domingo, 24 de agosto de 2014

Arcebispo de Mosul: “Perdi minha Diocese para o Islã – Vocês no Ocidente também serão vítimas dos muçulmanos”

Igreja Ortodoxa Armênia em Raqqa, Síria, atualmente escritório do ISIS.

Nossos sofrimentos de hoje são o prelúdio daqueles que vocês, europeus e cristãos ocidentais, também sofrerão no futuro próximo. Perdi minha diocese. O local físico do meu apostolado foi ocupado por radicais islâmicos que nos querem convertidos ou mortos. Porém, minha comunidade ainda está viva. 
Por favor, tentem nos compreender. Aqui os seus princípios liberais e democráticos não valem coisa alguma. Vocês devem considerar novamente a nossa realidade no Oriente Médio, porque vocês estão acolhendo em seus países um número cada vez maior de muçulmanos. Vocês também estão em perigo. Vocês devem tomar decisões fortes e corajosas, mesmo ao custo de contradizer os seus princípios. Vocês pensam que todos os homens são iguais, mas isso não é verdade: o Islã não diz que todos os homens são iguais. Os seus valores não são os deles. Se vocês não compreenderem essa realidade o suficiente, vocês se tornarão as vítimas do inimigo que acolheram em sua casa.
Dom Amel Nona
Arquieparca Católico Caldeu de Mosul, atualmente exilado em Erbil

ABRA O OLHO OCIDENTE!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

DIA DO PADRE



O santo padroeiro dos presbíteros
 Cardeal Orani Tempesta

 

Ao proclamar o Ano Sacerdotal, o Papa emérito Bento XVI escreveu uma carta em 16 de junho de 2009, com muitos pensamentos sobre o patrono dos Párocos, que passo a resumir em alguns tópicos.  



Com a sua fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus crucificado, João Maria Vianney alimentou a sua quotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja, recorda Bento XVI
“O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”, costumava dizer São João Maria Vianney, o santo patrono de todos os párocos do mundo, que no dia 4 de agosto celebramos sua memória.
A tocante afirmação do Santo Cura d’Ars permite evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os sacerdotes não só para a Igreja, mas também para a própria humanidade.
Consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo, ele dizia: “Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Jesus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”.

Modelo dos presbíteros

Quantos presbíteros, ao longo dos tempos, a exemplo do Santo Cura d’Ars propõem, humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de “amigos de Cristo”, por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?

Grandeza do sacerdócio

Santo Cura d’Ars falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: “Oh como é grande o padre! Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia”. E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: “Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Depois de Deus, o sacerdote é tudo!”.
Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal do santo pároco, podem parecer excessivas, porém revelam a sublime consideração que ele tinha pelo sacramento do sacerdócio.  Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: “Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a Terra, morreríamos: não de susto, mas de amor”.
Santo Cura d’Ars explicava que o padre não era padre para si mesmo, mas para todos, porque o ministério sacerdotal estava ligado à paixão do Senhor. “Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teriam servido para nada. É o padre que continua a obra da redenção sobre a Terra. O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens”, dizia.

Presença sagrada

O Santo pároco ensinava os seus paroquianos sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus na Eucaristia. “Para rezar bem – explicava-lhes o Cura –, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no tabernáculo sagrado: abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela Sua presença sagrada. Esta é a melhor oração”.
Na educação dos fiéis para a presença eucarística e para a comunhão, afirmava: “Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do sacrifício da missa, porque ela é obra de Deus”. Ele era convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da missa: “É de lamentar um padre que celebra a missa como se fizesse uma coisa ordinária! Mas como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!”.

Sacramento do amor

Na França, no tempo do Santo Cura d’Ars, a confissão não era frequente, pois a tormenta revolucionária tinha longamente sufocado a prática religiosa. Ele procurou de todos os modos, com a pregação e o conselho persuasivo, fazer os seus paroquianos redescobrirem o significado e a beleza da penitência sacramental, apresentando-a como uma exigência íntima da presença eucarística. Disponível para ouvir e perdoar, a multidão crescente dos penitentes, primeiro da cidade e depois provenientes de toda a França, o deixava retido no confessionário até por 16 horas por dia. Dizia-se então que Ars tinha se tornado ‘o grande hospital das almas’. “Não é o pecador que regressa a Deus para Lhe pedir perdão, mas é o próprio Deus que corre atrás do pecador e o faz voltar para Ele. O bom Salvador é tão cheio de amor que nos procura por todo lado”, dizia.

Vocação e missão

Ao ser enviado a Ars, uma pequena aldeia com 230 habitantes, o bispo tinha lhe precavido sobre a precária situação religiosa do lugar: “Naquela paróquia, não há muito amor de Deus”.

O Santo Cura era tão convencido da sua pessoal inaptidão a ponto de ter desejado diversas vezes subtrair-se às responsabilidades do ministério paroquial, pois que se sentia indigno. Mas, com exemplar obediência, ficou sempre no seu lugar, porque o consumia a paixão apostólica pela salvação das almas, aderindo totalmente à própria vocação e missão.
“Meu Deus, concedei-me a conversão da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!” Foi com esta oração que começou a sua missão.
Residindo na própria igreja onde todos o encontravam, soube ‘habitar’ ativamente em todo o território paroquial: visitava sistematicamente os doentes e as famílias; organizava missões populares e festas dos patronos; recolhia e administrava dinheiro para as suas obras sócio-caritativas e missionárias; embelezava a sua igreja e dotava-a de alfaias sagradas; ocupava-se das órfãs e das suas educadoras; tinha a peito a instrução das crianças; fundava confrarias e chamava os leigos para colaborar com ele.
Dessa forma, o Cura d’Ars, em seu tempo, soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor. 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ