quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A emocionante descoberta dos ossos de São Pedro no Vaticano


“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”

Cristo entrega as chaves a São Pedro e o institui fundamento único da Igreja
Cristo entrega as chaves a São Pedro e o institui fundamento único da Igreja

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt XVI,18).
As divinas palavras de Jesus concedendo o primado a São Pedro convidam os católicos de todos os tempos a se interessar, cheios de veneração, por tudo o que se refira ao primeiro Papa.

E, pelo contrário, os anticatólicos tendem a atacar o quanto podem o primado do Príncipe dos Apóstolos.

Os protestantes chegaram a impugnar gratuitamente até a autenticidade daquelas palavras de Nosso Senhor a São Pedro.

Negaram mesmo, junto com racionalistas e comunistas, que ele tenha estado em Roma e, portanto, que tenha exercido lá o papado.

Mas através dos séculos foram surgindo documentos provenientes dos mais diversos pontos da cristandade primitiva, confirmando a tradição católica.

As provas foram tão acachapantes, que os anticatólicos praticamente ficaram reduzidos ao silêncio quanto a esses pontos.

Um dos principais historiadores protestantes, A. Harvach, reconheceu que já não merece o nome de historiador quem puser em dúvida que São Pedro tenha exercido seu ministério em Roma.


Persistia, porém, entre muitos historiadores uma questão:

O túmulo do Vigário de Cristo realmente está sob o magnífico altar-mor da Basílica de São Pedro?

Sobre este assunto há um silêncio quase total nos documentos dos primeiros séculos da História da Igreja.

A tradição católica é bem precisa: São Pedro, já idoso, foi crucificado de cabeça para baixo na colina Vaticana, no ano de 68 (segundo alguns, 64), após ter exercido o papado em Roma por 25 anos.

Seu corpo foi sepultado perto do local do martírio, num cemitério pagão existente na colina Vaticana, em frente ao circo de Nero.


Imagem de bronze de São Pedro, paramentada no dia de sua festa.  No fundo: altar com relíquias do trono do Príncipe dos Apóstolos
Imagem de bronze de São Pedro, paramentada no dia de sua festa.
No fundo: altar com relíquias do trono do Príncipe dos Apóstolos
A tradição aponta ainda o lugar exato da sepultura – a chamada “confissão de São Pedro” –, veneradíssimo desde tempos imemoriais. Tendo em vista a antiguidade e a universalidade dessa tradição, a Igreja a aceitou.
Nos 250 anos que vão desde a morte de São Pedro até a liberdade da Igreja concedida por Constantino mediante o Edito de Milão (ano 313), apenas dois documentos referem-se ao túmulo do Apóstolo.

Um diz que o Papa Santo Anacleto ergueu no local um monumento fúnebre, aproximadamente vinte anos após a morte do Chefe da Igreja.

Outro, mais seguro, é uma carta do sacerdote Gaius de Roma, no ano 200, afirmando que no local havia um τρόπαιον – monumento fúnebre (a palavra portuguesa “troféu” não corresponde exatamente ao sentido da palavra grega τρόπαιον).

Assim que foi concedida liberdade aos cristãos, multidões de fiéis começaram a afluir de todas as partes para venerar as relíquias do Príncipe dos Apóstolos.

Por volta do ano 330, o Imperador Constantino e o Papa São Silvestre ergueram naquele local magnífica e enorme Basílica.

O próprio Imperador trabalhou na obra, carregando doze cestos de terra em homenagem aos Apóstolos.

O local era sumamente inconveniente para a construção, pois o subsolo era mole e cheio de água, e o terreno em declive necessitava aterros colossais.

Além disso, pelas leis romanas, o cemitério era inviolável, não se podendo retirar os ossos de nenhuma sepultura.

Somente a persuasão de estar o lugar ligado a um ponto fixo intransferível – o túmulo de São Pedro, que devia tornar-se o centro da grande Basílica – pôde ter levado Constantino a enfrentar tantas dificuldades técnicas, jurídicas e psicológicas que se opunham à construção em local tão impróprio.

Mais tarde, na Renascença, a atual e ainda maior Basílica de São Pedro foi construída no mesmo sítio, mas sem interferência nas construções anteriores, erguendo-se num plano mais elevado.


 Ossos de São Pedro numa urna no Altar da Confissão no Vaticano
Ossos de São Pedro numa urna no Altar da Confissão no Vaticano
 Assim, sobre o túmulo primitivo ergueram-se as construções constantinianas, e acima delas as da Renascença. Em diversas épocas houve reformas em torno do túmulo, mas – fato notável – não consta que ele tenha sido aberto em 1600 anos de história.
Um interessante livro, The Bones of St. Peter (“Os ossos de São Pedro”), de John E. Walsh (Doubleday, N.Y., 1982) narra, pela primeira vez, as pesquisas científicas realizadas no túmulo nos últimos anos. Os dados que se seguem foram extraídos dessa obra.


As escavações

Em 1939 foi decidido rebaixar o subsolo dos corredores em torno do túmulo, para aumentar o pé direito deles. Aí está sepultada a maioria dos Papas. Uma equipe de competentes arqueólogos orientava os trabalhos.

Entre eles estava o prof. Enrico Josi, considerado o maior especialista em antiguidades cristãs. Dirigia a equipe o administrador da Basílica de São Pedro, Mons. L. Kaas. O [Venerável] Papa Pio XII não os autorizou a tocar nas construções do túmulo petrino.

Logo no início dos trabalhos, foram encontrados vários mausoléus adjacentes. Alguns estão entre os melhores exemplares já descobertos do período áureo romano.

Um ponto da tradição foi portanto confirmado: o cemitério pagão, no qual São Pedro fora sepultado. Numa lápide veio outra confirmação: uma inscrição referia que ao lado estava o circo de Nero.

Verificou-se que o cemitério era anterior à morte de São Pedro. Mas os ricos mausoléus eram pouco posteriores a ela. Tudo havia sido soterrado intacto pelos operários constantinianos, para não violar os túmulos.

Com todos esses indícios favoráveis, Pio XII autorizou então que se abrisse o túmulo e se fizesse um estudo completo de tudo.

Decidiu-se tentar penetrar pela parede de uma pequena capela do século XVI que está embaixo do altar-mor atual. Foi desmontado cuidadosamente um afamado mosaico que há nessa parede, e descobriu-se que ela era da época de São Gregório Magno (590-604).




Urna com os ossos de São Pedro no Altar da Confissão no Vaticano
Urna com os ossos de São Pedro no Altar da Confissão no Vaticano
Nela abriu-se um buraco, tirando tijolo por tijolo. Havia atrás uma grossa placa de magnífico mármore decorado com um precioso pórfiro escuro.
Alargando o buraco, verificou-se que era um altar montado pelo Papa Calixto, no século XII.

Retiradas algumas peças de mármore, chegou-se à outra parede, certamente da Basílica de Constantino, do ano 330.

Atrás havia ainda outra parede bem mais antiga, grossa, de tijolos e pintada de vermelho vivo. Seria parte do túmulo original?

Para não danificá-la, decidiram tentar em outro local bem mais à direita. Após passar pelas mesmas paredes, chegaram a outro altar precioso – este havia sido o altar-mor erigido por São Gregório Magno na Basílica velha de São Pedro, no século VI.

A parede vermelha, nessa local, estava recoberta de excelentes mármores, sinal de importância. Tentou-se, então, do lado oposto. Mas ao invés de chegar à parede vermelha, encontraram uma azul.

E tiveram a surpresa de verificar que era uma grossa parede de pequena extensão, colada à vermelha, em ângulo reto com ela. Ambas são da época romana, mas a vermelha, mais antiga, era maior e descia fundo.

Atrás dela depararam com paredes mais recentes. Assim, era evidente que o túmulo estava bem mais fundo, e que acima do solo da época romana só havia essa grande parede, ornada de nichos em estilo clássico, sem nenhuma decoração cristã.

Estava confirmado o τρόπαιον referido por Gaius, no ano 200. As duras perseguições religiosas durante o Império certamente forçaram esse disfarce e a ausência de símbolos cristãos.
          
"Muro dos grafitti"
     
 Mas as surpresas apenas começavam: o exame da parede azul revelou que ela estava coberta de inscrições cristãs de tipo grafite, feitas com estiletes, na maior desordem.
Concluiu-se que eram pedidos de orações dos primeiros cristãos, que punham seus nomes – Ursianus, Bonifatius, Paulina etc. O símbolo codificado de Cristo (as letras gregas chi-rho superpostas, como se vê no desenho ao lado) aparecia várias vezes.
Mas o nome que se procurava não foi encontrado: Petrus. Nenhuma invocação a ele naquela floresta de nomes. Permanecia o indecifrável silêncio sobre São Pedro.
Num ponto dessa parede foi encontrado um pequeno buraco, formado pela queda da argamassa. Inserindo luz pelo buraco, verificou-se que a parte de baixo da parede azul era oca e revestida internamente de excelentes mármores.
No chão dessa cavidade havia muito pó. Parecia ter sido algum túmulo engenhosamente escondido ali. Seria impossível investigar melhor aquilo sem abrir mais o pequeno buraco, o que destruiria as inscrições.
Corte esquemático permite ver o posicionamento dos túmulos. No nº1 São Pedro
Corte esquemático permite ver o posicionamento dos túmulos. No nº1 São Pedro
Com isso, as atenções se voltaram para o túmulo de São Pedro propriamente dito. Decidiu-se escavar mais, bem junto à parede vermelha, para se chegar à câmara mortuária.
Logo foram encontradas algumas sepulturas cristãs simples, quase amontoadas junto à parede. Eram dos primeiros séculos. Tratava-se de um tocante indício: todos os corpos estavam voltados para a parede. Eram cristãos enterrados bem junto a São Pedro.
Ao retirar uma pedra, depararam com uma cavidade vazia: afinal, o túmulo! Emocionados, os arqueólogos avisaram [o Venerável] Pio XII, que em dez minutos chegou.
Era uma câmara pequena, mas alta, simples, com paredes de tijolos nus e piso de terra. E estava vazia! Havia sinais evidentes de violência: um nicho e uma trave golpeados violentamente, uma coluneta partida.

Conjunto dos ossos de São Pedro achados no túmulo
             Conjunto dos ossos de São Pedro achados no túmulo
No chão encontraram-se muitas moedas romanas e medievais, confirmando uma crônica que se refere a uma pequena abertura no túmulo, onde se podia introduzir a mão. As moedas provinham de todo o Império, atestando a devoção generalizada ao Apóstolo.
O exame minucioso do local revelou na base do nicho uma pequena abertura em forma de Λ, entupida de terra.
Revolvendo o interior dessa abertura, encontrou-se enorme quantidade de fragmentos de ossos antiquíssimos. Eram mais de 250. Seriam os do Apóstolo?
Em caso afirmativo, por que estavam eles em posição tão secundária e escondidos?
O médico de Pio XII, dr. Galeazi-Lizi, examinou-os superficialmente e concluiu que eram de um homem idoso e de físico robusto, o que correspondia à descrição de São Pedro. Daí ter-se propagado, na ocasião, a versão de que os ossos eram dele.
Mas essa localização estranha exigia maiores pesquisas. As escavações continuaram, revelando que a parede vermelha era a peça chave de um complexo de construções.
Tratava-se de uma edícula comemorativa, no centro da qual havia duas colunetas sustentando uma laje de travertino, parecendo um altar. Em frente situava-se um pátio fechado por altos muros.

Restos do primeiro túmulo construido para São Pedro
Restos do primeiro túmulo construido para São Pedro
 Era obviamente uma construção ideal para celebrações clandestinas dos primeiros cristãos.
Como o cemitério era pagão e aberto, ao contrário das catacumbas, as precauções tinham que ser maiores.
Daí a ausência do nome de Pedro e de símbolos cristãos nessa área (é aí que está a parede azul com os grafitos). É esta também a razão do silêncio sobre a localização do túmulo, na literatura cristã da época.

Πέτροσ ένι
 
Após o término das escavações, em 1950, o arqueólogo Ferrua examinava o interior da parte oca da parede azul, e notou no chão, perto da junção desta com a parede vermelha, um pequeno pedaço de argamassa que havia caído.
Conseguiu pegá-lo dentro do buraco, e viu que havia algo gravado ali à estilete. Levado a especialistas, descobriu-se uma inscrição em grego que dizia: “Πέτρ... ἔνι”.
Faltavam letras no primeiro nome, obviamente Πέτροσ (“Pedro”). Ἕνι é a contração do verbo grego antigo ἔνεοτι, que significa “estar dentro”. A inscrição significava “Pedro está aqui”.
A essa altura, um dos maiores especialistas em inscrições antigas, a dra. Margherita Guarducci, passou a estudar os grafitos da parede azul.
Como se sabe, os cristãos tinham toda uma linguagem codificada de símbolos e letras – o peixe, as letras gregas chi-rho (ΧΡ), o Μ para Maria, o Ν para vitória etc.
Após algum estudo, a dra. Guarducci descobriu o código usado para São Pedro: um “Ρ” com um discreto “Ε” em sua perna, ou o mesmo símbolo inserido no chi-rho de Jesus, tocante símbolo para o Vigário de Cristo (cfr. desenho ao lado).
Além disso, a descoberta provava contra os anticatólicos que a doutrina do papado já era clara naqueles primórdios da Igreja.
Muitas inscrições com esse símbolo podiam ser observadas na parede dos grafites. Estudos posteriores revelaram que São Pedro era invocado com grande frequência, mediante tal símbolo, pelos primeiros cristãos, pois ele era muito usado nas catacumbas em cartas, em mosaicos, em pinturas etc. Estava explicado o “silêncio” sobre São Pedro.

Grafitti com o chi-rho (ou XP), símbolo de Cristo
Grafitti com o chi-rho (ou XP), símbolo de Cristo
Essa descoberta fez com que a dra. Guarducci ficasse intrigada com a inexplicável parede oca com os grafites e o “Πέτροσ ἔνι”.
Chamou sua atenção um fato que passou despercebido aos demais arqueólogos. Mons. Kaas, administrador da Basílica, costumava ir à noite verificar os andamentos dos trabalhos. Acompanhava-o G. Segoni, o chefe dos “sampietrini” (operários do Vaticano, cujos ofícios passam de pai para filho).
Mons. Kaas, nessas inspeções, preocupava-se em guardar de modo digno as numerosas ossadas que iam sendo encontradas. Colocava-as numa caixa ajudado por Segoni, identificando com uma etiqueta o local de onde foram tiradas.
Uma noite, pouco depois de descoberta a parede oca dos grafitos, Mons. Kaas pediu que Segoni verificasse bem se não se encontrariam ossos dentro da cavidade.
Por baixo da poeira, Segoni encontrou numerosos ossos, restos de tecido e uns fios metálicos.Tudo foi guardado numa urna e identificado. Outro “sampietrini presenciou a remoção, mas os demais arqueólogos nem souberam disso na época.

Raio de sol bate no Altar da Confissão onde estão os ossos de São Pedro, basílica do Vaticano
Em 1950 foi divulgada a grande notícia: o túmulo de São Pedro fora descoberto. O próprio Papa Pio XII fez o anúncio, associando-o ao Ano Santo.
Mas explicava-se que, segundo o modo como os ossos foram encontrados, não se podia concluir se eles seriam ou não do Apóstolo.
Ao par do grande júbilo, houve muitos protestos dos meios científicos, que solicitavam, um exame rigoroso de todos os ossos, descobertos na pequena abertura em forma de Λ na parede do túmulo de São Pedro, por algum grande especialista.
Afinal em 1956, Pio XII concordou, e foi nomeado o dr. Venerando Correnti, um dos maiores antropólogos da Europa.
O trabalho foi lento e difícil, pois faltavam vários ossos importantes. A conclusão, em 1960, constituiu uma sensacional decepção: tratava-se de ossos de três pessoas – dois homens de meia idade e uma mulher idosa.
E junto, encontravam-se vários ossos de animais. Todos antiquíssimos, talvez do século I.
Para os arqueólogos, a situação se explicava: como as leis romanas proibiam a remoção de ossos de uma sepultura, esses haviam sido encontrados e amontoados no pequeno buraco ao pé do nicho.

Raio de luz natural ilumina a urna com os ossos de São Pedro, Vaticano
Apenas para completar os estudos, o dr. Correnti verificou rapidamente os demais ossos das tumbas próximas.
Ao analisar os ossos encontrados na cavidade revestida de mármore, da parede dos grafitos, chamou-lhe a atenção o estado de conservação, estando a maioria bem branca.
Dada sua grande antiguidade decidiu estudá-los melhor. Eram 135 ossos sendo que poucos estavam inteiros. Constatou que provinham de um só indivíduo, do sexo masculino, de físico robusto e falecido entre os 60 e 70 anos.
Antes de estar na cavidade marmórea eles estiveram enterrados na terra nua, mas depois, durante muito tempo, permaneceram bem protegidos e envoltos por tecidos purpúreos, que mancharam um pouco alguns.
Ao tomar conhecimento dessas conclusões, a dra. Guarducci ficou sobressaltada. Ela revelou que a expressão grega “Πέτροσ ἔνι” ecoava continuamente em sua cabeça.
Seriam essas as relíquias de São Pedro?
Não é a única explicação possível para o “Pedro está aqui”? E para a misteriosa cavidade?
Todos os dados confluíam para essa teoria. A razão do esconderijo seria evitar profanações.
O dr. Correnti logo apoiou a tese da dra. Guarducci, e ambos obtiveram de Paulo VI, que havia sido eleito recentemente, permissão para reabrir as pesquisas.
O teste crucial foi o dos fragmentos de terra existentes nos ossos. Sua composição química revelaria se era a mesma terra que se encontra no piso do túmulo vazio de São Pedro.
Uma circunstância tornava esse teste particularmente importante: a terra do túmulo é de tipo calcária argilosa, bem diferente da que se observa em toda a região vizinha, inclusive dos túmulos próximos.
O nome de São Pedro inscrito numa pedra recuperada nas excavações
Conclusão do exame: a terra é a mesma do túmulo de São Pedro.
O tecido purpúreo foi examinado. Seria púrpura autêntica? E seria romana?
Só os membros da alta nobreza romana podiam usar a púrpura verdadeira, cuja fabricação era um rigoroso segredo de Estado. Os demais ricos usavam, uma imitação.
Hoje a composição química de ambos os tipos é conhecida. Outra particularidade: a púrpura com fios de ouro era de uso exclusivo da família imperial em raras ocasiões.
Resultado do exame: era púrpura romana verdadeira, decorada com finíssimas placas de ouro. E os fios que estavam junto aos ossos eram fios de ouro.
Este foi um argumento essencial a favor da teoria da dra. Guarducci, pois como a cavidade marmórea foi considerada como já existente na época constantiniana, ficava claro que o Imperador autorizara envolver as preciosas relíquias na púrpura imperial.
Antes de publicar novos estudos, cinco renomados especialistas independentes verificaram tudo o que havia sido feito e deram-se por satisfeitos.
Mas, quando foi dada a público a nova teoria, levantou-se um grande vozerio em certos meios científicos.
Este era explicável, pois, para preservar o bom nome dos arqueólogos e de Mons. Kaas, a dra. Guarducci procurou cobrir com um manto o incrível episódio do eclesiástico ao recolher os ossos sem avisar aos membros da equipe.
Também impugnou-se o exame do tecido, exigindo-se algo mais rigoroso. E, sobretudo, argumentava-se que não havia nenhuma prova que demonstrasse não ter sido violado o repositório marmóreo.

Vista da cripta com os ossos de São Pedro numa urna
Assim nova série de pesquisas foi iniciada. O exame mais rigoroso dos tecidos feito na Universidade de Roma, confirmou os resultados anteriores.
E Paulo VI autorizou a se abrir o repositório, para confirmar se ele datava da época de Constantino e se não fora violado. A dúvida surgiu porque fora encontrada uma moeda do início da Idade Média no local.
Uma equipe desmontou a parte de baixo da parede azul dos grafitos, a fim de penetrar no repositório sem tocar nas paredes e no teto.
Tudo foi examinado minuciosamente, e a conclusão foi que ele fora fechado no século IV, e jamais fora aberto.
Várias moedas foram ali encontradas, tendo penetrado através de fissuras da parede causadas por acomodação do terreno.
Para silenciar definitivamente as críticas novo trabalho foi publicado, relatando as circunstâncias exatas do episódio de Mons. Kaas, acompanhado de documento juramentado do “sampietrini” Segoni. 

Vista de conjunto do Altar da Confissão
E a dra. Guarducci rebateu convincentemente a última crítica que ainda pairava: como explicar a remoção dos ossos da sepultura, mesmo por motivos de segurança, uma vez que os costumes romanos não o permitiam?
Na realidade os ossos não foram removidos da sepultura, pois a parede azul é parte integrante dela.
Após algum tempo, certificando-se de que a crítica nada mais de ponderável podia apresentar, e vendo que os novos exames reforçaram singularmente a teoria da dra. Guarducci, Paulo VI, a 26 de junho de 1968, anunciou solenemente ao mundo que, após longos e extensos estudos “as relíquias de São Pedro foram identificadas de um modo que julgamos convincente”.
E, por isso, ele fazia “este feliz anúncio” aos fiéis de todo o mundo.
No dia seguinte, em cerimônia presidida por Paulo VI, as relíquias de São Pedro, guardadas em caixas com tampos transparentes, foram recolocadas no repositório onde haviam sido encontradas.
Confirmando a tradição católica, sobre as relíquias de São Pedro fora edificada a grande Basílica de Constantino, considerada o centro da Cristandade.
E sobre tal Basílica, mil anos depois, ergueu-se a atual Basílica de São Pedro.
Cumpriu-se assim, até de modo físico, a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
(autor: Juan Miguel Montes, “Catolicismo”)

Patena eucarística com Cristo em Majestade, uma das mais antigas já achadas



A patena nas mãos de um restaurador.
A patena eucarística com Cristo em Majestade nas mãos de um restaurador.


Na localidade espanhola de Cástulo, província de Jaén, uma equipe de arqueólogos engajados no Projeto de Investigação Forvm MMX desenterraram e os, depois, especialistas em restauração recuperaram uma peça única do século IV que representa a Nosso Senhor Jesus Cristo em uma patena de fino vidro.

Trata-se de uma das mais antigas imagens do Cristianismo representando o Divino Redentor.

Cástulo é um dos mais ricos sítios arqueológicos da Espanha. Foi uma cidade romana hoje reduzida a ruínas, mas que apresenta uma surpreendente preservação. Nela foram feitas descobertas notáveis, como pisos de mosaicos complexos que podem ser admirados no local.

Um dos edifícios descobertos parecia ter servido de igreja católica e testemunha quão cedo o catolicismo penetrou na Península Ibérica.

No local, durante três anos, os arqueólogos foram retirando pacientemente pequenos fragmentos de vidro das ruínas de uma basílica.

Mas foi só no mês de julho que localizaram fragmentos que “por seu tamanho e pelos desenhos que continham” revelaram “um documento arqueológico excepcional”, segundo explicou à agência AFP o chefe do projeto, Marcelo Castro.

 Limpados com extremo cuidado e depois colados, os fragmentos mostraram constituir uma patena, o prato precioso que era colocado sob o queixo do fiel para evitar que algum fragmento do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Eucarístico pudesse cair no chão.





A jazida arqueológica de Cástulo, local do achado
A jazida arqueológica de Cástulo, local do achado.

 As patenas de séculos mais recentes costumavam ser de ouro ou folheadas a ouro. Outras tinham delicadas gravações com simbolismos eucarísticos.

A riqueza desta humilde peça da cerimônia da Comunhão, na Missa ou fora dela, manifestava a fé de que Jesus está verdadeiramente presente, transubstanciado na hóstia consagrada.

 No caso de Cástulo, a patena é de delicado vidro verde, tem 22 cm de diâmetro por 4 cm de profundidade, 2 milímetros de espessura e pesa apenas 175 gramas. Ela pôde ser reconstituída em 81%.

Nela, distingue-se pintada a imagem de três personagens com auréolas. No centro, aparece em majestade um Cristo imberbe, de cabelo curto e encaracolado, segurando uma grande cruz em uma mão e um Livro Sagrado aberto na outra. Ao seu lado, dois apóstolos, que poderiam ser Pedro e Paulo.

Os primeiros cristãos tentaram sempre representar Nosso Senhor Jesus Cristo com os traços mais nobres e elevados que conseguiam imaginar.

E, na patena de Cástulo, Jesus é representado como os mais altos personagens do poderoso Império Romano. 

                         Cástulo: exemplo de piso romano de mosaico.
                      Cástulo: exemplo de piso romano de mosaico.




































A alta aristocracia das famílias patrícias romanas se barbeava regularmente – fato estranho nas classes inferiores –, usava cabelos curtos, tinha por natureza cabeleiras encaracoladas e se vestia com togas senatoriais, distintivas de sua muito alta posição social, como usa o Cristo da patena.

Representações análogas se encontram nas catacumbas de Roma.

Segundo Castro, o modelo artístico usado denomina-se “alexandrino” e é próprio de uma era remota do Cristianismo. Precisamente da época em que estava saindo da clandestinidade, após séculos de perseguições e um número incontável de martírios.

“Este modelo seria abandonado mais adiante na tradição cristã e se daria preferência a outras formas de representar a Cristo. Mas ele está presente nos primeiros momentos do Cristianismo”, explicou o chefe dos trabalhos.
As patenas feitas de vidro de maior qualidade, como a de Cástulo, provinham ao que tudo indica de Ostia, perto do Roma, onde ficavam os melhores ateliês de trabalhos em vidro. De bom valor, o vidro não tinha se generalizado como em séculos recentes.

Há no mundo poucas peças similares, como um cálice exibido no Museu do Louvre e um vidro dourado no Toledo Museum of Art de Ohio, nos EUA.

As gravuras chamam a atenção pelo seu maravilhoso estado de conservação após 1.600 anos em que a patena fragmentada ficou enterrada, observou o jornal “El Mundo” de Madri.

Quando os cientistas começaram a se fazer uma ideia sólida do inigualável tesouro histórico que tinham em mãos, eles tiveram medo, segundo disseram.



Patena eucarística recuperada em Cástulo, Espanha, com Cristo em Majestade e Apóstolos.
Patena eucarística recuperada em Cástulo, Espanha, com Cristo em Majestade e Apóstolos.
 






























Os arqueólogos estavam achando que o prédio estava “a meio caminho entre as catacumbas, as casas clandestinas de culto e as primeiras arquiteturas cristãs de Roma”.

Pois o Cristianismo foi uma religião clandestina, vítima das terríveis perseguições romanas dos séculos II e III.

Entretanto, em meio a tantas dificuldades, os cristãos de Cátulo nada poupavam para proteger a Santíssima Eucaristia de qualquer imprevisto.

Por causa das perseguições, a representação do Filho de Deus era feita com alegorias hoje bem conhecidas: por exemplo, o peixe, cujo acróstico em grego significa “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.

Somente no século IV – após o glorioso edito de Milão do ano 313, do imperador Constantino, convertido miraculosamente ao Cristianismo – a religião católica foi autorizada e seu culto tornado oficial do Império.

A patena recuperada coincide com esse momento histórico. E então Jesus Cristo é representado em majestade, vencedor das perseguições, triunfante.

Os Santos Apóstolos Pedro e Paulo – ou mais provavelmente eles – são representados juntos com Jesus no mesmo estilo. Eles carregam um pergaminho – “o rotulus legis”, símbolo do Evangelho e da missão de pregar – e também usam togas, não têm barba e outras características que se afirmaram em séculos posteriores.

A cena tem como fundo o orbe celeste emoldurado entre palmeiras, que na iconografia católica representam a imortalidade e o Céu.

Também está representado o Alfa e o Ômega, o principio e o fim, símbolo da imortalidade, da realeza e da divindade majestosa de Cristo Rei. “Eu sou o Alfa e o Ômega – diz o Senhor Deus – Aquele que é e que era e há de vir, o Todo-poderoso” (Apocalipse 1, 8).



Reconstituição da imagem. Cristo em majestade no centro com a Cruz e os Evangelhos. São Pedro e São Paulo aos lados recebendo a missão de pregar.
Reconstituição da imagem. Cristo em majestade no centro com a Cruz e os Evangelhos.
São Pedro e São Paulo aos lados recebendo a missão de pregar.
Tertuliano, Padre da Igreja, falou de cálices e patenas decorados com a figura do Bom Pastor no século III. E no ‘Liber Pontificalis’, obra que compila as biografias dos primeiros Papas, se faz referência a patenas de vidro durante o papado de Ceferino, nos séculos II e III.

No século IV, uma disposição do Papa Urbano I ordenou que cálices e patenas só fossem de metais nobres como ouro e prata, além de pedras preciosas como ornamento.

É assim que na patena de vidro de Cástulo, observa o jornal “ABC”, de Madri, podemos adorar uma das mais antigas representações iconográficas de Nosso Senhor Jesus Cristo de que se tem notícia.

Emociona considerar a fé daqueles primeiros fieis católicos, que iam saindo das catacumbas e consagravam o melhor de seu pecúlio para honrar dignamente o cerimonial que rodeia a Eucaristia.

Quanta diferença com certas coisas que se veem e se ouvem hoje em dia!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

DOE SANGUE E SALVE VIDAS



Orientações para doadores de sangue  Há critérios que permitem ou que impedem uma doação de sangue, que são determinados por normas técnicas do Ministério da Saúde, e visam à proteção ao doador e a segurança de quem vai receber o sangue.

O doador deve...- trazer documento oficial de identidade com foto (identidade, carteira de trabalho, certificado de reservista, carteira do conselho profissional ou carteira nacional de habilitação);
- estar bem de saúde;
- ter entre 16 (dos 16 até 18 anos incompletos, apenas com consentimento formal dos responsáveis) e 69 anos, 11 meses e 29 dias;
- pesar mais de 50 Kg;
- não estar em jejum; evitar apenas alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação.

Impedimentos temporários - Febre- Gripe ou resfriado- Gravidez
- Pós-parto: parto normal, 90 dias; cesariana, 180 dias- Uso de alguns medicamentos- Pessoas que adotaram comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis

 
Cirurgias e prazos de impedimentos 
- Extração dentária: 72 horas
- Apendicite, hérnia, amigdalectomia, varizes: três meses
- Colecistectomia, histerectomia, nefrectomia, redução de fraturas, politraumatismos sem seqüelas graves, tireoidectomia, colectomia: 6 meses
- Ingestão de bebida alcoólica no dia da doação
- Transfusão de sangue: 1 ano
- Tatuagem: 1 ano
- Vacinação: o tempo de impedimento varia de acordo com o tipo de vacina

Impedimentos definitivos- Hepatite após os 10 anos de idade
- Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: hepatites B e C, Aids (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas
- Uso de drogas ilícitas injetáveis
- Malária 

Intervalos para doação - Homens: 60 dias (até 4 doações por ano)- Mulheres: 90 dias (até 3 doações por ano)

Doe sangue com responsabilidade 
Você sabe o que é
janela imunológica? É o período entre a contaminação da pessoa por um determinado agente infeccioso (HIV, hepatite...) e a sua detecção nos exames laboratoriais.

No período da janela imunológica, os exames são negativos, mas mesmo assim o sangue doado é capaz de transmitir o agente infeccioso aos pacientes que o receberem.

A sinceridade ao responder as perguntas do questionário que antecede a doação é importante para evitar a transmissão de doenças aos pacientes.

Nunca doe sangue se você quiser apenas fazer um exame para Aids. Neste caso, procure um Centro de Testagem Anônima e gratuita. 

Informe-se pelo Disque-Saúde: 0800-61-1997 ou pelos Centros de Testagem Anônima.

Cuidados pós-doação
- Evitar esforços físicos exagerados por pelo menos 12 horas
- Aumentar a ingestão de líquidos
- Não fumar por cerca de 2 horas
- Evitar bebidas alcóolicas por 12 horas
- Manter o curativo no local da punção por pelo menos de quatro horas
- Não dirigir veículos de grande porte, trabalhar em andaimes, praticar paraquedismo ou mergulho

Em caso de dúvidas, entrar em contato com o Serviço de Hemoterapia do INCA pelo telefone (21) 3207-1580 / 3207-1021 e 3207-1058.

Dúvidas mais frequentes
Local e horário para doação:
Hospital do Câncer I (Unidade Hospitalar do INCA)
Praça Cruz Vermelha, 23 / 2° andar - Centro - Rio de Janeiro
Horário: segunda a sexta-feira das 7h30 às 14h30
sábados das 8h às 12h
Para doação de plaquetas é necessário agendar horário pelo telefone (21) 3207-1064


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