M.2 MAGISTÉRIO DA IGREJA E DOS PASTORES –
§85 "O ofício de interpretar
autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente
ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus
Cristo", isto é, foi confiado aos bispos em comunhão com o sucessor de
Pedro, o bispo de Roma.
§86 "Todavia, tal Magistério não está
acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi
transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do
Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e
fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser
crido como divinamente revelado."
§87 Os fiéis, lembrando-se da palavra de
Cristo a seus apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16),
recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seus Pastores lhes
dão sob diferentes formas.
§888 Os Bispos, junto com os presbíteros,
seus cooperadores, "têm como primeira tarefa anunciar o Evangelho de Deus
a todos homens, segundo a ordem do Senhor. São "os arautos da fé, que
levam a Cristo novos discípulos, os doutores autênticos" da fé apostólica,
"providos da autoridade de Cristo".
§889 Para manter a Igreja na pureza da fé
transmitida pelos apóstolos, Cristo quis conferir à sua Igreja uma participação
em sua própria infalibilidade, ele que é a Verdade. Pelo "sentido
sobrenatural da fé", o Povo de Deus "se atém indefectivelmente à
fé", sob a guia do Magistério vivo da Igreja.
§890 A missão do Magistério está ligada ao
caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em Cristo com seu Povo; deve
protegê-lo dos desvios e dos afrouxamentos e garantir-lhe a possibilidade
objetiva de professar sem erro a fé autêntica. O ofício pastoral do Magistério
está, assim, ordenado ao cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade
que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou os pastores do carisma de
infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício deste carisma pode
assumir várias modalidades.
§891 "Goza desta infalibilidade o
Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força de seu cargo quando,
na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis e encarregado de
confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, um ponto de
doutrina que concerne à fé ou aos costumes... A infalibilidade prometida à
Igreja reside também no corpo episcopal quando este exerce seu magistério
supremo em união com o sucessor de Pedro", sobretudo em um Concílio
Ecumênico. Quando, por seu Magistério supremo, a Igreja propõe alguma coisa
"a crer como sendo revelada por Deus" como ensinamento de Cristo,
"é preciso aderir na obediência da fé a tais definições. Esta
infalibilidade tem a mesma extensão que o próprio depósito da Revelação divina.
§892 A assistência divina é também dada aos
sucessores dos apóstolos, ao ensinarem em comunhão com o sucessor de Pedro e,
de modo particular, com o Bispo de Roma, Pastor de tida a Igreja, quando, mesmo
sem chegar a uma definição infalível e sem se pronunciar de "forma
definitiva", propõem no exercício do magistério ordinário um ensinamento
que leva a uma compreensão melhor da Revelação em matéria de fé e de costumes.
A este ensinamento ordinário os fiéis devem "ater-se com religioso
obséquio do espírito" [eique religioso obsequio adhaerere debent] qual,
embora se distinga do assentimento da fé, o prolonga.
M.2.1 Autoridade e sucessão do Magistério
§77 "Para que o Evangelho sempre se
conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores
os bispos, a eles 'transmitindo seu próprio encargo de Magistério." Com
efeito, "a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros
inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos
tempos".
§88 O Magistério da Igreja empenha plenamente
a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando,
utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé,
propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma
conexão necessária.
M.2.2 Infalibilidade do Magistério
§2035 O grau supremo da participação na
autoridade de Cristo é assegurado pelo carisma da infalibilidade. Esta tem a
mesma extensão que o depósito da revelação divina; estende-se ainda a todos os
elementos de doutrina, incluindo a moral, sem os quais as verdades salutares da
fé não podem ser preservadas, expostas ou observadas.
M.2.3 Magistério dos pastores da Igreja
§2033 O magistério dos pastores da Igreja em
matéria moral se exerce ordinariamente na catequese e na pregação, com o
auxílio das obras dos teólogos e dos autores espirituais. Assim se foi
transmitindo, de geração em geração, sob a égide e a vigilância dos pastores, o
"depósito" da moral cristã, composto de um conjunto característico de
regras, mandamentos e virtudes que procedem da fé em Cristo e são vivificados
pela caridade. Esta catequese tem tradicionalmente tomado por base, ao lado do
"Credo" e do "Pai-nosso", o Decálogo, que enuncia os
princípios da vida moral, válidos para todos os homens
.
M.2.4 Magistério ordinário e universal do
Sumo Pontífice e dos Bispos
§2034 O romano pontífice e os Bispos
"são os doutores autênticos dotados da autoridade de Cristo, que pregam ao
povo a eles confiado a fé que deve ser crida e praticada". O magistério
ordinário e universal do Papa e dos Bispos em comunhão com ele ensina aos fiéis
a verdade em que se deve crer; a caridade que se deve praticar, a felicidade
que se deve esperar.
M.2.5 Missão e múnus do Magistério
§890 A missão do Magistério está ligada ao
caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em Cristo com seu Povo; deve
protegê-lo dos desvios e dos afrouxamentos e garantir-lhe a possibilidade
objetiva de professar sem erro a fé autêntica. O ofício pastoral do Magistério
está, assim, ordenado ao cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade
que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou os pastores do carisma de
infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício deste carisma pode
assumir várias modalidades.
M.2.6 União entre a Sagrada Tradição a
Sagrada Escritura e o Magistério
§95 "Fica, portanto, claro que segundo o
sapientíssimo plano divino, a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o
Magistério da Igreja estão de tal modo entrelaçados e unidos que um não tem
consistência sem os outros, e que juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do
mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas."
M.2.7 Vida moral e Magistério
§2032 Vida moral e magistério da Igreja
A Igreja, "coluna e sustentáculo da
verdade" 1 Tm 3,15) "recebeu dos Apóstolos o solene mandamento de
Cristo de pregar a verdade da salvação". "Compete à Igreja anunciar
sempre e por toda parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social,
e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os
direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas."
§2036 A autoridade do magistério se estende
também aos preceitos específicos da lei natural, porque sua observância,
exigida pelo Criador, é necessária para a salvação. Recordando as prescrições
da lei natural, o magistério da Igreja exerce parte essencial de sua função
profética de anunciar aos homens o que (os homens) são de verdade e
recordar-lhes o que devem ser diante de Deus.
O Magistério
da Igreja Católica (em latim: Magisterium) refere-se à função de ensinar
que é própria da autoridade da Igreja e que, por isso, deve ser obedecido e
seguido pelos demais católicos. O significado da palavra magistério possui
variantes conforme o contexto em que é utilizado e ao longo da história da
Igreja Católica.
Segundo a
Encíclica Veritatis Splendor, "o encargo de interpretar
autenticamente a Palavra de Deus, escrita ou transmitida,
foi confiado exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, ao Papa e
aos Bispos em comunhão com ele, cuja
autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo". Portanto, a função de Magistério da Igreja é exercido pela hierarquia católica,
mas, mais concretamente, pelo Papa e pelos bispos
em comunhão com o Papa. Foi com base nesta interpretação fiel da Revelação
divina que o Magistério da Igreja "definiu quais os livros que fazem
parte do cânone das Escrituras". A
Igreja Católica "não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a
respeito de todas as coisas reveladas", querendo isto dizer que as
Tradições oral e escrita "devem
ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência".
Além
disso, o Magistério da Igreja, ao meditar e estudar a imutável Revelação
divina, apercebeu-se progressivamente de certas realidades reveladas que antes
não se tinha apercebido explicitamente, contribuindo assim para um gradual desenvolvimento
da doutrina católica, que se vai aperfeiçoando ao longo dos séculos.
Tipos de magistérios
Existem
dois tipos de magistérios exercidos pela Igreja Católica:
·
O ordinário,
exercido continuamente pelos bispos e pelo Papa
(ex: através de encíclicas e
outros tipos de documentos e de meios), mas que não está imune ao erro. Mas,
mesmo assim, o magistério ordinário "deve ser reverenciado pelos fiéis
em termos de vontade e razão; o fato de não estar imune ao erro não significa
que, de fato, os possua". O magistério ordinário torna-se infalível só
quando o Papa e o Colégio Episcopal, dispersos por todo o mundo, "concordarem
em emitir uma sentença definitiva sobre fé e moral aplicável a toda a Igreja".
·
O extraordinário,
exercido somente em situações pontuais e necessárias pelo Papa ou por todo o episcopado reunido em torno do Papa,
num concílio ecumênico.
Quando se tratar de juízos referentes à fé e
à moral (os chamados juízos dogmáticos),
o magistério extraordinário ou supremo torna-se infalível,
sendo os seus ensinamentos imutáveis nestas matérias dogmáticas. Esses juízos
dogmáticos, que podem não conter dogmas novos, podem ser expressos em anátemas (ou não), decretos, constituições dogmáticas e outros
documentos.
"Se,
contudo, houver um choque entre um ensinamento papal ordinário e o ensinamento
extraordinário mas não-dogmático de um Concílio Ecumênico, deve ser obedecido o
ensinamento do Concílio Ecumênico, porque este magistério expressa a posição do
Papa e do Colégio Episcopal."
O que garantiu a unidade da Igreja católica, sua continuidade
até hoje, de maneira ininterrupta, conservando intacto o depósito da fé, que
recebeu do Senhor, é a sua apostolicidade; isto é, a sucessão apostólica.
Conferindo aos Apóstolos o encargo de dirigir a Igreja em
toda a terra, Jesus estabeleceu sobre eles o que chamamos de sagrado Magistério
da Igreja, constituído pelo Papa (sucessor de Pedro) e os bispos (sucessores
dos Apóstolos) em comunhão com ele. Sem este Magistério oficial, querido por
Jesus, o depósito da fé já estaria esfacelado, como aconteceu fora da Igreja
católica. Muito cedo a Igreja tomou consciência de que a sua identidade e
missão estava ligada ao colégio dos Doze Apóstolos, e seus sucessores, os
bispos. Quando nos primeiros séculos surgia uma doutrina nova, às vezes uma
heresia, o critério do discernimento era o da apostolidade: Esta doutrina está
de acordo com o que ensinaram os Apóstolos? Está em conformidade com o que
ensina a Igreja de Roma, onde foram martirizados Pedro e Paulo?´. Essas eram as
perguntas mais importantes para se chegar ao discernimento. Isto porque os
Apóstolos foram às testemunhas oculares do Senhor e dele receberam diretamente
tudo o que Ele ensinou e realizou para a salvação da humanidade. A Igreja é a
sucessora de Israel. O povo de Israel era a posteridade das Doze tribos de
Jacó, que Deus chamou de Israel. Da mesma forma a Igreja é a posteridade dos
Doze Apóstolos. Jesus mesmo relacionou a escolha dos Doze com as Doze tribos de
Israel, que prefiguravam a Igreja:
Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando
o Filho do homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis
seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel
(Mt 19,28). O livro do Apocalipse revela a Igreja como a Jerusalém celeste
construída sobre Doze pedras fundamentais, nas quais estão escritos os nomes
dos Doze Apóstolos do Cordeiro. Levou-me em espírito a um grande e alto monte,
e mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus,
revestida da glória de Deus. Assemelhava-se a uma pedra preciosa, tal como o
jaspe cristalino. Tinha grande e alta muralha com doze portas, guardadas por
doze anjos. Nas portas estavam gravados os nomes das doze tribos dos filhos de
Israel. Ao oriente havia três portas, ao setentrião três portas, ao sul três
portas, e ao ocidente três portas. A muralha da cidade tinha doze fundamentos
com os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro (Ap 21,12´14).
Essa belíssima revelação que São João teve da Igreja ensina-nos,
através dos símbolos da figura apocalíptica, a realidade da Igreja. As três
portas abertas permanentemente para as quatro regiões do mundo são uma imagem
da universalidade (catolicidade) da Igreja, de portas abertas para acolher
todas as nações e todos os homens. A grande e alta muralha simboliza toda a
grandeza, estabilidade e majestade desta Cidade de Deus. Naquele tempo as
muralhas significavam toda a grandeza e segurança da cidade. Nessa muralha
haviam doze portas guardadas por doze anjos, são as doze tribos de Israel,
através das quais Deus começou a abrir as portas da salvação para a humanidade.
O mais importante contudo, é notar que os doze fundamentos (alicerces) da
muralha traziam os nomes dos Doze Apóstolos do Cordeiro. Isto mostra que neles
está edificada a Igreja, como disse São Paulo aos efésios: Conseqüentemente, já
não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da
família de Deus, edificados sobre o fundamento dos Apóstolos... (Ef 2,20). Os
Bispos são os sucessores dos Apóstolos, que foram testemunhas dos ensinamentos
e da Ressurreição de Jesus. Eles estabeleceram os princípios básicos para toda
a vida da Igreja, o Credo e a Tradição apostólica. Cada um deles tinha
jurisdição sobre as comunidades cristãs fundadas. Vemos São Pedro na Capadócia,
na Bitínia, no Ponto, na Samaria, em Antioquia e, por fim, em Roma. São Paulo
em Filipos, Éfeso, Corinto, Atenas, Tessalônica, Chipre, Creta, Roma...
Os Apóstolos ordenaram Bispos, seus sucessores, para que a
Igreja cumprisse até o fim dos tempos a missão que Jesus lhe confiou: Ide pelo
mundo inteiro, pregai o Evangelho a toda criatura...(Mt 28,18). Os Bispos da
Igreja, que hoje são cerca de 4300 (3000 em plena função), embora não tenham
sido testemunhas diretas da ressurreição de Jesus, no entanto, pela sucessão
apostólica, participam do Colégio dos Apóstolos. Cada Bispo, individualmente,
não tem o carisma da infalibilidade, apenas o Bispo de Roma, o Papa, e o
Colégio dos Bispos que sucede o Colégio dos Doze Apóstolos. Essa
infalibilidade, que na maioria das vezes o Colégio dos Bispos exerceu nos 21
Concílios universais que a Igreja já realizou, se limita à definição de
assuntos de fé e de moral.
Ao Colégio dos Doze, Jesus disse:
Em verdade eu vos digo: tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu (Mt 18,18). É com esta autoridade, recebida diretamente de Jesus, que o Colégio episcopal se reúne em Concílios e Sínodos para ligar na terra o que é para o bem e a salvação dos fiéis. Jesus disse que aquele que se recusa a ouvir a Igreja, seja para ti como um pagão e um publicano (Mt 18,17). Aqui Jesus deixou muito claro para os Apóstolos que é a Igreja que tem a palavra final nas decisões das coisas do Reino de Deus. Aquele que recusar a ouvir e obedecer à Igreja, deve ser considerado como um pagão e um publicano, isto é, ateu e pecador.
E além disso garantiu aos Apóstolos que ouvi-los é ouvir a
Ele mesmo e ao Pai. Quem vos ouve, a Mim ouve; e quem vos rejeita a Mim
rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou (Lc 10,26). Para que a
transmissão da Boa Nova chegasse então aos confins da terra e dos tempos, os
Apóstolos foram preparando os pastores das comunidades, seus sucessores. Assim,
estava formado o Magistério da Igreja. Vejamos alguns casos:
Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti
para a Macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas
andassem a ensinar doutrinas extravagantes (1Tm 1,3). A principal preocupação
de Paulo é com a sã doutrina (v.10) que Timóteo deve garantir na comunidade.
Esta continua a ser a principal missão do bispo também hoje na Igreja, além de
ser para o seu rebanho o pai espiritual e a pedra viva da unidade. Por esse
motivo eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela
imposição das minhas mãos (2 Tm 1,6). Aqui vemos a ordenação de Timóteo pela
imposição das mãos de São Paulo. Até hoje a Igreja repete esse gesto na
ordenação dos sacerdotes e bispos, e assim garante a sucessão apostólica.
Paulo Também escolheu Tito para bispo de Creta: Eu te deixei
em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres anciãos (sacerdotes)
em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei (Tt 1,5). Essa passagem
mostra que os Apóstolos iam definindo as normas da Igreja, que foram formando a
sagrada Tradição Apostólica, tão importante e legitima quanto a própria Bíblia.
Para a comunidade de Filipos, São Paulo envia Epafrodito: Julguei necessário
enviar-vos nosso irmão Epafrodito, meu companheiro de labor e de lutas...´ (Fil
2,25). O autor da Carta aos Hebreus, provavelmente algum dos discípulos de S.
Paulo, recomenda os fiéis aos seus dirigentes: Sede submissos e obedecei aos
que vos guiam (pois eles velam por vossas almas e delas devem dar contas) (Hb
13,17). Nos Atos dos Apóstolos, vemos São Paulo despedindo-se emocionado dos
anciãos de Éfeso (não tornareis a ver minha face) e recomenda-lhes o rebanho,
como sua grande preocupação: Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o
qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus,
que Ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois de minha partida se
introduzirão entre vós os lobos cruéis, que não pouparão o rebanho (At 20,28).
Aqui podemos ver com clareza a importância do Magistério da Igreja; guiar e
proteger o rebanho de Deus contra os erros de doutrina. Mesmo dentre vós
surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem
após si os discípulos (At 20,30). Sabemos que já no inicio do cristianismo os
Apóstolos tiveram que enfrentar a terrível heresia do gnosticismo, de fundo
dualista, o qual negava que Jesus tivesse se encarnado de fato, uma vez que
consideravam a matéria como má. Desta forma anulava-se a obra redentora de
Cristo. Nessas palavras de São Paulo vemos toda a importância dos bispos,
constituídos pelo Espírito Santo. O mesmo recomenda São Pedro aos pastores: Eis
a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós... Velai sobre o rebanho
de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele...´ (1Pe 5,1-4). Logo no início
da evangelização, São Paulo dá normas a Timóteo e a Tito de como devem ser os
bispos: Eis uma coisa certa: quem aspira ao episcopado, saiba que está
desejando uma função sublime. Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível,
casado uma só vez, sóbrio, prudente, regrado no seu proceder, hospitaleiro,
capaz de ensinar. Não deve ser dado a bebidas, nem violento, mas
condescendente, pacífico, desinteressado; deve saber governar bem a sua casa,
educar os seus filhos na obediência e na castidade. Pois, quem não sabe
governar a sua própria casa, como terá cuidado da Igreja de Deus? ´ (1 Tm 3,1-7).
Também a Tito, a quem São Paulo delega o poder de ordenar outros bispos, ele
faz recomendações semelhantes, ao escolher os pastores: Sejam escolhidos entre
quem seja irrepreensível, casado uma só vez, tenha filhos fiéis... Porquanto é
mister que o bispo seja irrepreensível, como administrador que é posto por
Deus. Não arrogante, nem colérico, nem intemperante, nem violento, nem cobiçoso.
Ao contrário, seja hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso,
continente, firmemente apegado à doutrina da fé como foi ensinada, para poder
exortar segundo a sã doutrina e a rebater os que a contradizem (Tit 1,5-9).
Todas essas passagens mostram abundantemente que os bispos foram escolhidos
pelos próprios Apóstolos, constituídos pelo Espírito Santo (At 20,28), para
governar a Igreja. Nas cartas de Santo Inácio de Antioquia, falecido no ano
107, já encontramos a organização atual da Igreja. Vemos ali um Bispo residente
em cada diocese e respondendo por essa parte do rebanho do Senhor. Segui ao
bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos
apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer
sem o bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a
eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A
comunidade se reúne onde estiver o bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja
católica. Sem a união do bispo não é lícito batizar nem celebrar a eucaristia;
só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e
seguro o que fizerdes. (Antologia dos Santos Padres, Ed. Paulinas, Pág. 44, 3ª
ed. 1979, pág. 43). Esse testemunho do primeiro século da Igreja mostra bem a
sucessão apostólica e a importância do bispo. Já no primeiro século vê-se que
sem o bispo, ordenado pelos apóstolos, ou um delegado seu, não se pode celebrar
a eucaristia. No combate aos hereges gnósticos do seu tempo, Santo Ireneu (†202),
no primeiro século, dizia: Ora, todos esses hereges são de muito posteriores
aos bispos, aos quais os Apóstolos entregaram as Igrejas [particulares]...
Necessariamente, pois, tais hereges, cegos para a verdade, mudam sempre de
direção e disseminam as doutrinas de modo discordante e incoerente. Ao
contrário, o caminho dos que pertencem à Igreja cerca o universo inteiro e,
possuindo a firme tradição dos apóstolos, faz-nos ver que todos possuímos a
mesma fé (Contra as Heresias). São do mesmo Santo Ireneu estas palavras que
mostram a importância da sucessão apostólica: Foi inicialmente na Judéia que
[os apóstolos] estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram igrejas, partindo
em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma
fé. Em todas as cidades iam fundando Igrejas das quais, desde esse momento, as
outras receberam o enxerto da fé, a semente da doutrina, e ainda recebem cada
dia para serem igrejas. É por isso mesmo que sejam consideradas como
apostólicas, na medida em que forem rebentos das igreja apostólicas. É
necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas igrejas,
por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que não a primitiva
Igreja apostólica da qual procedem. São todas primitivas, são todas apostólicas
e todas uma só. Para atestarem a sua unidade, comunicam-se reciprocamente na
paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam-se mutuamente os deveres da
hospitalidade... Desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou os
apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão os que
Cristo instituiu. Pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o
Filho tiver revelado.
Nestas condições, é claro que toda doutrina em acordo com a
dessas igrejas apostólicas, matrizes e fontes originárias da fé, deve ser
considerada autêntica, pois contêm o que tais igrejas receberam dos apóstolos,
os apóstolos de Cristo, e Cristo de Deus (Contra as Heresias). Em todos os
tempos da história da Igreja as comunidades heréticas e cismáticas procuraram
imitar as aparências da sucessão apostólica, tentando enganar o povo. É o caso,
por exemplo, das Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras, derivada de D.
Carlo Duarte, ex Bispo de Maura, mas que não guarda a comunhão com a Igreja
católica. Outro exemplo é o dos Bispos patriotas que foram instituídos por
governos comunistas e sagrados por um bispo colaboracionista. Não estão na
sucessão apostólica, pois romperam com o Papa. Assim são também os bispos da
igreja anglicana, da igreja universal do reino de Deus, etc... Os protestantes
perderam a sucessão apostólica porque romperam com a Igreja dos Apóstolos e
seus sucessores. A encarnação do Verbo é uma realidade histórica que se
prolonga através da Igreja e da sucessão apostólica. Jesus disse claro aos
Apóstolos: Estarei convosco até a consumação dos séculos (Mt 28,20).
Os Santos Padres da Igreja diziam:
Os Santos Padres da Igreja diziam:
E Jesus avisa:
Em verdade em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu
enviei recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou (Jo 13,20).
E disse ao Pai na oração Sacerdotal, antes de sofrer a Paixão Como tu me
enviaste ao mundo também eu os enviei ao mundo (Jo 17,18). Jesus os escolheu
pessoalmente e continua a fazê-lo ainda hoje. Depois, subiu ao monte e chamou a
si os que Ele quis. Designou Doze entre eles para ficar em sua companhia. Ele
os enviava a pregar, com o poder de expulsar os demônios (Mc 3, 13´14). Desde o
início de sua missão, Jesus instituiu os Doze, como diz a Ad Gentes: Os germes
do Novo Israel e ao mesmo tempo a origem da sagrada hierarquia (AG, 5). Jesus
associou os Apóstolos à sua própria missão, recebida do Pai. Por isso Ele
ensina-lhes que como o Filho não pode fazer nada por si mesmo (Jo 5,19-30), mas
recebe tudo do Pai que o enviou, da mesma forma eles não podem fazer nada sem
Jesus. Sem Mim nada podeis fazer (Jo 15,5). Portanto, os Apóstolos do Senhor,
os bispos hoje, são colocados por Deus como ministros da Nova Aliança. É o que
São Paulo ensina: Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança,
não a da letra e sim a do Espírito. (2 Cor 3,6). Segundo São Paulo, os
apóstolos são os embaixadores de Cristo. Portanto, desempenhamos o encargo de
embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio
(2 Cor 5,20). E Paulo também os vê como administradores dos mistérios de Deus: Que
os homens vos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores
dos mistérios de Deus (1 Cor 4,1). Foi a eles que Jesus deu o poder de, em Seu
Nome, ministrar os sacramentos da salvação. A eles o Senhor enviou a batizar: Toda
autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as
nações; batizai-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19). A
eles o Senhor delegou o mandato de ensinar: Ensinai-os a observar tudo o que
vos prescrevi (28,20). A eles o Senhor garantiu a sua assistência permanente: Eis
que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo (28,20).
Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os
pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão
retidos (Jo 20,22-23). A eles o Senhor conferiu o poder de atualizar, tornar
presente, o seu Sacrifício do Calvário oferecido ao Pai por toda a humanidade,
uma única vez: Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de
mim (Lc 22,19-20). São Clemente (88-97), Bispo de Roma, quarto Papa da Igreja,
colaborador de São Paulo (cf. Fil 4,3), na importante Carta escrita aos
Corintios, para debelar a rebelião dos fiéis contra os pastores, já no século I
expunha as bases da Igreja, mostrando que Jesus Cristo recebeu todo o poder do
Pai e incumbiu os Apóstolos de estabelecerem a Hierarquia. Assim, os Apóstolos
cumpriram a ordem e puseram à frente das Igrejas, bispos, presbíteros e
diáconos como auxiliares, tendo regulamentado a sua sucessão, com normas
claras, para que, com a comunidade, fossem escolhidos sempre os melhores.
Vale a pena relermos o que o quarto Papa escreveu já lá no
século I:
Também os nossos Apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus
Cristo, que haveria contestações a respeito da dignidade episcopal. Por tal
motivo e como tivessem perfeito conhecimento do porvir, estabeleceram os acima
mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte
deles outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério. Os que assim
foram instituídos por eles, ou mais tarde por outros homens iminentes com a
aprovação de toda a Igreja, e serviram de modo irrepreensível ao rebanho de
Cristo com humildade, pacífica e abnegadamente, recebendo por longo tempo e da
parte de todos o testemunho favorável, não é justo em nossa opinião que esses sejam
depostos de seu ministério (Cor 42, 1-3). Nessas palavras do quarto Papa da
Igreja, vemos que os sucessores dos Apóstolos, chamados de homens iminentes,
eram aprovados por toda a Igreja e não podiam ser afastados do ministério.
Vemos aí também, o bispo de Roma atuando já como o pastor supremo da Igreja,
intervindo na rebelião de Corinto.
Os Apóstolos receberam a boa nova em nosso favor da parte do
Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo portanto vem de
Deus e os Apóstolos de Cristo; essa dupla missão realizou-se pois em perfeita
ordem por vontade de Deus... Assim, proclamando a palavra de Deus no interior e
nas cidades, estabeleciam suas primícias, como Bispos e Diáconos, dos futuros
fiéis, depois de prová-los pelo Espírito Santo (Cor 42,1-4). Assim São Clemente
mostra-nos que a Hierarquia foi querida por Deus Pai e por Jesus, sendo,
portanto, sagrada. Isto mostra a apostolicidade da Igreja e as origens da
sucessão apostólica. Fora dessa sucessão que vem diretamente de Cristo, não há
legitimidade e infalibilidade para se atuar em seu Nome. A Igreja católica, por
graça especial de Deus, guarda intacta essa sucessão.
Esta missão divina, confiada por Cristo aos Apóstolos deverá
durar até o fim dos séculos (Mt 28, 20), pois o Evangelho, que eles devem
transmitir, é para a Igreja o princípio de toda sua vida, através dos tempos.
Por isso os Apóstolos, nesta sociedade hierarquicamente organizada, cuidaram de
constituir os seus sucessores. De fato, não só se rodearam de vários
colaboradores no ministério, mas, para que a missão a eles confiada tivesse
continuidade após a sua morte, os Apóstolos, quase por testamento, incumbiram
os seus cooperadores imediatos de terminar e consolidar a obra por eles
começada... Constituíram assim os seus sucessores e dispuseram que, por morte
destes, fosse confiado o seu ministério a outros homens experimentados (LG,20).
Juntamente com o múnus (missão sagrada) de santificar, a
consagração episcopal confere ainda os de ensinar e de governar... Pela
imposição das mãos e pelas palavras consecratórias, se confere a graça do
Espírito Santo e se imprime o caráter sagrado, de tal modo que os Bispos, de
maneira iminente e visível, fazem as vezes do próprio Cristo, Mestre, Pastor e
Pontífice, e agem em seu nome (LG 20). Entretanto, para que isto seja real é
preciso que o Bispo esteja em comunhão hierárquica com a Cabeça [o Papa] e com
os membros do Colégio (LG 20). Nenhum fiel é obrigado, e nem pode ser submisso a
um Bispo que não esteja em comunhão com o Papa e com os demais Bispos. Cada
bispo é escolhido pelo Papa, Vigário de Cristo na terra, Cabeça visível da
Igreja, e lhe deve obediência e submissão. Tornou-se célebre na Igreja a
expressão: ´cum Petro et sub Petro´. É doloroso para toda a Igreja quando um
bispo, de qualquer lugar, discorda publicamente do Papa, ou contradiz os seus
ensinamentos inspirados pelo próprio Espírito Santo. Dizer que a Igreja é
Apostólica é o mesmo que dizer que ela permanece em comunhão de fé e de vida
com a sua origem. O Catecismo, com palavras claras explica porque é essencial a
sucessão apostólica e o Magistério na missão da Igreja:
Ninguém pode dar a si mesmo o mandato e a missão de anunciar
o Evangelho. O enviado do Senhor fala e age não por autoridade própria, mas em
virtude da autoridade de Cristo; não como membro da comunidade, mas falando a
ela em nome de Cristo. Ninguém pode conferir a si mesmo a graça, ela precisa
ser dada e oferecida. Isto supõe ministros da graça, autorizados e habilitados
da parte de Cristo. Dele recebem a missão e a faculdade (o poder sagrado) de
agir na pessoa de Cristo Cabeça. A tradição da Igreja chama de sacramento este
ministério, através do qual os enviados de Cristo fazem e dão, por Dom de Deus,
o que não podem fazer nem dar a si mesmos (nº 875). Com que autoridade algumas
pessoas intitulam a si mesmas de bispos? Quem lhes confiou este mandato, esta
graça e esta missão? Sem a sucessão apostólica e o Magistério, o cristianismo
fica subjetivo, a mercê do capricho dos homens, sem a garantia e a
infalibilidade do Espírito Santo. Sabemos que todos os batizados participam da
missão de evangelizar o mundo. O apostolado é toda a atividade da Igreja no
sentido de estender o reino de Cristo a toda terra (AA, 2). Porém, é preciso
ficar muito claro que ninguém pode evangelizar por conta própria, no sentido de
fazer um apostolado independente da Igreja, sem estar em comunhão com o Bispo
da diocese; e, o que seria pior ainda, pregando uma doutrina que não seja
aquela oficialmente aprovada pelo Magistério da Igreja. Todo aquele que
evangeliza, seja para uma pessoa ou para multidões, exerce um ministério por
delegação da Igreja, e dos Bispos, e portanto não pode ensinar o que quer, mas
o que manda a Igreja.
O Papa Paulo VI disse certa vez aos Padres Conciliares: A
fidelidade ao depósito da Revelação é claro que exige que não se passe em
silêncio alguma verdade da fé: o Povo de Deus, confiado aos nossos cuidados,
tem o sagrado e inalienável direito de receber a Palavra de Deus, toda a
Palavra de Deus (PR, N.419, abril de 1997, pag.165). Na Exortação Apostólica
Catechesi Tradendae, o Papa João Paulo II foi mais claro ainda:
Para ser verdadeira a oblação da fé, aqueles que se tornam
discípulos de Cristo têm o direito de receber a palavra da fé não mutilada,
falsificada ou diminuída, mas sim plena e integral, com todo o seu rigor e com
todo o seu vigor. Atraiçoar em qualquer ponto a integridade da mensagem é
esvaziar a própria catequese... Assim a nenhum catequista verdadeiro é lícito
fazer, por seu próprio arbítrio, uma seleção no depósito da fé, entre aquilo
que considere importante e rejeitar o resto (CT,30). Hoje, mais do que nunca,
os leigos são chamados a evangelizar, como jamais na história da Igreja;
portanto, cresceu muito a responsabilidade de estarmos preparados bem para
isso. Infelizmente, ainda existe muita achologia nas aulas de religião,
catequeses e pregações, onde muitas vezes prevalece mais a opinião particular
do catequista, do professor de teologia, etc., do que a doutrina oficial da
Igreja ensinada pelo Magistério. E isto acontece principalmente no campo da
Moral. Na Encíclica Veritates Splendor, o Papa falou de maneira enfática sobre
esta questão: A teologia Moral não se pode reduzir a um conhecimento elaborado
só no contexto das chamadas ciências humanas. Os princípios morais não são
dependentes do momento histórico em que são descobertos. Além disso, o fato de
alguns crentes agirem sem observar os ensinamentos do Magistério ou considerarem
erradamente como moralmente justa uma conduta declarada pelos seus Pastores
contrária à lei de Deus, não pode constituir argumento válido para rejeitar a
verdade das normas morais ensinadas pela Igreja. A afirmação dos princípios
morais não é da competência dos métodos empíricos formais ( VS, 111).
O Caminho
mais seguro
Deus depositou em nossos corações um anseio e uma sede pela verdade, que ainda
que já comece a ser saciada aqui na Terra, apenas obterá sua plenas satisfação
na Visão Beatífica, onde veremos face a face Aquele que é a Própria Verdade
(Cf. Jn 14,6). No entanto, aqui neste vale de lágrimas não sempre encontramos
esta verdade, e devido ao pecado original facilmente caímos no erro. Assim, a
fim de que sem grandes dificuldades pudéssemos alcançá-la, Deus nos enviou Seu
Filho para dar testemunho dela (Cf. Jn 18, 36) e depois fundou “a Igreja de
Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3, 15), para que Ela,
exercendo sua autoridade em nome de Nosso Senhor, nos apresente a interpretação
autêntica da palavra de Deus escrita ou transmitida [13].
O Magistério é,
portanto, o caminho mais seguro para – juntamente com a Sagrada Escritura e a
Tradição – subir aos tesouros inestimáveis de Deus, do qual somos filhos e
herdeiros.
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