Nasci e fui educada na fé da Igreja Evangélica por isso não aprendi a devoção da “Ave Maria”. No entanto, cresci e vivi certa de que Maria tinha sido uma jovem muito especial, pois, do contrário como teria sido escolhida para ser a Mãe de Jesus?
Como todo evangélico para mim rezar a oração da Ave Maria, o terço ou qualquer oração ligada a Nossa Senhora, era incontestavelmente uma idolatria. Ouvindo isso o todo tempo a gente aprende a criar dentro de si uma barreira. Neste ambiente qualquer sinal de questionamento sobre Maria, é logo afastado ou se rebate com teorias pré estabelecidas, sem deixar que a Graça de Deus atue e permita estar abertos para o diferente. Mesmo assim vivi incomodada, inquieta, querendo descobrir o que havia na devoção Mariana, que outros falavam tanto e que eu não conseguia sentir.
A fé católica me chegou quando eu tinha 30 anos, fui atraída pela liturgia das missas, e no desejo de viver junto com as pessoas do local, a fé “prática” em Jesus. Lembro-me que disse certa vez aos meus colegas evangélicos, que “assim como Lutero se mostrou firme em apontar as fraquezas da Igreja da época, em nossos dias eu via na igreja onde estava uma fé apenas teórica e que não se envolvia com a dor, com a necessidade dos irmãos sofridos e excluídos”. E eu dizia-“Reforma-te Lutero!”. Expressando que sentia onde estava, uma estagnação em conceitos teóricos e uma elitização da religião. Para o irmão oferecíamos piedade, compaixão teórica , longe do pão, do perdão e da comunhão.
Também durante a minha juventude já havia convivido com grupos e pessoas da igreja católica, participando de movimentos e encontros ecumênicos – CPT, Justiça e Não-Violência, Romarias e Retiros -, o que depois me ajudou a optar pela adesão a fé católica. Estava casada e tinha dois filhos, aos quais eu desejava oferecer a participação em uma igreja viva, atuante e sempre presente. Participava da missa e quando se falava de Maria ou rezava o terço, não conhecendo a espiritualidade, simplesmente me deixava permanecer, estar na presença de Jesus, contemplando.
Aos poucos, passados os anos, dediquei-me muitas vezes a rezar o terço, sozinha ou na presença dos irmãos da comunidade e foi então assim que paulatinamente conheci a verdadeira espiritualidade da oração da Ave Maria.
Como sou teimosa em querer saber as coisas, sou também teimosa em me deixar tocar pela graça divina. Acho que por isso demorei tanto a conhecer a riqueza desta igreja em que hoje vivo. Porém, como nenhuma palavra que vai até Deus volta vazia, foi na oração do terço, nas seguidas Ave Marias, que compreendi o verdadeiro sentido da devoção. “Pedi e vos será dado! Batei e a porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede recebe, quem procura encontra, e quem bate, a porta será aberta.” Mt. 7,7-8
Ninguém pode amar o que não conhece. A espiritualidade do terço só se sente rezando. E para orar é preciso desejar, ter fé, é preciso amar. Afinal a melhor oração é o amor! E quem amou mais a Jesus do que sua Mãe?
Hoje procuro buscar sempre de novo literatura e estudos que aprofundem minha fé. Que me ajudem a bendizer com fervor a Mãe do nosso Salvador Jesus. Santa Maria, mulher digna de abrigar em seu ventre Deus humano e divino, e que na simplicidade foi capaz de educar Aquele que foi o maior exemplo de amor na face da terra. Anos se passaram e continuo contemplando, mas com a diferença de que aprendi a amar. Amar Maria como mãe, virgem, santa, imaculada.
Hoje, não desprezo o meu passado, mas posso dizer que aqui onde estou encontrei o meu lugar, e posso também dizer que aprendi que o terço que é muito mais do que uma oração. É meditação, é contemplação, é uma catequese profunda das verdades bíblicas. E eu amo a catequese.
Mônica Ronnau
coordenadora da catequese da comunidade de santa Teresinha
Nenhum comentário:
Postar um comentário