MÁRTIRES
A palavra
grega mártir significa testemunha diante de um tribunal, mas, com
o tempo, ganhou um sentido cristão.
Afirma Orígenes (+ 254): “O
nome de mártir a comunidade cristã reservou para aqueles
que deram testemunho da fé em Cristo derramando seu sangue”.
O mártir, sem a menor dúvida, é
a mais alta identificação com Cristo que afirmou:
“Bem-aventurados sois vós quando vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós por causa de
mim. Grande será a vossa recompensa nos céus” (Mt
5,11-12).
As primeiras comunidades cristãs
viam, nos irmãos que doavam a vida, um estímulo à
perseverança e novos intercessores junto ao Senhor. Seus túmulos
se tornavam locais de oração e de veneração.
Os mártires eram o orgulho da fé cristã.
IDENTIFICAÇÃO
COM CRISTO
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Com o tempo, a Igreja foi percebendo que havia
um outro tipo de martírio, incruento, sem derramamento de sangue:
o martíriotestemunho de toda uma vida de dicada à fé
e ao Evangelho, na aceitação de afrontas e na dedicação
aos pobres e sofredores. Será que o doente que aceita a cruz da
dor cotidiana não vive uma espécie de martírio em
sua identificação com o Cristo crucificado? Sem dúvida,
pois o derramamento de sangue não diminui a importância do
heroísmo e da generosidade na vida cristã.
O ideal do martírio, dessa forma,
se estende a todos os estados de vida: religiosa, matrimonial, apostólica,
profissional. O missionário, que vive sem medo o perigo da perseguição,
é um mártir. A mãe e o pai de um filho com necessidades
especiais, em sua generosidade e paciência, vivem o martírio.
O jovem que dá testemunho de sua fé num ambiente difícil,
às vezes hostil para os cristãos, também vive o martírio.
A VIDA
DE UM MÁRTIR
Para a Igreja, não interessa o passado do mártir,
porque o importante é o momento decisivo do martírio. Assim,
um santo mártir não é aquele que viveu heroicamente
a fé, mas o que heroicamente derramou o sangue por Jesus.
Pode até ter sido um grande pecador, mau exemplo,
mas se aceitou o martírio para defender sua fé, ele mostrou
amor heróico e perfeito pelo Senhor. Vejam bem, nos processos
de beatificação de um mártir, não
se pedem milagres ou virtudes heróicas, mas a certeza de que derramou
o sangue por crer em Cristo, o que é a síntese de todas
as virtudes heróicas.
IGREJA
DE MÁRTIRES
A glória da Igreja são seus mártires:
homens, mulheres, jovens e crianças que a tal ponto amaram a Jesus
que não lhes importou sofrer ou morrer. A perseguição
que o Império romano moveu aos cristãos, durante 300 anos,
não os atemorizou ou diminuiu-lhes o número. Tertuliano,
grande teólogo, chegou a dizer: “O sangue dos mártires
é semente de novos cristãos”. (Confissões).
Houve quem se atemorizasse e cedesse no momento da perseguição,
pois nem todos receberam a graça e a força para enfrentar
o martírio.
O martírio era uma prova imensa, pois supunha
imensos sofrimentos, angústias, tortura, decapitação,
mutilação, ser entregue a animais ferozes nos circos, ser
queimado, enfim, ser levado à morte física. Santo Inácio
de Antioquia (séc. II), antes de ser despedaçado na boca
de leões e tigres, dizia: “Triturado por leões, serei
como o trigo que é triturado para com ele se fazer o pão
da eucaristia. Deixai-me ser pasto das feras”.
MÁRTIRES
ATUAIS
No dia 29 de dezembro de 2003, no Burundi, foi assassinado
a tiros o núncio apostólico Dom Michael A. Courtney, irlandês.
Ele foi a última vítima do ano dentre os 29 mártires
que perderam a vida por causa do ódio religioso. Na verdade não
a perderam, mas a ganharam cem vezes mais, como Jesus prometeu.
Isso faz parte da missão, porque o missionário
não pode se acovardar diante de fatos que ofendem a caridade, a
justiça e a paz. Os missionários continuam morrendo porque
se faz necessário
um testemunho de amor sem reservas. Destes 29 mártires, 17 foram
mortos na África, 10 na América e 02 na Ásia.
É a Igreja que continua fiel ao mandato do Mestre:
“Amai-vos como eu vos amei”... Ele morreu por nós!
“Amai-vos como eu vos amei”... Ele morreu por nós!
AS
CATACUMBAS
Cemitérios de
mártires
Usava-se
o termo Catacumbas para indicar uma região mais baixa
na Via Ápia, à altura das ruínas do Circo Máximo,
em Roma. A área tornou-se um ponto central da devoção
cristã porque ali, durante a perseguição de Valeriano
(257), os cristãos depositaram os corpos dos apóstolos Pedro
e Paulo que, mais tarde, foram trasladados para as basílicas de
Roma que acabaram levando seus nomes.
Fundamental na história da catacumba
era a deposição do corpo de um mártir. A veneração
dos fiéis por essas testemunhas, desde o início considerados
intermediários junto do Senhor, provocou mudanças significativas
nas catacumbas que passaram a ser decoradas e a se tornarem verdadeiras
igrejas para receberem os seus devotos.
Atualmente, entre
as catacumbas romanas, as de São Sebastião e de São
Lourenço são as mais visitadas pelos peregrinos que vão
a Roma. A razão é que nelas permanecem, até hoje,
as relíquias desses populares Santos da Igreja romana.
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