No segundo domingo da Quaresma as Igrejas Bizantinas praticam a Veneração das Relíquias dos Santos Cristãos
Veneramos as relíquias dos Santos Cristãos porque temos Fé, e aceitamos por convicção, os ensinamentos da Santa Madre Igreja, que os Santos cristãos, ao terem participado da ressurreição de Cristo, não podem ser considerados simplesmente como ‘mortos’.
Além disso, os corpos dos Santos são instrumentos dos quais se serve o Espírito Santo para realizar suas obras: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? De modo algum!... Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?” (1Cor 6,15-20).
Uma relíquia é um fragmento de osso ou um objeto que tenha alguma relação com um(a) Santo(a), aos quais nós cristãos prestamos veneração ou reverência.
O costume das relíquias dos santos vem desde o início do cristianismo. Primeiramente os mártires foram reverenciados; recolhiam seus corpos e os sepultavam com veneração.
A Veneração das Relíquias dos Santos Cristãos, oferece aos cristãos a possibilidade de aproximarmo-nos dos Santos, que intercedem por nós no Céu.
A Bíblia mostra também como Deus, mediante o manto de Elias, se dignou realizar um milagre: Eliseu, ferindo as águas do Jordão com essa relíquia do grande profeta, conseguiu separá-las em duas bandas: “Apanhou o manto que Elias deixara cair, e voltando até o Jordão, parou à beira do rio. Tomou o manto que Elias deixara cair, feriu com ele as águas, dizendo: Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Onde está ele? Tendo ferido as águas, estas separaram-se para um e outro lado, e Eliseu passou.” (2Rs 2,14)
Lemos também que os ossos de Eliseu, postos em contato com um cadáver, tornaram-se instrumentos para a ressurreição do mesmo: “Eliseu morreu e foi sepultado. Guerrilheiros moabitas faziam cada ano incursões na terra. Ora, aconteceu que um grupo de pessoas, estando a enterrar um homem, viu uma turma desses guerrilheiros e jogou o cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao tocar os ossos de Eliseu, voltou à vida, e pôs-se de pé.” ( 2Rs 13,21).
No Novo Testamento há também muitas passagens que dão base sólida à veneração das relíquias. Nos Atos dos Apóstolos São Lucas narra milagres e exorcismos ocorridos com relíquias de São Paulo ainda em vida: “Deus realizava milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que haviam tocado o seu corpo, eram aplicados aos doentes; então se afastavam destes as moléstias e eram expulsos os espíritos malignos”. (At 19,11s)
Lembremo-nos que o Catecismo da Igreja Católica nos ensina que: Veneração das relíquias e religiosidade popular: §1674 A RELIGIOSIDADE POPULAR: Além da liturgia sacramental e dos sacramentais, a catequese tem de levar em conta as formas da piedade dos fiéis e da religiosidade popular.
O senso religioso do povo cristão encontrou, em todas as épocas, sua expressão em formas diversas de piedade que circundam a vida sacramental da Igreja, como a veneração de relíquias, visitas a santuários, peregrinações, procissões, via-sacra, danças religiosas, o rosário, as medalhas etc.
Por fim, queridos filhos e filhas, concluo nossa veneração das Relíquias, venerando em Espírito e Verdade assim:
Quem venera a Deus em espírito?
- Aquele que, pronunciando as palavras da sua oração, não pronunciá-las-á com a boca, mas com toda a sua alma e de todo o seu coração;
Quem faz o sinal da Cruz do Senhor sobre si mesmo, venerando em espírito o Crucificado na Cruz?
- Aquele que, inclinando a cabeça, se inclina diante de Deus em seu coração, em sua mente e sua alma;
-Aquele que, estando sobre a terra, entrega-se por inteiro nas mãos de Deus em profunda humildade e contrição de coração, com dedicação total à vontade de Deus, por convicção e não por nenhuma imposição maligna.
Quem Venera a Deus na Verdade?
- Aquele cuja alma, coração e mente são animados pela fé, pelo amor, e pelo perdão, animados pelos pensamentos e sentimentos de esperanças e nas realizações dedicadas as venerações dos santos;
- Aquele que, venerando a Deus na Igreja, não curva-se diante das imagens ou de suas paixões irracionais fora da Igreja;
- Aquele que, venerando a Deus por sua participação nos serviços da Igreja, e também pelos serviços de sua própria vida na mais santa e perfeita escolha pelo Bem;
-Aquele que, ao pedir venerando a Deus o seu pão de cada dia, saiba compartilhar com os demais e, além disso, não se satisfaça em venerar o que retira do mundo com o perfil de vantagem;
- Aquele que, ao pedir, venerando ao Senhor, o perdão dos seus pecados, perdoa-se com toda veneração em seu coração todos os que pecam contra ele.
- Aquele que, rezando com veneração, para ser salvo das tentações e calúnias do mal, não se coloque calúnia e tentação diante do seu irmão;
- Aquele que, na sua veneração pronunciar as palavras sagradas “pode ser feita a Vossa Vontade”, e está realmente pronto para atender e suportar tudo o que a sagrada Vontade imperar. Porque para realizar tudo de acordo com a Vontade de Deus e para a glória de Seu Santo Nome, até a cruz e a morte em sacrifício Divino.
Assim continuamos em todos os nossos dias venerando a Deus em Espírito e Verdade, buscando e encontrando a Deus Pai, adorado e venerado por todos os séculos dos séculos.
Ó Senhor! De Vós minha alma está sedenta para venerar Vossa Piedade!
Concluindo meus amados, filhos e filhas do meu coração, o Amor absoluto e a paixão absoluta são desejos profundos de toda a humanidade. É algo que está profundamente enraizado em nosso inconsciente e que nos impulsiona para a busca de uma existência plena e feliz. A necessidade de transcendência e o desejo de existir integralmente através do Amor, em Deus, continuam sendo a mola propulsora da vida humana.
Talvez seja isso o que ainda instigue, persuade e aconselha, tão intensamente as forças internas do homem moderno dominado pela tecnologia, escravizado por um cotidiano repleto de compromissos, solitário e distante da Misericórdia Divina, do Perdão entre os semelhantes.
Portanto, venerar as Relíquias pode acontecer em nossas vidas como uma das experiências individuais de Amor, sempre fecunda e gratificante, que Jesus Cristo nos proporciona e a Igreja viabiliza.
Amém, Aleluia!
† Dom Farès Maakaroun.
Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Greco-Melquita no Brasil.
Por que os cristãos veneram as relíquias dos seus Santos?
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