a tua vontade, obtendo para ti um povo
santo, ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do sofrimento todos aqueles
que em ti confiaram. Se entregou voluntariamente à Paixão para destruir a
morte, quebrar as cadeias do demônio, esmagar o poder do mal, iluminar os
justos, estabelecer a Lei e trazer à luz a ressurreição. [Ele] tomou o pão e
deu graças a ti, dizendo: 'Tomai e comei: isto é o meu Corpo que será destruído
por vossa causa'. [Depois,] tomou igualmente o cálice e disse: 'isto é o meu
sangue, que será derramado por vossa causa. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em
minha memória'. Por isso, lembramos de sua morte e ressurreição e oferecemos-te
o pão e o cálice, dando-te graças por nos considerardes dignos de estarmos na
tua presença e de te servir. E pedimos: envie o teu Espírito Santo ao
sacrifício da Santa Igreja, reunindo todos os fiéis que receberem a eucaristia
num só rebanho, na plenitude do Espírito Santo, para fortalecer nossa fé na
verdade. Concede que te louvemos e glorifiquemos, por teu Filho, Jesus Cristo,
pelo qual te damos glória, poder e honra, ao Pai, ao Filho e com o Espírito
Santo na tua Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém".
Bênção do azeite, queijo e azeitonas
Se alguém oferecer azeite, consagre-o como se consagrou o pão e o
vinho, não com as mesmas palavras, mas com o mesmo Espírito. Dê graças,
dizendo: "Assim como por este óleo santificado ungiste reis, sacerdotes e
profetas, concede também, ó Deus, a santidade àqueles que com ele são ungidos e
aos que o recebem, proporcionando consolo aos que o experimentam e saúde aos
que dele necessitam". Do mesmo modo, se alguém oferecer queijo e
azeitonas, diga: "Abençoa este leite coalhado, unindo-nos à tua caridade.
Concede, ainda, que este fruto da oliveira não se afaste da tua doçura por ser
um exemplo da abundância que tiraste da árvore para a vida dos que em ti
esperam". E, a cada bênção, diga: "Gloria a ti, ao Pai, ao Filho e
com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos.
Amém".
Ordenação dos presbíteros
Ao se ordenar um presbítero, o bispo (e os demais presbíteros)
impõe-lhe as mãos sobre sua cabeça e, como citamos acima, rezará dizendo:
"Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo: baixa o olhar sobre este teu
servo e transmite a ele o Espírito da graça e do conselho do presbitério, para
que ele possa ajudar e governar o teu povo com o coração puro, da mesma forma
como baixaste o olhar sobre o teu povo escolhido e ordenaste a Moisés que
selecionasse anciãos, nos quais derramaste o Espírito que tinhas dado ao teu
servo. E agora, Senhor, dissipando-nos o Espírito da tua graça, conserva-o eternamente
em nós e torna-nos dignos de te servir com simplicidade de coração e de te
louvar por teu Filho, Jesus Cristo, pelo qual te damos glória, poder e honra,
ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos
dos séculos. Amém".
Ordenação dos Diáconos
Seja o diácono eleito conforme acima referido e ordenado
impondo-lhe as mãos apenas do bispo, como prescrevemos. Somente o bispo
impõe-lhe as mãos porque o diácono não está sendo ordenado para o sacerdócio,
mas apenas para se por à serviço do bispo, para executar o que este lhe
ordenar. Ele não participa do conselho clerical, mas cuida da administração,
informando ao bispo tudo o que for necessário. Não recebe o Espírito comum do
presbitério, do qual participam os presbíteros, mas o que lhe é confiado pelo
poder do bispo, razão pela qual somente o bispo ordena o diácono. Porém, na
ordenação do presbítero, também os presbíteros imponham as mãos, em virtude do
Espírito comum e semelhante do seu cargo: estes, por terem apenas o poder de
receber, mas não o de comunicar o Espírito, não ordenam os clérigos mas, na
ordenação do presbítero, imponham as mãos enquanto o bispo ordenar. Sobre o
diácono, diga [o bispo]: "Ó Deus, que criaste todas as coisas e as
ordenaste pelo Verbo, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que enviaste para
cumprir a tua vontade e para nos revelar o teu desejo, concede a este servo,
que escolheste para servir a tua Igreja, o Espírito Santo da graça, do cuidado
e do trabalho, para apresentar em santidade, no teu Santuário, o que te for
oferecido pelo herdeiro do sumo sacerdote, para a glória do teu nome, e também
para que, exercendo de forma irrepreensível e de coração puro o seu ministério,
alcance um grau superior para te louvar e glorificar por teu Filho, Jesus
Cristo Nosso Senhor, pelo qual te damos glória, poder e honra, ao Pai, ao Filho
e com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos.
Amém".
Os confessores
Não se deve impor as mãos sobre um confessor candidato ao
diaconato ou presbiterato se este já tiver sido preso por causa do nome do
Senhor. Na realidade, a dignidade de presbítero é igual à honra da sua
confissão. Porém, ser-lhe-ão impostas as mãos se for ordenado bispo. Contudo,
se o confessor não tiver sido levado à frente do magistrado, nem posto a
ferros, nem aprisionado, nem condenado a uma outra pena, mas apenas desprezado
por causa do nome do Senhor e castigado de forma branda, deve-se impor as mãos
sobre ele para qualquer função que lhe seja digno. Que o bispo dê graças, tal
como mencionamos. Porém, não é necessário que, dando graças, se utilize das
mesmas palavras que mencionamos, como se o fizesse de memória; pelo contrário,
reze cada um segundo suas possibilidades. Se alguém tiver capacidade de rezar
uma oração mais longa ou mais solene, melhor; contudo, se outro proferir uma
oração mais simples, deixai-o pois o correto é rezar de acordo com a ortodoxia.
As viúvas
Uma viúva, ao ser instituída, não é ordenada, mas eleita pela
simples inscrição do nome. Se o seu marido já morreu há muito tempo, seja
instituída; contudo, se o seu marido não morreu há muito tempo, não se confie
nela; mas se for velha, seja experimentada por algum tempo porque, muitas
vezes, as paixões envelhecem com o que as abriga no seu seio. Seja, portanto, a
viúva instituída pela palavra e que se junte às demais. Não serão impostas as
mãos sobre ela pois não oferece o sacrifício, nem exerce a liturgia. A
ordenação é para o clero, por causa da liturgia; a viúva é instituída para a
oração, que pertence a todos.
Os leitores
O leitor é instituído no momento em que o bispo lhe entrega o
Livro. Sobre ele também não são impostas as mãos.
As virgens
Não serão impostas as mãos sobre a virgem, pois bastará sua
decisão para fazer dela uma virgem.
Os subdiáconos
Também não serão impostas as mãos sobre o subdiácono. Ele será
nomeado para seguir o diácono.
O dom da cura
Se alguém disser que recebeu o dom da cura por revelação, não
serão impostas as mãos sobre ele: os fatos demonstrarão se está dizendo a
verdade.
2. OS FIÉIS
Os novatos
Aqueles que são trazidos pela primeira vez para escutar a Palavra,
sejam direcionados aos catequistas, antes da chegada do povo, e sejam
interrogados sobre a razão pela qual resolveram se aproximar da fé. Aqueles que
os trouxerem, dêem testemunho deles, informando se estão preparados para ouvir
a Palavra. Sejam também interrogados sobre a vida que levam: se possuem esposa,
se são escravos... Se algum deles for escravo de um fiel (=irmão de fé) e o seu
senhor permitir, que escute a Palavra; mas se o seu senhor não der bom
testemunho dele, seja recusado. Se o seu senhor for pagão, seja-lhe ensinado a
agradar seu senhor, para que se evite a blasfêmia. Se um homem possui mulher ou
se uma mulher possui marido, sejam ensinados a se suportarem, o homem com a
mulher e a mulher com o marido. Porém, se um homem não vive com a mulher, seja
ensinado a não fornicar, recebendo a mulher conforme a Lei ou permanecendo como
está. Se alguém estiver possuído pelo demônio, não escute a Palavra doutrinária
enquanto não for purificado.
Profissiões proibidas
Deve-se interrogar, também, a respeito dos trabalhos e ocupações
exercidos por aqueles que se apresentam para ser instruídos. Aquele que possui
prostíbulo: desista ou seja recusado. O escultor ou pintor: seja ensinado a não
produzir ídolos, isto é, cesse ou seja recusado. O ator que representa no
teatro: cesse ou seja recusado. O pedagogo: é bom que cesse, ensinando somente
se não possuir outra habilitação. O cocheiro competidor e os que freqüentam
espetáculos de luta: cessem ou sejam recusados. O gladiador, o treinador de
gladiadores, o bestiário e os empresários de lutas gladiatórias: cessem ou
sejam recusados. O sacerdote ou guardião de ídolos: abandone-os ou seja
recusado. O soldado que recebe o poder de matar: não matará ninguém, mesmo se
isto lhe for ordenado, nem prestará juramento. Se não concordar, seja recusado.
O que possui poder de gládio e o magistrado da cidade, que se reveste de
púrpura: renunciem ou sejam recusados. O catecúmeno e o fiel que desejam se
tornar soldados: sejam recusados por desprezarem a Deus. A prostituta, o
pervertido, o homossexual e qualquer outro que pratiquem atos indizíveis: sejam
recusados por serem impuros. O mágico: não deve ser apresentado para o
interrogatório. O feiticeiro, o astrólogo, o adivinho, o intérprete de sonhos,
o charlatão, o ilusionista e o fabricante de amuletos: renunciem ou sejam
recusados. A concubina, se for escrava do amante, se tiver educado os filhos e
se tiver unido apenas a esse homem: pode ouvir a Palavra; caso contrário, seja
recusada. Aquele que possuir uma concubina: renuncie a ele e receba uma mulher
conforme a Lei; se não o quiser, seja recusado. Se tivermos omitido algo, as
próprias ocupações dirão [se são ou não permitidas], pois todos nós temos o
Espírito de Deus.
Os catecúmenos
Os catecúmentos devem escutar a Palavra por três anos. Se algum
deles for dedicado e atencioso, não lhe será considerado o tempo: somente o seu
caráter, e nada mais, será julgado. Cessando o catequista a instrução, rezarão
os catecúmenos em particular, separados dos fiéis. As mulheres, sejam elas
catecúmenas ou fiéis, permanecerão rezando em particular em qualquer parte da
igreja. Ao concluírem as orações, ainda não darão a paz porque o seu ósculo
ainda não será santo. Os fiéis, porém, saudar-se-ão, reciprocamente: os homens
aos homens e as mulheres às mulheres; os homens não deverão saudar as mulheres.
Estas devem cobrir a cabeça com um manto que não seja feito de linho, pois este
tipo não serve para cobrir [a cabeça]. Após a prece, o catequista imporá as
mãos sobre os catecúmenos, rezará e os dispensará; não importa se é clérigo ou
leigo: aquele que prega a doutrina deve assim agir. Se um catecúmeno for preso
por causa do nome do Senhor, não deve se desesperar: se sofrer violência e
morrer antes de ter recebido o perdão de seus pecados, será justificado por ter
experimentado o batismo em seu sangue.
Os batizandos
Escolhidos aqueles que receberão o batismo, examinar-se-á suas
vidas: se viveram com dignidade durante o catecumenato, se honraram as viúvas,
se visitaram os doentes, se praticaram apenas boas obras. Ouvirão o Evangelho
se aqueles que os apresentaram testemunharem a seu favor, dizendo que assim
agiram. Sejam impostas as mãos diariamente sobre eles a partir do momento em
que foram separados e sejam, ao mesmo tempo, exorcizados. Aproximando-se o dia
do batismo, o bispo exorcizará cada um deles, para saber se é puro. Se algum
deles não for bom ou puro, será colocado à parte, pois não ouviu a Palavra com
fé, já que não possível que o estranho se oculte para sempre. Sejam os
batizandos instruídos para que se lavem e banhem no quinto dia da semana; se
uma mulher estiver menstruada, será posta à parte e receberá o batismo num
outro dia. Os que receberão o batismo jejuarão na véspera do sábado e, no
sábado, serão todos reunidos num mesmo local designado pelo bispo. Serão
ordenados todos aqueles que rezarem e se ajoelharem; impondo as mãos sobre
eles, o bispo exorcizará todos os espíritos impuros, para que fujam e não
retornem mais. Terminando o exorcismo, soprar-lhe-á em suas faces. Após
marcá-los na fronte, nos ouvidos e narinas com o sinal da cruz, ele ordenará
que se levantem. Então permanecerão vigilantes durante toda a noite: ler-se-á
para eles e também serão instruídos. Os batizandos não devem ter nada em seu
poder, exceto o que trouxeram para a eucaristia. O que se tornou digno deve
participar do sacrifício na mesma hora.
O batismo
Ao cantar do galo, rezar-se-á, primeiramente, sobre a água. Deve
ser água corrente, na fonte ou caindo do alto, exceto em caso de necessidade;
se a dificuldade persistir ou se tratar de caso de urgência, deve-se usar a
água que encontrar. Os batizandos se despirão e serão batizadas, primeiro, as
crianças. Todos os que puderem falar por si próprios, falem; contudo, os pais
ou alguém da família falem por aqueles que não puderem falar por si mesmos.
Depois batizem-se os homens e, por último, as mulheres (que deverão estar de
cabelos soltos e sem os enfeites de ouro e prata que levaram). Ninguém deve
descer às águas portando objetos estranhos. No instante previsto para o
batismo, o bispo renderá graças sobre o óleo que será posto em um vaso e será
chamado de óleo de ação de graças. Tomará também um outro óleo que exorcizará e
será denominado de óleo de exorcismo. Então o diácono trará o óleo de exorcismo
e ficará à esquerda do presbítero; outro diácono pegará o óleo de ação de
graças e ficará à direita do presbítero. Acolhendo cada um dos que recebem o
batismo, manda renunciar, dizendo: "Renuncia a ti, Satanás, a todo teu
serviço e a todas as tuas obras". Terminada a renúncia de cada um, ungirá
com o óleo de exorcismo, dizendo-lhe: "Afaste-se de ti todo espírito
impuro". E irá entregá-lo nú ao bispo ou ao presbítero que está junto da
água, batizando. O diácono também descerá com ele e, ao chegar à água aquele
que será batizado, aquele que batiza lhe dira, impondo-lhe as mãos sobre ele:
"Crês em Deus Pai todo-poderoso?". E aquele que é batizado responda:
"Creio". Imediatamente, com a mão pousada sobre a sua cabeça,
batize-o uma vez, dizendo a seguir: "Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus,
nascido do Espírito Santo e da Virgem Maria, que foi crucificado sob Pôncio
Pilatos, morrendo e sendo sepultado e, vivo, ressurgiu dos mortos no terceiro
dia, subindo aos céus e sentando-se à direita do Pai, donde julgará os vivos e
os mortos?". Quando responder: "Creio", será batizado pela
segunda vez. E dirá mais uma vez: "Crês no Espírito Santo, na Santa Igreja
e na ressurreição da carne?". Responderá o que está sendo batizado:
"Creio", e será batizado pela terceira vez. Depois de subir da água,
será ungido com o óleo santificado pelo presbítero, que dirá: "Unjo-te com
o óleo santo em nome de Jesus Cristo". Após isto, cada um se enxugará e se
vestirá, entrando, a seguir, na igreja.
A confirmação
Impondo as mãos sobre eles, o bispo fará a invocação, dizendo:
"Senhor Deus, que os tornaste dignos de merecer a remissão dos pecados
pelo banho da regeneração, torna-os dignos de ser repletos do Espírito Santo;
lança sobre eles a tua graça para que te sirvam conforme a tua vontade, pois a
ti são a glória, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, pelos
séculos dos séculos. Amém". Após isto, derramará o oléo santo nas mãos e
dirá, colocando as mãos sobre a sua cabeça: "Eu te unjo com o óleo santo,
no Senhor Pai todo-poderoso e em Jesus Cristo e no Espírito Santo".
Marcando-o na fronte com o sinal da cruz, oferecer-lhe-á o ósculo, dizendo:
"O Senhor esteja contigo". O que foi marcado responderá: "E com
o teu Espírito". Assim deve proceder com cada um. Em seguida, rezarão com
todo o povo, não podendo rezar com os fiéis enquanto não atingirem tudo isso.
Após a oração, oferecerão o ósculo da paz.
A primeira eucaristia
Os diáconos oferecerão o sacrifício ao bispo e este dará graças
sobre o pão, como exemplo do Corpo de Cristo, e sobre o cálice do vinho
preparado, para imagem do Sangue que foi derramado por amor de todos que crêem
nele. Fará o mesmo sobre o leite e o mel misturados, recordando a plenitude da
promessa feita aos antepassados; nessa promessa, Deus anunciou a "terra
onde correm leite e mel". Por ela, Cristo ofereceu a sua Carne e, assim
como crianças, se alimentam os que crêem, tornando suave a amargura do coração
pela docialidade da Palavra. Da mesma maneira, o bispo renderá graças sobre a
água do sacrifício, como representação do batismo, para que o homem interior,
isto é, a alma, obtenha os mesmos dons que o corpo. Todos esses fatos devem ser
explicados pelo bispo a todos que recebem. Partindo o pão e distribuindo-o em
pedaços, dirá: "O Pão Celestial em Jesus Cristo". E o que está
recebendo responderá: "Amém". Se não forem suficientes os presbíteros,
peguem os cálices também os diáconos e, com dignidade, coloquem-se em ordem:
primeiro o que segura a água; em segundo, o que segura o leite; em terceiro, o
que segura o vinho. Os que recebem provem de cada cálice e, aquele que dá, diga
três vezes: "Em Deus Pai todo-poderoso". Responda o que recebe:
"Amém". [O que dá:] "E em Nosso Senhor Jesus Cristo". [O
que recebe:] "Amém". [O que dá:] "E no Espírito Santo e na Santa
Igreja". E responda "Amém". Assim se procederá com cada um. Após
a cerimônia, rapidamente pratiquem o bem, agradem a Deus, vivam corretamente,
coloquem-se à disposição da Igreja, praticando o que aprenderam e progredindo
na piedade. Isto, de maneira resumida, vos transmito sobre o santo batismo e o
santo sacrifício, pois já fostes instruídos sobre a ressurreição da carne e
tudo o demais, conforme está escrito. Se algo deve ser recordado, diga o bispo
secretamente aos que tiverem recebido o batismo, para que os não fiéis não
venham a conhecer antes de também receberem. Esta é a ficha branca aludida por
João ao dizer: "Um novo nome foi escrito nela e ninguém o conhece a não
ser aquele que a receberá".
3. OUTROS TEMAS
E PRÁTICAS
A comunhão dominical
No domingo pela manhã, o bipo distribuirá a comunhão, se puder, a
todo o povo com as próprias mãos, cabendo aos diáconos o partir do pão; os
presbíteros também poderão parti-lo. Quando o diácono apresentar a eucaristia
ao presbítero, estenderá o vaso e o próprio presbítero o tomará e distribuirá
ao povo pessoalmente. Nos outros dias, os fiéis receberão a eucaristia de
acordo com as ordens do bispo.
O jejum
As viúvas e as virgens devem jejuar e rezar freqüentemente pela
Igreja. Os presbíteros e os leigos podem jejuar quando quiserem. O bispo,
porém, não pode jejuar a não ser no dia em que todo o povo o faz, pois é
possível que alguém queira levar algo até a igreja, não podendo ele recusar
pois, se parte o pão, deverá prová-lo.
O ágape
Caso o presbítero não esteja presente, o diácono dará, em casos de
urgência, o sinal [signum] aos enfermos com cuidado. Após dar o necessário e
receber o que for distribuído, dará graças e aí comerão. Todos aqueles que
recebem algo devem dar com cuidado: se alguém receber algo para levar a uma
viúva, um doente ou alguém que se dedique à Igreja, devem levá-lo no mesmo dia;
se não o fizer, deve levar no dia seguinte, acrescentando com algo de seu por
ter permanecido na sua casa o pão dos pobres.
A lucerna
No início da noite, com a presença do bispo, o diácono trará a
lucerna e aquele, de pé no meio de todos os fiéis presentes, dará graças.
Primeiramente, fará a saudação, dizendo: "O Senhor esteja convosco".
O povo responderá: "E com o teu Espírito". [Dirá:] "Demos graças
ao Senhor". E responderão: "É digno e justo. A Ele convém a grandeza
e a exaltação com a glória". Não dirá: "Corações ao alto" porque
já o faz no sacrifício, mas rezará da seguinte forma: "Graças te damos,
Senhor, pelo teu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor, pelo qual nos iluminaste,
revelando-nos a luz incorruptível. Atingindo agora o fim do dia e chegando a
noite, tendo-nos saturado a luz do dia que criaste para nos saciar, e não
carecendo agora da luz da tarde pela tua graça, louvamos-te e glorificamos-te,
pelo teu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor, por quem a ti a glória, o poder e a
honra, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém". Responderão todos: "Amém". Terminada a ceia, de pé, todos
rezarão e os meninos e as virgens entoarão salmos. A seguir, o diácono, ao
receber o cálice preparado do sacrifício, entoará um desses salmos que possui a
palavra "Aleluia". Se o presbítero ordenar, entoará outro salmo do
mesmo tipo. Depois que o bispo oferecer o cálice, dirá um dos que a este se
referem, tudo com "Aleluia", e todos repetirão. Recitando-os,
repetirão sempre "Aleluia", que significa "louvamos Aquele que é
- Deus". Glória e louvor Àquele que criou o Universo somente pelo Verbo.
Concluído o salmo, o bispo abençoará o cálice e distribuirá os pedações de pão
aos fiéis.
A ceia
Os fiéis presentes, durante a ceia, antes de cortarem o seu
próprio pão, receberão das mãos do bispo o pedaço de pão que é uma
"eulogia" e não a eucaristia, Corpo do Senhor. É preciso que todos
tomem o cálice e rendam graças sobre ele antes de beberem. Portanto, com
pureza, comam e bebam. Aos catecúmenos será dado o pão de exorcismo e oferecido
um cálice. O catecúmeno não participará da ceia do Senhor. Durante todo o
sacrifício, aquele que se serve deve ser digno de quem o convidou, pois para
isso foi chamado a entrar sob o seu teto. Agora, quando comerdes e beberdes,
fazei-o com dignidade e não com irresponsabilidade, para que ninguém fique
zombando ou para que aquele que te convidou não se entristeça com a vossa
afronta, esperando ser digno que os santos entrassem em sua casa porque, diz,
vós sois o sal da terra. Se alguém oferecer a todos aquilo que se chama em
grego apoforeton, aceitai a vossa parte. Porém, se fordes convidado a comer,
fazei-o de forma a sobrar, para que todos comam o suficiente e para que aquele
que vos convidou possa mandar algo a quem quiser, como sobras dos santos, e
fique feliz com a vossa atenção. Comendo, sirvam-se em silêncio os convidados,
sem discussões, falando somente o que for permitido pelo bispo, respondendo-lhe
se perguntar algo. Ao falar o bispo, calem-se todos, com discrição e respeito,
até que ele volte a fazer perguntas. Se os fiéis comparecerem à ceia sem o
bispo, com a presença de um presbítero ou um diácono, deverão comer com a mesma
dignidade e apressar-se a receber o pão bento da mão do presbítero ou diácono.
Também o catecúmeno receba o pão do exorcismo. Reunindo-se leigos, procedam com
prudência, pois um leigo não pode conferir o pão bento. Comam todos em nome do
Senhor, pois agrada a Deus quando todos, iguais e sóbrios, somos ciosos do
nosso comportamento, mesmo entre os gentios. As viúvas convidadas para a ceia
devem ser de idade madura e devem ser dispensadas antes do final da tarde. Quem
não puder convidá-las por causa do cargo que exercem, deve dispensá-las após
dar-lhes alimento e vinho que tomarão em casa da forma que lhes agradar.
Frutos oferecidos ao bispo
Todos devem se apressar a trazer os primeiros frutos da estação ao
bispo. Este irá oferecê-los e abençoá-los e, citando quem os oferece, dirá:
"Graças te damos, ó Deus, e te oferecemos as primícias dos frutos que nos
deste para que os tomemos, nutrindo-os pelo teu Verbo, ordenando à terra que os
produza com alegria o alimento dos homens e de todos os animais. Por causa
disso tudo, te louvamos, ó Deus, e também por tudo que nos proporcionaste, provendo
para nós toda a criação dos mais diversos frutos. Por teu Filho, Jesus Cristo
Nosso Senhor, por quem a ti a glória pelos séculos dos séculos. Amém".
Bênção dos frutos
Os frutos que podem ser abençoados são a uva, o figo, a romã, a
azeitona, a pera, a maça, a amora, o pêssego, a cereja, a amêndoa e os
damascos. Não podem [ser abençoados] a melancia, o melão, os pepinos, a cebola,
o alho ou qualquer outro legume. Pode-se oferecer, às vezes, flores: rosas e
lírios, mas não outras. E, sobre todas as coisas, os que as recebem dêem graças
ao santíssimo Deus, para a sua glória.
Jejum da Páscoa
Na Páscoa, ninguém coma antes de se fazer o sacrifício, pois quem
assim proceder não terá seu jejum considerado. Se uma mulher estiver grávida ou
não se sentir bem, não podendo jejuar durante os dois dias, jejue pelo menos no
sábado, já que é necessário; mas será um jejum de pão e água. Se alguém, por
algum problema, se esquecer da Páscoa, jejue após a Quinquagésima. A imagem
passou, cessando no segundo mês, mas todo aquele que tiver aprendido a verdade
deverá jejuar.
Os diáconos trabalham com o bispo
Que cada diácono, com seus subdiáconos, executem suas tarefas
junto ao bispo. Também lhes serão recomendados os doentes, para que os visitem,
caso seja de agrado do bispo, pois o doente sempre se alegra quando o chefe dos
sacerdotes dele se lembra.
A oração
Os fiéis de Deus devem rezar assim que acordarem e levantarem,
antes de tocar qualquer coisa. Só depois disso é que devem sair para o
trabalho. Contudo, se houver instrução pela Palavra, que prefiram ouvir a
Palavra de Deus, pois esta é o consolo da alma, e se apressem a ir para a
igreja, onde o Espírito floresce.
Comunhão diária
Que todo fiel corra a receber a eucaristia antes de experimentar
qualquer outra coisa. Se receber por causa de sua fé, não se prejudicará, mesmo
sendo o homem mortal. Todos devem se esforçar para não permitir que o infiel
prove a eucaristia, nem um rato ou outro animal; deve-se cuidar para que dela
não caia uma migalha e se perca, pois ela é o Corpo de Cristo que deve ser
comido pelos fiéis e não pode ser negligenciado. Consagrado o cálice em nome de
Deus, que recebestes como a imagem do Sangue de Cristo, não queirais
derramá-lo. Que o espírito hostil não venha lambê-lo, desprezando-o, pois
serias culpado para com o Sangue, como quem despreza o valor pelo qual foi
comprado.
Reunião do clero
Os diáconos e os presbíteros deverão se reunir diariamente no
local determinado pelo bispo. Não se deixem de reunir a menos que a doença
impeça. Reunindo-se todos, ensinem os que estão na igreja e, após a oração,
dirija-se cada um ao seu trabalho.
Os cemitérios
Que ninguém encontre dificuldades para sepultar o irmão nos
cemitérios, já que estes pertencem aos pobres. Porém, pague-se o salário ao
coveiro, bem como o preço dos tijolos. O bispo deve sustentar guardas e
zeladores para que nenhuma taxa seja cobrada àqueles que procuram os
cemitérios.
A oração (II)
Todo fiel, homem ou mulher, ao acordarem, lavem as mãos e rezem a
Deus antes de tocar qualquer coisa. Só após isto, dirijam-se ao trabalho.
Havendo instrução da Palavra de Deus, prefiram encaminhar-se ao local
recordando que, na verdade, estão ouvindo a Deus na pessoa daquele que prega.
Todo aquele que rezar na igreja vencerá a maldade do dia; aquele que teme a
Deus considerará um grande mal não ter ido à instrução, principalmente se
souber ler ou sabendo que o catequista estava presente. Que nenhum de vós se
atrase para ir à igreja, lugar onde se ensina. Ao que fala, será concedido
dizer o que é útil a cada um. Ouvirás coisas nas quais não imaginas e tirarás
proveito do que o Espírito Santo vos disser pelo catequista. Vossa fé será
reforçada com aquilo que ouvirdes. Aí também será dito o que deveis fazer em
casa. Por isso, cada um deve se preocupar em ir à igreja, onde o Espírito Santo
floresce. Nos dias em que não houver instrução, cada um em sua casa tome o
Santo Livro e leia o que lhe parecer proveitoso. Se estiverdes em casa, rezai e
bendizei a Deus na hora terceira. Se estiverdes num outro local, rezai a Deus
no coração, pois foi nessa hora que Cristo se viu pregado no madeiro. Também
por essa razão, a Lei do Antigo Testamento prescreve que se ofereça o pão da
proposição, como imagem do Corpo e Sangue de Cristo, e a imolação do cordeiro,
como imagem do Cordeiro perfeito: Cristo é o Pastor e o Pão que desceu do céu.
Rezai, igualmente, na hora sexta pois, quando Cristo foi pregado na cruz, o dia
se dividiu e as trevas surgiram. Nessa hora, todos rezarão uma oração
fervorosa, imitando a voz Daquele que, ao rezar, cobriu de trevas toda a
criação perante os judeus incrédulos. Façam, ainda, uma grande prece exaltando
o Senhor por volta da hora nona, para sentirem como a alma dos justos glorifica
a Deus, que não é mentiroso e lembra dos seus santos, enviando seu Verbo para
iluminá-los. Foi nessa hora que Cristo, ferido no lado, verteu água e sangue, e
iluminou o resto do dia até o final da tarde. Começando a dormir, Cristo
originou o dia seguinte e concluiu a imagem da ressurreição. Rezai ainda antes
de dormir. Por volta da meia-noite, levantai, lavai as mãos com água e rezai.
Se vossa mulher estiver presente, rezai ambos; se ainda não for batizada,
retirai-vos para outro quarto, rezai e voltai para a cama. Não hesitai, porém,
de rezar, pois aquele que se encontra casado não está manchado. Em verdade, os
que já tomaram banho não precisam tomar outro pois encontram-se limpos. Façai o
sinal da cruz com o sopro úmido, recolhendo a saliva com a mão, e o vosso corpo
será purificado até os pés, pois o dom do Espírito e a água do banho,
oferecidos por um coração puro como se saíssem de uma fonte, purificam todo
aquele que crê. Assim, é necessário rezar nesse momento. Os antigos, que nos
deixaram a tradição, ensinaram-nos que nessa hora toda criatura descansa um
momento para louvar o Senhor; até mesmo as estrelas, as árvores e as águas
param por um instante e, com toda a milícia dos anjos que servem a Deus, e
junto com as almas dos justos, glorificam a Deus. Por esse motivo, todos os que
crêem devem se apressar para rezar nessa hora. Para dar testemunho disso, assim
diz o Senhor: "Eis que por volta da meia-noite ouviu-se o clamor dos que
diziam: 'Aí vem o noivo. Saiam ao seu encontro'. E concluiu, dizendo: 'Vigiai,
pois não sabeis a hora em que virá'". Quando o galo cantar, levantai e
rezai, pois nessa hora, ao cantar do galo, os filhos de Israel negaram a
Cristo, que conhecemos pela fé, confiantes na esperança da eterna luz da
ressurreição dos mortos; temos os olhos fixos nesse dia. Fiéis: procedendo dessa
forma, respeitando a tradição, instruindo-vos mutuamente e exortando os
catecúmenos, não sereis tentados nem perecereis, pois o Cristo estará sempre
presente na lembrança.
O sinal da cruz
Durante a tentação, façai piedosamente na fronte, o sinal da cruz,
pois este é o sinal da Paixão reconhecidamente provado contra o demônio, desde
que feito com fé e não para vos exibir diante dos homens, servindo eficazmente
como um escudo: o Adversário, vendo quão grande é a força que sai do coração do
homem que serve o Verbo (pois mostra o sinal interior do Verbo projetado no
exterior), fugirá imediatamente, repelido pelo Espírito que está no homem. Era
isso que o profeta Moisés representava através do cordeiro morto na Páscoa e
ensinava ao aspergir o sangue nos batentes das portas: simbolizava a fé que
agora se encontra em nós, ou seja, a fé no Cordeiro perfeito. Ora,
persignando-nos na fronte e nos olhos com a mão, afastamos tudo aquilo que
tenta nos destruir.
Conclusão
Se estes ensinamentos forem recebidos com gratidão e fé ortodoxa,
permitirão a edificação da Igreja e a vida eterna àqueles que crerem. Aconselho
que [estes ensinamentos] sejam guardados por todos que tiverem o coração puro.
Se todos ouvirem e seguirem a tradição dos apóstolos, nenhum herege (nenhum
mesmo!) poderá vos afastar do reto caminho. Na verdade, muitas heresias se
desenvolveram porque os chefes não quiseram aprender a doutrina dos apóstolos
mas, seguindo a própria fantasia, fizeram o que quiseram, isto é, o que não
deveriam fazer. Amados: se omitimos algo, Deus revelará [a verdade] aos que
forem dignos, dirigindo a Igreja para que atraque no porto da paz.
* * *
Fonte: Veritatis Splendor (http://www.veritatis.com.br)
Tradução: Carlos Martins Nabeto
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