sábado, 22 de outubro de 2011

Conhecendo a Igreja Católica Maronita.

            Igreja Maronita é uma igreja cristã, do rito oriental, em plena comunhão com a Sé Apostólica, ou seja, reconhece a autoridade do Papa, o líder Igreja Católica Apostólica Romana. Tradicional no Líbano, a Igreja Maronita possui ritual próprio, diferente do rito latino adotado pelos católicos ocidentais.O rito maronita prevê a celebração da missa em língua aramaica. Os maronitas tiveram vários de seus religiosos canonizados ou beatificados.

                                  

Origem da Igreja Maronita

             Os Maronitas são os Cristãos Católicos Orientais que devem seu nome a São Maron. Em documentos siríacos muito antigos, podemos ler esses vocábulos: Os fieis de Beth (casa) Maron, Calcedônios de Beth Maron, aqueles de Mar Maron… Esses vocábulos significam uma única palavra que os substituirá, a palavra Maronita que será dada a um povo que no Patriarcado de Antioquia seguiu a orientação religiosa de São Maron e seus discípulos.
             A Igreja Maronita é uma Igreja católica, de rito oriental, em plena comunhão com a Sede Apostólica Romana, ou seja, ela reconhece a autoridade do Papa. Tradicional no Líbano, essa Igreja Oriental possui ritual próprio, diferente do rito Latino adotado pelos católicos ocidentais. O rito maronita prevê a celebração da missa em língua siro-aramaico, a língua que Jesus Cristo falava.
             A Igreja Católica possui duas raízes: a ocidental ou romana e a oriental. Dentro desta segunda, quatro são as sedes patriarcais que marcaram sua historia: Jerusalém, Alexandria (Egito), Antioquia e Constantinopla. Dentro do grupo de Igrejas antioquenas existem dois grupos: sírio- ocidental e sírio oriental. A Igreja Maronita forma parte do grupo sírio-ocidental, sendo o siríaco sua língua litúrgica. Integra-se, pois, na tradição cristã oriental, sendo seu povo das raízes mais antigas de toda a Cristandade.
            A Igreja Maronita é a única entre todas as Igrejas orientais que permaneceu em plena comunhão com Roma durante todos os séculos, apesar das tremendas provações suportadas pelos Maronitas e causadas pelos Monofisitas, Bizantinos, Mamelucos e Otomanos ( Turcos). Além disso, essa Igreja constitui um fato único dentro da Igreja universal. Ela é a única no mundo que nunca teve uma facção separada do Catolicismo.Todas as outras Igrejas Católicas têm paralelamente a elas uma ou mais Igrejas gêmeas separadas do Catolicismo. Assim da Igreja Latina ou Romana se separaram os Protestantes e os Anglicanos. Todas as Igrejas Orientais Católicas – menos a Igreja Maronita – se dividem em duas facções desiguais, uma Católica e outra Ortodoxa.

Diocese ou Eparquia?

               Eparquia é uma palavra grega que significa diocese. A Eparquia Maronita no Brasil existe desde 1962. O primeiro bispo maronita no Brasil foi Dom Francis Zayek. Eleito no dia 30 de maio de 1962, foi consagrado no dia 5 de agosto de 1962. Foi o primeiro bispo nomeado para a diáspora, fora do Patriarcado maronita no Oriente Médio. Chegou ao Brasil, tomou posse estabelecendo sua sede em São Paulo. No dia 10 de março de 1966 foi transferido para os Estados Unidos e nomeou como vigário geral, o monsenhor Antônio Joubeir que administrou a diocese até a chegado do novo bispo, Dom João Chedid em 1968.
              Dom João Chedid já era bispo e exercia a função de vigário geral do Patriarca maronita no Líbano. Sua nomeação como bispo do Brasil aconteceu no dia 1º. de março de 1968. Estes dois bispos, Zayek e Chedid, foram exarcos, isto é, bispos maronitas auxiliares do Ordinário dos Orientais católicos no Brasil, o arcebispo do Rio de Janeiro. No dia 29 de novembro de 1971, o exarcado maronita do Brasil foi erigido à eparquia ou diocese autônoma. Nestas condições o bispo ou eparca é titular e o ordinário da diocese. Dom João Chedid renunciou em 1990 por motivo de idade avançada e estado precário de saúde, vindo a falecer no Líbano no dia 30 de Julho de 1991. Dom Zayek atualmente está aposentado ou bispo emérito nos Estados Unidos.
              O terceiro bispo maronita do Brasil foi Dom Joseph Mahfouz. Foi eleito no dia 9 de junho de 1990 e consagrado no dia 12 de agosto de 1990, no Patriarcado do Líbano. Chegou ao Brasil no dia 6 de outubro de 1990, tomando posse no dia 21 do mesmo mês. Completou 16 anos na frente do Arcebispado Maronita do Brasil, aposentando-se ao completar 75 anos de idade em dezembro de 2006.
O quarto bispo maronita do Brasil é Dom Edgard Madi que assumiu oficialmente os encargos do mais alto posto maronita no Brasil, dia 10 de dezembro de 2006.

A Liturgia Maronita

                 

           A liturgia Maronita pertence, por sua origem, ao grupo de liturgias siríacas antioquenas. No século IV, a língua literária do povo de Antioquia era o grego. Mas o siríaco foi a língua vernácula da população rural. São João Crisostomo (345-407) disse que do seu tempo, o povo das aldeias vizinhas de Antioquia que vinham a esta capital para as grandes festas, participavam ao ajuntamento da celebração eucarística, mas não entendiam a homilia feita em grego. Theodoreto, bispo de Cyr, e originário de Antioquia dizia também, que toda a região que ele conhecia perfeitamente entre Antioquia e Aleppo tinha como língua o siríaco. Por isso, o siríaco na liturgia substituirá pouco a pouco a língua grega, como mais tarde é o árabe que substituirá em grande parte a língua siríaca nos países de língua árabe.
              Esta liturgia continua em representar a antiga liturgia antioquena do século IV, apesar de estar carregada, em nossos dias, do que as diferentes camadas da evolução e da historia têm acrescentado nela através dos séculos. Ela é universalmente conhecida sob a denominação de Liturgia de Santiago apostolo, primeiro Bispo de Jerusalém . Dela existem manuscritos desde o século VIII.
           Os monges de São Maron conservaram essa liturgia em sua forma primitiva e se opuseram a que fosse bizantinizada. De modo que a liturgia Maronita, apesar das modificações introduzidas, conserva ainda intacto o selo de antiguidade, seu cunho de simplicidade grandiosa e a nota daquelas formosíssimas orações que são como uma compilação poética das Sagradas Escrituras.
            A tradição siro-aramaica antioquena se caracteriza, tanto em sua forma teológica como em sua expressão litúrgica e nas articulações fundamentais de sua espiritualidade, por uma adesão à verdade de Cristo. Isto, sem nenhum dos ajudantes humanos filosóficos, aos quais as duas outras tradições, a grega e a latina, recorrem para melhor explicitar e viver o conteúdo da mensagem cristã. A sua própria vocação é ficar o mais perto possível do texto bíblico, recusando toda outra terminologia.
              Por isso, em matéria de liturgia, essa tradição se apresenta como uma terceira via situada entre a liturgia bizantina de assunção e a liturgia latina de encarnação. A arte aqui e ali prova a inclinação para um Cristo de gloria e um Cristo de paixão. A liturgia siríaca reproduz, em seu desenvolvimento e na vida das comunidades, um modo intermediário entre esta gloria e esta paixão…A maior parte das orações é fruto delicioso da pena de Santo Efrém denominado “harpa do Espírito Santo”, do grande mestre Jacob de Sarug e de muitos outros padres da Igreja de Antioquia que compuseram, na calma da meditação, estas belas orações.
           A língua, como já falamos, é o siríaco ou siro-aramaico, isto é, o mesmo idioma que falou Jesus Cristo e que lhe serviu na Ultima Ceia para a instituição da Sagrada Eucaristia. A Liturgia Maronita conserva, pois, a nota sublime destas palavras da consagração   Na concepção dos Cristãos orientais, a renovação litúrgica é naturalmente a primeira direção para a qual devemos tender para elaborar toda renovação eclesial ou paroquial. A liturgia é considerada como o “sacramento do povo de Deus” em marcha para a terra prometida, reunindo-se ao redor do seu chefe, o Cristo, na prefiguração de um ajuntamento final do qual fala o autor do Apocalipse. Com efeito, a palavra “igreja”, em siríaco, é “ Knuchto” e significa: ajuntamento.
              Esse povo de Deus estando em marcha, cada homem em particular é um peregrino acompanhado pela liturgia durante toda sua vida: no nascimento, no amor, a alegria e a morte. Para os Orientais igualmente, a liturgia é, por conseguinte, o ponto de partida de toda evangelização e o ponto de finalização da vida cristã. A ação litúrgica na tradição oriental é a principal fonte de alimento espiritual.
Para estudar a renovação litúrgica na Igreja Maronita, é inútil seguir, sem distinção, os critérios em honra na liturgia do Ocidente. Porque a Genesis das culturas e das mentalidades constitui ao Oriente e ao Ocidente personalidades distintas, não superior uma a outra, mas simplesmente diferentes.
            O interesse que os Maronitas Libaneses dão à renovação do Missal, eclipsa, a seus olhos, toda outra necessidade de renovação litúrgica. Em quanto o livro do Missal não fosse renovado, eles permanecem cépticos à toda possibilidade de renovação. Este valor dominante, o valor do verbo, é uma das principais razoes que “concentra” a renovação em livros determinados, por nosso caso o Missal. Por isso, a Comissão Litúrgica Maronita empenhou-se em fazer a renovação deste livro que, após varias tentativas, ficou vigente em 2001.
           Tem que ser da “civilização da Palavra”, do livro, para compreender o que é a renovação de um livro litúrgico. Parece que a necessidade de permutar tem privilegiado alguns valores típicos da civilização oriental. Pode-se dizer que esta é fundamentalmente a civilização da Palavra. Após a pedra, são as palavras que o homem do Oriente Próximo empenhou-se em polir com perseverança. Esta dupla prevalência da palavra e do escrito é um dado permanente que ressurge até os níveis mais espirituais do comportamento humano.
            Podemos dizer, finalmente, que a característica talvez mais evidente da Liturgia Maronita é a de ser popular. Parece claro aqui que a missa é o sacrifício de toda a Assembléia, que dele participa efetivamente. Durante o sacrifício, o povo deve manter um dialogo continuo com o celebrante, e suas aclamações lembram os Primeiros Cristãos rodeando seu Bispo na fração do pão .

Instituição do Patriarcado Maronita

                          

             Os Patriarcas Maronitas pertencem à uma serie de Patriarcas Antioquenos católicos. O primeiro de todos é o Apostolo São Pedro que fundou a Igreja de Antioquia antes de assumir a direção da Igreja de Roma . A instituição do Patriarcado Maronita aconteceu no final do século VII, perto do ano 685, ou no inicio do século VIII, entre 702 e 707. Não existe ainda sobre um verdadeiro acordo entre os historiadores, sobre este ponto. A principal razão consiste em que a importante biblioteca do Mosteiro de são Maron foi queimada pelos Árabes no século X.
           Nos primeiros séculos do Cristianismo, a maior parte dos Cristãos de Antioquia era de língua grega. Mas quando os habitantes das aldeias rurais, falando exclusivamente o aramaico, converteram-se ao Cristianismo, a partir do século V, graças à iniciativa de monges maronitas, a balança das forças na Igreja de Síria inclinou-se para o lado destes e de todos os Cristãos arameus. Assim eles tiveram a possibilidade de eleger um Patriarca Maronita para a sede patriarcal de Antioquia, vacante durante muitos anos, por razão de dificuldades políticas e religiosas.
            Com efeito, depois da morte do Patriarca Antioqueno Anastácio II (598-610), a sede patriarcal de Antioquia ficou sem titular até o ano 645. Os acontecimentos político-religiosos se sucederam com muita velocidade, começando pela invasão árabe, no ano 636, que cortou as vias de comunicação entre Antioquia e Bizâncio, de um lado, e entre Antioquia e Roma, de outro lado. O Imperador Bizantino, aproveitando desta situação confusa, nomeava, a partir de 645, Patriarcas para a sede de Antioquia. Estes representantes eclesiásticos viviam no Palácio Imperial em Constantinopla, bem longe do povo e sem a aprovação do Papa. Assim todo Patriarca Antioqueno escolhido pelo Imperador Bizantino era só Patriarca nominal, não exercendo, nem podendo exercer as suas funções e obrigações de autentico pastor de sua Igreja.

           YUHANNA MARON, Primeiro Patriarca Maronita

           Por razão desta situação confusa e humilhante para a Igreja de Antioquia, os adeptos do Concilio de Calcedônia nesta Igreja, orientados pelos monges dos mosteiros maronitas, não pararam diante de uma lei, não pediram o conselho de ninguém, não aceitaram nenhuma nomeação ou confirmação de estranhos. Reuniram-se e decidiram eleger um Patriarca vivendo no meio do povo. Para essa finalidade foi eleito e entronizado o Bispo de Batroun, Yuhanna (João) Maron, como primeiro Patriarca Maronita de Antioquia.
             Segundo seus biógrafos, antigos e modernos, baseados sobre a tradição, Yuhanna Marun nasceu no inicio do século VII, na cidade de Sarum, na região de Antioquia. Fez seus estudos na cidade de Antioquia e no principal mosteiro de São Marun na Síria Central, perto de Maarret Annaman, Depois de sua ordenação sacerdotal, a sua atividade intelectual e seu zelo missionário irradiaram até bem longe daquela região. O Legado do Papa em Terra Santo o nomeou Bispo de Batrun (norte do Líbano) em 675 ou 676. A sua atividade missionária continuou irradiando-se no Líbano e em outros países da região.
             Em 686 ou no inicio do século VIII, o Bispo Yuhanna Marun foi eleito Primeiro Patriarca Maronita pelos monges siríacos do Patriarcado de Antioquia com apoio do povo. Desde a sua entronização teve que enfrentar dois obstáculos de grande importância. O primeiro veio da parte do Imperador Justiniano II que recusou de conhecer-lhe como Patriarca. O segundo obstáculo consiste no confronto com o Império árabe Omyade cuja capital era Damasco.
            Depois de sua eleição o primeiro Patriarca Maronita teve uma passagem rápida em Antioquia, na Igreja do mártir São Babilas. Perseguido pelo Imperador Justiniano II deixou Antioquia para se dirigir ao Mosteiro de São Maron na província de Apaméia e a outro mosteiro perto de Damasco onde permaneceu também pouco tempo. Perseguido pelo exercito bizantino teve que se dirigir ao Líbano e estabelecer a sua residência provisória em Kfarhai, região de Batrun, a sua antiga diocese, onde guardou como relíquia de grande valor o crânio de São Maron.
             Alem disso, o Kalifa não queria admitir a presença de um Patriarca no Líbano dando apoio e acréscimo de força aos exércitos Maradat, inimigos dos Árabes. Por isso, os combates recomeçaram entre árabes e Maradat no inicio do Patriarcado de Yuhanna Marun. Este reunia em sua pessoa as qualidades do Pastor religioso e do chefe político, isto é a prudência, a sabedoria e a coragem dos heróis nacionais.           
          Essas qualidades e o tempo conseguiram afastar gradativamente os dois principais obstáculos. O primeiro Patriarca Maronita foi conhecido por sua santidade e sua alta cultura teológica. Ele passou a uma vida melhor perto do ano 710. Como acontecia naquela época, o povo maronita levou o Patriarca Yuhanna Maroun aos altares. Celebramos a sua festa no dia 2 de março de cada ano.
Assim nasceu o maronismo, um ato de contestação, de liberdade,, uma iniciativa criadora e única em seu gênero na Igreja, numa unidade perfeita. Disse Charles de Clerq: “O poderoso mosteiro de São Maron, tendo jurisdição sobre a população dos arredores do convento, se declara independente e forma uma verdadeira Igreja a testa da qual nós encontramos, no século VIII, um Patriarca. “
           Ao instituir um Patriarcado autônomo, sem pedir a autorização do Califa Omeyade ou do Imperador Byzantino, segundo a mentalidade daquela época, os Maronitas cometiam um ato de rebeldia de uma audácia incrível. Além disso, não aceitaram, mais tarde, solicitar a investidura (Firman) exigida pelos governadores muçulmanos para todos os Patriarcas e Bispos. Os discípulos de São Maron têm sustentado essa negativa desde a época dos Califas Omeyades até o ano 1918, data do fim da época Otomana no Líbano. Este ato de ilegalidade renovado durante doze séculos define perfeitamente o caráter dos Maronitas, seus planos e seu destino. Foi a ilegalidade introduzida como principio de existência frente às legalidades tirânicas oficiais. Desta iniciativa dos monges disse o Papa Bento XIV: “Perto do fim do século VII enquanto a heresia desolava o Patriarcado de Antioquia, os Maronitas a fim de se colocarem ao abrigo desse contagio, resolveram escolher um Patriarca cuja eleição foi confirmada pelos Pontífices romanos.”

                       Sedes dos Patriarcas Maronitas

                Os Patriarcas Maronitas, apesar de serem Patriarcas de Antioquia e de todo Oriente, não tiveram a sua sede em Antioquia, por causa das guerras e das perseguições. No século X, depois da destruição do mosteiro de São Maron pelos árabes, a sede patriarcal foi transferida definitivamente para o Líbano no ano 939, por João Maron II. A maioria absoluta do povo maronita vivia já nas montanhas do Líbano.
             Este povo foi formado por três grupos diferentes: os descendentes dos primeiros Cristãos que viviam no litoral libanês, convertidos pela pregação dos Apóstolos e de seus discípulos nos séculos primeiro e segundo do Cristianismo; os libaneses arameus da Montanha Libanesa, convertidos do paganismo nos séculos V e VI, em virtude da pregação dos monges de São Maron; e finalmente o terceiro grupo dos Cristãos que emigraram, notadamente da Síria, perseguidos por anti-calcidonios e por muçulmanos.
           As principais sedes patriarcais maronitas no Líbano são quatro, e todas dedicadas a Nossa Senhora, a Virgem Maria:

1 – Convento de Nossa Senhora de Yanouh , entre Kartaba e Akoura, região de Biblos, onde residiram 23 Patriarcas. O mais conhecido destes foi Jeremias Alamchiti.

2 – Convento Nossa Senhora de Mayfouk foi sede de 10 Patriarcas. Os mais importantes entre eles foram o mártir Gabriel de Hjoula e Yuhanna Eljajy II. Este, depois de morar alguns anos neste mosteiro, transferiu a sede patriarcal , em 1440, para Qannubin.

3 – Convento Nossa Senhora de Qannubin, num profundo e inacessível vale onde residiram 25 Patriarcas. O mais famoso de todos eles é o Patriarca Estefan Douaihy.

4 – Convento Nossa Senhora de Bkerke, a partir de 1823, foi sede de 9 Patriarcas: Yussef Hebaich, Yussef Elkhazen, Boulos Massad, Yuhanna Eljaji, Elias Elhoyek, Antonios Arida, Boulos Meouchy, Antonios Koraich e Nasrallah Sfeir, o Patriarca atual.

             A história deu ao Patriarca Maronita um papel muito importante nos domínios social, político e religioso. Dominique Chevallier reconhece que o papel do Patriarca Maronita tem aumentado com a potencia de sua Igreja e a população de sua comunidade. Chegou a ser o interlocutor respeitado das autoridades constituídas.
            A historia dos séculos passados nos dá vários testemunhos neste sentido. Informando-nos sobre a organização da justiça no Líbano, sob o Emir Fakhreddin II (1598-1635), Frei Eugène Roger disse do Grande Emir do Líbano: Por razão do amor que testemunhava aos Cristãos da Igreja Romana… não queria tomar conhecimento dos assuntos dos Maronitas, deixando a seu Patriarca as diligencias de mantê-los em seu dever e de acabar as suas desavenças. E segundo Frei Bernard, o Patriarca Maronita é a primeira autoridade moral do país e tem na vida nacional um papel de primeiro plano.
              Como a idéia religiosa tem presidido à constituição do povo maronita, de uma maneira natural o Patriarca chegou a ser o seu centro de união e de adesão, ao mesmo tempo político e religioso. Este estatuto patriarcal tem sido reforçado por razão das perseguições que os Maronitas suportaram, notadamente na época dos Mamelucos e dos Otomanos.

Os Maronitas e o Líbano

              Perseguidos em razão de sua fé, os Maronitas tiveram que se refugiar, a partir do século VII, no Líbano, mas a maior parte deles emigrou depois da destruição do Mosteiro de São Maron pelos árabes, no ano 939. Os emigrantes encontraram na Montanha Libanesa uma terra de liberdade, e com o espírito tenaz, transformaram seu árido solo em um florescente e fecundo jardim.
               Como os Maronitas não pediram o consentimento de ninguém para instituir um Patriarcado, tampouco pediram autorização para escalar as montanhas do Líbano, abrigar-se em seus cimos e suas vales e transportar um pouco de terra de entre suas rocas, a fim de plantar nela algo que comer. Eles fizeram também, do Monte Líbano, um refúgio para todos os oprimidos no Oriente.
              Por um ato de liberdade, os Maronitas nasceram e apareceram no mundo, e por causa desta liberdade emigraram de uma terra para outra, do Oriente até o fim do Ocidente. Foram perseguidos e não perseguiram ninguém.     Na liberdade está a razão de ser das garantias que continuam exigindo dos amigos Orientais, Europeus, Americanos e da ONU .
             A sua historia identificou-se com a historia do Líbano, e não será estranho vê-los defender sua pátria com valentia , sangue e heroísmo. Jamais o Líbano, único baluarte do Cristianismo em Oriente, aceitou a submissão aos inimigos, graças à luta dos Maronitas e seus irmãos Libaneses contra os inimigos opressores. Disse Khaled Ibn Alwalid: Submeti países que se prostraram como camelos. Porém o Líbano permaneceu em pé como gigante.
            Se a Igreja Maronita, cercada por regimes profundamente teocráticos, conseguiu resistir e preservar a sua identidade, é porque ela se erigiu rapidamente em Nação, para poder sobreviver. As circunstancias históricas e a facilidade de adaptação deste povo à convivência com outros povos e outras mentalidades causaram grande transformação. A Montanha Libanesa tornou-se como uma grande muralha frente a todos os invasores.
             Dois acontecimentos importantes na segunda parte do século VII ajudaram muito ao fortalecimento dessa nova Nação. A chegada às montanhas libanesas, a partir do ano 676, dos guerreiros arameus chamados Maradat, com a finalidade de combater os Omyades da Síria. Todos os Maradat que ficaram no Monte Líbano converteram-se em Maronitas e, em contrapartida, o exercito dos Maronitas se chamou desde então Maradat. O segundo acontecimento já citado, foi a instituição do Patriarcado Maronita. Mas o completo fortalecimento e a oficialização da Nação Maronita aconteceram no século X, com a transferência definitiva deste Patriarcado, em 939, da Síria para o Líbano, pelo Patriarca João Maron II.
               Este maronismo não se reduz, pois, a uma Igreja, nem pode limitar-se a uma terra, já que pelo universalismo de sua fé católica, por sua difusão geográfica em todos os continentes, pela diversidade de suas expressões culturais, desborda as fronteiras de um determinado território nacional. Em virtude de todos estes aspectos, o Maronismo é um testemunho do universal. Por conseguinte, ele consiste numa abertura a todas as Igrejas, a todas as confissões religiosas, a todos os homens de boa vontade.
          Contudo, todas essas riquezas teriam sido sem duvida esgotadas e a personalidade maronita se teria desagregado se não tivesse existido, em alguma parte, um centro de gravidade destinado a assegurar a unidade e a manter a coesão. Este centro é o Líbano, desde o ano 939, quando a sede patriarcal passou a ele em forma definitiva, instalando-se em Yanouh, nas altas montanhas de Biblos. O resultado esperado foi o nascimento de um povo e de um país, já que sem o Maronita, a terra, como tantas outras zonas do Oriente, teria sido estéril pela falta de herdeiros naturais, e o Maronita, sem a terra, seguramente teria errado de porto em porto até perder-se definitivamente.

           A vida religiosa do povo Maronita é assim ligada intimamente a sua vida política e nacional, de maneira que uma não pode ser explicada senão pela outra. Neste sentido disse Ristelhueber: Fortemente agrupados ao redor de seu clero e de seu Patriarca, os Maronitas constituem logo um pequeno povo de uma essência particular. O vale sagrado de Kadicha escavado de celas de eremitas, os cedros dos altos cumes, símbolo de sua vitalidade e de sua independência, e o mosteiro patriarcal de Cannobin, alcanforado como um ninho de águia, resumem toda a sua historia. Assim, falar de Maronitas e do Líbano é falar de duas entidades bem ligadas entre si, as suas relações são tão intimas que se perdem na noite dos tempos.

2 comentários:

  1. Estou assistindo aqui pela a TV Canção Nova sobre os Católicos Maronitas e me chamou a atenção sobre sua história... Sou Missionário Católico e na minha Diocese estou esperando o bispo abrir uma escola diaconal para uma possível ordenação diaconal Permanente... Pois sou casado, mas tenho dois filhos ja adultos e com minha esposa somos fervorosos na Evangelização... Ja fomos coordenadores da Pastoral familiar, Pastoral do Dizimo, CAEP e somos tambem ministros da Palavra e da Eucaristia... Quando eu for em Fortaleza visitarei essa linda igreja.. Um garnde abraço Missionário OLAVO SILVA... eMAIL ovalobilac@hotmail.com

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    1. Que eu saiba, em Fortaleza, há um templo católico MELQUITA (e não maronita). Embora as Igrejas melquita e maronita sejam, ambas, católicas e orientais, são igrejas distintas. Pois bem, se quiser conhecer o templo católico Melquita de Fortaleza, chama-se Nossa Senhora do Líbano, missas aos domingos às 9:30 e 18:30, na Rua República do Líbano, bairro Meireles. +

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