Introdução
Hoje em dia está na moda as novas seitas protestantes adicionarem o
adjetivo "apostólica" ao seus nomes. Como por exemplo: Igreja Nova
Apostólica, Igreja Evangélica Apostólica das Águas Vivas, Igreja Apostólica
Ministério Comunidade Cristã, Igreja Apostólica do Avivamento, Igreja
Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Apostólica Cristã, Igreja Apostólica
Ministério Resgate, Igreja Apostólica Batista Viva e etc.
Mas será que toda igreja é
apostólica? Será que toda igreja tem que ser apostólica? Será toda
"igreja" pode adotar para si o adjetivo "apostólica", sem
detrimento de seu real significado?
O Ensinamento da Igreja Católica
O Catecismo da Igreja Católica
ensina:
§861 "Para que a missão a eles [aos apóstolos] confiada fosse
continuada após sua morte [de Jesus], confiaram a seus cooperadores imediatos,
como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por
eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito
Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais
varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que, quando eles
morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério."
§862 "Assim como permanece o múnus que o Senhor concedeu
singularmente a Pedro, o primeiro dos apóstolos, a ser transmitido a seus
sucessores, da mesma forma permanece todos Apóstolos de apascentar a Igreja, o
qual deve ser exercido para sempre pela sagrada ordem dos Bispos." Eis por
que a Igreja ensina que "os bispos, por instituição divina, sucederam aos
apóstolos como pastores da Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem
os despreza, despreza a (aquele por quem Cristo foi enviado".
Os protestantes em contrapartida
alegam que nunca houve sucessão apostólica, e que a Igreja Apostólica é
simplesmente aquela fiel á doutrina bíblica. Afirmam ainda que a reunião
dos fiéis constitui a Igreja.
O que ensina a Bíblia?
A Bíblia ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo, deu o governo da Igreja
aos Santos Apóstolos: "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a
mim rejeita; e, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10,
16). Aqui vemos o testemunho da autoridade dos apóstolos sobre toda a
Igreja dada pelo próprio Cristo.
A Bíblia dá testemunho de que os
apóstolos claramente escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a mesma
autoridade de ligar e desligar. A substituição de Judas Iscariotes por Matias
(cf. At 1,15-26) e a transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo e
Tito (cf. 2 Tm 1,6; Tt 1,5) são exemplos de sucessão apostólica.
Além destes exemplos claros há também
os implícitos como o caso de Apolo. Apolo era um Judeu natural de Alexandria
que conhece o verdadeiro Evangelho em Éfeso (cf. At 18,24-28). A Bíblia diz que
Apolo foi levado aos discípulos de Cristo que se encontravam em Corinto (cf. At
19,1).
São Paulo ao escrever sua primeira
carta aos cristãos de Corinto faz menção de Apolo, vejam:
"Pois acerca de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da
casa de Cloé, que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de que entre vós se
usa esta linguagem: ?Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo, eu, de Cefas; eu,
de Cristo" (1Cor 1,11-12).
Bem, sabemos de onde surgiu Apolo e
que ele foi enviado a Corinto, mas o que ele está fazendo na Igreja de Corinto?
São Paulo continua: "Pois quem é Apolo E quem é Paulo? Simples
servos, por cujo intermédio abraçastes a fé, e isto conforme a medida que o
Senhor repartiu a cada um deles: eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem faz
crescer" (1 Cor 3,5-6).
Notaram? São Paulo fundou a Igreja em
Corinto, mas quem cuidava desta Igreja era Apolo, era ele que no dizer no
Apóstolo, regava, isto é cuidava da Igreja. Apolo era então o Bispo de Corinto,
instituído pelos apóstolos.
Apesar das palavras do apóstolo serem
claras, isso explica porque os cristãos dissensores de Corinto, ao criar um
partido, escolheram o nome de Apolo, que era o líder daquela comunidade, isto
é, o Bispo.
O episcopado de Apolo fica ainda mais
claro, nas seguintes palavras de São Paulo:
"Portanto, ninguém ponha sua glória nos homens. Tudo é vosso:
Paulo, Apolo, Cefas (Pedro), o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro.
Tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus. Que os homens nos
considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos
mistérios de Deus" (1Cor 3,21-22; 4,1).
Veja como São Paulo coloca o
ministério de Apolo em igualdade com o seu próprio. Ver também (1Cor 4,6).
Vimos que a Sagrada Escritura ao
contrário do que ensinam os "entendedores da Bíblia" não nega a
existência da Sucessão dos Apóstolos, como meio de perpertuar de forma segura o
ministério dos Apóstolos, ao contrário, ela confirma isso.
O que diz a história da Igreja?
Se estamos falando a verdade, devemos
obrigatoriamente encontrar na história da Igreja, provas de que a Sucessão
Apostólica realmente existia. Caso contrário estaremos somente especulando
sobre o que realmente existia na Igreja primitiva, como faz atualmente o
protestantismo.
Vamos ver agora se encontramos na
história da Igreja alguma prova da existência da sucessão dos apóstolos:
Clemente de Roma, o 4º Bispo de Roma
na sucessão de São Pedro, em sua primeira carta aos Coríntios (90 D.C) escreve:
"42. Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho
que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto vem de
Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade
de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da
ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e
com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de
Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas
primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e
diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a
Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está
escrito: ?Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé"
(Is 60,17)"
"44. Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus
Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo,
prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e
ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes
sucedessem no ministério."
Vejam que desde o início do
Cristianismo já se sabia que os Bispos da Igreja são os sucessores dos
Apóstolos. Temos uma prova clara de que a Sucessão dos Apóstolos tinha como
objetivo perpetuar o ministério dos Apóstolos, já que a Igreja deveria
permanecer ainda na terra durante séculos.
Portanto, ninguém pode ser intitular
Bispo, se não tiver recebido as sagradas ordens através da legítima sucessão
dos Apóstolos; e ninguém pode se intitular pastor da Igreja se não tiver
recebido a sagrada ordem pelas mãos de um legítimo Bispo.
A Igreja Apostólica é como um Rio,
que possui sua nascente na sucessão dos Apóstolos. É do Colégio dos Apóstolos
que a Igreja possui a sua origem, segundo designo do próprio Cristo.
A Sucessão dos Apóstolos foi algo tão
real na vida da Igreja, que muitas destas sucessões foram registradas por
alguns historiadores como Hegesipo e Eusébio de Cesaréia.
Veremos algumas das sucessões dos
apóstolos registradas pelo Bispo Eusébio de Cesaréia (Séc IV), historiador da
Igreja, em sua obra ?A História Eclesiástica? (HE):
Sucessão Apostólica em Roma
"No atinente a seus outros companheiros, Paulo testemunha ter
sido Clemente enviado às Gálias (2Tm 4,10); quanto a Lino, cuja presença junto
dele em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo (2Tm 4,21), depois de Pedro
foi o primeiro a obter ali o episcopado" (HE III,4,8).
"A Vespasiano, depois de ter reinado 10 anos, sucedeu Tito, seu
filho, como imperador. No segundo ano de seu reinado, o bispo Lino, depois de
ter exercido durante doze anos o ministério da Igreja de Roma, transmitiu-o a
Anacleto." (HE III,13)
"No décimo segundo ano do mesmo império [de Domiciano, irmão de
Tito], Anacleto que foi bispo da Igreja de Roma durante doze anos, foi
substituído por Clemente, que o Apóstolo [Paulo], na carta aos Filipenses,
informa ter sido seu colaborador, nesses termos: 'Em companhia de Clemente e
dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no livro da vida'" (Fl
4,3)
"Relativamente aos bispos de Roma, no terceiro ano do reinado do
supracitado imperador [Trajano], Clemente terminou a vida, passando seu múnus a
Evaristo. No total, durante nove anos exercera o magistério da palavra de Deus."
(HE III,34)
"Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano (...) Evaristo
completado seu oitavo ano, Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o
quinto na sucessão de Pedro e Paulo." (HE IV,1)
"No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano,
sucessor de Trajano], Alexandre, bispo de Roma morreu, tendo completado o
décimo ano de sua administração. Teve Xisto como sucessor." (HE IV,4).
"Ao atingir o império de Adriano já o duodécimo ano, Xisto,
tendo completado o décimo ao de episcopado em Roma, teve Telésforo por
sucessor, o sétimo depois dos apóstolos." (HE IV,5,5)
"Tendo ele [Aélio Adriano] cumprido sua incumbência, após vinte
e um anos de reinado, sucedeu-lhe no governo do império romano Antonino, o Pio.
No primeiro ano deste, Telésforo deixou a presente vida, no undécio ano de seu
múnus e coube a Higino a herança do episcopado em Roma." (HE IV,10)
"Tendo Higino falecido após o quarto ano de episcopado, Pio
tomou em mãos o ministério em Roma." (HE IV,11,6)
"E na cidade de Roma, tendo morrido Pio no décimo quinto ano de
episcopado, Aniceto presidiu aos fiéis desta cidade." (HE IV,11,7)
"Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino
Vero], quando Sotero sucedeu a Aniceto, que completara onze anos de episcopado
na Igreja de Roma."(HE IV,19)
"Sotero, bispo da Igreja de Roma, chegou ao termo de sua vida no
decurso do oitavo ano de episcopado. Sucedeu-lhe Eleutério, o décimo segundo a
contar dos Apóstolos, no décimo sétimo ano do imperador Antonino Vero"
(HE V,Introdução,1)
"No décimo ano do império de Cômodo, Vítor sucedeu a Eleutério,
que havia exercido o episcopado durante treze anos.(...)" (HE V,22)
Sucessão Apostólica em Jerusalém
"Após o martírio de Tiago e a destruição de Jerusalém, ocorrida
logo depois, conta-se que os sobreviventes dos Apóstolos e discípulos do Senhor
vindos de todas as partes se congregaram e com os consangüíneos do Senhor '
havia um grande número deles ainda vivos ' reuniram-se em conselho para
verificar quem julgariam digno de suceder a Tiago. Todos unanimemente
consideraram idôneo para ocupar a sede desta Igreja Simeão, filho de Cléofas,
de quem se faz memória no livro do Evangelho (Lc 24,18; Jô 19,25). Diz-se que
era primo do Salvador. Efetivamente, Hegesipo [historiador antigo] declara que
Cléofas era irmão de José." (HE III,11)
"Por sua vez, tendo Simeão morrido segundo relatamos, um judeu,
chamado Justo, ocupou em Jerusalém a sé episcopal. Havia um grande número de
circuncisos que acreditavam em Cristo e ele era deste número." (HE
III,35)
"Certifiquei-me, contudo, por documentos escritos, que, até o
assédio dos judeus sob Adriano, sucederam-se em Jerusalém quinze bispos. Diz-se
que eram todos hebreus por origem e terem acolhido genuinamente o conhecimento
de Cristo. Em conseqüência, aqueles que ali podiam decidir, julgaram-nos dignos
do múnus episcopal. Com efeito, a Igreja toda de Jerusalém se compunha então de
hebreus fiéis. Assim sucedeu desde o tempo dos apóstolos até o cerco que
sofreram então, quando os judeus se contrapuseram aos romanos e foram
aniquilados em fortes guerras.
Uma vez que terminaram nessa ocasião os bispos oriundos da circuncisão,
convém levantar agora sua lista, desde o primeiro. Com efeito, o primeiro foi
Tiago, denominado irmão do Senhor, depois dele, o segundo foi Simeão; o
terceiro, Justo; o quarto, Zaqueu; o quinto, Tobias; o sexto, Benjamim; o
sétimo, João; o oitavo, Matias; o nono Filipe; o décimo, Sêneca, o undécimo,
Justo; o duodécimo, Levi; o décimo terceiro, Efrém; o décimo quarto, José; finalmente,
o décimo quinto, Judas.
Estes foram os bispos da cidade de Jerusalém, desde os apóstolos até o
tempo a que nos referimos. Todos dentre os circuncisos." (HE
IV, 5,2-4)
"[Durante a perseguição aos Judeus sob o imperador Adriano] a
cidade [de Jerusalém] foi reduzida a ser totalmente desertada pelo povo e a
perder seus habitantes de outrora. Foi povoada uma raça estrangeira. A cidade
romana que a substitui recebeu outro nome, e foi denominada Aélia, em honra do
imperador Aélio Adriano. A Igreja da cidade foi composta também de gentios, e
após os da circuncisão o primeiro dos bispos a receber a múnus foi Marcos."
(HE IV,6,4)
"Nesta época [do imperador Cômodo, sucessor de Antonino Vero],
era famoso o bispo da Igreja de Jerusalém Narciso, até hoje muito conhecido.
Foi o décimo quinto sucessor, após a guerra judaica, sob Adriano. Mostramos
que, desde então, a Igreja local constava de gentios, substitutos dos membros
da circuncisão e que Marcos foi o seu primeiro bispo proveniente dos gentios.
Depois dele, as listas dos sucessivos bispos desta região registram
Cassiano; em seguida Públio, depois Máximo; após estes, Juliano, e em seguida
Caio; depois dele Símaco, outro Caio, e ainda Juliano, após Capitão, a seguir
Valente e Doliguiano; por fim Narciso, o trigésimo a contar dos apóstolos, na
sucessão regular dos bispos." (HE V,12)
A Sucessão Apostólica em Antioquia
"Evódio foi o primeiro bispo estabelecido em Antioquia; depois
ilustrou-se o segundo, Inácio, nessa mesma ocasião." (HE III,22)
"Após [Inácio], Heros foi seu sucessor no episcopado em
Antioquia" (HE III,36,15)
"É sabido que, na Igreja de Antioquia, Teófilo foi sexto bispo a
contar dos apóstolos, pois Cornélio foi instalado como quarto depois de Heros,
nesta cidade, e após, em quinto lugar, Eros recebeu o episcopado." (HE
IV,20).
A Sucessão Apostólica em Alexandria
"No quarto ano de Domiciano, Aniano, o primeiro bispo da Igreja
de Alexandria, após vinte e dois anos completos de episcopado, morreu. Seu
sucessor, como segundo bispo, foi Abíblio" (HE III,14)
"Nerva [imperador, sucessor de Domiciano] reinou pouco mais de
um ano e Trajano lhe sucedeu. No decurso de seu primeiro ano, Abílio, tendo
dirigido por treze anos a Igreja de Alexandria, foi substituído por Cerdão. Se
contarmos desde o primeiro, Aniano, este foi o terceiro chefe. Nesta ocasião,
Clemente estava à frente da Igreja de Roma, e foi o terceiro a ocupar a sé
episcopal, depois de Paulo e de Pedro. Lino foi o primeiro, e em seguida
Anacleto." (HE III,21)
"Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano, bispo de
Alexandria, de que falamos um pouco mais acima [Cerdão], deixou a presente
vida. Primo foi o quarto, depois dos apóstolos, a assumir o múnus da Igreja de
Alexandria." (HE IV,1)
"No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano,
sucessor de Trajano] (...) na Igreja de Alexandria, Primo morreu no décimo ano
em que presidia e sucedeu-lhe Justo." (HE IV,4).
"Decorridos um ano e alguns meses [depois do duodécimo ano do
império de Adriano], Eumenes teve a presidência na Igreja de Alexandria, em
sexto lugar. Seu predecessor [Justo] permaneceu durante onze anos."
(HE IV,5,5)
"[durante o tempo de imperador Antonino], em Alexandria, Marcos
foi nomeado pastor, depois que Eumenes completou treze anos; e tendo Marcos
morrido após dez anos de ministério, Celadião assumiu o múnus da Igreja de
Alexandria." (HE IV,11,6).
"Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino
Vero] (...) Na Igreja de Alexandria, depois que Celadião a presidira durante
catorze anos, Agripino assumiu a sucessão" (HE IV,19).
"Depois que Antonino esteve dezenove anos no governo, Cômodo
obteve o poder. No primeiro ano de seu reinado, Juliano assumiu o episcopado
das Igrejas de Alexandria, depois de ter Agripino desempenhado suas funções
durante doze anos." (HE V,9)
"No décimo ano do império de Cômodo, (...) tendo Juliano
completado o décimo ano de seu múnus, Demétrio tomou em mãos o ministério das
comunidades de Alexandria (...)" (HE V,22)
Sucessão apostólica em outras
localidades
"Não é fácil dizer quantos discípulos houve e quais se tornaram
verdadeiramente zelosos a ponto de serem considerados capazes, depois de
comprovados, de apascentar as Igrejas fundadas pelos apóstolos, exceto aquelas
cujos nomes é possível recolher dos escritos de Paulo.
(...)Relata-se ter sido Timóteo o primeiro a exercer o episcopado na
Igreja de Éfeso (1Tm 1,3), enquanto o primeiro nas Igrejas de Creta foi Tito
(Tt 1,5)" (HE III,4,3-5).
"Acrescente-se que acerca do areopagita, de nome Dionísio, do
qual afirma Lucas nos Atos que, em seguida ao discurso de Paulo aos atenienses
no Areópago, foi o primeiro a crer (At 17,34), outro Dionísio, um ancião,
pastor da Igreja de Corinto, assevera que ele se tornou o primeiro bispo da
Igreja de Atenas" (HE III, 4,10).
"Policarpo, não somente foi discípulo dos apóstolos e conviveu
com muitos dos que haviam visto o Senhor, mas ainda foi estabelecido pelos
apóstolos bispo da Igreja de Esmirna, na Ásia. Nós o vimos na infância."
(Melitão de Sardes em apologia ao imperador Vero, conforme HE IV,14,3).
"(..)Havendo Potino consumado sua vida aos 90 anos em companhia
dos mártires da Gália, Ireneu recebeu a sucessão no episcopado da comunidade
cristã de Lião, que era dirigida por Potino. Tivemos notícia de que na
juventude ele [Ireneu] foi ouvinte de Policarpo" (HE V,5,8)
Enfim, citamos estes poucos casos
porque apresentar todos os testemunhos dos antigos sobre a sucessão dos
apóstolos seria demasiadamente trabalhoso. Os exemplos aqui transcritos já são
suficientes para provar a existência da sucessão dos apóstolos na história da
Igreja de Cristo.
Conclusão
Jesus revestiu aos apóstolos da Sua
autoridade. A Bíblia em local algum indica que esta autoridade dentro da Igreja
iria cessar com a morte dos apóstolos e em lugar algum diz que uma vez morto o
último apóstolo, a Palavra de Deus escrita tornar-se-ia a autoridade final.
Não há fidelidade à Bíblia, sem
fidelidade à Igreja de Cristo. A Igreja sempre foi "a coluna e o
fundamento da verdade" (cf. 1Tm 3,15) para os cristãos. Quem conhece a
memória cristã sabe, que a Bíblia demorou séculos para ser discernida pela
Igreja, e que os ensinamentos sucessores dos apóstolos eram recebidos como
ensinamentos dos próprios apóstolos:
"Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a
primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas
Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança
daqueles cujas obras agora representam a tradição da doutrina apostólica"
(HE III,37,4).
É exatamente através da sucessão
apostólica, que podemos identificar onde está a Igreja de Cristo. O colégio dos
apóstolos é o que faz visível a Igreja Espiritual. Sem o ministério dos
apóstolos não há Igreja; e a perpetuação deste ministério está no ministério
dos sucessores dos apóstolos. Como vimos é isto que ensina a Bíblia e é este o
testemunho da história do Cristianismo. E em conformidade com toda a Verdade,
este é o ensinamento do Santo Padre o Papa João Paulo II, legítimo sucessão de
São Pedro (príncipe e líder dos Apóstolos, cf. Lc 22,31s e Mt. 16,18-19):
"28. Por último, a Igreja é apostólica enquanto ?continua a ser
ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de
Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o Colégio dos
Bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o Sucessor de Pedro, Pastor
supremo da Igreja?. Para suceder aos Apóstolos na missão pastoral é necessário
o sacramento da Ordem, graças a uma série ininterrupta, desde as origens, de
Ordenações episcopais válidas. Esta sucessão é essencial, para que exista a
Igreja em sentido próprio e pleno." (Encíclica ECCLESIA DE
EUCHARISTIA).
Autor: Alessandro Lima *.
* O autor é
arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do
Apostolado Veritatis Splendor.
I
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