No dia 12 de outubro comemoramos a festa da Padroeira do Brasil Nossa Senhora da Conceição Aparecida!
Todas as tuas vestes cheiram a mirra e aloés e cássia, desde os palácios de marfim de onde te alegram.
As filhas dos reis estavam entre as tuas ilustres mulheres; à tua direita estava a rainha ornada de finíssimo ouro de Ofir.
Ouve, filha, e olha, e inclina os teus ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa do teu pai.
Então o rei se afeiçoará da tua formosura, pois ele é teu Senhor; adora-o.
E a filha de Tiro estará ali com presentes; os ricos do povo suplicarão o teu favor.
A filha do rei é toda ilustre lá dentro; o seu vestido é entretecido de ouro.
Levá-la-ão ao rei com vestidos bordados; as virgens que a acompanham a trarão a ti.
Com alegria e regozijo as trarão; elas entrarão no palácio do rei.
Em lugar de teus pais estarão teus filhos; deles farás príncipes sobre toda a terra.
Farei lembrado o teu nome de geração em geração; por isso os povos te louvarão eternamente.
"Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade.''
(Martinho Lutero PAI DO PROTESTANTISMO, ''Comentário do Magnificat'', cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista ''Jesus vive e é o Senhor'').
Vejamos Maria na Bíblia…
Mostraremos que as citações diretas, no Novo
Testamento, são muito mais numerosas do que pensamos e que têm um significado
muito peculiar, em momentos cruciais da vida de Cristo.
Por outro lado, as alusões indiretas à Maria são
numerosas e muito importantes: descobrimos, por exemplo, que Maria é a única no
mundo que passa mais de trinta anos ao lado de Cristo durante a sua vida
terrena; que ela é Aquela à quem o Apocalipse chama a “Arca da verdadeira
Aliança”; Aquela à quem, sobretudo, o anjo da Anunciação saudou como a “cheia
de graça” e que pode anunciar à toda a Criação: “de agora em diante me chamarão
bem-aventurada todas as gerações”…
O Antigo Testamento está, também ele, repleto de
figuras, imagens e profecias nas quais tanto o Magistério como os Padres da
Igreja, os seus Doutores e Santos reconheceram o anúncio daquela que deu ao
mundo o Messias esperado. Do “Gênesis” ao Livro do Profeta Isaías, e até aos
últimos profetas da Primeira Aliança… prefigurações e outros anúncios,
respeitantes à Virgem Mãe do Salvador, atravessam todo o Antigo Testamento, do
Pentateuco aos Profetas, passando pelos Livros Históricos e Sapienciais!
Maria pertence ao Novo Testamento. Ela nasceu no
tempo do Novo Testamento. Todos os relatos específicos e diretos que falam
dela, estão no Novo Testamento. Porém, podemos formular-nos uma pergunta: O
Antigo Testamento referiu-se alguma vez a Mãe do Messias esperado? Existem
textos bíblicos que, mesmo em sentido figurado, mencionam algo sobre a Mãe do
Filho de Deus? Podemos associar alguns textos do Antigo Testamento e aplicarmos
a Maria?
ANÚNCIOS DE MARIA NO ANTIGO
TESTAMENTO
Segundo a visão cristã, Eva, a primeira mulher,
cedo se tornou aquela que, com Adão, arrastou toda a humanidade no naufrágio do
pecado original. Deus prometeu um Salvador, e a mãe do Redentor foi anunciada
naquele mesmo momento, no texto do Gênesis já citado: “Farei reinar a inimizade
entre ti e a mulher” (Gn.3,15)
A mais autêntica das filhas de
Abraão
Abraão, nosso “pai na fé”, obedeceu de maneira
total e incondicional aos desígnios de Deus, mesmo quando, exteriormente, lhe
era difícil compreender como se cumpririam tais promessas. O Papa João Paulo
II, na sua homilia em Nazaré, a 25 de Março de 2000, chamou à Virgem Maria a
“mais autêntica das filhas de Abraão” já que, pela sua fé, se tornou a Mãe do
Messias e a Mãe de todos os crentes (cf. Homilia publicada no Obsservatore
Romano, edição semanal em língua portuguesa).
Eis os símbolos da Virgem Maria que podemos
encontrar na Bíblia hebraica, o Antigo Testamento para os cristãos:
Imagens e figuras de Maria no
Antigo Testamento:
Podemos encontrar imagens da Virgem Mãe no Gênesis
e em Isaías, a Filha de Sião, o Jardim do Éden, a Amada do Cântico dos Cânticos
e a Arca da Aliança. Rute pode ser um símbolo de Maria e da Igreja, porque
aparece providencialmente colocada na árvore genealógica de Cristo. Também em
Ester e Judite podemos ver um símbolo de Maria, já que são associadas ao
Salvador no desenrolar do plano divino da Salvação. Podemos agrupar estes
diversos anúncios de Maria no Antigo Testamento em 3 “categorias”:
– imagens: Estrela da Manhã; Torre de David, Trono da Sabedoria, etc…;
– figuras: Sara, Raquel, Débora, Judite, Ester e tantas outras…;
– profecias: Gn.3,15; Is.7,11; etc…
– imagens: Estrela da Manhã; Torre de David, Trono da Sabedoria, etc…;
– figuras: Sara, Raquel, Débora, Judite, Ester e tantas outras…;
– profecias: Gn.3,15; Is.7,11; etc…
Ao lado de Cristo, Maria é a maior glória do povo
judeu
A Virgem Maria pode ser vista, a par de Cristo,
como a maior glória do povo judeu. Foi do seio deste povo da Aliança que Deus
escolheu esta excepcional figura que viria a dar à luz o Salvador da
Humanidade. Por isso, ninguém melhor do que a Santa Virgem para interceder,
junto de Deus, pela contínua promoção das relações judeu-cristãs.
Muitos estudiosos afirmam que o tema mariano está
“escondido” sob três modos no Antigo Testamento: preparação moral, preparação
tipológica e preparação profética.
1) Preparação moral: como a humanidade estava
corrompida pelo pecado, Deus escolhe uma linhagem de fé e santidade para que o
seu filho possa nascer da raça humana.
2) Preparação tipológica (linguagem simbólica):
constatamos que no Antigo Testamento, muitas mulheres foram favorecidas com
nascimentos milagrosos (Sara, Judite…). Todas estas mulheres fazem parte dos
ancestrais do Messias esperado. Maria aparece como símbolo da “Filha de Sião”
(Sof 3, 14-17), o lugar da residência de Javé. Maria também é simbolizada com a
nova Arca da Aliança (dentro da Arca era depositada a LEI), que vai trazer
dentro de si a Lei definitiva (revelação) de Deus, seu próprio Filho, Jesus.
”Rejubila-te, filha de Sião,solta gritos de
alegria, Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, filha de Jerusalém! 15O
Senhor revogou tua sentença, eliminou teu inimigo. O Senhor, o rei de Israel,
está no meio de ti, não verás mais a desgraça. 16Naquele dia, será dito a
Jerusalém: Não temas, Sião! Não desfaleçam as tuas mãos! 17O Senhor teu Deus
está no meio de ti, como um herói que salva! Ele exulta de alegria por tua
causa, ele te renova por seu amor, ele se regozija por causa de ti com gritos
de alegria, 18como nos dias de festa.” (Sof 3, 14-18)
3) Preparação profética: Além do texto acima, temos
mais alguns que podem ser aplicados a Maria:
a)Ct 4,7: Tu és toda formosa, amada minha, e em ti
não há mancha. O texto pode fazer alusão à concepção imaculada de Maria;
b)Jer 31,22: Até quando andarás errante, ó filha
rebelde? pois o senhor criou uma coisa nova na terra: uma mulher protege a um
varão.
c) Gn 3,15: Porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar.
Uma consideração sobre este texto..
O texto é muito significativo e apresenta, numa
primeira leitura, a luta até o fim dos tempos entre a humanidade e o demônio. O
termo “Ela te ferirá a cabeça” pode aludir tanto a Maria, a nova Eva, como a
Igreja.
d) Is 7,14: Portanto o Senhor mesmo vos dará um
sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome
Emanuel.
Considerando o texto…
Embora o texto faz referência ao nascimento de um
herdeiro na linhagem de Davi, pode ser muito bem ser aproveitado como uma
profecia Mariana.
e) Miq 5, 1-4: Agora, ajunta-te em tropas, ó filha
de tropas; pôr-se-á cerco contra nós; ferirão com a vara no queixo ao juiz de
Israel.
2 Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
2 Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
3 Portanto os entregará até o tempo em que a que
está de parto tiver dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos filhos
de Israel.
4 E ele permanecerá, e apascentará o povo na força
do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão,
porque agora ele será grande até os fins da terra.
Sobre o texto…
Mesmo não apontando diretamente uma referência
mariana, o texto fala diretamente de um rei-pastor, saído da tribo de Davi. Seu
nascimento se projeta para o futuro (os verbos estão no futuro).
MARIA NO EVANGELHO DE JOÃO
João escreveu o seu evangelho por volta do ano
90-100 d.C. É também autor do livro do Apocalipse. Tanto o quarto evangelho com
o livro do Apocalipse apresentam, por serem os escritos mais tardios, uma
reflexão bem mais madura sobre Jesus.
O Evangelho de João está dividido em três partes:
a) Prólogo (Jo 1, 1-18)
b) Livro dos Sinais (Jo 1,19 – 12,50)
c) Livro da Exaltação (Jo 13-20)
Menciona a Mãe de Jesus em três ocasiões: uma
indiretamente, na encarnação do Filho de Deus (Jo 1, 14), e as duas de uma
maneira bem explicita: as Bodas de Caná (Jo 2, 1-12) e na Morte de Jesus (Jo
19, 25-27).
1) Jo 1,14: (PROLOGO)
E o Verbo divino se fez carne, e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito
do Pai.
Embora o texto não mencione Maria, porque a
intenção do autor é mostrar a origem divina de Jesus (Verbo de Deus), dá-se a
entender que Ela está implícita no processo da encarnação de Jesus (“e habitou
entre nós”). Não podemos, em hipótese alguma, afirmar que este é um texto
mariano, mas quando se fala em “encarnação” do Verbo Divino, Maria é lembrada.
2) Jo 2, 1-12 (AS BODAS DE CANÁ)
1 Três dias depois, houve um casamento em Caná da
Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus;
2 e foi também convidado Jesus com seus discípulos
para o casamento.
3 E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe
disse: Eles não têm vinho.
4 Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que tenho eu
contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
5 Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo
quanto ele vos disser.
6 Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra,
para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas.
7 Ordenou-lhe Jesus: Enchei de água essas talhas. E
encheram- nas até em cima.
8 Então lhes disse: Tirai agora, e levai ao
mestre-sala. E eles o fizeram.
9 Quando o mestre-sala provou a água tornada em
vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham
tirado a água, chamou o mestre-sala ao noivo
10 e lhe disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom
e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom
vinho.
11 Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná
da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
12 Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe,
seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.
Este relato encontra-se inserido no chamado “bloco
dos sinais”. É cheio de uma simbologia muito grande. Os sinais apresentam um
sentido de revelação da pessoa de Jesus e têm uma intima relação com a fé.
Quando Jesus realiza um milagre, este serve de sinal para que as pessoas vendo
possam acreditar em Jesus. Em Mateus, Marcos e Lucas, os milagres que Jesus
realiza indicam o poder de Deus sobre as forças do mal.
Os sinais que o quarto evangelho mencionam também
expressam a Glória de Deus, que com Jesus, aos poucos vai se manifestando ao
mundo.
Analisando o texto…
Um primeiro dado interessante que se percebe à
primeira vista é que João não menciona o nome “Maria”. Ele refere-se a Maria
chamando-a de “Mulher” ou “Mãe de Jesus” (seis vezes). A explicação é simples:
João gosta de apresentar certas pessoas como modelos de seguidores do projeto
de Jesus. Maria, portanto, é um modelo, uma figura símbolo que aceitou a
mensagem de Jesus.
Apesar de ser uma festa de casamento, os
personagens principais não são os noivos e sim Jesus e Maria. Apesar de usar
uma linguagem de um casamento, João quer mostrar, com este relato, que o pacto
(casamento) entre o povo da Antiga Aliança (Israel) e Deus estava desgastado,
sem vida, vazio, devido o abismo do pecado
O relato data muito a seqüência dos dias, com
destaque especial “ao terceiro dia” , alusão simbólica à Aliança no Monte Sinai
(Ex 19, 11.9) e principalmente à Ressurreição de Jesus.
Ao fazer chegar até Jesus a problemática da falta
de vinho, Maria se apresenta como aquela que, conhecendo as necessidades da
humanidade, pede ajuda para Jesus. Aqui está simbolizado o papel de
intercessora atribuído a Maria.
A primeira reação de Jesus ao afirmar “Mulher, que
tenho eu contigo” (ou, que importa a mim e a ti), parece ser um tanto ríspida
com relação a Maria, mas serve para ilustrar o deslocamento de perspectiva: que
Jesus chama os seus interlocutores (na pessoa de Maria) para perceber um outro
nível de sua presença.
A palavra “mulher” pode representar três idéias:
Pode lembrar Gn 3, referindo a Eva-Mulher que
trouxe o pecado ao mundo. Assim Maria, a nova Mulher trouxe a salvação, Jesus;
Maria, Mulher, pode representar todo o povo de
Israel (Filha de Sião);
Pode traduzir todo o reconhecimento da figura
feminina na comunidade de João pelo papel evangelizador que as mulheres
desempenhavam no testemunho do Evangelho.
Depois de realizar o milagre da transformação da
água em vinho, o relato tem um desfecho muito significativo. E é para lá que
apontava João: Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e
manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.( v11). Com isso, o
autor acentua a centralidade do relato: mostrar quem é Jesus (aquele que traz o
vinho novo, a Nova Aliança, o Novo Pacto, a alegria, a plenitude, a graça, a
salvação) e a fé dos discípulos que aderem ao projeto do Filho de Deus. E todo
o projeto do Reino de Deus é simbolizado através da figura das Bodas, o grande
Banquete, as Núpcias do Cordeiro, a grande Festa da plena e definitiva alegria.
Jesus é o novo NOIVO.
Maria-mulher é aquela que leva os discípulos a
crerem em Jesus. Incentiva os filhos a fazerem a vontade do seu Filho.
3) Jo 19, 25-27 (MARIA JUNTO À CRUZ)
25 Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e
a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena.
26 Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o
discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
27 Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde
aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
O texto mostra que estavam presentes junto à cruz
de Jesus quatro mulheres: a mãe de Jesus, uma irmã de Maria, Maria esposa de
Cléofas e Maria Madalena e também o discípulo amado.
As mulheres, como já vimos, representam o serviço
generoso e destacado que elas exerciam na comunidade; o “discípulo amado”
representa o modelo ideal de todo cristão que apesar das contrariedades e
cruzes da vida, permanece fiel a Cristo.
Ao colocar Maria junto à cruz de Jesus, o autor do
livro, quer:
Simbolizar a presença da mãe sofredora que sempre
esteve ao lado de Jesus e de todo aquele que sofre;
Fazer uma relação entre as Bodas de Cana onde Maria
esteve presente no inicio das atividades do seu Filho, como no pleno
cumprimento de sua missão, através da morte da Cruz.
Tanto o discípulo amado com Maria, são
representações da Igreja:
Maria como geradora de novos filhos (mulher, membro
constitutivo da Igreja e mãe da comunidade);
O Discípulo amado como representante de todos os
fiéis que seguem Jesus custe o que custar.
Resumindo, podemos sintetizar a figura de Maria no
quarto evangelho como:
-
discípula fiel;
– pessoa de fé;
– mãe da comunidade; e
– mulher solidária.
– pessoa de fé;
– mãe da comunidade; e
– mulher solidária.
MARIA NO EVANGELHO DE LUCAS e
ATOS DOS APÓSTOLOS
SINOPSE
O livro de Lucas foi escrito por volta dos anos
79-80 d. C. Teve como destinatário primeiro um certo “Teófilo” (Lc 1,1 e At
1,1-2), cuja identidade é desconhecida. A evidência mostra que o livro foi
escrito especialmente para os gentios. Lucas se esforça para mostrar os
costumes judaicos e, algumas vezes substitui nomes gregos por hebraicos.
Como bom médico que foi, Lucas retrata a figura de
Cristo mostrando todo o seu lado humano e misericordioso que socorre, cura,
liberta e salva a todos sem distinção.
Como também é autor do livro dos Atos dos
Apóstolos, Lucas compreende a HISTÓRIA DA SALVAÇÃO em três tempos ou etapas e
organiza toda a sua obra a partir desta perspectiva:
1ª etapa: período preparatório à vinda de Jesus
Salvador ( O antigo Israel espera com alegria a manifestação do Messias e
prepara a sua vinda)
2ª etapa: A vida de Jesus: sua encarnação, sua
presença, sua manifestação, paixão, morte, ressurreição e glorificação.
3ª etapa: tempo da Igreja que se faz por obra do Espírito Santo. A Igreja é a grande portadora da salvação a todos os povos.
3ª etapa: tempo da Igreja que se faz por obra do Espírito Santo. A Igreja é a grande portadora da salvação a todos os povos.
Estes três períodos ou etapas se articulam a partir
de Jerusalém.
Segundo os estudiosos do tema, Lucas é o
evangelista que mais fala de Maria. Num total de 152 versículos do NT sobre
Maria, 90 são de Lucas (1 versículo aparece no livro dos Atos e 89 no terceiro
evangelho).
Lucas nos apresenta muitas qualidades de Maria. Ela
é o exemplo vivo do discípulo e seguidor de Jesus, que acolhe a Palavra de Deus
com fé, guarda e medita em seu coração e põe em prática, produzindo muitos e
bons frutos.
Maria é apresentada como a grande peregrina na fé.
O “SIM” dado a Deus na sua juventude é renovado constantemente no decorrer de
toda a sua vida.
Maria não nasce como uma santa pronta e acabada.
Ela passa por crises e situações difíceis e desafiadoras contribuindo para o
seu crescimento na fé.
Por outro lado, Maria nos lembra que Deus escolhe
preferencialmente os pobres e os pequenos para iniciar seu Reino. Maria é uma
pessoa de coração pobre todo aberto para Deus; tem um coração solidário e
serviçal sempre disponível a ajudar os mais necessitados.
MARIA NO EVANGELHO DE MARCOS
SINOPSE:
SINOPSE:
Marcos escreve o seu evangelho por volta do ano 60
d.C. Acredita-se que o escritor, ao preparar o seu livro, teve em mente os
cristãos gentios. O evangelista tem com preocupação primeira mostrar que Jesus
é o Filho de Deus. Esse é a sua grande tese verificada a partir do primeiro
versículo:
“Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de
Deus.” . Um Filho de Deus que é confirmado pelos discípulos, através da pessoa
de Pedro (Mc 8,29) e testemunhado pelo centurião na morte de Jesus (Mc 15,39);
um Filho de Deus que se deixa reconhecer na medida que se caminha ao seu lado
assumindo o seu projeto de vida.
O Evangelho de Marcos está tecido em duas grandes
partes:
– Primeira parte: (Mc 1,1 – 8,26). Neste primeiro bloco Jesus aparece na Galiléia inaugurando o Reino de Deus que vem com toda força. A prática de Jesus é contestada pelos escribas e fariseus. Diante da sua proposta vão se formando dois grupos: os que seguem Jesus (discípulos e multidão) e os que não aceitam a proposta de Jesus.
– Primeira parte: (Mc 1,1 – 8,26). Neste primeiro bloco Jesus aparece na Galiléia inaugurando o Reino de Deus que vem com toda força. A prática de Jesus é contestada pelos escribas e fariseus. Diante da sua proposta vão se formando dois grupos: os que seguem Jesus (discípulos e multidão) e os que não aceitam a proposta de Jesus.
– A segunda parte (restante do evangelho) apresenta as condições e os elementos necessários para seguir Jesus. Seguimento que não significa “ir atrás” mas entrar no caminho de sua vida, identificar-se com ele, deixar tocar pela sua pessoa, fazer parte de sua missão de inaugurar o Reino e vencer as forças do anti-reino.
Maria aparece duas vezes durante todo o seu relato. As citações são poucas, mas muito significativas onde ela é apresentada como a discípula fiel que faz parte essencial da família de Jesus porque cumpre a vontade do Pai e a mulher que acolhe a todos como filhos e irmãos de Jesus.
I – Textos marianos:
1)) Mc 3, 20-21. 31-35: A FAMÍLIA DE JESUS.
20 Depois entrou numa casa. E afluiu outra vez a
multidão, de tal modo que nem podiam comer
21 Quando os seus ouviram isso, saíram para o
prender; porque diziam: Ele está fora de si.
31 Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando
da parte de fora, mandaram chamá-lo.
32 E a multidão estava sentada ao redor dele, e
disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram.
33 Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe
e meus irmãos!
34 E olhando em redor para os que estavam sentados
à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos!
35 Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
35 Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
Contexto: No tempo de Jesus, a estrutura familiar
exercia importante influência na definição dos papéis e no lugar social ocupado
pelo individuo. No judaísmo, as famílias eram classificadas conforme seu grau
de pureza de origem, ou seja, se eram imaculadas cruzamento com sangues de
estrangeiros ou atingidas por mancha de mistura étnica.
A cena bíblica é a seguinte: Jesus e os Doze, recém
eleitos, vão a uma casa em Cafarnaum. Havia uma multidão acirrada, a tal ponto
que eles nem podiam e não tinham tempo nem para alimentar-se. E quando os
“seus” ficaram sabendo disso, saíram para proteger Jesus, porque diziam que Ele
tinha “perdido o juízo” . E neste grupo que vai até Jesus, está a figura de
Maria, sua mãe.
Os parentes de Jesus consideram que Ele estava exagerando no modo como se dedicava à sua missão, porque Jesus desleixa até as suas necessidades mais elementares, como a de comer (v.20)
Marcos mostra aqui o caminho progressivo de Maria na fé. O evangelista revela o traço tão humano de Maria de Nazaré que se preocupa pelo Filho, o que denota uma preocupação normal.
Num olhar mais profundo, Marcos quer mostrar que o seguimento de Jesus (para fazer parte de sua família) ultrapassa os laços de parentesco.
Os parentes de Jesus consideram que Ele estava exagerando no modo como se dedicava à sua missão, porque Jesus desleixa até as suas necessidades mais elementares, como a de comer (v.20)
Marcos mostra aqui o caminho progressivo de Maria na fé. O evangelista revela o traço tão humano de Maria de Nazaré que se preocupa pelo Filho, o que denota uma preocupação normal.
Num olhar mais profundo, Marcos quer mostrar que o seguimento de Jesus (para fazer parte de sua família) ultrapassa os laços de parentesco.
Jesus inaugura uma NOVA FAMÍLIA constituída não
mais do sangue e dos laços de parentesco (valor absoluto nas sociedades
antigas) e sim daqueles que se juntam ao redor de Jesus para fazer a vontade do
Pai.
Marcos ensina que até Maria, a criatura mais
estreitamente ligada a Jesus pelos laços de sangue (maternidade) teve que
elevar a ordem mais alta dos seus valores.
Depois de ter levado Jesus no seu ventre, era
preciso que Ela o gerasse no coração, cumprindo a vontade de Deus. Uma vontade
que se torna manifesta naquilo que Jesus dizia e realizava.
Assim, a figura de Maria “mãe” se harmoniza e se completa com a figura de “discípula” e “primeira cristã”.
Assim, a figura de Maria “mãe” se harmoniza e se completa com a figura de “discípula” e “primeira cristã”.
2)Mc 6, 1-6: JESUS DE NAZARÉ ( O SANTO DE CASA NÃO
FAZ MILAGRES)
1 Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra, e os
seus discípulos o seguiam.
2 Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos?
2 Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos?
3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão
de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs?
E escandalizavam-se dele.
4 Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem
honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa.
5 E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser
curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6 E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida
percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando.
Contexto: O texto de Marcos refere-se a um
acontecimento concreto: a rejeição dos Moradores de Nazaré ao anúncio de Jesus
e à sua pessoa. Eles não se colocam como inimigos de Jesus, mas se escandalizam
dele por sua incredulidade. A fé é um grande requisito para o seguimento de
Jesus.
a)Mc 6, 3: O “Filho de Maria”
3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão
de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs?
E escandalizavam-se dele.
4 Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem
honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa.
No costume judeu, o nome da pessoa era conferido ou vinha relacionado por referência ao Pai. Temos alguns exemplos:
No costume judeu, o nome da pessoa era conferido ou vinha relacionado por referência ao Pai. Temos alguns exemplos:
– Simão, filho de Jonas (Mt 16,13)
– Tiago, filho de Zebedeu (Mt 4,21)
– Levi, filho de Alfeu (Mc 2,13)
Sendo assim, surge a grande pergunta: por que Jesus
não é chamado “filho de José”?. Para esta pergunta há quatro tipos de
respostas:
– Marcos queria enfatizar os traços humanos de Jesus;
– É uma referência à concepção virginal de Jesus (obra do Espírito Santo);
– Foi um intento de difamação contra Jesus (desvalorizar a sua pessoa pela profissão humilde de José);
– José não é citado porque já havia morrido.
– Marcos queria enfatizar os traços humanos de Jesus;
– É uma referência à concepção virginal de Jesus (obra do Espírito Santo);
– Foi um intento de difamação contra Jesus (desvalorizar a sua pessoa pela profissão humilde de José);
– José não é citado porque já havia morrido.
b) “Os irmãos e as irmãs de Jesus” (v3):
Versículo de caráter polêmico principalmente entre
os “evangélicos” onde se afirma a existência de outros filhos de Maria.
A verdade é que para os conceitos orientais
tradicionais, não se define a família como pequeno núcleo “pai-mãe-filhos”,
como conhecemos hoje, mas num amplo leque no qual se incluem tanto os parentes
próximos como os distantes.
No aramaico falado, usado por Jesus e seu povo, não
havia uma diferenciação nos conceitos de parentesco (primo, tio, tia, irmão,
sobrinho, etc…). A palavra que exprimia e englobava todo este parentesco era
“irmãos”, que os gregos traduziram por “adelfos”. Assim, quando ouvimos falar
que “tua mãe e teus irmãos estão lá fora…” significa que Maria e os parentes de
Jesus queriam protegê-lo um pouco da multidão.
Não podemos confundir: “irmãos” de Jesus significa
“parentes próximos” dele. Tiago e Joset, chamados de “irmãos de Jesus” são
considerandos, dentro desta lógica explicativa, de “parentes próximos” de Jesus
e não “irmãos carnais” dele.
Se assim não fosse, qual seria a necessidade de
Jesus, no alto da cruz, entregar a João, o discípulo a quem amava, os cuidados
de Maria quando disse: ” Filho, eis aí a tua mãe” (Jo 19,27)? Não seria mais
comum, Tiago e José, se fossem realmente filhos carnais de Maria, tomar conta
de sua “mãe” após a morte do “irmão” Jesus?
Quando estudarmos o dogma da Virgindade de Maria entenderemos mais esta questão.
Quando estudarmos o dogma da Virgindade de Maria entenderemos mais esta questão.
Com isso, o evangelista quer mostrar a necessidade
da fé no ato do seguimento de Jesus. Condição indispensável para reconhecer a
sua presença e caminhar com Ele.
MARIA NO EVANGELHO DE MATEUS
SINOPSE:
Mateus (também chamado de Levi), um dos Doze apóstolos,
foi sem dúvida um judeu que também era publicano romano.
Mateus escreveu o seu evangelho por volta do ano 70
d.C. Tinha como destinatários principalmente os judeus. Este ponto de vista
está confirmado pelas referencias às profecias hebraicas, cerca de sessenta, e
pelas aproximadamente quarenta citações do Antigo Testamento.
Ressalta especialmente a missão de Cristo aos
judeus.
A intenção de Mateus é a de mostrar que Jesus foi o
Messias prometido no Antigo Testamento através do cumprimento das promessas
feitas a Abraão e a Davi, passando por todos os profetas.
Maria é apresentada como a mãe virginal de Jesus
que o concebe pela ação do Espírito Santo sem intervenção humana, mostrando a
gratuidade da iniciativa divina.
O Evangelho de Mateus amplia bastante a imagem de
Maria.
Ela aparece na narrativa da origem e da infância de
Jesus (Mt 1-2) e em alguns textos referentes à vida pública de Jesus (Mt 12,
46-50 e Mt 13, 53-58).
I – GENEALOGIA DE JESUS (Mt 1, 1-25)
1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de
Davi, filho de Abraão.
2 A Abraão nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a
Jacó nasceram Judá e seus irmãos;
3 a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés
nasceu Esrom; a Esrom nasceu Arão;
4 a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe nasceu
Nasom; a Nasom nasceu Salmom;
5 a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu,
de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé;
6 e a Jessé nasceu o rei Davi. A Davi nasceu
Salomão da que fora mulher de Urias;
7 a Salomão nasceu Roboão; a Roboão nasceu Abias; a
Abias nasceu Asafe;
8 a Asafe nasceu Josafá; a Josafá nasceu Jorão; a
Jorão nasceu Ozias;
9 a Ozias nasceu Joatão; a Joatão nasceu Acaz; a
Acaz nasceu Ezequias;
10 a Ezequias nasceu Manassés; a Manassés nasceu
Amom; a Amom nasceu Josias;
11 a Josias nasceram Jeconias e seus irmãos, no
tempo da deportação para Babilônia.
12 Depois da deportação para Babilônia nasceu a
Jeconias, Salatiel; a Salatiel nasceu Zorobabel;
13 a Zorobabel nasceu Abiúde; a Abiúde nasceu Eliaquim;
a Eliaquim nasceu Azor;
14 a Azor nasceu Sadoque; a Sadoque nasceu Aquim; a
Aquim nasceu Eliúde;
15 a Eliúde nasceu Eleazar; a Eleazar nasceu Matã;
a Matã nasceu Jacó;
16 e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual
nasceu JESUS, que se chama Cristo.
17 De sorte que todas as gerações, desde Abraão até
Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para Babilônia,
catorze gerações; e desde a deportação para Babilônia até o Cristo, catorze
gerações.
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim:
Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou
ter concebido do Espírito Santo.
19 E como José, seu esposo, era justo, e não a
queria infamar, intentou deixá-la secretamente.
20 E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe
apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a
Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;
21 ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS;
porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
22 Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o
que fora dito da parte do Senhor pelo profeta:
23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um
filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco.
24 E José, tendo despertado do sono, fez como o
anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher;
25 e não a conheceu enquanto ela não deu à luz um
filho; e pôs-lhe o nome de JESUS.
Primeiramente o objetivo desta genealogia é o de
mostrar que Jesus descende de Abraão e Davi e que, portanto, Ele herda as promessas
feitas a esses dois patriarcas de Israel. De Abraão, a promessa da numerosa
descendência (Gn12); de Davi, a promessa da eterna realeza (2Sam7).
A genealogia de uma pessoa e de uma família tinha
enorme importância jurídica e trazia conseqüências para a vida social e
religiosa. A pureza de uma linha genealógica dava participação ao descendente
nos méritos de seus antepassados.
Mateus remonta a origem de Cristo a partir de
Abraão passando por todas as gerações até chegar a José, esposo de Maria, da
qual nasceu Jesus. Esse elenco de nomes que vai de Abraão a Cristo é
subdividido em três grupos e cada grupo abrange 14 gerações:
1o grupo: de Abraão a Davi
2o grupo: de Davi a Jeconias ( exílio na Babilônia)
3o grupo: de Jeconias a Cristo
A grande novidade nesta descrição genealógica que
passou de geração em geração foi a intervenção da Providencia Divina através do
Espírito Santo na geração de Jesus por Maria.
Se antes o encadeamento paterno era o elemento
fundante na genealogia, aqui nós temos agora uma ruptura visível e explicita:
apesar de pertencer a descendência de Abraão e sucessão, José não é o pai
biológico de Jesus. Assim, a mensagem do relato resume-se em: o nascimento de
Jesus se deve à ação do Espírito Santo em Maria. Mostra que Jesus, o Messias
esperado, é fruto da intervenção divina que gratuitamente irrompe a história da
humanidade e oferece o seu filho para a salvação do seu povo.
José ao receber Maria em sua casa e assumir Jesus
dando-lhe o nome (de Jesus), sela definitivamente o vínculo histórico da
descendência messiânica. Por outro lado revela a concepção virginal de Jesus.
Mt 2, 10-23: ADORAÇÃO DOS MAGOS E FUGA PARA O EGITO
10 Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com
grande alegria.
11 E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.
11 E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.
12 Ora, sendo por divina revelação avisados em
sonhos para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
13 E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do
Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe,
foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar
o menino para o matar.
14 Levantou-se, pois, tomou de noite o menino e sua
mãe, e partiu para o Egito.
15 e lá ficou até a morte de Herodes, para que se
cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o
meu Filho.
16 Então Herodes, vendo que fora iludido pelos
magos, irou-se grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para
baixo que havia em Belém, e em todos os seus arredores, segundo o tempo que com
precisão inquirira dos magos.
17 Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta
Jeremias:
18 Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande
pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque
eles já não existem.
19 Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do
Senhor apareceu em sonho a José no Egito,
20 dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e
vai para a terra de Israel; porque já morreram os que procuravam a morte do
menino.
21 Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe
e foi para a terra de Israel.
22 Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judéia
em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado em sonho por divina
revelação, retirou-se para as regiões da Galiléia,
23 e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para
que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado nazareno.
Nas cenas (adoração dos Magos e Fuga para o Egito)
se repete várias vezes “o menino e sua mãe” (v.13, v.14, v.20) . Isso reforça a
real maternidade de Maria não aludindo à “paternidade real” de José.
II – MARIA NA VIDA PÚBLICA DE JESUS.
Apesar de usar a mesma fonte de Marcos quando fala
de Maria e dos “irmãos de Jesus” e a cena da casa e da rejeição em Nazaré,
Mateus interpreta num outro sentido.
1) Mt 12, 46-50: a família de Jesus e os seguidores
46 Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam
do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe.
47 Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe
e teus irmãos, e procuram falar contigo.
48 Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é
minha mãe? e quem são meus irmãos?
49 E, estendendo a mão para os seus discípulos
disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
50 Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que
está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
Aqui aparece claro a idéia e a importância de
seguir a Jesus e fazer a sua vontade. Não há, portanto, referencia negativa à
família biológica de Jesus.
2) Mt 13, 53-58: O profeta rejeitado em sua pátria
53 E Jesus, tendo concluido estas parábolas, se
retirou dali.
54 E, chegando à sua terra, ensinava o povo na
sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta
sabedoria, e estes poderes milagrosos?
55 Não é este o filho do carpinteiro? e não se
chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
56 E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde
lhe vem, pois, tudo isto?
57 E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes
disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua própria casa.
58 E não fez ali muitos milagres, por causa da
incredulidade deles.
Mateus substitui aqui o “filho de Maria” que
aparece em Marcos por “filho do carpinteiro” e suprime a palavra “parentes”.
Há dois motivos fundamentais nestas mudanças
operadas por Mateus:
a)Tiago, que aparece como sendo “o irmão do Senhor”
que na verdade é primo de Jesus, é um membro ativo na comunidade atual onde
Mateus vive (composta de natureza judeu-cristã)
b)Mateus parece ter uma idéia bem clara sobre a
concepção virginal de Maria
Com isso tudo, fica claro que Maria é vista como
mãe virginal do Messias, por ação do Espírito Santo.
MARIA NO LIVRO DO APOCALIPSE 12
Todo o livro do Apocalipse é repleto de uma
linguagem de muitas imagens e números. Numa primeira vista, parece que o livro
é enigmático, assustador e cheio de mistérios. Mas, apesar de usar uma
linguagem “não muito clara”, o autor quer reforçar a fé e a esperança dos
cristãos frente às perseguições de dificuldades que na qual se encontrava a
Igreja primitiva.
O uso deste tipo de linguagem (Gênero literário) é
bem simples de se explicar: João está preso. Ele manda cartas para os cristãos.
Usa linguagem simbólica que só os cristãos entendiam. Caso contrário, as
correspondências não chegariam ao seu destino. Portanto, cada imagem, cada
número, cada ação…tem o seu significado. Mas nós vamos nos ater somente
naquelas passagens que podem fazer referência à pessoa de Maria. Neste caso, o
capítulo 12, principalmente porque tem algumas referências sobre uma “mulher
vestida de sol”.
O Capítulo pode muito bem ser dividido em três partes
que apresentam três cenas com os seguintes personagens:
1)1ª cena (Ap 12, 1-6): a mulher, o dragão e a
criança.
2)2ª cena (Ap 12, 7-12): a guerra entre as forças
de Deus (Miguel) e do mal (Satanás)
3)3ª cena: (Ap 12, 13-17): a mulher perseguida pelo
dragão que é vencido.
Vamos analisar estas três cenas…
1ª Cena : Ap 12, 1-6
1 E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher
vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas
sobre a sua cabeça.
2 E estando grávida, gritava com as dores do parto,
sofrendo tormentos para dar à luz.
3 Viu-se também outro sinal no céu: eis um grande
dragão vermelho que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças
sete diademas;
4 a sua cauda levava após si a terça parte das
estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher
que estava para dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe devorasse o filho.
5 E deu à luz um filho, um varão que há de reger
todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e
para o seu trono.
6 E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha
lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e
sessenta dias.
Este “grande sinal” significa a importância do
acontecimento;
“Céu”, mais que morada de Deus, simboliza o lugar
onde estão as forças transcendentais que interferem na história humana;
“Mulher vestida de sol” numa primeira leitura não
se refere a Maria (Maria não apareceu no céu, não deu à luz no céu e muito
menos o menino foi levado para junto de Deus. Foi exatamente o contrário…Ele
veio de Junto de Deus, no mistério da encarnação) faz alusão à glória de Deus
que reveste o seu povo. O sol que ilumina;
“Tem a lua debaixo de seus pés” significa o domínio
sobre as coisas temporais;
“Coroa de doze estrelas” lembra as doze tribos de
Israel, bem como os doze Apóstolos recompensados no final dos tempos;
“Dores de parto” recorda todo o sofrimento vivido
pelo povo do Antigo Testamento, bem como as perseguições da comunidade do Novo
Testamento que quer continuar gerando Jesus para a humanidade através do seu
testemunho;
“Dragão de sete cabeças e dez chifres” representa o
poder político e dominador da época. As “sete cabeças” simboliza a plenitude (o
número sete significa a plenitude, a totalidade) de poder. Os “dez chifres”
representam os dez governadores senatorias do Império Romano; O “diadema” sobre
cada uma das cabeças, referem-se à linhagem nobre de cada um dos governadores.
Tanto a Mulher como o Dragão são colocados juntos e
em contraposição, simbolizando que as forças do bem e do mal travam um conflito
constante na história;
A Mulher “deu à luz a um filho, um varão que irá
reger todas as nações com um cetro de ferro”. Este versículo lembra o Salmo 2,
7b-9 (Tu és meu Filho, hoje te gerei.8 Pede-me, e eu te darei as nações por
herança, e as extremidades da terra por possessão. 9 Tu os quebrarás com uma
vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. ). Não se refere ao
nascimento de Jesus em Belém, mas sim na Paixão, quando então sairá vitorioso
pela Ressurreição;
O “deserto” tanto significa o lugar da tentação
(Jesus foi tentado no deserto durante 40 dias e 40 noites) com também o lugar
da proteção de Deus;
2ª Cena: Ap 12, 7-12
7 Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos
batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam,
8 mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se
achou no céu.
9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga
serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi
precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele.
10 Então, ouvi uma grande voz no céu, que dizia:
Agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino do nosso Deus, e a autoridade
do seu Cristo; porque já foi lançado fora o acusador de nossos irmãos, o qual
diante do nosso Deus os acusava dia e noite.
11 E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela
palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte.
12 Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles
habitais. Mas ai da terra e do mar! porque o Diabo desceu a vós com grande ira,
sabendo que pouco tempo lhe resta.
Entram em cena novos personagens: Miguel e seus
anjos. A luta que começa no céu desce à terra. Nesta cena não aparece mais a
figura da “mulher” e sim “Miguel e o Dragão”. O Dragão é descrito como a
“antiga serpente”. Faz lembrar Gn 3,15 ( Porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar) que já foi vencida. Conforme o texto, esta vitória
sobre a serpente se deu “pelo sangue do cordeiro” (sacrifício deJesus).
3ª Cena: Ap 12, 13-17:
13 Quando o dragão se viu precipitado na terra,
perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão.
14 E foram dadas à mulher as duas asas da grande
águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um
tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente.
15 E a serpente lançou da sua boca, atrás da
mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente.
16 A terra, porém acudiu à mulher; e a terra abriu
a boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.
17 E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer
guerra aos demais filhos dela, os que guardam os mandamentos de Deus, e mantêm
o testemunho de Jesus.
18 E o dragão parou sobre a areia do mar.
Esta cena tem como cenário, a terra. Os personagens
são: o dragão e a mulher e sua descendência. Já que o dragão perdeu a batalha
para Miguel e seus anjos, ele volta-se contra a mulher, que, por sua vez,
consegue escapar pela proteção de Deus.
Assim, a descendência da mulher (A Igreja), “os que
guardam os mandamentos de Deus, e mantêm o testemunho de Jesus”, são
continuamente ameaçados pelas forças do mal (serpente). Mas Deus aparece sempre
com sua força protetora encorajando os filhos para a vitória final.
Conclusão: O Capítulo 12 do Apocalipse é um texto
que deve ser interpretado, primeiramente como sendo eclesiológico (A Igreja
peregrina que sofre, é perseguida, mas que tem a força de Jesus e do Espírito
Santo de Deus para vencer as armadilhas do mal), depois mariológico (Maria, mãe
da Igreja que caminha).
MARIA NO NOVO TESTAMENTO- SEGUNDO GÁLATAS
Faremos um estudo mais detalhado, em ordem
cronológica, dos livros bíblicos do Novo Testamento que falam explicitamente de
Maria. São eles:
– Gálatas (as informações mais antigas sobre Maria)
– Livro escrito por volta do ano 50 d.C.
– Marcos (escrito por volta do ano 60 d.C)
Mateus (escrito por volta do ano 70 d.C)
Lucas (escrito por volta do ano 70 d.C.)
Atos (também escrito por volta do ano 70 d.C)
João (escrito por volta dos anos 90-100 d.C)
Apocalipse (também escrito por volta dos anos 90-100 d.C)
I – GÁLATAS.
Por conter a informação mais antiga sobre Maria,
analisaremos um único versículo referente ao estudo mariano. Gal 4, 4. Eis o
texto: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido debaixo de lei, para resgatar os que estavam debaixo de lei, a
fim de recebermos a adoção de filhos.”
CONTEXTO:
O tema central deste versículo é sobre a ENCARNAÇÃO
do FILHO DE DEUS, ou seja, o modo através do qual Deus quis vir ao encontro do
homem. E isso se deu na “plenitude dos tempos”, isto é, quando o Pai envia o
seu Filho ao mundo os tempos do desígnio divino atingem a sua “plenitude”. A
encarnação de Cristo é o ponto culminante desta etapa.
E Maria é colocada exatamente nesse vértice do
plano redentor. Através do seu ministério materno, o Filho do Pai, preexistente
ao mundo, se radica na cepa da humanidade.
Ela é a MULHER que o reveste com a nossa carne e o nosso sangue. São Paulo quer mostrar com isso a condição real e humana de Jesus. O apóstolo declara que a pessoa de Maria está vitalmente vinculada ao projeto salvífico de Deus.
Ela é a MULHER que o reveste com a nossa carne e o nosso sangue. São Paulo quer mostrar com isso a condição real e humana de Jesus. O apóstolo declara que a pessoa de Maria está vitalmente vinculada ao projeto salvífico de Deus.
MARIA NOS OUTROS ESCRITOS DA IGREJA
Se, no Novo Testamento, encontramos poucas alusões
à Virgem Maria, são muitos os outros escritos, pertencentes ao tesouro da
Igreja, que evocam a Mãe de Jesus.
Primeiramente, temos os escritos da Tradição: dogmas e ensinamentos do Magistério da Igreja (pontifical, conciliar, apostólico), textos e homilias dos Padres da Igreja, textos da liturgia, tratados dos Doutores da Igreja;
Primeiramente, temos os escritos da Tradição: dogmas e ensinamentos do Magistério da Igreja (pontifical, conciliar, apostólico), textos e homilias dos Padres da Igreja, textos da liturgia, tratados dos Doutores da Igreja;
Há, também, escritos e comentários exegéticos dos
teólogos;e ainda, os numerosos testemunhos dos grandes místicos reconhecidos e
canonizados;
há, enfim, os inumeráveis “Evangelhos Apócrifos”
(1): estes escritos constituem mesmo a maior fonte de informação sobre a vida
da Mãe do Cristo, porque foram redigidos na época e por pessoas diretamente
relacionadas com a vida da Santa Família.
Ainda que esses escritos não sejam canônicos(2), muitos deles são considerados escritos fidedignos e são citados, algumas vezes, pela própria Hierarquia da Igreja e seu Magistério.
Ainda que esses escritos não sejam canônicos(2), muitos deles são considerados escritos fidedignos e são citados, algumas vezes, pela própria Hierarquia da Igreja e seu Magistério.
(1) O termo « apócrifo » (do grego apockryphos =
escondido) designa um texto geralmente atribuído a um escritor próximo do meio
ou da época do Cristo, mas que não foi incluído no cânone das Escrituras
bíblicas cristãs.
(2) O Cânone (do grego kânon = regra) é a lista das
Escrituras cristãs reconhecidas como inspiradas. Um livro é “canônico” quando
faz parte da Bíblia, e nisto difere do livro “apócrifo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário