quinta-feira, 14 de maio de 2015

Cronologia Universal das Mentiras e Sabotagens Protestantes

Por Fernando Nascimento


Uma vez protestante, ensinava Lutero: "Que mal pode causar se um homem diz uma boa e grossa mentira por uma causa meritória e para o bem da Igreja (luterana)." (Grisar, Hartmann, S.J., Martin Luther, His life & work, The Newman Press, 1960- pág 522).

O teólogo e humanista Erasmo de Rotterdam (1467-1536), amigo contemporâneo de Lutero, assim chegou a se expressar diante da vil conduta do pai do protestantismo: "Revelarei a todos que mestre insigne és em falsificar, exagerar, maldizer e caluniar. Mas já toda gente o sabe... Na tua astúcia sabes torcer a própria retidão, desde que o teu interesse o requeira. Conheces a arte de mudar o branco em preto e de fazer das trevas luz". (Grisar, Luther, II, 452 e ss, apud Franca, IRC: 200, nota 96)

Diante de tamanho testemunho que comprova a aversão de Lutero à verdade, vejamos então as maiores mentiras e sabotagens históricas protestantes, forjadas ao longo de 496 anos contra a Igreja Católica:

1520 – Inventam a primeira mentira contra o celibato: Lutero no final de 1520, fez uso de uma notória fábula para macular o bispo Ulrich, de Augsburg, publicando-a em Wittemberg com seu prefácio. Essa publicação pretendia ser uma efetiva arma contra o celibato dos padres e religiosos. Nessa carta  o bispo Ulrich é representado narrando como cerca de 3000 (de acordo com outros, 6000) cabeças de crianças que teriam sido descobertas num reservatório de água do convento de freiras de São Gregório em Roma. (...) (Jerome) Emser desafiou Lutero a publicar essa questionável carta, e ele respondeu que não confiava muito nela. (sic!) Todavia, graças a seu patrocínio, a fábula pôde continuar sua destruidora carreira e foi zelosamente explorada. (Grisar, Hartmann, S.J., Martin Luther, His life & work, The Newman Press, 1960 pág. 177).

1525 – Adulteram a Bíblia colocando o termo “significa” onde Jesus diz que “É” seu corpo: o reformador suíço Zuinglio muda a Bíblia para acomodar sua heresia contra a presença real de Cristo na eucaristia: onde os Evangelhos e São Paulo dizem "isto é o meu corpo", o heresiarca traduz por "isto significa o meu corpo"! A respeito, comenta outro protestante: "Não é possível de modo algum excusar este crime de Zuinglio; a cousa é por demais manifesta;(...) ." (Conr. Schluesselburg, Theologia calvinista, Francofurte, a M. 1592, 1. 2, f. 43 b.), escreve ainda o mesmo autor: "Não o podeis negar nem ocultar porque andam pelas mãos de muitos os exemplares dedicados por Zuinglio a Francisco, rei de França, e impressos em Zurique no mês de março de 1525, in 8o. Na aldeia de Munder, na Saxônia, no ano 60 eu vi na casa do reitor do colégio, Humberto, não sem grande maravilha e perturbação, exemplares da Bíblia alemã, impressas em Zurique, onde verifiquei que as palavras do Filho de Deus haviam sido adulteradas no sentido dos sonhos de Zuinglio. Em todos os quatro lugares (Mt., 26; Mc., 14; Lc., 22; I cor., 11) em que se referem as palavras da instituição do Filho de Deus, o texto achava-se assim falseado: Das bedeutet meinen Leib, das bedeutet meinen Blut, isto significa o meu corpo, isto significa o meu sangue." (Conr. Schluesselburg, op. cit. f. 44 a.) (citações em padre Leonel Franca, op. cit., pág. 211).

As posteriores edições protestantes foram impressas corrigindo essa sabotagem de Zuinglio, que foi inclusive denunciado por Lutero, pois Lutero levantou-se contra o tal dizendo: ” ’é’ não pode ser traduzido por 'significa'”. (Uma Confissão a respeito da Ceia de Cristo - Von Abendmahl Christi, Bekenntnis WA 26, 261-509, LW 37. 151-372, PEC 287-296. - SASSE, H. Isto é o meu Corpo, p. 107).

Infelizmente, por causa do estrago causado pela falsificação de Zuinglio, a maioria dos protestantes continuam a ensinar erroneamente que o pão e o vinho consagrados, “significam” o corpo e sangue de Cristo. Sendo assim eles comem e bebem indignamente a própria condenação, como bem diz as Escrituras: “Examine-se, pois, a si mesmo o homem, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque aquele que o come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor." (1Cor 11, 28-29)

1540 – plantam a mentira que a Igreja é contra a ciência: um pastor protestante sabotou a obra do padre Copérnico sobre o heliocentrismo, em sua dedicatória ao Papa. Isso ajudou os protestantes mais tarde a propalarem falsamente que os papas eram contra o heliocentrismo. Naquele ano, o astrônomo Rheticus enviou para publicação o livro completo de Copérnico, De Revolutionibus ("As Revoluções"), cujo primeiro exemplar chegou às mãos de Copérnico em leito de morte, em 1543. Provavelmente não teve consciência de que o seu prefácio, dedicado ao Papa Paulo III, fora substituído por outro, anônimo, de Andreas Osiander (1498-1552), um pastor Luterano interessado em Astronomia, em que insistia sobre o caráter hipotético do novo sistema. Esse pastor também modificou o nome da obra para De Revolutionibus Orbium Coelestium ("As Revoluções do Orbe Celeste"). No livro, que tinha o texto já aprovado pelo Papa, Copérnico declarava e provava matematicamente que a Terra cumpria "uma revolução em torno do Sol, como qualquer outro planeta”. 


Essa dedicatória omitida, acaba por colaborar com a falsidade que circula até hoje dizendo que os Papas eram contra a ciência. Não existiria essa falsidade se o prefácio da obra de Copérnico não tivesse sido criminosamente removido na gráfica por um pastor luterano.

Quem na verdade era contra Copérnico e a ciência, a qual chamava de “razão”, era Lutero, que assim se expressava: “O abade Copérnico surgiu, pretendendo que a terra girasse em torno do Sol.” - Lutero deu de ombros -“Lê-se na Bíblia que Josué deteve o Sol; não foi a Terra que ele deteve. Copérnico é um tolo.” (Funck-Brentano, Martim Lutero, Casa Editora Vecchi, 1956, 2a. ed. Pág. 145).

Deste modo Lutero via a ciência: “A razão é a prostituta, sustentáculo do diabo, uma prostituta perversa, má, roída de sarna e de lepra, feia de rosto (sic), joguemos-lhe imundícies na face para torná-la mais feia ainda.” (Funck-Brentano, Martim Lutero, Casa Editora Vecchi, 1956, 2a. ed. Pág. 217).

Hoje o que vemos, são alguns protestantes e outros inimigos da Igreja, desonestamente querendo inverter os papéis, a caluniar que a Igreja é que é a “inimiga da ciência”. A história universal advoga contra estes.

1546 – Forjam a mentira da fixação das teses de Lutero: após a morte de Lutero, Melanchthon inventa a lenda em que Lutero teria fixado 95 teses contra a Igreja, no pórtico da igreja do castelo de Wittenberg. Os historiadores Gottfried Fitzer, Erwin Iserloh e Klemens Houselmann negam que isso tenha ocorrido. Do relato de Johannes Schneider, um criado de Lutero, é que se extraiu de maneira errada a notícia da afixação das teses. Não é encontrado, em seu manuscrito, nenhuma referência a este fato. Lê-se apenas: "No Ano de 1517, Lutero apresentou em Wittenberg-sobre­ o Elba, segundo a antiga tradição da universidade, certas sentenças para discussão, porem modestamente e sem haver desejado insultar ou ofender alguém." Ou seja, aquilo não passava de reles tese estudantil que até defendia o Papa, mas com alguns erros teológicos cometidos pelo autor, que foi em pouco tempo corrigido. (FITZER, Gottfried. Was Luther wirklich sagte, Verlag Fritz Molden, Wien-Muchen-Zurique, 1968.)

1546 – Plantam a mentira “a Igreja vendia lugares no céu”: esse embuste acusava o Papa de estar vendendo indulgências para construir a Basílica de São Pedro. Tudo falsidade que se desfaz mediante simples leitura das teses de Lutero, especialmente a de nº 50, que diz: “Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.” As acusações de que o perdão dos pecados foi vendido por dinheiro, independentemente de contrição, ou que a absolvição de pecados a ser cometidos no futuro poderiam ser comprados são infundadas. (Paulus,"Johann Tetzel", 103). Tetzel ", 103).

O que aconteceu de fato em 1517, foi a desobediência de um monge isolado, numa distante cidade alemã, longe do conhecimento do Papa em Roma, que teria cobrado pelas indulgências que são dadas gratuitas pela Igreja. Este monge era o Johann Tetzel, o mesmo foi punido disciplinarmente e morreu de desgosto adiante, inclusive sendo consolado magnanimamente por Lutero que antes o havia injustamente acusado de ter dito que uma indulgência comprada perdoaria até quem “violasse a mãe de Deus.”

Uma outra falsa frase que ilustra ainda hoje panfletos difamatórios diz: "Tão logo o dinheiro no cofre tilintar, a alma do purgatório sairá voando". A Bula Papal de indulgência não deu qualquer sanção para essa proposição. Foi uma opinião escolar vaga, refutada em 1482, e novamente em 1518, e certamente não é uma doutrina da Igreja, que foi assim indevidamente apresentada por difamadores como “verdade dogmática”. (consulta: Ludwig von Pastor , A História dos Papas, a partir do final da Idade Média, Francisco Kerr Ralph, ed., 1908, B. Herder, St. Louis, Volume 7, pp 347-348.)

1553 – Inventam a mentira que a Igreja proibiu a Bíblia: essa mentira dá conta que, o Papa Júlio III teria convocado três bispos que teriam optado por proibir a leitura da Bíblia visando “manter” a autoridade da Igreja. O autor desta farsa foi Pier Paolo Vergério (1498-1565), um protestante, grande inimigo da Igreja. O falsário na época, deu um jeito de colocar tal falsidade escrita dentro da Biblioteca Nacional de Paris, para dar-lhe ares de veracidade.

Recentemente o apologista católico Oswaldo Garcia deu-se ao trabalho de verificar isso junto àquela biblioteca e recebeu a seguinte informação: "O texto que procurais é uma crítica em estilo satírico, dirigida ao Papado e publicada em 1553 com o título "Consilium quorumdam apiscoporum Bononiae Congregatorum quod de ratione stabiliendae Romanae Ecclesiae Iulio III P.M. datum est". O seu autor Pier Paolo Vergério (1498-1565) Bispo de Modruch, e, depois, de Capo d'Istria, aderiu posteriormente à reforma protestante em 1549 aproximadamente, põe em cena Bispos que prestam conselho ao Papa Júlio III sobre a maneira de restabelecer a autoridade pontifícia". Às pessoas que interpelam esta instituição a respeito da autenticidade do documento, a biblioteca tem respondido: "É impossível que tal documento seja obra de alguma autoridade da Igreja Católica." Por sugestão do Garcia, esta informação foi publicada na revista "Pergunte e Responderemos" de novembro/2006, n. 533.

Veja, agora, uma norma católica de 1480, anterior à Revolta protestante, que por si só, seria suficiente para encerrar essa lenda que apregoa que a Igreja seria contra a Bíblia:

"Todos os cristãos devem ler a Bíblia com piedade e reverência, rezando para que o Espírito Santo, que inspirou as Escrituras, capacite-os a entendê-las... Os que puderem devem fazer uso da versão latina de São Jerônimo; mas os que não puderem e as pessoas simples, leigos ou do clero ... devem ler a versão alemã de que agora se dispõe, e, assim, armarem-se contra o inimigo de nossa salvação"(The publisher of the Cologne Bible [1480] ).

Bibliografia:
- Adolphe-Charles Siegfried, La Via et le travaux de Pierre-Paul Vergerio. Thése presentée [...] pou obtenir le grade de bachelier en théologie à la Faculté de théologie protestante de Strasbourg, Strasbourg, imprimerie de Vve Berger-Levrault, 1857

- Ugo Rozzo (a cura di), Pier Paolo Vergerio Il Giovane, um polemista attaterso l'Europa del Cinquecento, Atti del Convegnho intternazionale di studi, Forum Edizioni,2000.

1563 – Inventam a mentira que a Igreja teria acrescentado sete livros à Bíblia: era o final do Concílio de Trento, essa mentira foi plantada para desacreditar a Igreja e aquele Concílio feito para enfrentar a rebelião protestante. Sobre a Bíblia, tudo que houve neste concílio foi a pura confirmação do cânon dos 73 livros reafirmados nos concílios anteriores. Para desmascarar os propagadores dessa mentira basta mostrar-lhes que Santo Agostinho, no ano 397, em sua obra “Sobre a Doutrina Cristã, livro 2, cap. 8, 13” já aparece citando o cânon Bíblico de 73 livros : "... O cânon inteiro da Bíblia é o seguinte: os cinco livros de Moisés, ou seja, Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, ...Tobias, Éster e Judite, e os dois livros de Macabeus , ... , Sabedoria e Eclesiástico, ... Baruque, ..."

Na verdade os protestantes é que posteriormente arrancaram sete livros da Bíblia, as Bíblias dos reformadores continham os 73 livros, o próprio Lutero os traduziu na sua edição da Bíblia datada de 1534. Foi somente no século XIX que as Sociedades Bíblicas protestantes deixaram de incluir nos seus exemplares da Bíblia os sete livros deuterocanônicos.

Para confirmar de vez a mentira e a grave mutilação Bíblica feita pelos protestantes, basta conferir os livros da Bíblia de Gutemberg, impressa antes da reforma protestante e quase um século antes do Concílio de Trento, pois os livros Tobias, Judite, 1 Macabeus, 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico eBaruque que eles arrancaram estão lá. Este é o link direto, onde você pode ver escaneados todos os livros da Bíblia de Gutenberg e seu catálogo:

http://prodigi.bl.uk/treasures/gutenberg/search.asp

Você poderá também, visitar a Biblioteca Nacional – Sede: Av. Rio Branco, 319 – Rio de Janeiro – CEP 20040-009 – Tel.: 55 21 3095 3879.

1563 – Chamam “apócrifos” os livros sagrados que excluíram das bíblias protestantes: essa manobra foi feita para justificar a exclusão dos sete livros: Tobias, Judithe, Sabedoria, I Macabeus, II Macabeus, Eclesiástico e Baruque, que contrariavam a recém criada religião protestante. Esses livros faziam parte da Bíblia Septuaginta usada pelos apóstolos, e vários destes foram encontrados integrando os escritos cristãos primitivos achados em 1947 no Mar Morto. Ao contrário do que dizem os protestantes, “Apócrifo” sempre significou: escritos de assunto sagrado não incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas. (Dicionário Enciclopédia. Encarta 99). Ou seja, “apócrifos” são os livros que ficaram fora do Cânon da Igreja Católica no século 4. Fica evidente que os protestantes para mais uma vez caluniarem a Igreja Católica, simplesmente resolveram chamar de “apócrifos”, os Livros Sagrados que começaram a rejeitar no século 16.

1685 – Criam a lenda de que o protestantismo teria surgido no dia da falsa fixação das teses de Lutero: como seria possível isso se Lutero ainda era católico e defendia o Papa naquelas teses, dizendo entre muitos outros muitos elogios: “Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.”(Tese nº 9).
Na verdade, foi ao final do século XVII, contexto da expansão militar de Luís XIV (que revogou o Édito de Nantes em 1685), que se começou a celebrar nos meios protestantes o dia de lançamento das teses de Lutero como um “marco de ruptura” com Roma. (Alexander Martins Vianna, Professor do Departamento de História da FEUDUC-RJ).

1819 – Caluniam que um “padre” traduziu a bíblia protestante para o português: no maior “conto do vigário” da história, João Ferreira de Almeida, um protestante adolescente de 16 anos de idade, de origem portuguesa (que não era padre coisa nenhuma, mas usava esse título para ganhar credibilidade), afirmava ter feito a primeira tradução em língua portuguesa da Bíblia, diretamente dos originais em hebraico e grego, o que não é verdade.

Este, nunca teve a mão os originais da bíblia, mas, escritos do séc. XVI. Também valeu-se de traduções católicas em vários idiomas, como atesta a Enciclopédia Wikipédia: “João Ferreira de Almeida lançou-se num enorme projecto: a tradução do Novo Testamento para o português usando como base parte dos Evangelhos e das Cartas do Novo Testamento em espanhol da tradução de Reyna Valera, 1569. Almeida usou também como fontes nessa tradução, as versões: Latina (de Beza), Francesa [Genebra, 1588] e Italiana [Diodati 1641] - todas elas traduzidas do grego e do hebraico. O trabalho foi concluído em menos de um ano quando Almeida tinha apenas 16 anos de idade.”

 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Ferreira_de_Almeida

A tradução do NT do adolescente João Ferreira tinha tanto erro, que os revisores passaram quatro anos tentando corrigir o que ele fez em menos de um. Ele morreu em 1691, sem completar o VT, e outro continuou a desastrada missão. Antes de morrer, João Ferreira publicou uma lista de mais de mil erros em seu Novo Testamento, e Ribeiro dos Santos afirma serem mais. (Ribeiro dos Santos foi um importante historiador do protestantismo brasileiro. Ele era pastor presbiteriano).

Só em 1819 a bíblia completa de João Ferreira de Almeida foi publicada em um só volume pela primeira vez, com o título: “A Bíblia Sagrada, contendo o Novo e o Velho Testamentos, traduzida em português pelo Padre João Ferreira de Almeida, ministro pregador do Santo Evangelho em Batávia.(...)” .

Note que 128 anos depois da morte de João Ferreira, o continuaram chamando de “padre” no prefácio para agregar credibilidade a tal bíblia errática. Esta edição foi mais tarde reimpressa com a ressalva: “EDIÇÃO REVISTA E CORRIGIDA”, e depois novamente com: “ALMEIDA CORRIGIDA E FIEL”. Tais avisos significam, em bom português, que as edições anteriores estão sempre erradas.

1836 – Inventam a “Noite de São Bartolomeu” contra a Igreja: o alemão Giacomo Meyerbeer (1791- 1864 ) forja em 1836, uma ópera intitulada “Les Huguenotes” onde numa farsa musical, atribui a morte de protestantes (chamados huguenotes), envolvidos em brigas políticas como os reis em 1572, à Igreja Católica. Deram a esse episódio político o nome de “Noite de São Bartolomeu”, para sutilmente o vincularem a Igreja. Porém, não foi a Igreja e nem o Papa, e nem o alto clero francês que determinaram aquele massacre. Seria preciso lembrar que, antes, os protestantes haviam feito outros massacres de católicos, assassinado o Duque Francisco de Guise, destruído igrejas e profanado muitas vezes hóstias consagradas e destruído imagens. Os huguenotes eram uma bem pequena fração dos franceses, mas nessa minoria ínfima, se contavam inúmeros príncipes e personagens muito importantes que armavam os protestantes. Nesta tardia ópera, forjada 264 anos após os fatos, Meyerbeer vergonhosamente colocava o cardeal de Lorena, que no momento do massacre estava em Roma, a abençoar em Paris os punhais destinados à matança. Se a Igreja Católica de fato tivesse tido parte nisto, em 1593, o líder protestante huguenote, Henrique IV, que escapou do citado massacre, não teria se convertido voluntariamente e definitivamente ao Catolicismo. Consultas: DEVIVIER, Pe. W., SJ. Curso de Apologética Christã, 3ª ed., São Paulo: Melhoramentos, 1925, pp. 426-429; Enciclopédia Microsoft Encarta 99.

1858 – Inventam a mentira que as doutrinas católicas têm origens pagãs: o ministro protestante escocês Alexander Hislop, publica o mentiroso livro "A Duas Babilônias", onde alega que a religião da antiga Babilônia, sob a liderança do Nimrod e sua esposa, recebeu mais tarde disfarces de sonoridade cristã, transformando-se na Igreja Católica Apostólica Romana. Com efeito, existiriam duas "Babilônias": uma antiga e outra moderna (a Igreja Católica). É deste livro que dimanam os insultos protestantes que caluniam que as doutrinas católicas são pagãs, desde a hóstia até a celebração do Natal. Ainda hoje os vemos com tal insulto na ponta da língua.

Recentemente, o pastor, Ralph Woodrow, escritor protestante, reconheceu as acusações infundadas e retirou das livrarias e substitui seu livro que se baseava nas mentiras de Alexander Hislop. Aponta Ralph Woodrow: "É impressionante como ensinamentos infundados como esses circulam e se tornam críveis. Qualquer pessoa pode ir a qualquer biblioteca e consultar qualquer livro sobre a história antiga da Babilônia: nenhuma destas coisas poderá ser encontrada. Essas afirmações não possuem fundamento histórico; ao contrário, são baseadas em um monte de peças de quebra-cabeças sobre mitologia juntadas arbitrariamente.” (Confira em: http://www.ukapologetics.net/1hislopbaby.html )
Para entender as doutrinas católicas, bastava estudarem a Bíblia e a Patrística.

1883 – Forjam um sanguinário juramento e os atribuem aos jesuítas, para posar de perseguidos ao mundo: o escritor francês Charles Didier (1805-1864), forja em seu livro “Rome Souterraine”, um sanguinário “juramento” atribuindo-o aos jesuítas. Esse falso juramento, ainda mais carregado de brutalidades, continua sendo amplamente usado pelos protestantes em apostilas e na internet. No ano de 1912 no estado da Pensilvânia-EUA, eles o utilizaram alterado para ganhar uma eleição estadual contra o democrata católico, Eugene C. Bonniwell. Para ver a investigação que desmascarou a farsa, acesse:

http://fimdafarsa.blogspot.com/2011/06/o-juramento-dos-jesuitas-refutado.html

1962 – Reúnem todas as calúnias e lançam o livro “Catolicismo Romano” repleto de falsidades:o protestante presbiteriano Loraine Boettner (1901-1990), lança o livro “Catolicismo Romano” que era conhecido como “A bíblia do Anti-catolicismo”. O livro continha quatrocentos e cinqüenta páginas com todos os tipos de distorções e mentiras sobre a Igreja Católica. Ainda hoje muitos protestantes fazem uso das falsidades constante naquele livro. O ministro protestante Scott Hahn distribuiu este embuste. Scott Hahn converteu-se ao catolicismo, provando ser o conteúdo do livro uma farsa. O cd do seu testemunho de conversão atingiu o maior número de cópias distribuídas em todos os tempos. O seu testemunho pode ser acessado aqui:

http://www.legiomariae.kit.net/Canais/Apologetica/Protestantismo/testemunhoscot.htm

1963 – Aliam-se aos comunistas para injuriosamente fazer da Igreja Católica cúmplice do nazismo: o protestante Rolf Hochhuth, para macular o Papa Pio XII escreve a peça “O Vigário” (1963), onde criminosamente põe o Papa como colaborador de Hitler. Essa farsa culminou mais tarde no livro de John Cornwell, "O Papa de Hitler" (1999). Foi tudo de cabo a rabo uma criação da KGB. A operação foi desencadeada em 1960 por ordem pessoal de Nikita Kruschev. Pacepa foi um de seus participantes diretos. Entre 1960 e 1962 ele enviou a Moscou centenas de documentos sobre Pio XII. Na forma original, os papéis nada continham que pudesse incriminar o Papa. Maquiados pela KGB, fizeram dele um virtual colaborador de Hitler e cúmplice ao menos passivo do Holocausto. (leiam a história inteira aqui: 

http://www.nationalreview.com/articles/219739/moscows-assault-vatican/ion-mihai-pacepa ).

Desmoralizando estes difamadores: Albert Einstein (1879-1955), um refugiado do nazismo, e a primeira-ministra israelense Golda Meir (1898-1978), por exemplo, expressaram publicamente sua gratidão ao Santo Padre por salvar judeus do genocídio. Explicou à agência Zenit Gary L. Krupp, presidente da Fundação Judaica Pave The Way (PTWF): “Os judeus sobreviventes agradeceram pela oportunidade de saudar o Papa em alemão e italiano e de agradecer-lhe pela intervenção da Igreja Católica para salvar suas vidas durante a II Guerra Mundial.” (Fonte: http://www.zenit.org/article-18780?l=portuguese )

2003 – Lançam o filme “Lutero” recheado de mentiras e omissões: vendo o protestantismo definhar, tentam no cinema reabilitar Lutero, num tributo fantasioso ao pai da revolta protestante. Pois ainda que seus idealizadores tenham deixado de retratar fielmente a vida atribulada de Lutero, movidos claramente pela ideologia apaixonada que visou a reabilitação pública do monge alemão e o bem da Igreja luterana, usaram e abusaram do princípio escandaloso proposto pelo próprio Lutero: mentir a vontade, sem remorso, dizer boas e grossas mentiras! De antemão se sabia que o filme seria tendencioso, pois fora patrocinado por um fundo luterano milionário – Thrivent – bem como pela Federação Luterana. Mas o resultado ultrapassou em muito as piores perspectivas:

Do soberbo Lutero fizeram um religioso humilde, quando aquele na verdade dizia: "Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte [do poço de Jacó] de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: Que fez, então, com ela? Depois, com Madalena, depois, com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim, Cristo, tão piedoso, também teve que fornicar, antes de morrer". (Lutero, Tischredden, Conversas à Mesa, N* 1472, edição de Weimar, Vol. II, p. 107, apud Franz Funck Brentano, Martim Lutero, Ed Vecchi Rio de Janeiro 1956, p. 15).

Do infiel Lutero, fizeram um homem leal, quando aquele dizia: "Eu tive até três esposas ao mesmo tempo." (Lutero). Dois meses após ter dito isto, Lutero se casa com uma quarta mulher, uma freira. (Guy Le Rumeur, La révolte des hommes et l'heure de Marie 1981, apud Lex Orandi: La Nouvelle Messe et la Foi - Daniel Raffard de Brienne 1983).

Do assassino Lutero, fizeram um santo, quando aquele dizia: "Eu, Dr. Martim Lutero, durante a rebelião matei todos os camponeses, porque fui eu quem ordenou que eles fossem mortos. Todo o sangue deles está sobre minha cabeça. Mas eu o ponho todo sobre Deus Nosso Senhor; pois foi ele quem assim me mandou falar!" ("Tischredden", Ed. Erlangen, Vol. 59, p. 284)

Jesus edificou Sua única Igreja sobre Pedro apóstolo (Mateus 16,18), nos ensinou que o Diabo é o pai da mentira (João 8,44), e príncipe deste mundo (João 12,31; 14,30; 16,11). Também nos ensinou que Ele, Jesus, é a verdade o caminho e a vida (Jo 14, 6), que sua Igreja é a coluna e fundamento da verdade (1 Timóteo 3,15) e que seu reino não é desse mundo (Jo 18, 36).

Não sendo o reino de Jesus deste mundo e Sua Igreja nesse mundo, a coluna e fundamento da verdade que conduz a Seu Santo reino, é natural que o Diabo, príncipe deste mundo, atue por meio da mentira contra a Igreja, usando os mais inesperados meios para que as almas a odeiem e neste mundo permaneçam para sempre.

Isto se confirma pelo que você acabou de ler. Observe que são exatamente essas mentiras e sabotagens históricas que moldam o DNA do protestantismo, que passa muito longe de ter sido uma revelação divina.

Deus tenha piedade!

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Impérios Coloniais

Nota: Esse texto merece ser lido por todos que buscam um verdadeiro conhecimento de história!

Impérios Coloniais, de Marcelo Andrade – Parte 1, 2 e 3
Fonte: http://www.montfort.org.br
PREFÁCIO – A GUERRA HISTORIOGRÁFICA
 Entre as várias guerras que a Igreja Católica enfrentou e enfrenta, está a historiográfica.
Nesta luta historiográfica, os inimigos da religião se concentram em duas frentes: a da omissão e a da deturpação dos fatos históricos.
No primeiro caso temos como exemplo, a Irlanda, que tem uma história quase totalmente desconhecida porque revelaria o ódio protestante inglês contra os católicos irlandeses, que varreu séculos.
No segundo caso, temos, como exemplo, a “lenda” das colônias de exploração e de povoamento, cuja refutação é um dos objetivos deste estudo.
 1 – INTRODUÇÃO
 Os impérios coloniais europeus surgiram dentro do contexto das grandes navegações. Portugal foi a primeira nação a se aventurar no mar com objetivo de estabelecer colônias em áreas remotas, processo este iniciado no século XV. E a ele, seguiram-se outras nações, principalmente Espanha, Inglaterra, Holanda e França. O ciclo findou no século XX.
É verdade que a idéia de colonização já existia no mundo antigo, várias cidades gregas, por exemplo, fundaram colônias.  Mas, somente a partir do século XV foi possível o surgimento de impérios coloniais que varriam grandes extensões de terra sem contigüidade, que continham partes em porções isoladas nos continentes, com as comunicações entre a metrópole e a colônia realizadas por meio de longas navegações, nos mais variados mares.
Analisaremos sinteticamente os impérios coloniais da Inglaterra, Holanda, Espanha, Portugal e França, nesta ordem. E as análises dos dois primeiros formam uma “primeira parte” e as dos restantes uma “segunda parte”.
 2-  A “LENDA” DAS COLÔNIAS DE EXPLORAÇÃO E DE POVOAMENTO
Pela “lenda” das colônias de exploração e de povoamento, os Estados Unidos, Canadá etc. teriam sido colônias “de povoamento” e o Brasil e a América Latina etc. teriam sido “de exploração”.
Esta classificação foi feita por Leroy-Beaulieu no trabalho De La Colonisation Chez les Peuples Modernes, de 1874.
Tal visão obteve muito sucesso no Brasil e está quase onipresente nos livros escolares. O historiador marxista Caio Prado Junior, por exemplo, foi um dos adeptos e um dos grandes difusores dela.
A colonização de povoamento é classicamente conceituada como “o tipo de colonização onde os colonizadores povoavam e desenvolviam a terra”[1]
Segundo Caio Prado Junior, nelas o povoamento e a ocupação estão apartados dos objetivos comerciais e visavam refazer condições de existência similares ao “Velho Continente”. Elas não conheceram o latifúndio nem a escravidão, eram dominadas por pequenas propriedades e eram voltadas para o mercado interno.
A colonização por exploração, por sua vez, é um método onde prevaleciam os interesses mercantis, ou seja, a terra era utilizada somente para dar lucros à metrópole.[2] Era marcada por grandes propriedades, trabalho escravo e voltada para a exportação.
Por esta razão, a América do Norte seria rica e a América do Sul seria pobre.
Em que pese o “sucesso” desta visão, esta tese é tão simplista quanto errada e deve ser abandonada por completo.
Primeiro porque, como veremos, talvez nunca tenha havido nenhuma “colônia de povoamento” no sentido estrito, ora definido por Caio Prado.
Segundo porque o conceito aborda as colônias somente sob a ótica econômica, ignorando vetores religiosos e civilizacionais. Passa ao largo, também, da questão da moralidade do enriquecimento, já que se pode enriquecer tanto por meios ilícitos quanto por meios lícitos.
Terceiro porque ignora que as colônias possam ter tido uma mistura dos dois elementos. Não se pode explorar sem haver um mínimo de povoamento, por exemplo.
Quarto porque ignora as relações dos colonizadores com os povos autóctones. Assim, caso uma potência europeia tenha exterminado um povo local e feito um assentamento europeu, este teria sido de povoamento, o que o tornaria, por esse critério, bom.
Quinto porque não prova nenhum liame lógico entre a suposta causa “colônias de povoamento” efeito “nações desenvolvidas” e causa “colônias de exploração” efeito “nações subdesenvolvidas”. É feita apenas uma afirmação.
Sexto porque esta tese falsa apanha uma “fotografia” do presente econômico de um país e faz uma extrapolação ilógica para o passado. Deveria ser feita uma análise da riqueza na época da colonização e não na época atual. Ora, as riquezas mudam de mão com velocidade. Hoje a Coréia do Sul é mais rica que a Argentina, mas há 40 anos era o inverso.
Esta tese encontrou sucesso primeiro porque vai ao encontro da historiografia marxista (infelizmente predominante), por satisfazer a sua obsessão pelos “opressores e oprimidos”.
Segundo porque que esta tese também serve aos direitistas liberais e anglófilos, que defendem que a Inglaterra teria fomentado colônias de povoamento e pugnava pelo liberalismo econômico.
Terceiro porque atende bem a uma visão anticatólica da História. Portugal e Espanha foram potências católicas e a Inglaterra é protestante. Assim, como as duas primeiras nações teriam gerado “colônias pobres” e a segunda teria gerado “colônias ricas”. O catolicismo seria uma religião arcaica e/ou errada e o protestantismo seria uma religião da riqueza e do progresso.
Quarto porque procura dar uma resposta, ainda que errada, para os mais ingênuos acerca das razões pelas quais determinados países são pobres e outros são ricos.
Porém, a ordem dos fatos históricos depõe fortemente contra esta tese equivocada.
A História é contada pelos vencedores e, como a visão protestantizada e marxista do mundo vence, daí o sucesso de tal tese.
Mas, como diz um sábio ditado brasileiro: “o diabo ajuda a fazer, mas não ajuda a esconder”: os fatos demonstrarão a verdade.
Este é um tema que desperta muita polêmica e é alvo de muitos estudos. Normalmente há preconceito e desconhecimento da História. A maioria das pessoas repete chavões desgastados e bordões marxistóides.
 3- TEMAS RELACIONADOS COM OS IMPÉRIOS COLONIAS
 Antes de estudar os impérios em espécie, devemos abordar resumidamente alguns temas que se relacionam com as atividades imperiais.
 3.1- ESCRAVIDÃO NA ÉPOCA COLONIAL
A escravidão é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro, designado por escravo.[3] Na maioria das vezes, esta condição era obtida por força, mas houve exceções (veremos no decorrer deste trabalho alguns casos).
A Igreja Católica sempre lutou contra a escravidão, desde a carta de São Paulo a Filémon até o século XIX, época na qual terminou formalmente a escravidão no Mundo Ocidental[4]. Na Idade Média[5], houve condenações e por causa da atuação da Igreja Católica, a Europa se livrou deste flagelo.
Na época das Grandes Navegações, porém, a escravidão ressurgiu com força e a Igreja Católica a condenou novamente, como por exemplo, nas Bulas: Cum Sicuti(1591) de Gregório XIVCommissum Nobis(1639) de Urbano VIII e Immensa Pastorum (1741) de Bento XIV.
A similaridade das palavras inglesas “slav” (eslavo) e “slave” (escravo) não é coincidência, pois os muçulmanos e judeus faziam tráfico de escravos, na Idade Média, levando cativos da Europa oriental para o mundo muçulmano, para os califados de Bagdá e de Córdoba, por exemplo. Escravos brancos são “saqaliba” em árabe, o mesmo termo para eslavos (LEWIS, 2001, p. 235).
Os Vikings, também, na Época Moderna foram grandes fornecedores de escravos brancos para os muçulmanos. Na maioria das vezes, eram escravizados nas Ilhas Britânicas (HOFFMAN, 1993, p. 4).
Havia muita escravidão branca na época das Grandes Navegações. Entre 1530 e 1780, um milhão de escravos europeus serviam no norte da África (GALLAY et al. 2009, p. 11).
No século XVII, havia mais escravos ingleses na África que africanos escravizados na América (GALLAY et al., 2009, p. 11) e já havia um enorme tráfico intracontinental na África (GALLAY et al., 2009, p. 20) vindo da África subsaariana para o norte africano.
Na América, a escravidão também já existia antes dos europeus chegarem, índios norte-americanos já a praticavam e astecas também (GALLAY et al. 2009, p. 10).
Na era das Colônias, os africanos, que eram levados forçados da África para a América, já eram, na realidade, escravos ou cativos em sua terra. As guerras entre as tribos africanas eram intensas e terminavam em massacres ou escravidão, de modo que as tribos vencedoras detinham os vencidos e comercializavam-nos com os traficantes de escravos europeus.
Trocava-se a escravidão na África (ou a morte) por outra na América.
É apenas uma lenda que os africanos viviam num paraíso “roussoniano” em suas terras natais.
No total, aproximadamente dez milhões de escravos africanos foram levados para a América, três milhões deles transportados em barcos ingleses (FERGUSON, 2003, p. 10).
Os ingleses também levavam índios escravizados na América do Norte para o Caribe.
Depois de dominar o tráfico negreiro, a Inglaterra patrocinou o fim da escravidão no séc. XIX. Não lhe interessava mais economicamente, assim, poderia passar demagogicamente como “defensora da liberdade”.
Como substitutivo, ela contava com os “coolies”, com os “blackbirds”, com a escravidão disfarçada na África da “The Beers” e com a mão de obra barata dos indianos (ver tópicos relativos aos temas).
Na Época Colonial, o tratamento dispensado aos escravos foi muito irregular. Nos impérios britânico e holandês o trato era muito pior que nos impérios espanhol, português e francês.
Escravos nas colônias espanholas possuíam direitos legais que eram negados tanto nas colônias britânicas quanto nas colônias holandesas (GALLLAY et al. 2009,p. 5 ).
 3.2 – O MUNDO FORA DA EUROPA
 O mundo fora da Europa, na época das Grandes Navegações e no começo das construções dos Impérios Coloniais, era selvagem.
Na América, o canibalismo era regra, assim como o infanticídio, o abandono dos velhos, os sacrifícios humanos, o homossexualismo, as guerras constantes etc.
Os astecas, por exemplo, foram o povo conhecido que mais praticava sacrifícios humanos em toda a História.
Na África subsaariana, o ambiente era similar.
Na China, mais civilizada, ainda assim havia práticas abjetas como abandono de velhos para morrer, sacrifícios humanos em certa época, infanticídio e homossexualismo.
Na Índia, havia aberrações como o “sati”, cerimônia na qual  esposas viúvas eram obrigadas a se sacrificarem vivas nas fogueiras de piras funerárias de seus esposos mortos[6].
No Extremo Oriente, Indonésia, Filipinas, Austrália etc. também existiam hábitos repulsivos.
Entre os muçulmanos, por sua vez, na época moderna, a mulher era mal tratada, havia a poligamia[7], praticavam a escravidão e eram muito cruéis contra os inimigos. Aliás, o Islã tinha (e tem) muito ódio da Cristandade, o protótipo e o modelo da “jihad” é a guerra contra a Cristandade (LEWIS, 2001, p.65).
A civilização, como a conhecemos, com caridade, civilidade, sem abuso dos mais fracos é uma construção da Igreja Católica.
Roma e Grécia antigas, as nações mais civilizados do Mundo Antigo, também praticaram sacrifícios humanos, escravidão e infanticídio.
Os Vikings, por exemplo, antes da conversão ao catolicismo eram de uma brutalidade ímpar contra os povos vencidos. Os germânicos também tinham uma versão do “sati” e só abandonaram sua prática com a conversão ao catolicismo.
Somente Israel na Antiguidade, apesar da presença da escravidão, escapava da selvageria.
Os povos que tiveram contato com os colonizadores europeus estavam apartados da civilização e foram os europeus, em maior ou menor grau, quer por acidente quer por intenção, que levaram a civilidade para toda a gente.
Ao longo deste trabalho abordaremos alguns dos hábitos dos povos autóctones.
 3.3 – PIRATARIA
 Pirataria é o ato de se roubar navios nos mares. Os piratas que exerciam esta atividade eram normalmente violentos e assassinos. Uma atividade correlata era a de saquear cidades a beira-mar.
A Pirataria sempre existiu e ainda existe hoje em dia e foi muito comum na época colonial.
Corsário era um pirata que, por missão ou carta de corso (ou “de marca”) expedida por um governo, era autorizado a pilhar navios de outra nação (guerra de corso), ou seja, era uma “pirataria oficializada”. Piratas se transformavam em corsários e vice-versa.
Inglaterra foi a “rainha” da pirataria, sempre se utilizou muito dos corsários. Essa atividade era para ela uma grande fonte de renda ( APPLEBY, 2013, p. 40). Havia uma extensiva infraestrutura para apoiar e dar aparência de “operação comercial” à pirataria (APPLEBY, 2013, p. 8).
Entre 1688 e 1815, 25.000 “carta de marca” foram expedidas na Inglaterra. (HILLMANN, 2007, p.5)
Durante certa época, o principal objetivo militar da Inglaterra era saquear os navios espanhóis. De 1585 a 1604, entre 100 e 200 embarcações foram enviadas para assediar barcos espanhóis (FERGUSON, 2003, p. 33)
Era muito utilizado um tipo de “perdão real” no qual a Inglaterra anistiava piratas para fazê-los servir à Coroa, como corsários, contra os inimigos dela.
A atividade imperial e colonial inglesa era indistinta da pirataria. Houve “heróis” nacionais, parlamentares, colonizadores, funcionários das companhias e governadores coloniais que foram piratas.
Boa parte dos piratas na História Moderna, muitos deles famosos, eram ingleses.
A Inglaterra transformou Francis Drake (1540-1596), pirata, assassino, pilhador e traficante de escravos em herói nacional.
Igualmente, fez de Lord Cochrane (1775-1860), corsário e pilhador, um herói. Ele chegou a servir a outras nações, incluindo o Brasil. Certa vez saqueou violentamente São Luis do Maranhão.
Henry Morgan (1635-1688), corsário, foi governador da Jamaica.
Thomas Cavendish (1555-1592) participou da fundação da Virgínia e assaltou a costa brasileira várias vezes.
James Lancaster (1554-1618) foi diretor da Companhia das Índias Orientais Inglesa. Certa vez, foi tão cúpido no saque a Recife em 1595 que afundou vários barcos devido ao excesso de peso do butim.
Henry Mainwaring (1587-1653) foi membro do Parlamento e da marinha inglesa e se especializou em assaltar navios portugueses, espanhóis e franceses, na costa européia.
Black Bart (1682-1722) aterrorizou vários lugares.
Barba Negra (1680-1718), um dos mais famosos, atuou em New Providence e em outros lugares, servindo a Inglaterra em várias oportunidades.
Calico James (1682-1720) também atuou em New Providence.
Capitão Kidd (1645-1701) atuou na costa do Madagascar contra os franceses.
Port Royal na Jamaica inglesa era um grande centro de bucaneiros (piratas do caribe).
New Providence em Bahamas era outro centro da pirataria inglesa, local estratégico para assaltar navios espanhóis, pois, situa-se perto da Flórida, que era espanhola.
As Treze Colônias também foram usadas para entrepostos de corsários, assim como a Bermudas.
Depois da Inglaterra, a Holanda foi a potência que mais usou os piratas. As Companias majestáticas holandesas, a WIC e a VOC não deixaram de ser empresas de pirataria.
Houve também piratas famosos holandeses:
Jan Janz (começo do séc. XVII) foi presidente de uma curiosa  “República dos Piratas do Bu Regregue”  na costa norte africana.
Roc Braziliano (1630-1673) foi um pirata cruel que odiava espanhóis e atacava a costa brasileira, daí sua alcunha.
Jacob Wilckens, a serviço da Companhia das Índias Ocidentais, invadiu Salvador em 1624.
França vem em terceiro lugar na relação com piratas, mas se utilizou dos corsários em um grau muito menor.
Jean Angó (sec. XVI), a serviço da França, aterrorizou o Brasil.
Jean Bart (1651-1702) atuou na América do Norte.
Espanha e Portugal fizeram muito pouco uso em toda a sua história dos corsários. Em Portugal, os saques a cidades eram proibidos.
Bartolomeu Portugês (séc. XVII) foi o único pirata lusitano famoso e escreveu o “código da pirataria”.
A pirataria ocorria em vários locais no mundo inteiro. O Mediterrâneo era infestado de piratas, principalmente muçulmanos que atacavam embarcações católicas.
Mas, o apogeu da pirataria aconteceu no Caribe e a sua “idade de ouro” foi entre 1690 e 1730, os piratas lá eram conhecidos como bucaneiros.
O tratado de Paris (1856) pos fim aos corsários. Nesta ocasião, a Inglaterra dominava os mares e era a grande potência do mundo, logo ela só teria a perder com a manutenção do corso, já que seria mais vítima dele do que patrocinadora, por isso, advogou seu fim junto com outras potências.

[1] Wikipedia, verbete colonização de povoamento.
[2] Wikipedia, verbete colonização de exploração.
[3] Wikipedia, verbete escravidão.
[4] Nos países islâmicos houve escravidão no século XX.
[5] O Concílio Regional de Lyon (567-570), por exemplo, proibia a escravidão de homens livres. No século VII, a rainha da França Santa Batilde, que fora escrava ela mesma, proibiu a comercialização de escravos.
[6] Wikipedia, verbete “Sati”. Existem relatos de ocorrências nas últimas décadas.
[7] Ainda há poligamia hoje em alguns países muçulmanos.

Império Colonial Britânico. Parte 2 de Impérios Coloniais, por Marcelo Andrade

4-  O IMPÉRIO COLONIAL BRITÂNICO

As primeiras grandes navegações inglesas começaram na época de Henrique VII (1457-1509), quando a Inglaterra ainda era católica.
O italiano Sebastião Caboto, a serviço da Inglaterra, comandou as principais expedições que tiveram como destino a América, no começo do séc. XVI.
Porém, somente no reinado de Isabel I (1533-1603) iniciou-se para valer o Império Colonial Britânico.
Analisaremos as colônias: “Treze Colônias”, algumas do Caribe, algumas da África, Índia, Austrália, Nova Zelândia e Canadá.
O foco será as colônias enquanto colônias, e não sua história depois da independência da Inglaterra.
Usaremos indistintamente os nomes Inglaterra e Império Britânico, por força do hábito.
 4.1 – COLONIZAÇÃO INGLESA EM GERAL
 Os ingleses, na maioria das vezes, exploraram suas conquistas por meio de companhias majestáticas e não diretamente.
As “chartered companys” ou companhias de carta ou ainda companhias majestáticas eram empreendimentos possuidores de concessão de um governo que lhes conferia vantagens comerciais e monopólios em determinadas áreas ou colônias.
Desta forma, certos governos não exerciam a soberania diretamente, mas por meio destas companhias.
Tratava-se de uma colonização indireta na qual havia confusão entre o poder público e o privado. Atendiam aos interesses de investidores e visavam somente a lucros.
As companhias majestáticas, ocupando a zona cinzenta entre o poder político e mercantil, combinando impiedosas táticas do despotismo com estrutura legal de busca por lucros, derrogaram o livre mercado (BOWN, 2009, p.4-5).
O parlamento inglês era corrupto (ALLEN, 1968, p. 23) e isto favorecia a confusão entre o público e o privado, a pirataria, os monopólios e a corrupção nas companhias que eram dependentes politicamente do Parlamento.
Jaime II, por exemplo, antes de ascender ao trono foi governador da “Hudson Bay Company” e encabeçou também a “Royal African Company”.
O imperialismo distorcia as forças de mercado – usando de tudo, desde poderio militar até tarifas preferenciais para manipular os negócios a favor das metrópoles (FERGUSON, 2003, p. 15).
Isto demole a ideia de que a Inglaterra tenha sido “liberal”. A Inglaterra nunca foi “liberal” em suas colônias, sempre abusou dos monopólios, das trapaças, da pirataria, das taxações abusivas, dos massacres dos povos autóctones, dos maus tratos contra os escravos etc.
O Império Britânico começou como um redemoinho de violência e ladroagem marítimas (FERGUSON, 2003, p.26). O Império se utilizou de ladrões como o pirata Morgan para roubar os Impérios marítimos dos outros (FERGUSON, 2003, p.26).
Como os ingleses não acharam metais preciosos (ouro e prata), só havia uma coisa a fazer: roubar os espanhóis (FERGUSON, 2003, p. 32).
Ele não foi concebido por imperialistas conscientes, desejosos de estabelecer o domínio britânico sobre terras estrangeiras, ou colonos esperançosos por construir uma nova vida além-mar (FERGUSON, 2003, p. 26)
 4.2 – A COLONIZAÇÃO DAS TREZE COLÔNIAS (1600-1776)
 4.2.1- INTRODUÇÃO
Na verdade, a Inglaterra não colonizou os Estados Unidos, ela colonizou apenas as “Treze Colônias” que foram o embrião do futuro país. A maior parte do território dos Estados Unidos atual pertenceu à França e à Espanha.
Inicialmente, a Inglaterra criou duas companhias majestáticas: a “Virginia Company” e a “Plymouth Company” para explorar o litoral norte-americano.

4.2.2 – VIRGÍNIA E A SERVIDÃO BRANCA

 As Treze Colônias começaram pelo atual estado da Virgínia.
Realmente, esta colonização começou de modo missionário e avesso à exploração.
Só que feito por espanhóis…
Na baía de Chesapeake, os espanhóis fundaram uma missão jesuítica, conhecida como “Ajacán” (1570), tendo como objetivos a conversão dos índios e a construção de uma colônia.
Infelizmente, o projeto não foi adiante porque a missão foi destruída pelos indígenas liderados por um índio convertido e traidor em 1571.
Depois deste acontecimento, os espanhóis, por esta e outras razões, desinteressaram-se pela região, o que abriu espaço para os ingleses.
A afamada rainha inglesa Isabel I, que praticava bruxaria e que mandou matar sua prima, Maria da Escócia, encarregou Walter Raleigh, homem ávido por poder e lucro, espião e pirata, de construir uma colônia em Chesapeake.
Esta inicial tentativa inglesa também fracassou.
A colonização começou, de fato, quando o rei Jaime I fundou a “Virginia Company”, voltada para a exploração da região com a finalidade de lucro e a busca de metais preciosos.
A fundação da colônia da Virginia foi um empreendimento comercial empreendido por certos indivíduos privados com o objetivo de expandir o comércio da Inglaterra e trazer lucro tanto para ela quanto para os investidores (ANDREWS, 1961, p.3).
A Companhia fundou uma cidade de nome Jamestown.
Curiosamente esta cidade era tão comunista… que faria inveja em Stalin e Mao Tsé Tung.
Por contrato, todos os bens produzidos pelos trabalhadores individualmente tinham de ser colocados à disposição para a comunidade gerir. Trabalha-se como podia e ganhava-se conforme a “necessidade”, que era definida pela comunidade.
Obviamente, isto não deu certo porque o comunismo nunca funcionou em lugar nenhum. Houve fome e até canibalismo e a Companhia teve de abandonar este modelo.
A primeira cidade americana começou, digamos, de forma maoista.
Para o empreendimento colonial, a Companhia da Virgínia não trouxe escravos da África, pelo menos não em grande escala.
Não foi necessário, pois a companhia podia contar com escravos brancos vindos da Inglaterra.
Londres, no final do século XVI e começo do século XVII, era uma cidade famosa pela pobreza, crimes, incêndios e execuções (TAYLOR, 2001, p. 122). A taxa de mortalidade superava a de nascimento em 1650 (JAMES, 1994, p.10). A população não decrescia porque havia migração interna.
A fome e a miséria em Londres eram tão grandes que as pessoas se “vendiam” para trabalhar na Virgínia, sob o contrato da “escravidão temporária”. E muitos futuros escravos eram sequestrados nas ruas inglesas e levados à força para a Virgínia (JAMES, 1994, p.37).
A “Indentured Servant”  era uma espécie de escravidão temporária, na qual trabalhava-se como escravo por quatro ou cinco anos e depois de findo o prazo, o escravo era liberto (TAYLOR, 2001, p. 142). Em decorrência disto, estabeleceu-se um comércio lucrativo com a intermediação de “corretores”.
Esta servidão temporária era aplicada a crianças também. A Companhia da Virginia chegou a fazer um acordo com a cidade de Londres para obter cem crianças pobres e brancas para serem enviadas para a Virginia e lá serem vendidas como escravas para os donos de terra locais.
Estas pobres crianças eram descritas como “pragas” ou “elementos desordeiros” (HOFFMAN,1993, p. 32). Uma lei foi aprovada em 1618 e previa a captura de crianças abandonadas em Londres, a partir dos oito anos de idade, que seriam levadas à Virginia para trabalhos forçados durante 16 anos para meninos e 14 anos para meninas (HOFFMAN, 1993, p. 32).
Porém, como o trabalho era muito intenso e as punições eram brutais em caso de faltas, muitos morriam antes do prazo final do trabalho forçado.
A Companhia da Virginia faliu em 1624. A Coroa inglesa assumiu a administração e instalou uma “plantation”[1] de tabaco. A mentalidade monopolista foi mantida, assim, por exemplo, todo o tabaco produzido tinha de vendido para a Inglaterra, por meio de barcos ingleses (TAYLOR, 2001, p.147).
Com a decadência da “Indentured Servant”, estabeleceu-se a escravidão negra.
A Religião Católica durante um bom tempo foi proibida.
 4.2.3 – MARYLAND
Lord Baltimore conseguiu um “charter” (1634) do rei Carlos I e deu o nome do futuro estado em homenagem à esposa do rei, Maria.
Foi uma região de tolerância religiosa, onde curiosamente a única proibição era de negar a Santíssima Trindade (ALLEN, 1968, p. 17).
Foi o destino de muitos católicos e os jesuítas se instalaram por lá.
Lá também houve com intensidade a “Indentured servants” e a plantação dominante foi o tabaco.

4.2.4 – NOVA YORK E NOVA JERSEY

 Nova York, fundada pela holandesa Companhia das Índias Ocidentais (WIC), com a finalidade de estabelecer um entreposto meramente comercial, foi batizada de “Nova Amsterdã” (1624).
Como era a regra nas colônias holandesas, a intolerância religiosa era de rigor e o catolicismo era proibido. Porém, havia liberdade para os judeus que afluíram para lá em grande quantidade e a primeira sinagoga dos Estados Unidos é de lá[2].
Também era de regra o ódio contra os índios.
William Kieft, diretor de Nova Amsterdã comandou o massacre de Pavonia contra os índios em 1643.
Porém, como as colônias do Caribe davam mais lucros que Nova Amsterdã, na terceira guerra anglo-holandesa (1672-1674), na qual a Holanda saiu vitoriosa, a Companhia das Índias Ocidentais holandesa trocou Nova Amsterdã pelo Suriname e por uma ilha na Indonésia (BOWN, 2009, p. 100-101).
Nova York, de um “negócio” holandês passou a ser um “negócio” inglês. Depois de vários “charters”, estabeleceu-se o “Montgomerie Charter” de 1730, meio pelo qual a cidade se tornou uma corporação, na qual interesses privados e públicos se confundiam (HARTOG, 1989, p. 14).
A região católica em Nova York restou proibida até pouco mais da metade do século XVIII. (DUNCAN, 2005, p.19).
New Jersey, por sua vez, antes de ser uma colônia independente, foi zona de influência da WIC, depois passou para o domínio inglês e chegou a ser controlada pelos Quakers durante um tempo.
 4.2.5 – NOVA INGLATERRA  E OS PURITANOS
A “Nova Inglaterra”, na origem, englobava a área dos futuros estados do Connnecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont, além de Plymouth, que foi integrado ao Massachusetts posteriormente.
Inicialmente, a colonização ficou a cargo da “Plymouth Company”.
No decorrer dos anos, a área foi se desdobrando em várias colônias e outras companhias surgiram.
Mas, após um jogo de interesses que envolveu a “Dorchester Company” e a “New England Company” (ROSE-TROUP, 2009) acabou-se formando outra companhia de nome “Massachusetts Bay Company” que administrou a região e trouxe muito colonos.
A “Saybrook Colony”, instalada no atual Connecticut, foi outra “Company” formada por investidores, um deles ligado à pirataria, Robert Rich.
A maioria dos imigrantes que foram para a Nova Inglaterra eram dissidentes religiosos, que abandonaram a Inglaterra por causa de intolerância religiosa e fundaram, na América, uma colônia baseada na intolerância religiosa.
Perseguia-se quem não aderisse à religião “oficial”, muitos foram acusados de bruxaria e executados. O mais famoso destes processos foi o das “Bruxas de Salem” em 1692 (TAYLOR, 2001, p. 184).
Por razões religiosas, Roger Williams foi expulso da “Massachusetts Bay Company” e fundou o que seria o futuro estado de “Rhode Island”.
Os primitivos puritanos, que viajaram no Mayflower desde a Inglaterra até Palymouth, pretenderam fundar em 1620, assim como Munzer, na Alemanha do século XVI, uma Nova Jerusalém (BUSTAMANTE, 2005, p. 48).
Munzer era um dissidente do luteranismo que fundou uma comunidade completamente igualitária na Alemanha e cujos sectários eram chamados anabatistas.
Ou seja, havia elementos milenaristas e igualitários entre os pioneiros americanos.
Eles não eram apenas fundamentalistas; também eram comunistas, que pretendiam possuir sua propriedade e distribuir sua produção igualitariamente (FERGUSON, 2003, p. 84)
De fato chegaram a instalar o comunismo, na Plymouth Colony em 1620. Nessa colônia, toda a produção deveria ser entregue para armazenamento comunitário, do qual cada indivíduo receberia uma fração igual, não importando com quanto contribuísse com a repartição dos bens produzidos. Porém, em 1623 houve uma grande fome e por causa disto tiveram de abolir o sistema comunitário.
Outros que vieram junto com eles estavam apenas fugindo da depressão na indústria têxtil (FERGUSON, 2003, p. 84). Havia também os adeptos da tese de que “lucro e religião andam juntos” (TAYLOR, 2001, p. 166), visão tipicamente calvinista.
Lá houve a “indentured servitude”, ainda que em menor grau que na Virginia. (TAYLOR, 2001, p. 169-179).
Havia escravidão africana, muitos mercadores da região tinham laços com o tráfico de escravos, incluindo Peter Faneuil[3], de Boston.  Nesta mesma cidade havia também escravos indígenas (GALLAY et al., 2009, p. 24). A região chegou a trazer escravos indígenas de outras regiões e até mesmo do Caribe. (GALLAY et. al., 2009, p. 33)
A força de trabalho escrava teve uma vital contribuição para a economia do norte (POPE, 1998, p. 16).[4]
 4.2.6 – PENNSYLVANIA E OS QUAKERS
 O rei inglês Carlos II querendo quitar uma dívida que o reino tinha com o pai de William Penn, resolveu dar a este (que havia herdado o crédito do pai como herança) como pagamento daquele débito, algumas terras na América, que se converteriam na futura Pennsylvania, no ano de 1681.
William Penn era muito rico e um “quaker” obstinado.
O Quakerismo é uma seita protestante mística advinda do anabatismo que defendia o igualitarismo, ideologicamente mais próximo do marxismo que do liberalismo.
Eram conhecidos como quakers porque quando o “Espírito Santo” supostamente “entrava” neles, eles “tremiam”.[5]
Obcecados pela ideia de irmandade, intitulavam-se como “amigos de Deus”. Eram contra qualquer hierarquia na religião, não reconheciam distinção de classe social, usavam roupas simplórias (e escuras) e usavam linguagem familiar com todos: não se podia nem usar a palavra “mister”, por exemplo.
Homens e mulheres eram tidos como iguais, ou seja, já havia naquelas terras um feminismo “avant la lettre”.
Muitos quakers pregavam abertamente, quer na América do Norte quer na Europa continental, contra a propriedade privada defendendo que todos os bens deviam ser comuns (BERNSTEIN, 1980, p. 234).
William Penn fundou a cidade de Filadélfia, a cidade do amor fraterno, de cunho bastante milenarista. Ardoroso defensor da igualdade, possuía escravos e montou também uma “companhia” para gerir as questões fundiárias.
A cidade do “amor fraterno” se tornou um porto importante de importação de escravos e lá havia também a “indentured servants”.
 4.2.7 – CAROLINA
 A Carolina foi fundada por exploradores das Índias Ocidentais,  conhecidos como “Lords Proprietors” compostos por oito políticos poderosos ligados ao rei Carlos II, daí o nome “Carolina” (TAYLOR, 2001, p. 223).
Este “lords” não foram morar na América e administravam desde a Inglaterra. Nomearam para governar a região John Yemans, que havia matado um desafeto em Barbados e era conhecido como “pirata de terra firme”.
Yemans trouxe os primeiros escravos africanos para o trabalho nas lavouras, onde o modelo econômico foi inspirado em Barbados, ou seja, nitidamente exploratório e escravista. A diferença era que a produção era de arroz e não de cana.
Tal modelo gerou riqueza para muitos poucos proprietários, incluindo é claro os “lords”, sob uma massa de escravizados (TAYLOR, 2001, p. 243).
O desprezo pelos índios era a regra e as guerras contra eles eram uma constante. Em caso de fuga de escravos, o governo prometia uma “paz com os índios” em troca de busca e entrega dos escravos fugitivos pelos índios. (TAYLOR, 2001, p. 223).
Estabeleceu-se um tráfico no qual se exportava para as Antilhas, em especial para Barbados, índios cativos na Carolina e importava-se escravos africanos que lá viviam, na proporção de 2 índios por 1 africano.  A desproporção se explica pela maior taxa de mortalidade dos índios (TAYLOR, 2001, p. 231).
 4.2.8 – GEORGIA
 Em 1720, Os “Georgia Trustees”, um conjunto de mercadores, ministros anglicanos e nobres da terra fundaram a colônia da Georgia (o nome foi uma homenagem ao rei Jorge II). Foram financiados pelo parlamento inglês com fundos obtidos pelos tributos pagos pelos ingleses. (TAYLOR, 2001, p. 241).
Talvez tenha sido o único lugar onde a proibição da escravidão (1735) tenha sido feita antes de sua legalização (1751).
Muitos colonos foram morar lá porque a colônia se tornou um “asilo de devedores” (FERGUSON, 2003, p. 132) que fugiam dos credores pois, estando na Georgia, eles não precisavam pagar mais suas dívidas.
No mais, o que vale para a Carolina, vale para a Georgia, em termos de exploração econômica. (TAYLOR, 2001, p. 243).
 4.2.9 – ÍNDIOS AMERICANOS E MASSACRES
 Os índios americanos tinham hábitos brutais como infanticídio, canibalismo, crueldade exacerbada contra os inimigos etc.
Entre os índios Natchez, havia um suicídio ritual parecido com o “sati” indiano e ligado ao culto do sol.
Os Iroquois praticavam tortura cerimonial e canibalismo. (TAYLOR, 2001, p. 103)
Em época de carestia, muitas tribos tinham hábito de se sangrarem para a terra.
Os ingleses tinham um profundo desprezo pelos índios e não fizeram quase nada para elevá-los à civilização.
Em um sermão de um clérigo em 1609, foi dito que aquelas terras (das Treze Colônias) tinham sido usurpadas pelas bestas selvagens e criaturas irracionais (os índios) e deveriam ser remidas pelos ingleses (JAMES, 1994, p. 12).
Durante um século, foram feitos relatos extensivos das novas terras e neles, quase sem exceção, os índios eram representados como uma raça degenerada e inferior (JAMES, 1994, p. 13)
O filósofo John Locke, secretário dos Lords Proprietors da Carolina, disse que se os índios resistissem à expropriação das terras, podiam e deviam ser destruídos como um leão ou um tigre, uma dessas feras selvagens, com as quais o homem não pode ter sociedade ou segurança (FERGUSON, 2003, p. 87).
Pouco interesse havia em converter os índios por parte dos protestantes (GALLAY, ET AL, 2009, p.16)
O primeiro governador da Virginia, Francis Wyatt declarou: “Nosso primeiro trabalho é a expulsão dos selvagens para ganhar ar livre do país e incrementar a pecuária e a suinocultura… para isso é melhor não haver nenhum pagão entre nós” (TAYLOR, 2001, p. 135)
John Smith, que havia sido salvo da morte por uma índia[6], declarou após saber dos massacres contra os índios, que ficou feliz e disse que isto era bom para as plantações (TAYLOR, 2001, p. 135)
Os colonos da Virginia desenvolveram uma estratégia que depois foi usada em outros massacres que consistia em esperar até imediatamente antes das colheitas de milho e atacar os nativos e destruir suas plantações, assim eles poderiam matar os índios de fome (TAYLOR, 2001, p. 135)
Certa vez os colonos convidaram dezenas de índios para “negociações de paz” e serviram a eles bebidas envenenadas. Os índios que não morreram com isto foram mortos à espada (TAYLOR, 2001, p. 135)
A legislação da Virginia permitia aos colonos matar qualquer índio que atravessasse suas plantações (TAYLOR, 2001, p. 136)
É verdade que muitos índios morreram por causa da “praga branca”, que eram as doenças trazidas pelos brancos. Em especial, a catapora matou muitos índios. Estas “pragas brancas” eram comemoradas pelos colonos.
Na prática, havia quatro possibilidades para os nativos: serem exterminados nas guerras, morrerem por causa de doenças trazidas pelos brancos, serem expulsos de suas terras e empurrados para o oeste ou serem vendidos como escravos para o Caribe.
Muitas guerras ocorreram: Pequot War, Anglo Powhatan War, King´s Philip´s war etc.
Como resultado desta política de apartação e extermínio houve pouca miscigenação.
Os Estados Unidos independentes herdaram o ódio inglês contra os índios e fizeram dezenas de guerras de extermínio.
Benjamin Franklin, um dos líderes da revolução americana, disse em sua autobiografia que: “um dos desígnios da Providência Divina era extirpar os selvagens (índios) a fim de abrir espaço aos cultivadores da terra” (MOOG, 2011, p. 108)
George Washington, o primeiro presidente americano comparou os índios a lobos, merecedores do mesmo tratamento que esses. [7]
 4.2.10 – O VERDADEIRO THANKSGIVING DAY
Todos os anos os americanos festejam o dia de “Thanksgiving Day”, na quarta quinta-feira de novembro. Segundo a tradição, a origem foi uma  confraternização dos pioneiros com índios, feita no começo do séc. XVII.
Está é a lenda…
A verdadeira estória do primeiro “Thanksgiving Day”é:
John Winthrop, governador de Massachussets proclamou uma “Ação de graças”, em 1637, para celebrar o retorno seguro de um bando de caçadores fortemente armados, todos eles colonos voluntários. Eles tinham acabado de voltar de sua jornada para onde é agora Mystic, Connecticut, onde massacraram setecentos índios da tribo Pequot. Homens, mulheres e crianças – todos assassinados.[8]
Todo ano, no mesmo dia (do Thanksgiving), índios vão ao local do massacre e celebram o “dia do pranto”.
 4.2.11 – ESCRAVOS AFRICANOS E RACISMO
 A brutalidade no tratamento contra os escravos era a regra. Um observador notou: “Os colonos não querem acreditar que os negros são criaturas humanas (TAYLOR, 2001, p. 155)
Não havia o mínimo interesse em torná-los cristãos (TAYLOR, 2001, p. 214)
O casamento inter-racial era proibido desde 1705, na Virginia (FERGUSON, 2003, p. 132) e em alguns casos havia penas pesadas quando ocorresse (TAYLOR, 2001, p. 156)
Os negros não tinham direitos iguais aos brancos mesmo quando eram livres e emancipados. Negro e escravo eram palavras sinônimas (TAYLOR, 2001, p 156-157)
Houve casos de negros livres que foram reescravizados e vendidos de novo.
Mais uma vez os Estados Unidos independentes herdaram o racismo dos ingleses.
Lincoln, por exemplo, era um típico racista:
Eu não tenho intenção de introduzir uma política social de igualdade entre as raças brancas e negras. Há diferenças físicas entre os dois as quais, e em meu julgamento, provavelmente será sempre proibida sua convivência sobre a base de igualdade perfeita, e na medida em que se torna uma necessidade que deve haver uma diferença, eu, assim como o Juiz Douglas, sou em favor da raça a que pertenço ter a posição superior[9]
Nos Estados Unidos, a igualdade de direitos entre bancos e negros só foi oficializada na década de 1960.
 4.2.12 – ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Oficialmente, as relações da Inglaterra com as “Treze Colônias” eram distintas para cada uma delas. (ALLEN, 1968, p.22)
E as colônias eram e se achavam bem diferentes. Segundo Benjamin Franklin:
A desconfiança umas das outras [colônias] é tão grande que, por mais que uma união das colônias seja há muito tempo necessária, para sua defesa comum, e sua segurança contra seus inimigos, e por mais que cada colônia tenha sentido essa necessidade, ainda assim nunca foram capazes de efetivar uma tal união entre elas que tinham formas de governo diferentes, leis diferentes, interesses diferentes, e algumas delas confissões religiosas diferentes e costumes diferentes” (FERGUSON, 2003, p. 114).
No final do século XVII havia três tipos de colônias: a companhia detentora de uma carta patente, a colônia particular e a colônia real. A Coroa tentou simplificar a relação submetendo todas ao Ministério do Comércio e das Plantações. (ALLEN, 1968, p. 22).
O fato de as colônias estarem sob a tutela deste ministério revelava a intenção meramente comercial dos ingleses.
O executivo era formado pelos governadores nomeados pela Coroa, e o legislativo era formado pelas assembleias locais eleitas pelos colonos (base de votos restrita) que podiam ser dissolvidas pelo governador (ALLEN, 1968, p. 23).
Assim, cada colônia tinha seus próprios governadores e assembléias locais.
A Inglaterra, como era a regra em todos os lugares, impunha o monopólio em suas colônias prejudicando o “livre comércio” e também havia taxação pesada de alguns produtos.
Havia o monopólio dos barcos ingleses, no qual nenhum bem que saísse das Treze Colônias poderia usar bandeira de outro país, a imposição de que a importação de produtos das colônias seria feita apenas por comerciantes ingleses e a proibição das indústrias de lã e da laminação. (ALLEN, 1968, p. 24)
Como resultado de tantas taxas, limitações e monopólios, o contrabando era a regra, muito comum via Holanda (KOOT, 2011). Por exemplo, cinco sextos das importações totais de melado produzido em Rhode Island eram contrabandeados (ALLEN, 1968, p. 25).
Houve certa vez a famosa “festa do chá”, na qual centenas de caixas de chá foram lançadas ao mar em Boston, como forma de protesto contra a Inglaterra. O chá era monopólio da BEIC (Companhia das Índias Orientais Britânica). O curioso é que a taxação do produto havia caído e não subido. Os protestos foram feitos por contrabandistas que temiam a concorrência “oficial” possuidora de um produto barato e dentro da legalidade. (FERGUSON, 2003, p. 110).
A Inglaterra também proibia a cunhagem de moedas, o que criou um grande problema para a nação recém-independente, depois de 1776. Os Estados Unidos tiveram de adotar um padrão e escolher uma moeda internacional para a circulação em seu território. Escolheram, então, adotar uma moeda confiável (que circulava até na China) de um local próspero, com arte desenvolvida e população miscigenada.
Este local era a “Nova Espanha”, o atual México. Os pesos mexicanos circularam oficialmente nos Estados Unidos até 1857 (FERGUSON, 2013)
Nas Treze Colônias, os primeiros hospitais surgiram em meados do séc. XVIII, mais de 100 anos depois da chegada dos primeiros colonos. Fato que mostra um certo desprezo pela caridade.[10]
Por outro, as Treze Colônias tiveram muitos “colleges”, instituições aparentadas às universidades, mas com muito poucos alunos. Harvard, por exemplo, foi fundada por puritanos em 1636, época em que contava com nove aprendizes.
O estilo arquitetônico predominante era o georgiano, que não possuía a beleza nem o esplendor do barroco colonial português e do espanhol. Não há nenhuma cidade histórica nas Treze Colônias com beleza digna de nota ou do nível de Ouro Preto ou Cusco.
O desenvolvimento das colônias foi irregular, a Virgínia foi durante muito tempo a mais próspera. Depois, foi a Nova Inglaterra que possuía o melhor nível de vida, melhor que a Inglaterra, no século XVIII, o que não era difícil, pois Londres, por exemplo, como já foi dito, era uma cidade com nível péssimo de vida.
Apenas 5% dos habitantes viviam em cidades, no século XVIII, nelas, a desigualdade de renda era enorme e a pobreza crescia (TAYLOR, 2001, p. 308), incluindo Boston, na Nova Inglaterra, o local mais rico.
Segundo um observador novaiorquino, os homens enriqueciam a custa do empobrecimento dos vizinhos (TAYLOR, 2001, p. 308).
As Treze Colônias perdiam em desenvolvimento para o Caribe.
Ferguson (2003, p. 93-94):
Em 1773, o valor das importações britânicas da Jamaica foi cinco vezes maior que todas as Treze Colônias. Nevis produziu três vezes mais importações britânicas que Nova York entre 1714 e 1773, Antígua, três vezes mais que a Nova Inglaterra. (…) Durante a maior parte do século XVIII, as colônias americanas foram pouco mais do que subsidiárias econômicas das ilhas do açúcar.
Ferguson (2003, p. 94-95):
William Pitt preferiu a opção caribenha, pois: “a situação do comércio existente nas conquistas da América do Norte é extremamente ruim; as especulações sobre o futuro delas são precárias, e a perspectiva, na melhor das hipóteses, muito remota”
Em 1776, a população total das Treze Colônias era estimada em 2,5 milhões de habitantes.
 4.2.13- NOTA SOBRE A INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS
Como foi que as colônias, que não eram tão ricas nem tão prósperas como reza a lenda, submetidas a uma cultura de monopólio e escravidão, conseguiram a independência (1776-1783) da Inglaterra, já uma potência militar mundial?
Na verdade, a Guerra da Independência dos Estados Unidos foi uma grande vitória da França e da Espanha sobre a Inglaterra.
Se não fosse a ajuda da França e da Espanha, inimigas da Inglaterra, a história teria sido outra.
Na Guerra Anglo-americana de 1812-1815, por exemplo, travada na América do Norte, na qual os Estados Unidos não contaram com a ajuda externa, estes não conseguiram nada do que pretendiam e ainda viram a cidade de Washington ser incendiada pelos ingleses.
Outra razão para terem conseguido a independência foi justamente o fato de que as Treze Colônias não eram ricas, assim não valia a pena para a Inglaterra lutar tanto por elas: era mais interessante proteger as ilhas do Caribe, a joia da Coroa (FERGUSON, 2003, p. 118).
Outro dado econômico era que o comércio com a Índia também crescia em importância e a BEIC (Britsh East Indian Company) era a companhia mais rica do mundo e precisava ser resguardada.
 4.3  – CARIBE (SÉC. XVII E XVIII)
A Inglaterra possuiu várias ilhas e partes da América Central. Poremos em relevo as duas mais importantes nos séculos XVII e XVIII.
Durante muito tempo, o Caribe produziu mais riqueza para a Inglaterra que as Treze Colônias.
A Jamaica, em 1713, era a colônia mais rica e importante do Império Britânico (TAYLOR, 2001, p. 220). Além da riqueza produzida pelo açúcar havia aquela obtida pelos bucaneiros, mediante pirataria e saques de cidades espanholas situadas à beira-mar no Caribe.
Em certa época, Henry Morgan, pirata, foi governador da Ilha e comandava um comércio lucrativo de pirataria.
Port Royal era a capital mundial da pirataria e terceira cidade mais populosa das colônias britânicas. Também tinha a fama de ser a “Sodoma das Índias Ocidentais”, tal a sua sujeira moral (TAYLOR, 2001, p.219).
O tratamento dado aos escravos era cruel, houve rebeliões de escravos que foram reprimidas com violência.
Barbados era provavelmente a pior colônia do mundo inteiro, nos séculos XVII e XVIII.
Em razão de vitórias em batalhas na Irlanda, o regicida Oliver Cromwell, então “homem forte” da Inglaterra, enviou 50.000 prisioneiros de guerra irlandeses para trabalharem como escravos em Barbados, na década de 1650. Eles e seus descendentes ficaram conhecidos como “redlegs”.
Para lá foram enviados também escravos africanos e até índios oriundos da América do Norte.
O tratamento dado a eles também era brutal. A elite tinha tanto de medo de uma possível revolta que as casas eram fortificadas. (TAYLOR, 2001, p. 216).
O desenvolvimento do açúcar só deu vantagem para uma minoria de colonos, que visavam apenas lucro e logo queriam voltar para a Inglaterra (TAYLOR, 2001, p. 216). Mas, muitos proprietários de terra morriam antes de conseguir riqueza, devido a muitas doenças.
Era comum os habitantes se referirem a ilha como “Inferno”.
 4.4 – AFRICA OCIDENTAL (SÉC. XVI E XVIII)
 Em 1672 foi fundada a “Royal African Company” que visava o monopólio do tráfico de escravos. Era o único interesse que a Inglaterra tinha na África, na ocasião.
Somente no século XIX a Inglaterra iria colonizar partes da África.

4.5 -INGLATERRA NO FINAL DO SÉCULO XVIII E COMEÇO DO SÉCULO XIX

 Londres no final do século XVIII e começo do século XIX era uma cidade suja, cheia de pobres e ladrões. Dizia-se que era a mais malcheirosa do mundo.
A Inglaterra estava em plena Revolução Industrial. Nessa época criminosa, na qual pelo menos 500.000 operários morreram devido às condições de trabalho, havia também a “child slavery” (a escravidão de crianças).
As crianças eram levadas a trabalhar nas fábricas e minas inglesas a partir dos 4 anos de idade, com jornadas, às vezes, de 16 horas por dia, durante 6 dias por semana, às vezes, sete dias.
Muitas crianças abandonadas eram simplesmente recolhidas nas ruas e enviadas forçadamente para trabalhar, outras eram vendidas para as fábricas.
As crianças eram trancadas nas fábricas para jornadas de 16 horas por dia e eram mutilados por máquinas primitivas. Mãos e braços eram frequentemente rasgados pelas peças. Meninas pequenas muitas vezes tinham seus cabelos presos nas máquinas e eram escalpadas.
Crianças que chegavam tarde ou dormiam em serviço eram espancadas com barras de ferro. Havia crianças com correntes nas pernas (HUMPHRIES, 2010)
As minas eram especialmente cruéis, a taxa de mortalidade era altíssima. Interessante observar que na Roma Antiga, a “pena de morte” era igual à pena de trabalhar nas minas.
A diferença entre Roma e Inglaterra era que, em Roma, os condenados é que iam para as minas e não crianças.
Pouca diferença havia entre trabalhar na Inglaterra nestas minas e fábricas ou trabalhar nos campos de Mao Tsé Tung ou nas fazendas coletivizadas de Stalin.
Os “capitalistas” da revolução industrial eram como os membros do politburo soviético.
 4.6 COMPANHIA DAS INDIAS ORIENTAIS – BEIC[11]
A “Britsh East Indian Company” (BEIC) foi fundada em 1600. O objetivo era controlar o comércio com o oriente. A companhia estabeleceu feitorias em Surat (1612), Madras (1639) e Calcutá (1690)
Com o tempo, passou a ter o monopólio deste comércio com o Oriente.
Na Índia, a BEIC podia cobrar impostos (o diwani) sobre mais de 20 milhões de pessoas (FERGUSON, 2003, p. 61).
Tornou-se uma poderosa companhia com direito de declarar guerra, administrar a Justiça e fazer diplomacia com governantes estrangeiros. (BOWN, 2009, p. 108).
Possuía uma armada e exército de mercenários, chegando a contar com 100.000 soldados (FERGUSON, 2003, p.)
Também praticava a pirataria, era corrupta, com relações estreitas com o governo inglês (HUGHES, 1986, p. 58).
Estabeleceu um lucrativo comércio de ópio com a China.
Clive, um dos presidentes da companhia tornou-se um usuário de ópio (BOWN, 2009 p. 124). Ele era uma pessoa dissoluta que saqueou as riquezas dos lugares por onde andou (FERGUSON, 2003, p. 61).
No século XVIII era a companhia mais poderosa do mundo.
 4.7 – CHINA E GUERRA DO ÓPIO
A BEIC fazia comércio com a China, comprava chá, cerâmica, seda e prata e revendia ópio. Tecnicamente isto era um “tráfico”, já que o ópio era proibido na China, ainda que tolerado.
O ópio é uma droga:
O uso do ópio mascado ou fumado, que se espalhou no Oriente, provoca euforia, seguida de um sonoonírico; o uso repetido conduz ao hábito, à dependência química, e a seguir a uma decadência física e intelectual, uma vez que é efetivamente um veneno estupefaciente.[12]
Desde 1793, a BEIC detinha o monopólio do comércio do ópio com a China.
Em 1839, o Imperador Chinês resolveu erradicar o comércio do ópio porque estava prejudicando o país, devido ao vício.
Após alguns incidentes, a BEIC e a Inglaterra declaram guerra à China (Primeira Guerra do Ópio) e venceram. Como resultado, a Inglaterra ganhou a futura localidade de Hong-Kong, como território seu, e conseguiu acesso a mais alguns portos.
E é claro, com a vitória, a BEIC podia continuar vendendo ópio para toda a China monopolisticamente.
 4.8 – OS “COOLIES”
 Os “coolies” eram trabalhadores oriundos da Ásia, mormente da China e da Índia.
Após o fim da escravidão, muitos países ainda queriam “mão de obra barata” para trabalho nas plantações, minas e ferrovias e os “coolies” eram esta mão de obra.
Os “coolies” eram recrutados por meio de negociações voluntárias, porém, havia muita trapaça e houve casos de sequestro. O transporte era feito em navios superlotados. Em muitos locais de destino, sua condição de trabalho era similar a dos escravos.
Os destinos eram bem variados: América, África do Sul, partes da Ásia e Oceania. Os ingleses dominaram amplamente este comércio.
Ferguson (2003, p. 232):
Entre 1820 e 1920, perto de 1,6 milhões de indianos abandonaram a Índia para trabalhar em várias colônias no Caribe, na África e nos oceanos Índico e Pacífico, desde as plantations de borracha malaias até as usinas de açúcar de Fiji. As condições que eles viajavam e trabalhavam eram frequentemente pouco melhores que daquelas que haviam sido impostas aos escravos africanos no século anterior.
 4.9 – INDIA – RAJ BRITÂNICO
A colonização britânica na Índia começou no século XVII, mas somente no século seguinte a sua importância cresceu. Tudo no começo era feito pela BEIC. A Companhia superou a concorrência holandesa e a francesa pela força e se impôs.

4.9.1 OS INDIANOS

 Os indianos tinham hábitos bastantes selvagens, além do “sati”, como já foi dito, havia, também, os sacerdotes assassinos que matavam viajantes e os ofereciam aos “deuses” e o infanticídio era muito comum contra meninas.
O regime de castas era absurdo. Os “dalits” (párias), por exemplo, formavam a casta mais “inferior” e faziam trabalhos “impuros” ou “abjetos” como lidar com animais mortos, recolher lixo etc. Viviam segregados e não podiam entrar nos templos nem podiam tocar os “puros”, membros de castas mais “elevadas”.
 4.9.2 – DESENVOLVIMENTO
 Os ingleses construíram ferrovias, portos, edificaram cidades, melhoraram a saúde do povo, etc.
Porém, boa parte destas melhorias foi feita menos em prol de civilizar os indianos e mais em prol dos lucros.
Uma parte substancial dos lucros acumulados, conforme a economia indiana foi se industrializando, ia para agências administrativas, os bancos e os acionistas britânicos (FERGUSON, 2003, p. 231).
O direito era diferente para britânicos e indianos. Havia até divisão espacial nas cidades, ou seja, houve uma versão local do “apartheid”.(FERGUSON, 2003, p. 214).
A Inglaterra também reorientou as estruturas tradicionais de poder, que antes eram formadas pelos nababos e marajás, o que trouxe muitos problemas. Em muitos casos, os líderes tradicionais locais foram trocados por funcionários da BEIC.
A Inglaterra gosta muito das tradições, mas apenas na Metrópole.
 4.9.3 – FOME
Durante a colonização britânica, a Índia enfrentou vários períodos de grandes fomes.
Dezenas de milhões de indianos pereceram. Segundo Davis (2001, p.8), entre 12,2 a 29,3 milhões.
Um dos motivos foi a reorientação da agricultura na Índia: em vez de culturas variadas, muitas delas de subsistência, foi imposto um modelo voltado para exportação com predomínio do algodão, tributado com altas taxas.
O tradicional sistema de famílias e de reservas de grãos nas cidades foi suplantado pelas necessidades dos mercadores e pelo dinheiro (DAVIS, 2001, p.20).
Mesmo com a fome houve exportação de comida (DAVIS, 2001, p. 20). Houve centenas de suicídios e muito canibalismo.
Durante a administração da Companhia das Índias Orientais, houve a fome de Bengala (1769-1773). A Companhia havia instituído o monopólio na área, substituído plantações tradicionais pela plantação de ópio e cobrava elevadas taxas.
Segundo Adam Smith, que comentou sobre o caso, a fome ocorreu ou foi feita mais grave, em grande parte devido às políticas da “British East India Company “ (BEIC).
O governador Lytton não agiu para minimizar a fome, devido a uma mentalidade combinada de “livre mercado”, malthusianismo e darwinismo social.[13]
Outra razão foram os problemas climáticos e última grande fome aconteceu em Bengala, em 1943.
Os ingleses não pareciam estar muito preocupados com estas fomes devastadoras, afinal, muitos na Inglaterra pensavam como Winston Churchill:
“Eu odeio os indianos, eles são um povo bestial com uma religião bestial”. Ou ainda: “Eu sou pró-muçulmano – a única qualidade dos hindus é que há muitos deles e isto é um vício” (HAVARDI, 2009).
 4.10 – AUSTRÁLIA E NOVA ZELÂNDIA

4.10.1 – AUSTRÁLIA (1788-1901)

4.10.2 –  INTRODUÇÃO

Os primeiros europeus a explorarem a Austrália foram, provavelmente, os portugueses, no começo do século XVI (HUGUES, 1986, p.46).
Depois vieram os holandeses que, em 1606, desembarcaram na península do Cabo York. Fizeram várias viagens ao longo de anos e exploraram muitas partes litorâneas. Durante muito tempo, a Tasmânia (nome dado em homenagem a Abel Tasman, holandês) era conhecida como “Van Diemen’s Land”. Fizeram mapas da região nos quais constava o nome “Austrália” ou “Nova Holanda” (HUGHES, 1986, p.46-48).
Mas, foram os ingleses que colonizaram a região. Em 1770, mais de 160 anos após as primeiras expedições holandesas, James Cook reclamou aquelas terras do sul (Austrália) para a Inglaterra.
A colonização começou de fato em 1788 no atual estado de “Nova Gales do Sul”, próximo da cidade de Sidney, com o envio de condenados enviados pela Inglaterra.
 4.10.3-  “CONVICT LABOUR”
Podemos dizer que, realmente, a Austrália foi colônia de povoamento, só que forçado. O futuro país nasceu como um assentamento penal.
Criou-se o “Convict Labour” (trabalho de condenados) o que para alguns autores seria, de fato, a “Convict Slavery” (escravidão dos condenados).
Por este sistema, os prisioneiros do Império Britânico eram enviados para trabalhos forçados na Austrália.
Desta forma, a Inglaterra se livrava dos criminosos e garantia mão de obra barata para sua nova colônia. Mais de 160.000 foram enviados em aproximadamente 80 anos, de 1788 a 1868 (HUGHES, 1986, p. 145)
Muitos destes condenados foram punidos por crimes leves, encontravam-se entre eles jovens de 12 a 18 anos e até mesmo algumas crianças de oito anos. (SHAW, 1958, p.26). Mesmo mulheres grávidas foram enviadas.  Alguns foram enviados porque roubaram ovelhas, outros porque furtaram comida (FERGUSON, 2003, p. 123)
Havia também muitos presos políticos (FERGUSON, 2003, p.123).
Os barcos que levavam os condenados se chamavam “navios do inferno” (FERGUSON, 2003, p. 123)
O tratamento dispensado a eles era brutal. As chicotadas eram a regra como medida punitiva. Muitos fugiam e encontravam a morte no deserto australiano.
A Ilha de Norfolk na costa australiana foi o pior local. John Giles Price foi o mais cruel administrador, que chegava a fazer experiências sádicas com os condenados.
Pelas regras na ilha, um preso podia receber 100 chicotadas se cantasse uma música, ou se risse enquanto estivesse acorrentado (HUGHES, 1986, p. 480).
Entre 1820 e 1831, os “convicts” perfaziam 40% da população total da Austrália. (HUGHES, 1986, p. 425).
O sistema acabou totalmente em 1868.
 4.10.4 – OS “BLACKBIRDS”
 Com a decadência do sistema da “escravidão dos condenados” e a necessidade de mão de obra para as plantações no nordeste da Austrália (Queenland), criou-se uma escravidão obtida com pessoas vindas de ilhas do Pacífico.
Entre 1842 e 1904, mais de 60.000 homens e meninos do Pacífico Sul e um número indeterminado de mulheres e meninas foram sequestrados e levados para trabalho escravo nas plantações de açúcar. (HOLTHOUSE, 1969)
O tratamento dispensado a eles era brutal e a mortandade era elevada. Eram conhecidos como “blackbirds”.
A escravidão, nesta época, era proibida, porém, mediante subornos e conivências com o governo local, de “escravos”, os “blackbirds”, passaram a ser oficialmente tidos como “contratados”.
 4.10.5 – IRLANDESES NA AUSTRÁLIA
Para muitos irlandeses a Austrália foi a sua Sibéria (HUGHES, 1986, p. 181)
Assim como os soviéticos enviavam os prisioneiros políticos para os “gulags”, os ingleses enviaram os seus perseguidos políticos irlandeses para sua versão de “gulag”, as prisões australianas.
O ódio inglês contra os irlandeses começava já no transporte (HUGHUES, 1986, p. 148). O “expresso siberiano” para os irlandeses eram os navios.
Estes eram irlandeses presos em razão de revoltas na Irlanda contra o jugo inglês: os que não eram mortos eram enviados para a Austrália como escravos.
É verdade que há uma desproporção numérica entre o gulag siberiano e o australiano, já que o primeiro se conta por milhões de condenados e o segundo, de acordo com Hugues (1986), não passava de 2.000.
Mas, o princípio é o mesmo.
Assim, como os presos comuns, trabalhavam em obras públicas e em fazendas sob a tutela de particulares.
Depois, também houve também muita imigração voluntária dos irlandeses e assim como na Inglaterra sofreram preconceito. Os protestantes sempre quiseram submeter os irlandeses católicos pela força (CLARK, 1997, p. 34)
Órfãs irlandesas também emigraram e encontraram forte discriminação e muitas morriam miseráveis nas ruas australianas.
Interessante observar que os primeiros “missionários” na Austrália foram “padres condenados”. Um deles, James Dixon, irlandês, teve permissão para rezar missa e atender os católicos. A primeira missa aconteceu em 1803.
A Austrália talvez tenha sido o único lugar onde os missionários  católicos foram enviados forçadamente como “prisioneiros políticos”.
Apesar das perseguições, primeira escola primária em Sidney foi fundada por um clérigo irlandês (HUGHES, 1986, p. 349)
 4.10.6- ABORÍGENES E MASSACRES
Como regra mundial, os aborígenes tinham hábitos brutais. Em um desses grupos, se uma mãe morresse logo após o parto ou durante a amamentação, o filho era assassinado pelo próprio pai por meio do esmagamento da cabeça da criança com uma pedra (HUGHES, 1986, p. 17).
Como de hábito, os ingleses mostravam desprezo pelos aborígenes, havendo pouco ou nenhum interesse em trazê-los à civilização. Queriam apenas suas terras. Não havia uma política para lidar com eles, nem punição para quem matasse os nativos (ARMITAGE, 1995, p. 140).
Como resultado desta mentalidade, houve vários massacres e pequenas guerras contra os aborígenes.
Na Austrália, entre 1800 até 1920, já se perdeu a conta de quantos massacres houve, desde “Risdon Cove” até o “massacre de Coniston”.
Na Tasmânia, em especial, os aborígenes sofreram mais, foram caçados, confinados e exterminados (FERGUSON, 2003, p. 128)[14]
Os poucos que restaram foram fixados em uma ilha apartada da Tasmânia. (ARMITAGE, 1995, p.17)
Este episódio ficou conhecido como “black war”.
Os aborígenes que sobreviviam às lutas, na Austrália, eram forçados a viver em áreas delimitadas com restrição de ir e vir. Obviamente, a lei para os brancos era diferente da lei para os aborígenes. Cuidou-se de uma versão local do “apartheid”.
No começo do século XX, com a Austrália já independente da Inglaterra, crianças aborígenes eram tiradas à força de seus pais e levadas para “campos de concentração” para serem “civilizadas”. Foi o que se chamou de “geração roubada”.
 4.10.7- RACISMO NA IMIGRAÇÃO
 A Austrália independente herdou o racismo inglês. Em 1897, pouco antes da independência, foi aprovada uma lei, que na prática impedia a imigração de “não brancos”. Comentava-se na ocasião sobre o “problema dos negros” nos Estados Unidos que deveria ser evitado na Austrália.
Em 1901, outra lei no mesmo sentido foi aprovada. O primeiro ministro australiano, nesta data, declarou que “a igualdade entre os homens não implicava igualdade entre ingleses e chineses”.
A lei de discriminação só abolida em 1975. A Austrália, a exemplo dos Estados Unidos, tem uma população pouco mestiça.

4.10.8 DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento da Austrália, hodiernamente, contrasta com o início de sua colonização.
No começo, a vida na Austrália não era fácil e a mobilidade social era difícil (HUGHES, 1986, p. 324). Havia muita miséria.
Em 1851, porém, descobriu-se ouro na Austrália. A descoberta do ouro trouxe muitos imigrantes e provocou a instalação de uma infraestrutura como estradas, ferrovias etc. Veio muito capital da Inglaterra e mudou a face da Austrália.
Em 1854, houve a “Eureka War”, uma pequena guerra dos locais contra o governo inglês, que aumentara a taxa de licença para a exploração aurífera.
E houve protestos racistas contra os chineses que haviam imigrado por causa do ouro.
Durante o século XIX, a Austrália era um local com alta criminalidade (HUGHES, 1986, p. 494). A Tasmânia era o pior lugar e a imoralidade era tão grande que se dizia que era pior que Capri sob Tibério (HUGHES, 1986, p. 529).
Os irlandeses, sempre perseguidos, eram os primeiros a serem “investigados” quando acontecia algum crime.
É claro que, na Austrália, não ia faltar o monopólio de alguma “companhia majestática”.
A Austrália do Sul, um dos atuais estados australianos, foi explorada, como monopólio pela “South Australian Company”. A companhia podia vender as terras que queria pelo preço mais alto (“leilão”). Houve algo similar na Tasmânia com a “Van Diemens Land Company”.
A Austrália conseguiu a independência em 1901, época que contava com aproximadamente 3,8 milhões de habitantes. Foi uma transição pacífica pois a Inglaterra negociou sua influência política e econômica.
 4.10.9- NOVA ZELÂNDIA (1831-1907)
A primeira expedição europeia conhecida a explorar a Nova Zelândia foi a do holandês Abel Tasman em 1642, daí a designação, pois Zelândia é o nome de uma província dos Países Baixos.
Em 1769 houve outra exploração com o inglês James Cook, na qual a Inglaterra reclamou as terras. Mas, somente no começo do século XIX houve envio de colonos.
A colonização da Nova Zelândia passa pela estranha figura de Edward Gibbon Wakefield. Ele foi condenado no caso “Shrigley abduction” por ter sequestrado, para fins de casamento, Ellen Turner, uma rica herdeira.
Edward foi um dos mentores da “New Zealand Company”, uma companhia monopolista fundada em 1837.
O objetivo desta companhia era colonizar sistematicamente a Nova Zelândia. Seu lucro advinha das relações fundiárias, pois comprava dos maoris as terras e as revendia para os colonos europeus.
Devido a uma intensa especulação, a companhia faliu e foi dissolvida em 1858.
Depois, de um tempo, os colonos passaram a ter o direito de negociar as terras diretamente com os índios.
Valia qualquer trapaça para negociar terras com os maoris. Criavam-se, por exemplo, débitos artificiais para os maoris pagarem, aí então, os colonos entravam na justiça reclamando os débitos e ganhavam a terra como pagamento. (HAWKE, 1985, p. 23).
Com o “New Zealand Settlement Acts” de 1863, o governo podia simplesmente expropriar as terras dos Maoris (WINEGARD, 2011, p. 28).
Os maoris eram o povo autóctone. Formavam várias tribos, eram belicosos e praticavam canibalismo contra os vencidos nas guerras locais e também contra europeus. Outros hábitos selvagens foram relatados, como o infanticídio generalizado.
Os maoris, quando tiveram contato com armas de fogo comercializadas com os primeiros europeus que chegaram à Nova Zelândia, travaram uma guerra sangrenta uns contra os outros, a “musket war”.
Guerra esta que não deixou de ser interessante para os ingleses, pois assim podiam conquistar o local mais facilmente.
Os ingleses, também, travaram várias guerras contra os maoris, houve vários massacres. A população autóctone decresceu sensivelmente, para menos da metade do que havia antes da colonização.
A Nova Zelândia era, em meados, do século XIX, uma colônia longínqua e pobre. Em 1845, segundo o “Dublin University Magazine, a Nova Zelândia era “a mais recente, a mais remota e a menos civilizada das colônias inglesas”.(PHILLIPS, 2008).
A organização social era muito deficiente (McCARTHY, 2005, p. 168)
Muitos irlandeses emigraram para a Nova Zelândia, e como era regra, enfrentaram preconceito, já desde a partida, pois a “New Zealand Company” não considerava os iletrados como imigrantes desejados.[15] Na Nova Zelândia, as rixas entre os irlandeses e os outros colonos eram comuns.
A Nova Zelândia tinha uma economia eminentemente agrária. Alcançou riqueza econômica em meados do século XX, em boa parte devido ao “boom econômico da lã”.
Conseguiu a independência pacificamente da Inglaterra em 1907, época na qual contava com aproximadamente um milhão de habitantes. Como na Austrália, a transição foi pacífica e a Inglaterra manteve sua influência.
 4.11 – CANADÁ (1670-1870)

4.11.1 – INÍCIO E O “CANADÁ FRANCÊS”

Os primeiros europeus a colonizarem o atual Canadá foram os franceses, processo iniciado no final do séc. XVI e começo do séc. XVII. A colônia era conhecida como Nova França (abordaremos sua história no tópico da Colonização francesa). Chegaram a incluir os atuais Quebec e Ontario.
A Nova França passou ao domínio britânico em 1763, em decorrência do desfecho da Guerra dos Sete Anos. No tratado de Paris acordou-se a cessão dos territórios e a obrigação por parte dos ingleses de respeitarem o direito e língua franceses, o que foi respeitado.
 4.11.2 – “HUDSON BAY COMPANY”  E “CANADÁ INGLÊS”
A “Hudson Bay Company” foi fundada em 1670.
O objetivo da companhia era o comércio de peles, até então dominado pelos franceses. Com o passar dos tempos tiveram a supremacia do comércio e quase monopólio.
Durante séculos boa parte do Canadá só teve um produto de destaque, as peles.
A Companhia exercia de fato o governo de quase 40% do futuro país, até o século XIX.
O primeiro governador instituído pela companhia foi Ruperto do Reno, nobre e bucaneiro no Caribe.
A economia era escravocrata e havia tráfico de escravos indígenas. Houve vários abusos contra os índios e pequenos massacres, mas nada comparado ao que aconteceu nas “Treze Colônias” ou na Austrália.
A razão era porque os índios eram úteis para o comércio de peles (FERGUSON, 2003) por isso não foram eliminados.
O apogeu da companhia foi com George Simpson, traficante de escravos e racista que acreditava na supremacia da raça branca (BOWN, 2009, p. 208).
Designava os nativos como raça de selvagens e os embebedava para obter favores (BOWN, 2009, p. 215).
Governou como um tirano e desde que os lucros fruíssem ele tinha plena liberdade para fazer o que quisesse (BOWN, 2009, p. 220).
Simpson colocou no comando do leste do Canadá, McLoughlin.
Os dois governaram com mão de ferro impondo um rígido código contra os índios. A Justiça era aplicada não de acordo com as leis britânicas, mas de acordo com interesses comerciais (BOWN, 2009, p. 226)
Houve também a North West Company que também atuou no comércio de peles. Esta companhia passou a concorrer com a Hudson Company e houve até escaramuças entre elas.
O confronto mais sangrento foi a “Batalha dos Sete Carvalhos” que deixou dezenas de mortos. William McGillivray, diretor, e outros acionistas da North West foram presos.
Devido à violência, o governo, com sede em Montreal, forçou as companhias a se fundirem.
 4.11. 3 -  FUSÃO E NASCIMENTO DO CANADÁ
 Em 1867 foi formada a Confederação do Canadá, com quatro províncias: Ontario, Quebec, Nova Scotia e New Brunswick, a maioria deste território inicial havia sido colonizado pela França.
Em 1870 o território da Hudson Bay Company tornou-se parte do Canadá numa transação com a Inglaterra.
Bown (2009, p. 236): “O Canadá nasce desta monumental transação comercial entre a companhia e o governo colonial”.
O processo terminou com união da Columbia Britânica em 1871.
 4.11. 4 – RACISMO E EUGENIA
A partir de 1857, começaram a surgir uma série de leis, que na prática transformavam os índios em cidadãos de segunda classe.
Em 1876 foi o começo de uma série de “Indian acts” que discriminatórios contra os indígenas. Estas leis, por exemplo, proibiam os índios de beberem bebidas alcoólicas, de jogar, disciplinavam como seriam as vendas das colheitas e até mesmo limitavam o direito de ir e vir. Houve, como na África do Sul, a “lei do passe”[16]
Muitos indígenas foram na prática aprisionados em reservas e as crianças eram educadas em escolas residências. Em 1928 surgiram leis eugênicas de esterilização forçada contra eles.
Na imigração também havia muito racismo. Chineses, por exemplo, tinham de pagar uma taxa especial para poderem imigrar.
Em 1942, canadenses oriundos do Japão foram enviados para campos internos e tiveram suas propriedades confiscadas.
Apenas na década de 1960, as últimas leis racistas foram abolidas.
 4.12- ÁFRICA AUSTRAL (SÉC. XIX)
 A exploração da África Austral foi feita por duas companhias, a Britsh South Africa Company (BSAC)  fundada em 1889 e a The Beers fundada em 1880.  Estas duas companhias passam pela figura de Cecil Rhodes.
Rhodes era um megalomaníaco racista. Foi primeiro-ministro da Colônia do Cabo e homem forte da Rodésia (BOWN, 2009, p. 271) e, ao mesmo tempo, era diretor das companhias, misturando poder público e privado. Vivia pelo amor ao poder e não por princípios, foi influenciado pelo darwinismo social, no qual uma raça (a dele, óbvio) deveria dominar as outras.
A BSAC explorou e fundou o que seria Rodésia (o nome era homenagem a Rhodes), atuais Zimbábue e Zâmbia. Era uma companhia fraudulenta.
Interessado nas terras e em umas possíveis minas de ouro, Rhodes enganou o rei da região da Rodésia, Lobengula, e o fez assinar um contrato de concessão que implicava em muito mais coisas que Rhodes havia dito (FERGUSON, 2003, p. 241).
Houve um conflito entre Lubengula e Rhodes. Os mercenários de Rhodes usaram as metralhadores “maxim” e exterminaram rapidamente 1.500 guerreiros africanos (FERGUSON, 2003, p. 242)[17]
A The Beers foi destinada a explorar diamantes.
Os diamantes foram descobertos em Kimberley, onde havia mais de cem empresas dedicadas à extração.
Lord Rothschild financiou fusões e aquisições até que a The Beers conquistasse o monopólio, com Rhodes como diretor (FERGUSON, 2003, p. 240)
Nestas minas da The Beers, os trabalhadores eram negros submetidos a condições similares a de escravos, virtualmente prisioneiros da companhia (BOWN, 2009, p. 260)
Rhodes foi acusado no parlamento inglês de ser um “pedreiro de impérios que sempre foi um mero empresário posando de patriota, e o chefe de uma quadrilha de astutos financistas hebreus com quem ele dividia os lucros” (FERGUSON, 2003, p. 297)
Não era somente contra os africanos que a Inglaterra cometeu abusos. Na guerra contra os boers (brancos descendentes dos colonos holandeses), os ingleses fizeram uma campanha de terra arrasada e criaram um campo de concentração, no qual quase 30.000 boeres morreram, a maioria crianças por desnutrição e más condições sanitárias (FERGUSON, 2003, p. 293)
O caso foi tão abjeto que gerou protestos dentro e fora da Inglaterra.
A Inglaterra estabeleceu na África do Sul, dando continuidade à segregação racial feita pelos holandeses, a lei do passe para os africanos, que obrigava os negros a ficaram apartados dos brancos, só podendo ir aos locais dos brancos mediante permissão. Isto também foi feito no Kenya, Rodésia e Niassalândia (JAMES, 1994, p. 295).
 4.13 EGITO, SUDÃO E NIGÉRIA
 O Egito foi controlado pelos Otomanos. O vice-rei que mandava tinha o título de quedive.
A Inglaterra, devido á localização estratégica do Egito, acabou mandando no queduvato. A França também exerceu alguma influência e construiu o canal de Suez.
No Sudão, a Inglaterra impôs seu jugo com força. Em uma batalha em Ondurmã, por exemplo, pelo menos 10 mil africanos morreram rapidamente.
Um dos objetivos do megalomaníaco Rhodes era fazer uma ferrovia ligando o Cairo ao Cabo, coisa que nunca foi feita.
Na Nigéria, George Goldie, filho de contrabandistas da ilha de Man, foi mercenário na África e inspirado em Rhodes assumiu a “Niger company”,  criada para o monopólio do comércio e conquistas de terras.
O que ele não conseguia pela via pacífica, com contratos que enganavam os chefes de tribos locais, conseguia pela força, no caso, com a metralhadora “maxim”. (FERGUSON, 2003, p. 245). Fez guerra contra os Bida, Fulani, Ilorin, bombardeou vilas etc.
 4.14 O APOGEU E O FIM DO IMPÉRIO BRITÂNICO
No começo do século XX, o Império Britânico conheceu seu apogeu, pelo menos formalmente. Dominava, na época, 25% das terras do globo e tinha 440 milhões de habitantes (25% da população da Terra) (FERGUSON, 2003, p. 256).
Porém, nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha já era mais rica (FERGUSON, 2003, p. 3001).
A Inglaterra saiu vencedora da Primeira Guerra Mundial e obteve da Alemanha quase todas as colônias desta.
Mas igualmente, embora ainda fosse o “maior império”, no período entre guerras, os Estados Unidos e a Alemanha tinham uma produção industrial maior que a inglesa (JAMES, 1994, p. 457).
Era um Império mais de fachada do que real e se distanciava cada vez mais da força que teve no século XIX.
Na Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra lutou vigorosamente contra o nazismo e várias colônias participaram dos esforços de guerra.
Os japoneses, na Segunda Guerra Mundial, conquistaram vários territórios no Oriente, nas vésperas e no decorrer da guerra. Alguns dos domínios britânicos caíram na mão dos japoneses. O Império do Sol nascente era muito cruel contra os vencidos (FERGUSON, 2003, p.350)
O tratamento dado pelos japoneses aos britânicos foi brutal (FERGUSON, 2003, p. 354). E os ingleses puderam sofrer na pele, sob o jugo nipônico, o que fizeram contra os índios, irlandeses, negros etc.
No final da Segunda Guerra, a Inglaterra estava endividada e crescia cada vez mais o movimento separatista em quase todas as suas colônias.
Aos poucos, foi dada a elas a independência e na década de 1970, só restavam algumas ilhas e alguns portos.
O Império Britânico acabara.
O fim dele não foi tão traumático como em Portugal, talvez porque tenha sido apenas um “grande negócio comercial”.

4.15- PONTOS POSITIVOS DA COLONIZAÇÃO BRITÃNICA

 Apesar de todos os abusos que a Inglaterra cometeu em seus territórios houve pontos positivos:
1) Liberdade para a Igreja Católica. Salvo algumas exceções, entre elas, algumas colônias americanas, a Inglaterra não perseguia os missionários católicos, assim houve missões na Índia, no Sri Lanka, na África etc.
2) Para os autóctones que não foram exterminados e apartados do convívio completo com os europeus, houve um importante acréscimo de civilidade. Afinal muitos povos que tiveram contato com a Inglaterra eram tão selvagens que qualquer traço de civilização já ajudava.
3) A Inglaterra procurou estabelecer nos locais um mínimo de instituições administrativas e poder de polícia, que  faziam com que os locais pudessem formar uma sociedade minimamente organizada.
 4.16.- CONCLUSÃO
 A história real do Império Britânico está muito distante do mito liberal e das visões românticas sobre ele.
Nas colônias, o monopólio era a regra, principalmente feito por meio das famigeradas companhias majestáticas.
As colônias inglesas eram de “povoamento” apenas na imaginação dos ingênuos.
A Revolução Industrial foi horrorosa e distante de qualquer princípio civilizado.
O racismo inglês era de rigor, feito contra os irlandeses e contra todos os povos não brancos. Por onde andou a Inglaterra ela instalou as versões locais do “apartheid”.
Praticou o extermínio.
A Inglaterra foi “recordista” em tipos de escravidão: a negra, a indígena, a branca (principalmente com os irlandeses) a dos condenados, a temporária, a das crianças (tanto na Revolução Industrial quanto na Virginia), e a “disfarçada” com os “coolies” e “blackbirds”.
A Inglaterra recusou combater a fome na Irlanda (séc. XIX), local que era unido à Inglaterra, como a Escócia do século XIX, e por meio da Companhia das Índias Ocidentais provocou indiretamente a fome na Índia, uma das maiores dos últimos séculos.
A Inglaterra foi a “rainha da pirataria” com os infames corsários.
Disseminou a eugenia, o malthusianismo e o darwinismo (anexo).
No século XX, é bem verdade que a Inglaterra lutou valorosamente contra os nazistas. Porém, no pós-guerra, junto com os Estados Unidos, cedeu a Europa Oriental para a União Soviética e traiu a resistência polonesa.
Outro fato esquecido é que os aliados, a Inglaterra incluída, enviaram, às vezes, pela força, os exilados soviéticos e europeus orientais, que estavam na Europa Ocidental acampados ou refugiados, para a área de influência soviética. (JUDT, 2006, p. 30-31)
Como resultado, um em cada cinco repatriado foi morto ou enviado para os “gulags”. (JUDT, 2006, p. 30-31)
No decreto britânico de crimes de guerra excluía os que não fossem da Alemanha nazista. Ou seja, para a Inglaterra não existiram crimes de guerra perpetrados pela União Soviética stalinista.
[1] “Plantation” é um tipo de sistema agrícola (uma plantação) baseado em uma monocultura de exportação mediante a utilização de latifúndios e mão de obra escrava, Wikipedia, verbete plantation.
[2] Esta sinagoga foi fundada por judeus que fugiram do Recife reconquistado por Portugal.
[3]  Ele doou para a cidade de Boston o prédio que leva seu nome: Faneuil Hall. Esta edificação foi palco de eventos importantes para os Estados Unidos e é conhecido também como “berço da liberdade”.
 [4] Existe uma “lenda” que na Nova Inglaterra não houve escravidão importante, o que é desmentido pelos fatos.
[5] Quaker significa em inglês tremer, também.
[6] O famoso caso de Pocahontas.
[7] Encyclopedia of American Indian history, Volume 1, p. 141
[8] http://www.huffingtonpost.com/richard-greener/the-true-story-of-thanksg_b_788436.html
[9] http://www.ign.com/boards/threads/top-5-racist-quotes-by-abraham-lincoln.203268709/
[10] No Brasil, por exemplo, as Santas Casas surgiram logo depois do início da colonização. A de Olinda data de 1539, quatro anos depois de sua fundação.
[11] Uma curiosidade: a bandeira dos Estados Unidos foi inspirada na bandeira da BEIC. A versão “grand union flag”, de 1776, é praticamente idêntica a da BEIC.
[12] Wikipedia, verbete ópio.
 [14] Darwin, que viajou à Austrália, elogiou o massacre, ver anexo.
[15] http://www.teara.govt.nz/en/irish/page-2
 [16] http://www.tolerance.cz/courses/papers/hutchin.htm
[17] Os mercenários de Rhodes compuseram até um “hino oficial”, numa das estrofes: “Quando os dez mandamentos eles entenderem bem/vocês devem sumir com o chefe deles e anexar a terra/se eles equivocados exigirem satisfação/dê-lhes um outro sermão com uma maxim (metralhadora). (FERGUSON, 2003, p. 243).

Império Colonial Holandês. Parte 3 de Impérios Coloniais, por Marcelo Andrade

5- IMPÉRIO COLONIAL HOLANDÊS

5.1- INTRODUÇÃO

A República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos ou  somente “Províncias Unidas” foram os antepassados dos atuais Países Baixos e da Bélgica.
Eram formados pelas províncias de Frísia, Groninger, Güeldres, HolandaOverijsselUtrecht e Zelândia.
Como a Holanda era a região mais importante, o local era conhecido apenas com este nome e seus habitantes eram denominados como: holandeses, batavos, flamengos ou neerdelandeses.
Usaremos neste trabalho apenas o nome “Holanda”.
Durante boa parte de sua existência, a Holanda pertenceu ao Império Sacro Romano Germânico, depois passou a ser controlada pela Espanha. Na “Guerra dos 80 anos” (1568-1648) lutou pela sua independência e no decorrer deste conflito já era quase independente e possuía governo próprio.
O local foi o destino de muitos judeus que se evadiram da Península Ibérica e contava com muitos protestantes calvinistas, já que a região aderiu à Reforma.
Tinha a fama de ser desorganizada e corrupta. O líder da República era conhecido como “Stadtholder”.
Supostamente havia liberdade religiosa e de “expressão”.
Menos para os católicos.
Os holandeses construíram seu Império Colonial a partir do começo do século XVII lutando principalmente contra Portugal, Espanha e Inglaterra.
A guerra contra Portugal foi a Luso-Holandesa (1595-1663) e se destacou entre as outras porque com o resultado dela, a Holanda se apossou de vários entrepostos lucrativos e de vários portos estratégicos que antes pertenciam a Portugal.
Jan Huygen van Linschoten e Cornelis de Houtman, foram dois espiões holandeses que moraram em Portugal e levaram informações e segredos para a Holanda, no final do século XVI (LANDES, 1998, p.140). Com estas informações, a Holanda passou a conhecer os segredos dos mares portugueses e ficou pronta para a batalha e a rapinagem.
A finalidade dos holandeses nas suas colônias pode ser resumida pelas palavras do poeta holandês Joost Van Den Vondel que, criticando seus conterrâneos, disse:
“para onde o lucro nos levar, para qualquer mar ou oceano, pelo amor ao ganho, nós vamos explorar os portos de todo o mundo” (LANDES, 1998, p.137).
Os holandeses fundaram duas companhias para gerir seu império colonial: a Companhia das Índias Ocidentais (WIC) e a Companhia das Índias Orientais (VOC).
A primeira explorou pontos da costa ocidental da África e partes da América. A segunda explorou a África do Sul, pontos da África oriental e vastas partes da Ásia.
As duas companhias fizeram de tudo para enriquecer a Holanda e o seus acionistas, valendo-se de expedientes lícitos e ilícitos.
Outra coisa unia as duas companhias e a Holanda: o ódio ao Catolicismo.
Podemos dividir a colonização holandesa em dois períodos: um que vai grosso modo de 1600 a 1800 e outro que vai de 1800 até meados do século XX.
O final do século XVIII e começo do século XIX são marcados pelo fim das duas companhias majestáticas e por uma guerra contra a Inglaterra que fez a Holanda perder muitas colônias.
5.2 COMPANHIA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS (WIC)

5.2.1- CARACTERÍSTICAS GERAIS

 A Companhia das Índias Ocidentais foi constituída principalmente por calvinistas em 1621, com dois objetivos: pirataria e produtividade (BOWN, 2009, p. 72). Os judeus também eram acionistas.
“Nas contas desta empresa de pirataria havia um item oficialmente intitulado: ‘lucros e perdas por flibustaria e pilhagem marítima’” (ATTALI, 2002, p.324)
Em 15 anos (entre os anos 1612-1627), os navios da famigerada “Companhia das Índias Ocidentais”, holandesa, capturaram 540 embarcações dos espanhóis. (ATTALI, 2002, p. 324)
A WIC conquistou dos portugueses São Jorge da Mina, na costa africana, e durante um tempo ocuparam Luanda, em Angola, e o Nordeste brasileiro.
A companhia fundou Nova Amsterdã, a futura Nova York, mais tarde trocada pelo Suriname (ver tópico da “Treze Colônias”) e conquistou algumas ilhas do Caribe dos espanhóis, as futuras Antilhas Holandesas.
Um dos objetivos, também, da companhia era o comércio de escravos. Durante um tempo tiveram o monopólio deste tráfico, fornecendo com exclusividade para as colônias da América Espanhola, o “asiento” (KOOT, 2011).
Tornou-se uma companhia riquíssima e a principal fonte de renda dos judeus de Amsterdã provinha dela (ATTALI, 2002, p.324).
 5.2.2 – O NORDESTE DO BRASIL FLAMENGO (1630-1654)
O nordeste brasileiro, no século XVII, era bastante rico (GRUZINSKI, 2006). Por isso, a WIC se interessou por ele.
Olinda, na descrição do Frei Manuel Calado:
Era aquela república antes da chegada dos holandeses a mais deliciosa, próspera, abundante, e não sei se me adiantarei muito se disser a mais rica de quantas ultramarinas o Reino de Portugal tem debaixo de sua coroa e cetro. O ouro e a prata eram sem número, e quase não se estimava: o açúcar tanto que não havia embarcações para o carregar, que com entrarem cada dia, e saírem de seu porto grandes frotas de naus, navios, e caravelas.[1]
O mesmo frade, condenado os abusos em decorrência do fausto na cidade, disse que “de Olinda a Olanda não há mais que a mudança de um i em a e esta vila de Olinda se há  de mudar em Olanda”
Inicialmente, a Companhia investiu contra Salvador, então capital da colônia, em 1624. Após deterem o controle da cidade por um ano, foram expulsos dela em 1625 por uma expedição luso-espanhola conhecida como “Jornada dos Vassalos”
Em 1630 atacaram Olinda e Recife. No auge do poder chegaram até o Maranhão, dominando grosso modo, desde o litoral norte da Bahia até o Ceará.
Estabeleceram sua capital onde é hoje a cidade de Recife.
Após a conquista, impuseram um regime de perseguições e abusos contra a população local.
Olinda foi incendiada.
Os proprietários que se recusaram a aceitar os invasores tiveram seus bens confiscados e vendidos em hasta pública. Assim, em 1637, na paróquia de Goiana, vários engenhos foram confiscados e vendidos a holandeses (PEREIRA, 2004, p.59)
Mesmo para os que aceitaram os invasores, em muitos casos, os holandeses confiscaram metade de sua colheita e carros de bois e vacas leiteiras.
A Companhia reorganizou a administrativamente região. Cada município passou a ser governado pelos “comendores”.
A justiça era formada pelos “escabinos” composto por holandeses e portugueses aliados. Era completamente corrupta:
A justiça era a que os flamengos queriam e de quem mais dinheiro tinha para dar (PEREIRA, 2004, p. 60) e a função de polícia era exercida pelos “escultetos” (skouts) que exploravam o povo.
O próprio Maurício de Nassau reconheceu, no seu testamento político:
“Não há nada que os portugueses odeiem mais que as extorsões quotidianas praticadas pelos escultetos nas províncias sob a cor de dinheiro e com as quais esfolam o povo, muito além da contribuição devida por este” (CASTRO, 1943, p. 186).
Em uma feita, um esculteto multou uma mulher pobre por não ter sido servido de água por ela (PEREIRA, 2004, p.62)
Maurício de Nassau foi feito governador pela WIC (1637-1644). Sua fama de “bom administrador” não resiste aos fatos.
Ele tinha, na realidade, um contrato de comissão pelo qual recebia uma porcentagem de toda a riqueza produzida (e roubada) no Nordeste brasileiro (CASTRO, 1943). Não passava de um mercenário a serviço da WIC.
O famoso governante não coibiu os abusos, perseguiu os católicos e estabeleceu um “passaporte” interno para circulação de luso-brasileiros em determinadas áreas.
É verdade que construiu pontes e promoveu as artes, mas nada de extraordinário. Foi acusado de corrupção pela WIC e teve de voltar para a Holanda a fim de ser processado.
A WIC não trouxe somente protestantes, mas também muitos judeus. Nos feriados judaicos não funcionava o comércio de escravos.
A religião católica foi intensamente perseguida durante o domínio flamengo. Os padres foram expulsos de Recife, não se podiam construir igrejas e muitas delas foram saqueadas, profanadas e queimadas.
O Capitão André Pereira Temudo, por exemplo, morreu no átrio da Igreja da Misericórdia, em Olinda, defendendo a cidade da profanação e dos ultrajes perpetrados pelos invasores criminosos[2].
Esta perseguição religiosa culminou nos massacres de Uruaçu e Cunhaú, em 1645. Jacob Rabbi, judeu alemão, contratado da Companhia das Índias, praticava assaltos e morticínios no atual estado do Rio Grande do Norte.
Em Cunhaú(1645), ele liderou a chacina em uma igreja durante a missa,  na qual o padre André foi morto a punhaladas.
Em Uruaçu, três meses depois, Jacob Rabbi liderou o massacre, no qual até crianças foram assassinadas. Mateus Moreira, um dos mártires, teve o coração arrancado pelas costas[3].
Os luso-brasileiros, cansados de tanta exploração, rebelaram-se fazendo a “Guerra da Luz Divina”. Destacaram-se nesta guerra, os heróis João Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Felipe Camarão, Henrique Dias e Dias Cardoso.
Em 1654, depois da capitulação do “Campo do Taborda” os invasores holandeses, os judeus aliados e a WIC foram embora para sempre.
 5.2.3- ANTILHAS HOLANDESAS E SURINAME (SÉC XVII e XVIII)
Curaçao foi tomada dos espanhóis em 1634. Os índios aliados dos espanhóis foram expulsos da ilha e dirigiram-se para a Venezuela. Curaçao foi um importante centro de tráfico de escravos e de pirataria.
Para explorar o Suriname, foi formada uma companhia de nome “Society of Suriname” composta pela WIC, pela cidade de Amsterdã e pela família  Van Aerssen van Sommelsdijck.
O objetivo era formar uma “plantation” de açúcar.
Muitos judeus foram para lá e tornaram-se uma casta de privilegiados (VINK, 2010) A cor de pele, como era regra em muitos locais, determinava o status social (VINK, 2010, p.18) e havia até relatórios coloniais classificadores de cor de pele. (VINK, 2010, p.142).
 5.2.4- COSTA OCIDENTAL DA ÁFRICA (SÉC XVII)
Para garantir o tráfico de escravos, a WIC tomou alguns portos portugueses na costa ocidental africana.
São Jorge da Mina foi tomada em 1637, Shama em 1640, São Tomé, Benguela e Luanda caíram em 1641 e Axim em 1642.
Luanda, Benguela e São Tomé foram reconquistados por Salvador de Sá e Benevides que partiu do Brasil.
 5.3 – COMPANHIA DAS ÍNDIAS ORIENTAIS (VOC)

5.3.1- CARACTERÍSTICAS GERAIS

 A Companhia das Índias Orientais (VOC) foi fundada em 1602, era uma megacorporação monopolista com poderes de declarar guerra, negociar contratos com outras nações, cunhar moedas, estabelecer colônias e poderes de polícia e do Judiciário. Contava com um exército de mercenários para manter seu poder.
Foi a Companhia mais poderosa do mundo no século XVII, mais que muitas nações.
Empreendeu luta contra Portugal, dentro do contexto da Guerra Luso-holandesa, buscando roubar de Portugal os entrepostos lucrativos no Oriente.
A Companhia era mais um sindicato de pirataria que uma empresa capitalista (BOWN, 2009, p.28).
A VOC chegou a ser conhecida como “Vergaan onder Corrupitie”, que significa “perecida pela corrupção” ( LANDES, 1998, p. 146).
Na ânsia de lucros, empobreceu várias sociedades, queimou plantações para elevar os preços das especiarias e realocou populações inteiras (BOWN, 2009, p. 52).
No final do século XVIII, a Companhia se tornou mais corrupta e ineficiente ainda e terminou por falir em 1799 (BOWN, 2009, p.53).
Jan Coen foi o primeiro presidente e era um homem cruel, que detestava competição (BOWN, 2009, p. 2)
A VOC também estabeleceu um comércio lucrativo de escravos no Oceano Índico que iam e vinham da África e da Ásia.
 5.3.2- ÍNDIA E SRI LANKA (SÉC XVII a SÉC XIX)
Na Índia, a VOC investiu contra a costa Malabar e tomou Cochin dos portugueses (1663). Deixaram apenas uma igreja de pé, destruíram todas as outras.
Um dos objetivos da companhia era o monopólio da pimenta.
O principal local da VOC era a região de Bengala, que ficou conhecida como “Bengala Holandesa”. Tomou Calcutá e Chinsura, onde houve um assentamento português. A região foi dilapidada e a companhia estabeleceu um comércio de ópio.
O Sri Lanka, a antiga Taprobana, como era conhecida pelos romanos, foi explorada pelos portugueses, que estabeleceram uma missão lá com grande sucesso e muitas conversões.
A VOC conquistou o local (1656) e destruiu a missão portuguesa impondo um regime de terror contra os católicos. A religião católica foi proibida e muitos padres foram expulsos (MOFFETT, 2005, p.223-224). Aconteceram vários massacres.
São José Vaz[4] vindo de Goa, mesmo sob o risco de morte, assistiu aos perseguidos. Milagres foram relatados.
No final do século XVIII e começo do XIX, a Holanda perdeu todas as suas posições na Índia e no Sri Lanka para a Inglaterra.

5.3.3 MÁLACA (1641 a 1824)

Em 1641, Málaca caiu nas mãos da VOC, houve perseguição religiosa, o catolicismo foi proibido e todos os padres e o bispo tiveram de fugir. Igrejas foram destruídas, alguns católicos passaram a seguir a fé secretamente e outros fugiram para o interior da península:
O fanatismo calvinista, intolerante e cruel, destruiu quase todas as igrejas e apossou-se das que lhe convinha para uso dos seus sectários, vendo-se os cristãos, habitantes da cidade, no extremo de se refugiarem nas florestas para ali poderem exercitar as praticas da sua religião! (op.cit. 141)[5]
Somente no século XVIII voltou a haver alguma liberdade para os católicos.
Em 1824, a cidade foi cedida para os ingleses.
 5.3.4- INDONÉSIA E  AS “ILHAS DAS ESPECIARIAS” (SÉC. XVII a SÉC XIX)
A Indonésia é um arquipélago de mais de treze mil ilhas. Era um grande centro de especiarias.
Os portugueses haviam estabelecido missões e entrepostos comerciais em várias partes : Ilhas Banda, Amboina, Celebes, Molucas, Ternate, Timor etc.
Em Amboina, os portugueses haviam construído um forte, algumas igrejas e uma Santa Casa de Misericórdia. A missão, sob os cuidados dos jesuítas prosperava.
A VOC conquistou o local. Num primeiro momento tolerou os católicos, mas numa segunda etapa passou a persegui-los e finalmente expulsou os portugueses, os missionários e muitos convertidos da ilha (ARITONANG e STEEBRINK, 2008, p. 35).
A ilha era rica em cravo-da-índia, daí o interesse da VOC. Para manter o monopólio e o preço elevado ela fazia o “hongi tochten”, a destruição sistemática de árvores de cravo por onde encontrasse, fora de Amboina. Isto causava pânico em várias ilhas.
Em 1623, a Companhia das Índias inglesa se interessou pela ilha, gerando um confronto contra os holandeses. No conflito, os holandeses mataram todos os ingleses com requintes de crueldade.
Nas Ilhas Banda, a VOC fez vários massacres de indígenas e deportou vários para trabalharem como escravos na Indonésia. O objetivo era retirar toda a população da ilha e trazer novos colonos e escravos. (BOWN, 2009, p. 46).
A VOC diminui a produção local de noz-moscada para aumentar o preço.
Amboina, durante muito tempo foi o “quartel general” da VOC na região. A companhia, por onde estabeleceu seus portos e feitorias, mantinha os indígenas na inferioridade. Os holandeses que foram para lá viviam apartados da população local, sem miscigenação. Não havia nenhum interesse em levar os autóctones a um nível melhor de civilização.
 5.3.5- ÁFRICA DO SUL HOLANDESA (1652-1815)
 Os primeiros europeus a explorarem o litoral da África do Sul foram os portugueses.
Porém, os primeiros colonos europeus vieram com a Holanda. A maioria deles eram calvinistas e uma pequena parte era de huguenotes franceses.
A VOC se instalou na região da Cidade do Cabo. Iniciou uma colonização (1652) no local e estabeleceu uma economia escravocrata e de exclusão social que varreria por séculos a região.
Em 1659 houve violentos conflitos com os nativos, muitos foram expulsos de suas regiões, outros foram escravizados.
Havia intensa escravidão negra quer com os locais quer com escravos vindos de Madagascar e da Indonésia.
No século XVIII, criou-se a “lei do passe”, a qual inicialmente era aplicada somente aos escravos, que só podiam se locomover de posse de um documento permissivo. Posteriormente, a “lei do passe” se estendeu para todos os “Khoikhoi “ (nome dado aos indígenas locais).
Isto foi o embrião do futuro “apartheid”.
Os contatos com os africanos livres eram desestimulados. A religião católica era proibida no local (ELPHICK e DAVENPORT, 1998, p. 195).
Em 1815, o controle da região passou para a Inglaterra.
  5.4 – O IMPÉRIO COLONIAL HOLANDÊS DEPOIS DE 1800
 Após o começo do século XIX, as colônias holandesas se reduziram à Indonésia, às Antilhas holandesas, ao Suriname e alguns portos na costa da África que iriam ser perdidas ao longo do século XIX.
A VOC e a WIC foram extintas.
Na Indonésia, a Coroa Holandesa assumiu a administração, com uso de escravidão e de um sistema legal com duas classes de cidadãos: os europeus e os indígenas.
O país nunca foi homogêneo nem geograficamente nem populacionalmente. Possuía várias etnias, religiões, línguas diferentes e muitos governos locais. Bali, por exemplo, tinha 250 governantes (MOFFETT, 2005, p. 367).
A Holanda unificou todas as ilhas do arquipélago sob um mesmo governo colonial, tarefa esta terminada em 1906 (MOFFETT, 2005, p. 367).
 5.5 – CONCLUSÃO – HOLANDA
 A colonização da Holanda até 1800 foi eminentemente predatória e exploratória.  Fizeram perseguição sistemática contra a Igreja Católica.
Dentre os colonizadores analisados, eles foram os piores.
Abusaram tanto da crueldade, poder e massacres que até os ingleses ficaram chocados.
“Para os ingleses, os holandeses formavam uma nação perversa e viciosa que tinha feito tudo dentro do seu poder, durante os três séculos que esteve lá, mantendo os povos sob medo e escravidão” (WITT, 2007, p.3 ).
Depois de 1800, essa colonização melhorou um pouco. A Igreja Católica pôde se instalar na Indonésia, houve investimentos lá e pelo contato transmitiram alguma civilização e conseguiram organizar uma nação com unidade, que antes era completamente inexistente.
[1] http://livros01.livrosgratis.com.br/cp137308.pdf
[2] Há uma placa junto da Igreja em Olinda fazendo menção ao fato.
[5] http://www.revista.brasil-europa.eu/127/Portugueses-em-Singapura.html